Breno levantou cedo com uma baita ressaca, Nina já estava arrumada para ir para escolinha que era semi-integral. Apesar de ter apenas três anos, ela era bem inteligente e independente, sabia se arrumar sozinha, precisava de ajuda apenas para amarrar o cadarço do tênis, que já era rotina seu pai amarrar para ela.

— Filha, hoje o eu vou sair um pouco mais tarde do trabalho pois no final do dia eu tenho uma reunião com uns empresários que estão montando negócio aqui no Rio. Então o motorista da Norden vai te buscar e você vai ficar com a babá até eu chegar.

— Tudo bem papai. Você me acorda se eu tiver dormindo, quando você chegar?

— Não, mas eu prometo te dar um beijo de boa noite.

Ele percebeu a carinha triste dela. Pegou a menina no colo e a abraçou.

Preciso ter um tempo para ela. -Pensou.

— Prometo também que o sábado vai ser só nosso. Clube, praia ou cinema. - Breno beijou o rostinho dela e colocou-a de volta ao chão. – Você escolhe.

Ela abriu um sorriso e abraçou as pernas do pai.

— Vamos no clube então.

— Você que manda chefinha. – Levantou a mão e ela bateu em um estalo no ar. – Agora vamos.

Nina era uma criança especial, ria com os olhos entendia muita coisa que um adulto não é capaz de entender. É a única pessoa em que ele tem total confiança no mundo, ela o conhecia como ninguém e ele a amava como se fosse sangue, não sabia explicar, mas ele tinha certeza que ela era sua filha biológica em outras vidas. Ele se culpava por não dar mais atenção para menina e se questionava como ela aceitava tão bem essa vida de farra que ele levava.

Quase sempre a menina ficava aos cuidados da babá.

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Paula observou o sol através da janela da cozinha. Encheu a jarra de água e, fechou a torneira e pôs a jarra sob a cafeteira. Colocou a capsula de café na máquina e ligou o aparelho.

Os ovos e as torradas estavam prontos. Arranjou tudo sobre uma bandeja.

A melhor parte do dia. -Pensou satisfeita.

Permitia-se tomar um café com calma, apesar da correria que estavam sendo esses últimos dias.Mudança de cidade, abertura de filial, contratação de empresa de arquitetura para projeto interno e externo, tudo isso estava deixando- a maluca.

Preciso urgentemente de uma noitada. -Pensou.

Ela já tinha combinado com algumas amigas de sair na sexta para conhecer uma boate nova que tinha inaugurado em Ipanema.

Paula parecia ter tudo, tudo que o dinheiro pode comprar, mas sentia falta de algo, que nem mesmo ela saberia nomear.

Como uma baladeira nata, não se apegava fácil, já namorara por três anos, mas a dois estava solteira e feliz. Não pretendia namorar no momento.

A reunião foi tranquila mesmo ficando no último horário do expediente, Paula a conduziu tranquilamente e soube esclarecer todas as dúvidas no escritório contratado para o projeto.

Breno estava acompanhado de sua auxiliar Isabela, com quem ele já teve uma pequena aventura, mas não levou para frente, porque ela queria bem mais do que ele poderia oferecer, além de trabalharem juntos, não era conveniente misturar trabalho com diversão.

Ele estava bem interessado era no mulherão que estava a sua frente conduzindo a reunião.

Meu Deus do céu, que mulher é essa, linda, inteligente. E essa boca? É de matar qualquer homem de desejo.

Breno afastou tais pensamentos, afinal, ele estava ali a trabalho. Mas se ela desse algum sinal de interesse, ele iria com tudo para cima dela.

Ele não percebeu, mas Paula ficou encantada pela beleza do arquiteto, a forma com que ele se expressava parecia bem sério, o jeito de falar, o sotaque carregado que ela soube depois ser goiano e aqueles olhos.

Ó Deus, que olhos são esses? Que homem é esse? Ah, se eu pudesse e meu dinheiro desse!

Eita Paula, aquieta esse fogo, não pode ver um homem que já fica logo imaginando coisas. E que coisas!

— Então Breno, fica combinado assim – Levantou e deu a mão a ele em forma de cumprimento – Em três meses nos encontramos na nova sede com a marca da Norden Arquitetura.

Breno pegou a mão dela e no toque pode sentir algo diferente, não sabia explicar, mas queria aquela mulher.

Paula pode sentir o mesmo, um simples toque com as mãos e ela pode sentir uma sensação estranha.

Eles se olharam por um longo instante até que a Isabela, ao desconfiar do clima que rolava no ar, interrompeu e disse;

— Tudo certo então, eu entro em contato com o responsável financeiro e envio todas as tabelas e vou entrando em contato a cada etapa no projeto.

Assim eles se soltaram e se despediram.