E mais uma vez lá estava eu perdido no espaço, sem terra - literalmente -, sem uma casa, um lar. Destinado a vagar pelo espaço por sabe-se lá quanto tempo, como tantas outras vezes, tudo igual e tão diferente. Dessa vez, eu não estava sozinho, eu tinha o povo de Asgard, eu tinha Thor ao meu lado. O irmão rebelde finalmente tinha ficado ao lado dos que ganham finais felizes nas histórias que contam para crianças a noite. 

"E agora? O que vinha depois do final feliz?" 

Era o que eu me perguntava olhando para o espaço através da grande janela de vidro a frente da nave que carregava o que restava do orgulhoso e lendário povo de Asgard, quando Thor chegou ao meu lado. 

— Nosso pai, ficaria orgulhoso de você. - Não pude evitar revirar os olhos. 

— Seu pai. - Respondi enfático e Thor gingou para o lado, me empurrando com o ombro. 

— Qual é! Você não é tão mal quanto quer ser, irmãozinho. - Um sorriso idiota nos lábios de Thor, me fazia questionar minha sanidade mental no momento que escolhi o lado dele e não o de Hela. 

Uma vez mais revirei os olhos, e me limitei a dar as costas a janela e ir em direção ao sofá que tinha ali. Não contente com minha falta de resposta o xérox de Odin resolveu me imitar e sentar no sofá a minha frente. 

— Se você conseguiu fazer algo decente, por alguém que não seja você mesmo, há esperança para o povo de Asgard.- Encarei Thor na esperança de fazê-lo desistir da conversa, mas parecia não estar funcionando. 

— Caso você não tenha notado irmãozinho, nosso planeta acabou de literalmente explodir. Estamos em uma nave muito pequena para o 1/5 da população que sobreviveu estar vagando para, sabe-se Odin onde, e com um combustível que provavelmente vai acabar antes de chegar a esse lugar. -O sorriso de Thor congelado no rosto era muito satisfatório. - Você tem razão, há esperanças para o povo realmente. 

— Loki, você precisa parar de estragar a felicidade alheia. - Thor tinha uma expressão de desgosto ao se levantar do sofá e ir em direção a saída da sala de comando. 

— Eu não consigo evitar, é da minha natureza. -Gesticulei na minha própria direção de forma demonstrativa. 

Uma expressão séria, rara, se formou no rosto do brutamonte do meu irmão, quando se virou para falar comigo uma última vez antes de sair. 

— Nós vencemos. Loki, essa é a parte que não é dita sobre os contos de super-heróis, a parte de como é depois dos felizes para sempre das lendas. Não é bonita, e vai dar um trabalho danado fazer algo decente com o restou, e apesar da sua atitude irmão, eu fico muito feliz que você esteja aqui comigo. - Encarei a parede no fundo da sala durante todo o discurso pensando " Eu não sou um super-herói". - Frigga também ficaria. 

Segurando mais uma revirada de olhos para Thor, respirei fundo e voltei a me concentrar no espaço lá fora. Não é que Thor não tivesse razão, tinha sido emocionante vencer, e eu tinha ficado verdadeiramente feliz por termos sucedido, por Hela no inferno, eu tinha ficado feliz ao ver o idiota finalmente libertando seu real poder do trovão.  

A razão pelo meu cinismo nem era essa, para mim a questão era para onde, em nome Syn deusa guardiã das passagens dos mundos, aquela nave iria e o que aconteceria com aquele povo. Em todas as outras vezes, eu tinha apenas a mim mesmo para se preocupar depois do fim, mas agora eu não estava sozinho e a sensação era que o elmo que nem estava usando estava pesando um mundo sobre sua cabeça 

— Hulk dormir aqui. - anunciou de forma rudimentar na língua midgardiana a criatura verde se jogando no sofá 

Definitivamente eu não estava sozinho e seria uma longa, longa jornada.