Florescer escrita por Bruninhazinha


Capítulo 11
Verde, como seus olhos


Notas iniciais do capítulo

Confesso que estou surtada pq jurei que não ia conseguir postar esse capítulo, mas deu tudo certo. Como sempre, MIL PERDÕES pela demora, minha vida anda corrida demais, estou com todas as leituras atrasadas - inclusive, May, eu vou ler todas as suas fics assim que estiver mais livre, é sério -, o desespero é REAL, mas vai dar tudo certo, gente. Não vou abandonar vocês!
Espero que gostem desse capítulo!
Vou deixar aqui embaixo a playlist da história. São músicas clássicas para quem quiser escutar enquanto lê, músicas que selecionei e que escuto enquanto escrevo para me dar inspiração.

https://open.spotify.com/playlist/64nEctu9gHW5hlLAOz371i?si=56JMV6sJRdCf6SjuORJmug

Boa leitura a todos!



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Verde, como seus olhos

— Não. — a voz dele falhou um pouco. — Ela morreu.

O silêncio se prolongou por poucos minutos, mas, para Perséfone, pareceram horas. Ela continuava atônita com a revelação, a boca entreaberta e os pulmões prendendo o ar com tanta força que queimavam suas entranhas.  

— Sinto muito. — Sussurrou, por fim, percebendo que ele ainda esperava por alguma reação. Mesmo não sendo a melhor frase, foi a única que conseguiu formular. — De verdade. Eu não devia ter falado sobre... Eu...  

— Não se desculpe, meu bem. Não tinha como você saber.  

Ela viu. Viu como ele endireitou – mesmo que discretamente – a coluna e colocou a máscara da mais pura indiferença. Aquela máscara que sempre a deixava desconfortável.  

Era evidente que ele estava fingindo não se importar e ela se perguntou há quanto tempo Hades vinha guardando aqueles sentimentos tristes só para si.  

Anos? Séculos? Milênios?  

Perséfone queria dizer algo, qualquer coisa, mas as palavras persistiam em ficar entaladas na garganta. Só queria o abraçar e dizer que tudo ficaria bem, que não era necessário se esconder atrás de um muro de frieza.  

Como sempre, a coragem faltou. Limitou-se a permanecer em silêncio, encarando-o como se estivesse diante de um quebra-cabeça.  

Hades, percebendo, suspirou longamente.  

— Não precisa dizer nada, Perséfone, é sério. — Sorriu pequeno. — Já faz muito tempo, de qualquer forma. — Não era mentira. Muito tempo se passou. Em todos os dias depois da morte de Menta, ele precisou, necessitou, acostumar-se com aquele sentimento terrível da perda.  

Afinal, é o que todos fazem. Não seria diferente para ele, mesmo que doesse. Mesmo que não quisesse esquecer.  

Mas ele esqueceu, com o tempo. Os dias se passaram. O quadro, que pintou com tanto amor, tornou-se apenas um quadro. E Menta, bom... virou uma de suas lembranças longínquas. Tão longínqua que as vezes tinha a sensação de que tudo não passou de um mero sonho.  

Por isso era tão estranho relembrar. Tão estranho tudo vir à tona, de uma hora para outra.  

— Se houver algo que eu possa fazer... — cortou o silêncio, chamando a atenção dele. Estava com a expressão distante, e as mãos juntas ao corpo.  

— Agradeço de coração, mas não há. — É claro que não havia nada a ser feito. A deusa sabia disso mais do que ninguém. Só queria ajuda-lo de alguma forma, fazer com que aquela expressão triste desaparecesse. — Só... não quero falar sobre isso agora.

A moça acenou com a cabeça, compreendendo, e o mais velho voltou a atenção para os pergaminhos. Ela não teve opções além de pegar um livro qualquer na prateleira e folheá-lo, sentada em uma das poltronas próximas a escrivaninha. 

Tentou concentrar-se nas palavras, contudo, não pôde. Os olhos teimavam em desviar para o quadro da ninfa e, em uma dessas observações, repentinamente, a realidade caiu sobre sua cabeça feito um balde de água fria. Perséfone se questionou como não percebeu antes.

Basicamente, ela não fazia ideia, até aquele momento, do quanto Hades vinha sendo um bom amigo. Isso mesmo, um bom amigo. Ainda se lembrava de quando ele lhe disse que era especial, mesmo não passando de uma deusa menor. Ninguém nunca falou algo assim - ou causou essa estranha sensação quente em seu peito. O que a levou a pensar que semanas se passaram desde que chegou ao Submundo e, nesse meio tempo, o deus mostrou conhecê-la muito bem, melhor do que muitas pessoas no Olimpo. Ela, por outro lado, não sabia nada sobre ele. 

O mais engraçado é sempre reclamou dos próprios problemas, até contou mais cedo, durante o desjejum, sobre como se sentia presa em casa.

Mas Hades nunca falava – digo, nunca lhe confidenciava segredos. Se não tivesse questionado sobre o quadro, jamais saberia a história por trás da pintura.  

E esse pensamento fez com que uma sequência de perguntas invadisse sua mente.  Como ele conheceu a ninfa? Como foi o relacionamento com ela? O que ele gosta de fazer? Quais são seus livros preferidos? Como começou a se interessar por arte? Quais são seus medos? Sua comida favorita?  

Queria conhece-lo melhor, de alguma forma.

— Hades.

O mais velho levantou o olhar. Bastou menos que um segundo para perceber que algo não estava certo. Os ombros pequenos mantinham-se tensos e as safiras verdes o fitavam de um jeito estranho. Ele só conseguiu pensar que havia sido um erro revelar sobre Menta. Perséfone parecia péssima com a situação.  

Não estava animado para o que viria a seguir. A deusa parecia ter um monte de perguntas sobre o assunto – perguntas que não estava disposto a responder. Não havia mais o que fazer, de qualquer forma. Apenas esperou, sustentando o olhar no rosto oval.  

— Diga.  

A jovem apertou os lábios em uma única linha.  

— Qual é a sua cor favorita?  

Inusitado. 

Sim, a pergunta foi tão inusitada e fora de contexto que o fez arquear as sobrancelhas. Vê-la o encarando daquele jeito, depois questionar sobre algo assim, o deixou completamente em reação.  

Ele não esperava por isso.   

Perséfone, por outro lado, estava envergonhada por que a pergunta pareceu menos idiota em sua cabeça que quando dita em voz alta.

— Ok. A pergunta foi desnecessária e o timing pior ainda. — Ela mordeu a língua; mentalmente, amaldiçoou a boca grande e incontrolável que tinha.  

Hades não respondeu por longos minutos, o que só a deixou mais constrangida com a situação. Era uma pergunta simples, as pessoas não deveriam demorar tanto para responder algo assim. 

— Gosto de verde.  

Disse num sussurro. Ela quase não o escutou graças ao crepitar do fogo na lareira e demorou para formular algo, por uma fração de segundos, incrédula.

— Esse tempo todo você estava pensando em uma resposta?  

Um aceno de cabeça foi tudo o que obteve.  

— Nunca parei para pensar nisso.  

— Na sua cor favorita? — era realmente inacreditável!  

— Sim. — Afirmou, contemplativo. — As pessoas não costumam me fazer perguntas corriqueiras, então não imaginei que minha cor favorita um dia fosse ser interessante para alguém.  

Foi algo triste de escutar, mas ela compreendeu o que ele quis dizer. No fim das contas, eles eram muito diferentes, ao mesmo tempo em que tinham tanto em comum. Viviam em mundos distintos - Hades sempre sozinho, sendo um cara insociável e ela cercada por pessoas, sendo bajulada, em uma vida de mentiras. 

No fim, não passavam de duas pessoas solitárias, cada um a sua maneira. 

— Então... Verde, em. — Ele deu de ombros, com um sorriso mínimo. — Não imaginei. Você sempre usa preto.  

— Acho que preto combina mais comigo.  

Havia um quê de curiosidade no rosto feminino. Foi questão de tempo. No fim das contas, ela nunca conseguia se conter.  

— Então, por que verde? — questionou, interessada.  

— Significa esperança, liberdade. É uma cor viva.  

A resposta a satisfez, mas estava longe de ser a verdade. Não era pelo significado.  

Hades amava verde porque era a cor dos olhos dela.  

E sempre que admirava aquelas duas esmeraldas, seu coração se enchia com uma sensação agridoce; a sensação dos sorrisos sem motivo, das palavras não ditas e, principalmente, dos sentimentos guardados.  

— O que mais você gosta, Hades?  

— Você é uma pessoa bem aleatória. — Ele tornou a falar, a expressão contorcendo-se em uma careta de divertimento. —  O que deu em você para querer saber mais sobre mim, assim, do nada?  

Ela pareceu pensar por um momento.  

— Não sei. Percebi que você não fala muito sobre si mesmo. Só estou curiosa.

— Bom, não há muito o que dizer. Minha vida é bem tediosa. Resumindo: trabalho, durmo e como quando dá tempo.    

— Sua vida não se baseia só nisso. Você gosta de xadrez e pintar, por exemplo. Não é possível que não tenha mais nada que goste! Todo mundo tem uma comida favorita, uma fruta, algo assim...  

— Gosto de doces. E minha fruta favorita é romã. — Isso explicava o jardim cheio de romãzeiras, a moça pensou. — Mais alguma pergunta, mademoiselle

— Muitas.  

— Você tem direito a mais uma pergunta, nada a mais, nada a menos. Tenho muito trabalho a fazer. Escolha com sabedoria.   

Ela olhou para o teto, contemplativa. Hades soube o que viria em seguida quando o rosto angelical se transformou em uma expressão cheia de segundas intensões.  

— Por que me trouxe ao Submundo?  

A resposta foi uma expressão monótona.

— O que foi? — questionou, não muito animada. — Eu precisava tentar!  

— Apenas volte a ler, Perséfone.  

Ela segurou uma risadinha, praticamente enfiando o nariz no livro, retornando a leitura. Embora tentasse manter atenção, seus olhos sempre lhe pregavam peças e desvivam das palavras para apreciar a imagem do senhor dos mortos.

+

Nesse mesmo dia, Hécate se retirou do quarto no fim da tarde, quando a lua minguante despontou no céu. Aquele estava sendo um dia atípico. Ela acabou passando horas deitada, sem energia. A semana anterior foi corrida, e ela ficou madrugadas em claro preparando poções e feitiços para os fiéis de seu templo.

Embora fosse dura, Hécate gostava do trabalho ao qual foi encarregada. Ficava feliz em ajudar os humanos, mesmo sendo seres tão supérfluos e fracos.

O corredor estava arejado graças as janelas abertas. O vento frio daquela noite corria pelo palácio e as tochas continuavam acesas, embora tremulantes.

Estava decidida a passar algumas horas na biblioteca, antes do jantar. Não que fizesse diferença. Ela já não sentia tanta fome como antes, nem vontade de ficar perambulando por aí – os perigos de encontrar Hades eram grandes e a última coisa que precisava, no momento, era arranjar briga. 

Suspirando, puxou a maçaneta, entretanto, para sua completa surpresa, a porta da biblioteca só estava encostada.

Passou pela batente, deliciando-se com o cheiro de livros velhos e correu os olhos pelo cômodo. As prateleiras continuavam em seu devido lugar, todas organizadas, o ambiente permanecia limpo e bem decorado. As coisas estariam normais se não fosse pela presença inusual daquela maldita

Perséfone estava sentada no tapete de pele, cercada por livros, em meio aos sofás. O cabelo foi preso em um coque no alto da cabeça, revelando o pescoço pálido e os ombros desnudos. O xaile colorido foi posto sobre uma das poltronas e ela cantarolava baixinho, com um pincel em mãos. Em seu colo, estava uma tela para pintura a óleo e, ao lado, em um canto afastado do tapete, vários tubinhos de tinta.

— O que está fazendo aqui? — tentou não soar grosseira, mas era impossível controlar esse tipo de sentimento perto da garota.

A deusa mais nova levantou a cabeça abruptamente, assustada, e puxou o ar, em seguida, sustentando no rosto uma careta azeda.

— Pintando, como pode ver.

A voz dela saiu dura. Hécate não se abalou.  

— Esse material é do Hades.

— Sei disso. — rebateu, na defensiva. — Estive precisando de um material, mas só encontrei esses aqui, na biblioteca. Pensei que Hades não se importaria caso eu utilizasse.

Houve um silêncio longo entre elas. 

— Tome cuidado para não sujar o tapete. — a deusa menor respondeu com um dar de ombros, ignorando-a. 

A mais velha virou de costas, contendo a respiração acelerada, e caminhou pela biblioteca procurando por algum livro de feitiços proibidos. Apanhou um qualquer e sentou-se, propositalmente, na poltrona atrás de Perséfone só para saber o que ela estava tramando.

Perséfone movia o pincel sem qualquer habilidade pela tela, desenhando algo indecifrável.

Demorou quase meia hora para notar que, na realidade, a moça tentava copiar o desenho de um lírio localizado em uma das páginas dos inúmeros livros que a cercavam.  

Que catástrofe.

— Você está fazendo errado.

A mais nova virou a cabeça, observando-a por cima dos ombros.

— Olha, sinceramente, sei que não sou boa, mas pelo menos estou tentando. — sibilou. — Não há necessidade de esfregar todos os meus erros na minha cara. Já entendi que você não gosta de mim, não precisa fazer questão de mostrar isso o tempo inteiro.  

— Não estou esfregando nada. — que garota mais insuportável! — Só estou dizendo que está fazendo tudo errado. Você precisa de um esboço antes de pintar.

Perséfone fixou os olhos esverdeados na própria pintura. Parecia uma figura abstrata, não uma flor.

Certo, não levava o menor jeito com tinta, era oficial.

Vendo o rosto deprimido da outra, Hécate bufou, rolando os olhos ametistas.

Não acreditava no que estava prestes a fazer. Honestamente, não acreditava.

Não se sentia disposta a isso, mas as palavras de Tânatos ficavam ecoando por sua mente, perseguindo-a. “Você pode começar tentando ser menos hostil com a Perséfone. Ela não tem culpa de estar aqui e é uma garota muito legal.”

Aquele cretino!

— É cada coisa. — resmungou, empurrando o livro pelo acolchoado do sofá antes de se levantar para sentar-se ao lado de Perséfone, no chão. A mais nova, com as sobrancelhas arqueadas e um tanto incrédula – sim, essa era a palavra certa para descrever a sensação –, observou a feiticeira retirar o desenho de suas mãos para analisa-lo melhor. — Você é péssima.

— Obrigada. — soou, cheia de sarcasmo.

Hécate a ignorou, pegando um carvão jogado em um canto próximo, começando a traçar o esboço por cima do desenho, seus olhos desviando em alguns momentos para a figura de referência.

— Está vendo? — moveu o carvão pela tela, os olhos esverdeados atentos em suas mãos. — Caso você erre, é só fazer outros traços. Aqui vai ficar ruim porque está molhado com tinta. Você vai ter que usar outra tela se quiser ter um desenho que preste. Não que eu ache que vá ficar bom na próxima tentativa.

— Certo, entendi. — puxou o desenho das mãos da deusa da magia abruptamente, irritada. — Onde aprendeu a desenhar? — murmurou, tentando parecer desinteressada.

— A gente acaba aprendendo algo depois de conviver tanto com Hades. — deu de ombros, dando o assunto por encerrado.

Depois de algum tempo tentando arrumar o desastre artístico, descartou o desenho, mesmo a contragosto, e se levantou para pegar outra tela, retornando, em seguida, para o mesmo lugar, tentando manter-se tranquila.

Só que era impossível manter a calma com Hécate a encarado como se não passasse de um inseto insignificante. Uma baratinha de nada.

Em algum momento a deusa da magia desistiu de importunar a pobre coitada da menina para ler seu livro desinteressante, sentada no sofá.

Só depois da quarta tentativa frustrada, a mais nova ciciou, com o peso do fracasso nas costas. A feiticeira segurou uma risada de escárnio, embora uma dúvida ainda permanecesse em sua mente.

— Por que está fazendo isso? — indagou, repousando o livro no colo, tendo a total atenção de Perséfone, que parecia receosa, de certa maneira. — Não me entenda mal. Estou realmente interessada em saber seus motivos.

Perséfone desviou os olhos rapidamente para a pintura, antes de retorna-los a deusa.

— Eu só... percebi que o Hades gosta muito de pinturas e decidi fazer algo para ele. — a revelação pegou a feiticeira de surpresa. — Tudo bem, ainda estou irritada por ter me sequestrado, mas ele sempre foi muito legal e gentil, me deu presentes... Eu só queria agradecer. Retribuir de alguma forma.

Hécate suspirou longamente, com um aperto no peito. Era isso, então. Mais do que mulher, ela era a deusa da luxúria. Sabia muito bem identificar quando alguém estava apaixonado. Não sentia essa energia vinda da deusa da primavera, contudo, no fim das contas, Tânatos estava certo.

Perséfone até poderia não estar apaixonada, mas era só questão de tempo até que acontecesse.  Isso conseguia sentir.

E doía. Doía nela, mais que em qualquer outra pessoa. Afinal, Hades jamais seria seu.

— Ele vai ficar feliz com qualquer coisa que você dê. — Sorriu tristemente, sem saber ao certo o porquê de estar dizendo algo assim. Talvez só quisesse ver Hades feliz. Ou quem sabe fosse a necessidade de seguir em frente. — Mas ele ficaria ainda mais feliz se você desenhasse Gladíolos. São as flores preferidas dele.

Perséfone ainda estava digerindo as informações, zonza, perguntando-se se sua mente estava lhe pregando peças. Hécate havia sido legal com ela?

— Eu... Bom, é um pouco incomum, mas obrigada. — agradeceu, sinceramente. — Você parece conhecer bem o Hades. Isso é bom.

Não houve qualquer resposta. Perséfone resolveu continuar o diálogo.

— Sabe, pode não parecer... — apertou o carvão entre os dedos, começando um esboço desajeitado. — porque o Hades tem aquele jeito meio... não sei, fechado, mas ele parece se importar muito com você. E, mesmo que não diga, sempre que o assunto é você ele fica bem pensativo, preocupado. Não sei o que aconteceu, mas... tente se resolver com ele. 

Hécate lembrou-se do que aconteceu semanas atrás, no escritório, quando disse a ele que precisava mandar Perséfone embora enquanto ainda era tempo. De como ele reagiu, dizendo que não faria isso, que a amava.

“Se não gosta dela é problema completamente seu, não estou nem aí. Não vou mandar Perséfone embora só para realizar os seus caprichos.”

O mais irônico é que, no fim, embora tenha negado, realmente se tratava de um capricho. Não queria que Hades se apaixonasse, não queria perdê-lo. Ela só tinha medo de ser rejeitada, de ser deixada de lado outra vez. 

E acabou escolhendo Perséfone para direcionar todas as suas frustrações. 

Sim, estava frustrada. E com inveja. Porque, independente do que fizesse, do quanto lutasse, seu amor nunca seria suficiente para ele. 

Levantando o olhar, observou a moça a frente, que a encarava com expectativa, até mesmo receio. 

— Certo. Obrigada pelo conselho. — repondeu.— Mas não pense que vou começar a gostar de você só por isso.

— Ah, imagina! — balançou a mão em frente ao rosto, como se descartasse essa possibilidade. — Isso jamais se passou pela minha cabeça. Quem gostaria de ser amiga de alguém como você?

— O mesmo. Você é patética.

— Obrigada. Isso é um elogio, vindo de você.

Hécate segurou uma risada, odiando-se por admitir que, no fim das contas, Perséfone não era uma má pessoa. 


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Notas finais do capítulo

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