The Coffee Boy escrita por Ivy Harper


Capítulo 6
You Better Work!




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A rotina de Roy agora havia mudado completamente. Ele tinha que acordar mais cedo que o normal. Havia um longo caminho a percorrer para chegar à empresa, mas era um preço a ser pago para manter seu sonho vivo. O garoto tomou um banho frio para despertar, embora o clima lá fora estivesse da mesma temperatura. Preferiu não comer nada já que a empresa lhe oferecia comida grátis, e guardando o que Cindy havia levado no dia anterior, provavelmente teria o que esquentar e comer a noite. Ele se arrumou impecavelmente, nunca na vida havia vestido uma roupa daquela que vestia no momento, composta por uma camisa cinza de botões e mangas longas com alguns detalhes de círculos minúsculos na cor preta, uma gravata completamente preta, uma calça de linho num cinza escurecido e seus sapatos marrons. O garoto encheu o corpo de perfume, arrumou o cabelo e seguiu o caminho até o ponto de ônibus, que por sorte já estava lá quando ele chegou. Aquele começo do dia parecia bastante tranquilo, e Roy sabia que nada era em vão. Se tudo estava calmo, provavelmente o trabalho na empresa estaria um caos, e para o primeiro dia, isso não era bom.

Assim que o ônibus parou no centro da cidade, Roy desceu e seguiu o pequeno trajeto até as Consolidações Queen a pé. Chegando lá, foi direto à recepção, e para sua surpresa, a recepcionista do térreo já sabia seu nome e lhe entregou um crachá como o dela, mas no de Roy tinha seu nome, sua foto e o cargo de estagiário logo abaixo do nome. Transbordando orgulho, Roy colocou o crachá no pescoço e agradeceu a moça. Ele seguiu até o restaurante que havia ido no dia anterior e novamente pediu o mesmo café. A garota o entregou, mas dessa vez, Roy prestou bastante atenção e caminhou cuidadosamente até o elevador, sempre atento a quem estava próximo.

O garoto já estava se sentindo parte de empresa, pois no elevador, as pessoas estavam vestidas como ele e nem o olhavam estranho, era como se fosse um conhecido, e conhecidos naquele lugar não se falavam, a não ser que quisessem alguma coisa ou trabalhassem juntos.

Chegando ao andar de destino, Roy desceu do elevador e foi até a mesa de Felicity. Seu copo ainda tinha bastante café e a temperatura estava perfeita. Ele viu a mais nova colega de trabalho ao telefone e preferiu não incomodar, apenas esperou que ela desocupasse para falar.

— Irei transferir sua ligação. – Felicity digitou alguns números no telefone e o colocou no gancho. – Bom dia, Sr. Harper. – ela sorriu para Roy. – Bela roupa! Aprendeu rápido como se vestir para trabalhar aqui. – seu sorriso continuou no rosto.

— Bom dia. – respondeu. – Muito obrigado. Eu não tinha muitas roupas para trabalhar numa empresa desse tamanho, então tive que investir um pouco mais. – ele sorriu. – Aceita um pouco de café? – ele estendeu o copo para Felicity.

— Não, obrigada. Eu já sou muito elétrica, e café sempre me deixa pior do que já sou. Você não vai querer me ver sob o efeito da cafeína. – ela sorriu meio insegura e levantou da cadeira.

— O que eu vou fazer no meu primeiro dia de trabalho? – perguntou dando um breve gole no café.

Felicity organizou uma pilha de papéis em cima da mesa, dignos de um arquivo policial de vários anos. – Aqui está seu trabalho. – falou colocando a mão sobre os papéis. – Nesses documentos estão alguns contratos a serem fechados com o Sr. Queen. Você só precisa separa-los por nível de importância e entregar ao Sr. Queen os mais urgentes. Não se preocupe, os mais importantes estão marcados com uma fita vermelha. Eu já organizei isso, mas esse é o seu trabalho que um dia você começara a fazer por si só. Mas não se assuste, é fácil de aprender. – Felicity de fato falava demais.

— Devo entregar todos organizados no fim do dia? – perguntou Roy inocente.

Uma breve risada foi liberada por Felicity, que ajeitou os óculos no rosto. – Quem dera fosse assim, Sr. Harper. O Sr. Queen deve chegar em vinte minutos, assim que chegar, esses papéis devem estar em sua mesa. – ela terminou com um sorriso.

— Tudo isso?! – Roy estava assustado com o pouco tempo e o tamanho do serviço.

— Não, claro que não. Somente os de fita vermelha e laranja. Quando terminar, poderá organizar as outras cores e entregar amanhã, ou até mesmo hoje, mas o Sr. Queen é um pouco esquecido, então é sempre bom entregar em cima do prazo para que ele se interesse de imediato. – concluiu Felicity.

— Tudo bem então. – Roy já se preparava para pegar a pilha de papéis quando viu Felicity apontar para uma mesa vazia há alguns metros de distância dela.

— Ali é sua mesa, e logo ao lado é a sala do Sr. Queen. A parede de vidro vai permitir que você sempre verifique se ele está dando a atenção devida aos contratos, assim como ele também poderá verificar seu trabalho, então, preste bem atenção. – Felicity sentou em sua cadeira e começou a ver algumas coisas no computador.

— Só por curiosidade. – Roy pegou a pilha de papéis que pesava mais do que imaginava. – Por que sua mesa não é a mais próxima da sala do Sr. Queen? – questionou.

— Você não vai querer estar ao lado daquela sala quando algo der errado. Ou quando ele estiver estressado, ou quando estiver de mau humor, ou quando ele não fechar um contrato... – Felicity tinha vários motivos para não estar naquela mesa, mas era a única que tinha disponível para os funcionários relacionados diretamente com o presidente.

Roy parou e tentou não imaginar aquela cena. Sabia que era duro o trabalho na empresa e iria comprovar aquilo de perto, mais perto do que imaginava.

Ele finalmente começou o trajeto até sua mesa, colocando os papéis calmamente em cima dela quando chegou, tomando cuidado para não derrubar o copo com café que estava empilhado junto dos papéis. Tratou de tirar logo o copo dali e coloca-lo bem longe dos contratos, pois uma coisa era sujar uma roupa, outra coisa era manchar um contrato importantíssimo.

Os papéis pareciam nunca acabar. A pilha inteira estava repleta de papéis marcados em vermelho e laranja, Roy até chegou a achar um cinismo da parte de Felicity se referir a eles como “apenas”. Por sorte, o garoto havia marcado o tempo no relógio digital que tinha em sua mesa, e separou uma parte considerável da papelada em um curto período de tempo.

O tempo passava e papéis pareciam nascer da pilha. Roy usava a estratégia mais comum de organização, que era separar as cores por igual, não somente as mais urgentes, criando assim cinco pilhas diferentes em sua mesa nas cores azul, vermelho, laranja, verde e amarelo. Pela base de cálculo, faltavam cinco minutos para o Sr. Queen chegar, e felizmente Roy já estava no fim da papelada.

Assim que terminou de organizar todos, levantou da cadeira e pegou as duas pilhas mais importantes. Logo atrás de si, olhou o elevador se abrir e Oliver sair dele, fazendo Roy se apressar para entrar na sala do mesmo. O garoto foi até a escrivaninha de Oliver e colocou cuidadosamente as pilhas lá, logo na frente do seu campo de visão quando ele sentasse. Assim que virou, Oliver já estava entrando na sala.

— Bom dia, Sr. Queen. – cumprimentou Roy já se afastando da mesa.

— Você é...? – Oliver deu uma rápida olhada no garoto e caminhou até sua mesa.

— Fui entrevistado ontem e o senhor me admitiu. – respondeu desconfiado. – Roy Harper. – completou.

— Quem? – Oliver sentou na cadeira e ajeitou seu paletó azul marinho.

— Roy Harper. – reforçou. Roy se lembrou de como Oliver o havia tratado no dia anterior, teria que lembra-lo daquilo para que ele recordasse. – O garoto do café. – concluiu com uma decepção na face.

— Ah, o garoto do café. – Oliver sorriu. – Eu já sabia quem você era quando te vi, mas queria ouvir você se chamando assim. – ele gargalhou e percebeu os papéis em cima da sua mesa. – Belo trabalho. – comentou.

— Obrigado, senhor. – Roy já conseguia sorrir por ouvir aquilo de Oliver. – Precisa de alguma coisa, senhor? – perguntou atento.

— Por enquanto, nada. Pode ir. – disse já olhando os papéis.

— Com licença. – Roy deu as costas e foi na direção da saída.

— Ei. – disse Oliver, chamando a atenção do garoto. – Bonita roupa. – elogiou com um sorriso de canto.

Roy sentiu seu rosto corar. – Obrigado. – ele sorriu e saiu da sala se sentindo nas nuvens. Assim que olhou para Felicity, ela sorria e fazia um sinal positivo com a mão para ele, que retribuiu. Aquele primeiro dia estava sendo melhor do que Roy imaginava.


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Notas finais do capítulo

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