Faz duas semanas que estou na França e organizar meu casamento com o príncipe Francis e tem sido um martírio, pois ele sempre finge estar ocupado de mais para conversar e discutir os preparativos e clausulas de nosso contrato nupcial, o que na minha opinião deveria ser prioridade. Confesso que deixar todos esses assuntos tão delicados nas mãos dos conselheiros não me agrada, mas dada a falta de interesse do meu noivo não me resta opções. Eu quero amar meu marido e desejo que esse sentimento seja recíproco e estou me esforçando muito para isso acontecer e tornar esse matrimônio a parte leve de nossas vidas e não apenas mais um fardo por carregar uma coroa na cabeça, mas a segurança da Escócia é prioridade e sei que meus sentimentos amorosos não interferem em nada na consumação desse casamento.

Esse fim de semana haverá o festival da colheita e todos vão á uma linda cerimônia preparada no campo leste com direito a boa música, comidas típicas e convidados dos mais variados títulos que estão lotando o castelo durante essa semana inteira. Eu estava decidida a conquistar Francis e fui contente até seus aposentos chamá-lo para irmos juntos, como um perfeito casal quando os guardas impediram minha entrada. Fiquei brava por ele ter dado essa ordem ridícula de não deixar que eu me aproximasse dele e comecei a bater na porta chamando pela peste que é esse homem.

— O que quer agora mulher? – Perguntou zangado abrindo a porta apenas com roupas intimas e descabelado.

— Francis! – Falei indignada virando meu rosto.

— Eu estou ocupado e seus gritos estão me incomodando – Falou rabugento e eu tentei espiar dentro do quarto, mas ele tampou minha visão com seu corpo rapidamente.

— Por acaso está acompanhado?

— O- Oque? Já não basta ter que casar com uma pessoa insuportável e melosa como você, agora precisarei dar explicações do que faço em meus aposentos?! Me deixa em paz, entenda que eu não quero sua companhia de uma vez por todas.

Suas palavras doeram muito mais do que eu poderia suportar, meu futuro marido me odeia, minhas chances de ser feliz estão arruinadas, as lágrimas começaram a sair e dei as costas rapidamente para que ele não visse o estado em que me deixou.

— Pensei que se fossemos próximos nosso casamento seria mais fácil. – Falei com a voz embargada e a única resposta que obtive foi a porta batendo.

Estava saindo para o saguão chorando quando ouvi uma tropa militar chegando ao castelo batendo suas armaduras de lata enquanto caminhavam conversando alto e aparentemente contentes. Limpei minhas lágrimas que Francis não merecia e os segui até a sala do trono onde estavam o rei, a rainha e minhas ladies. Esperei Sebastian, o filho bastardo do rei que nesse momento descobri ser um dos comandantes da cavalaria, anunciar orgulhoso que haviam defendido a fronteira do castelo contra uma estúpida invasão Viking e todos aplaudiram animados a vitória do digno grupo e comemoraram com eles o sucesso da batalha que eu não fazia ideia que estava acontecendo nos últimos dias e confesso que ver Sebastian irradiando felicidade e inteiro depois de dias de combate aliviou meu coração, pois de alguma forma estranha esse rapaz atraía toda a minha atenção para si. Nossos olhares se encontraram e a conexão fez com que meu coração se aquecesse e um frio gostoso na barriga surgisse. Balancei a cabeça discretamente em aprovação e ele fez uma leve reverência, eu aprecio a maneira como ele me trata desde meu primeiro dia aqui, mesmo em seu jeito selvagem de ser tenta ser prestativo e receptivo.

Alguns dias atrás, descobrimos uma paixão em comum por cavalos o que nos aproximou e nos tornou amigos. Eu estava alisando a pelagem de meu cavalo antes de montar quando fui surpreendida com sua aparição no estábulo. Ele vestia uma rustica, mas elegante veste real de couro que destacava seus olhos verdes hipnotizadores.

— Não sabia que rainhas podiam montar – Comentou sorrindo ao se aproximar de mim e eu correspondi o sorriso já montando habilmente no Luke.

— Só as que sabem o que estão fazendo – Falei divertindo-me com sua expressão surpresa. Logo ele apareceu atrás de mim em seu próprio cavalo e saímos em uma curta cavalgada pelos arredores do castelo onde pude ver os servos trabalhando nos preparativos para o festival, alguns fazendeiros amigos dele plantando e finalmente conheci a vila onde Bash, como prefere ser chamado, me apresentou a um ourives amigo de sua mãe que faz lindas joias. Foi a tarde mais leve e agradável que tive nesse lugar sem dúvidas, ao contrário do que acontece com Francis que faz da minha vida um inferno a ser suportado. Pensamentos e sentimentos diversos borbulhavam em minha mente quando o Rei Henry II com uma espada na mão chamou a atenção de todos tirando-me de meus devaneios.

— Ajoelhe-se rapaz. – Ordenou e Sebastian obedeceu engolindo seco. Era visível sua desconfiança com a atitude do pai. – Por seu destaque, honra e dedicação para com essa coroa hoje eu o nomeio Marquês de Chilly. Todas as terras da região de Chilly estarão sob sua proteção e domínio a partir de agora. – Bradou satisfeito levando a espada ao ombro direito e depois esquerdo e eu pude ver a surpresa e espanto no rosto de cada uma das pessoas que enchiam aquela sala do trono.

— Você não pode fazer isso Henry, ele é um bastardo. Torná-lo um Marques o coloca o segundo em comando depois de você... É inadmissível, isso é titulo para um filho! – Berrou a Rainha Catherine exaltada quebrando o silêncio que reinava. Na verdade acho que ela apenas proferiu em alto e bom som o que todos estavam pensando naquele momento, pois é realmente algo grandioso, nunca feito antes a favor de um filho fora do casamento.

— Sebastian é meu filho Catherine, e eu sou o rei, eu decido. – Falou cortando todo o ambiente om a frieza de sua voz, o que só me recordou a maneira como Francis me trata e isso me deu calafrios. - Levante-se Sebastian Marquês de Chilly. – Ordeou por fim e todos na sala explodiram em aplausos e festejos finalmente aliviados com o fim da tensão. Fui pessoalmente parabenizá-lo e senti uma energia diferente quando ele pegou em minha mão brevemente.

— Sentiu isso Bash? – Perguntei assustada.

— Ainda estou sentindo Mary. – Falou em um fio de voz.

E eu soube naquele momento que estava me perdendo.