Os Fundadores escrita por Anne


Capítulo 8
Contente com o que ele lhe fez


Notas iniciais do capítulo

''A solidão é a mãe da sabedoria.''
Laurence Sterne



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— O que devo pensar — O homem se aproximou, praticamente rugindo. — quando encontro sua cama vazia, nenhum pergaminho à vista, a espada desaparecida? Godric Gryffindor, eu não criei um covarde!

O filho abriu a boca para responder, mas Helga saltou em sua frente e sorriu calorosa para Gandriel.

— A culpa foi minha, senhor. Pedi a ajuda urgente de Godric, Rowena e Salazar numa tarefa. Praticamente não lhe dei chance de recusar minha oferta e, bem, sabe que ele jamais me negaria nada. — Ela inclinou a cabeça, os olhos azuis brilhando. Gandriel pareceu se acalmar por um instante, mas suas sobrancelhas logo se juntaram novamente numa careta de desagrado.

— É muito nobre da senhorita tentar defender a honra de meu filho, pequena Hufflepuff, mas o conheço muito bem...

— Então o senhor sabe que não costumo fugir, pai. — Godric pousou uma mão no ombro de Helga, se aproximando de Gandriel. — Me esqueci de me corresponder com o senhor...

— Eu sou o último dos seus problemas! Mas a senhorita Lavey... ela tem chorado como nunca vi antes. Se recusa a sair da cama, pois acha que o noivo a abandonou! E eu estou enlouquecendo!

— Pai, foi um descuido. Mandarei uma coruja para Seraphine imediatamente. — Godric o tranquilizou, vendo gotículas de suor se acumularem na testa do mais velho. Rowena juntou suas mãos, observando como o pai não notava – ou fingia não notar – a tristeza que tomava conta da feição do filho. — Mas, já que está aqui, preciso conversar com o senhor.

— Talvez ele não tenha gostado? Será que não vai permitir com que façamos a escola aqui? Poderíamos procurar uma outra localização...

Helga Hufflepuff andava de um lado para o outro no hall de entrada, fazendo pequenas nuvens de poeira subirem ao redor de suas botas marrons. Seu cabelo longo balançava com seus movimentos e, pensativa, falava sem parar. Rowena e Salazar, sentados num degrau, observavam quietos a movimentação dela.

— Não há motivo algum para Gandriel não autorizar. — Slytherin falou após alguns minutos, tentando tranquilizar Helga. — Sabe como são os Gryffindors. Ele vai adorar a ideia.

— Então por que estão demorando tanto? — Helga bateu as mãos no quadril, suspirando. Salazar sorriu e se levantou, estendendo a mão para ela. Hufflepuff depositou a sua na palma dele, notando o quanto sua mão parecia pequena ali, protegida pelos dedos longos e grossos que se fecharam carinhosamente com seu contato.

— Não seja impaciente, doce Helga. — Salazar ergueu o dedo indicador esquerdo e enrolou uma mecha fina do cabelo louro dela, admirando o brilho dos fios com os olhos fixos. Rowena se aprumou, sentindo-se ligeiramente incomodada por ainda estar ali. Sorriu satisfeita ao ver os dois homens grandes que eram Godric e Gandriel retornarem à construção, o pai dando tapinhas nas costas do filho e acenando de longe para os outros três. Virou as costas e saiu pelas portas abertas, enquanto o outro se aproximava. Salazar e Helga se afastaram.

— Meu pai não ficou muito contente com o que fizemos ao dragão... — Começou ele.

— Mas ficou contente com o que o dragão lhe fez? — Slytherin riu.

— .... disse que vai voltar para tirá-la daqui mais tarde e que podemos reformar e utilizar o forte. — Continuou Gryffindor, ignorando o amigo.

Oh! Ah! — Helga bateu palmas, sorrindo largo. Abraçou Godric, os pés apoiados em seus dedos para que alcançasse os ombros dele. O homem sorriu, abraçando-a de volta.

 

Os quatro amigos se reuniram no último andar após extensos feitiços de limpeza aplicados pela biblioteca. Cada um transfigurou diferentes objetos em cobertores, almofadas e colchões para que pudessem dormir a noite. Rowena, após decorar seu colchão com véus azuis de diversos tons que se torciam no alto e caiam ao redor das cobertas para protegê-la de mosquitos e olhares, enfeitiçou velhas velas que encontraram e as levitou até o teto, onde uma ou outra permanecia acesa para que não dormissem em profunda escuridão. Apesar da Escócia ser quente naquela época do ano, as paredes de pedra e o estado de abandono fazia com que ela sentisse frio. Com o cobertor azul marinho até o queixo, ela afastou o véu com os dedos esguios e espiou para fora – pôde ouvir a respiração profunda dos outros e seus corpos imóveis e relaxados.

Quando sentiu seu corpo escorregar para o lado sozinho e suas pernas ziguezaguearem pelas prateleiras, um sorriso infantil se iluminou no rosto de Rowena Ravenclaw. A mão aberta acariciava os livros e uma curiosidade avassaladora inundou seu corpo, fazendo o coração acelerar. Mesmo que tivesse lido os livros que ali tinham horas antes, era como se não tivesse o feito. Com um aceno de varinha, duas velas flutuaram do centro do salão até a última prateleira – onde ela estava, já sentada no chão com pilhas de livros ao seu redor. Um livro velho estava aberto em seu colo: ele era costurado na capa com linhas e escrito à mão, todo em runas antigas. Rowena o apoiou nas pernas e prendeu os cabelos longos num coque, com alguns fios rebeldes caindo pelo seu rosto. Voltou sua atenção ao livro, os olhos famintos devorando cada página, com tamanho foco que ela não notou que Godric estava parado, a observando há alguns minutos. Somente ergueu o rosto para olhá-lo, surpresa, quando ele se aproximou dela.

— Gosto como você sempre quer mais. — Disse ele, num tom sussurrado que deixou sua voz rouca. Rowena sentiu um arrepio subir sua espinha, mas o ignorou. Sorriu.

— Como assim?

— Você geralmente não é a que faz perguntas. — Godric riu e se sentou de frente para ela, os livros os separando. — Deve ter revirado este lugar a tarde toda e ainda não achou suficiente.

— Bem — Ela riu baixo, sentindo as bochechas esquentarem. — É o que eu sempre faço. É meio chato sabe?

Godric arqueou a sobrancelha, seus olhos correndo pelos livros.

— Não... você definitivamente não acha chato. E nem eu, a propósito. Gostaria de ser mais como você. — Ele sorriu, a luz da lua atravessando a janela e iluminando seu rosto.

— Você pode. Leitura é um hábito. Talvez devesse largar um pouco a espada. — Acrescentou com sarcasmo, fazendo Godric rir.

— Está certa. Escolha um e prometo que lerei. — Ele indicou a pilha com o queixo, apoiando os braços nos joelhos.

Rowena sorriu e mexeu em alguns exemplares, retirando um deles e estendendo-o. Era pequeno e tinha uma capa azul escuro, um desenho descascado em dourado e no título em letras caprichadas se lia ’’A testemunha das estrelas’’.

— Vou querer um relatório. — Avisou ela, abrindo o livro de runas em seu colo novamente.

— Sim, senhora, professora. — Godric se levantou e sorriu. — Boa noite, Rowena.

Ele a deixou sozinha e ela pôde ouvir seus passos se distanciando. Silêncio. Virando uma página, ela mordeu o lábio.

— Boa noite, Godric.


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Notas finais do capítulo

MIL PERDÕES!

Sei que eu sumi e foi até mais (bem mais) do que eu pretendia e eu peço desculpas. A vida vai acontecendo e às vezes fica tão corrido que eu só quero usar meu tempo livre pra dormir kkkkkk universitários vão se identificar.

O capítulo foi cortado porque eu não queria demorar ainda mais, então aqui está!

Comentem, por favoooor! Um beijo! ♥



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