The Coffee Boy escrita por Ivy Harper


Capítulo 4
Responsability




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Roy ainda estava desacreditado, mas lá estava ele, mais uma vez sentado à mesa junto de Oliver Queen, como também os outros três que passaram para a segunda parte, mas aquilo era apenas um detalhe. O clima havia ficado mais sério, a descontração tinha ficado para trás e agora só os mais responsáveis permaneciam ali, embora Roy ainda duvidasse de tal responsabilidade da sua pessoa.

— Parabéns a vocês que conseguiram chegar até essa segunda etapa da entrevista. Provavelmente estão se perguntando o porquê de estarem aqui. Alguns devem ter comemorado por ter a certeza de que iriam passar. – Oliver dirigiu o olhar para os três primeiros chamados. – E outros devem estar extremamente surpresos. – O olhar dele agora se dirigia apenas para Roy. – Mas eu vi potencial em vocês, e é isso que as Consolidações Queen buscam, potencial. Queremos que a empresa cresça e que vocês cresçam junto. Nossos funcionários são muito bem tratados aqui, e são respeitados em qualquer lugar para onde levam o nome da empresa. Preciso saber se depois disso, vocês ainda querem prosseguir nessa entrevista. – questionou Oliver, obtendo uma resposta positivas de todos.

— Bem, vamos então para a segunda parte. – Felicity começou a mexer em algumas coisas no tablet. – Começando pelo senhor Peter. No que essa vaga na empresa vai mudar sua vida? – perguntou Felicity olhando diretamente para o rapaz.

Peter pigarreou, aquecendo a voz para então começar a falar. – Eu vejo muito espaço nessa empresa para que eu possa crescer profissionalmente. Fui muito bem sucedido em todos os lugares em que trabalhei, e aqui não seria diferente. Consegui mudar cenários de crise e ganhar reconhecimento por isso. E é pra isso que trabalho, para ter reconhecimento e crescer. – respondeu com uma pose convencida.

— Já acabou? – perguntou Felicity esperando mais.

— Sim. – respondeu Peter.

— Mas e a empresa? O que a empresa ganha tendo um funcionário como você? O crescimento e reconhecimento serão somente seus? – continuou com o questionamento.

— Ah não, claro que não. – ele sorriu um pouco sem graça, não sabendo como prosseguir.

— Ok. Já ouvimos o bastante. – disse Oliver. – O garoto do café – o olhar dele foi direcionado a Roy. – Me diga, o que o trouxe aqui e como pretende levar esse emprego caso seja contratado? – Oliver mostrou interesse na resposta do garoto e se curvou na mesa, apoiando os cotovelos nela e o olhando diretamente.

Roy parecia ter engolido um ouriço do mar quando Oliver o chamou de ‘garoto do café’. Aquilo não seria esquecido, e talvez ele ainda estivesse ali somente para ser chamado daquilo até o fim das etapas e ir embora sem o emprego. – É... – ele travou. Sua garganta não permitia que liberasse palavra alguma. Saber que Oliver o olhava daquela forma tão intimidadora o deixava com vergonha.

— Ficaria mais a vontade se eu não olhasse para você? – perguntou Oliver ainda o encarando.

— Sim. – respondeu seco.

— Sem problema. – Oliver abaixou a cabeça e se manteve fitando a mesa. – Então, pode me responder? – continuou com o questionamento.

— Eu trabalho em um restaurante no Glades. É um lugar tranquilo pra se viver, embora todos pensem que não. Vivo lá desde que me conheço por gente e meu sonho sempre foi me tornar alguém importante, alguém que possa ter um nome. Não vou dizer que o lugar onde trabalho é ruim, muito pelo contrário, é até agradável, tirando alguns acasos, mas são coisas de trabalho. Me dou muito bem com todos lá dentro, inclusive minha melhor amiga conheci lá. Quando recebi a ligação ontem, não acreditei, até que finalmente caiu a ficha. Foi um choque saber que meu sonho estava a alguns passos de ser realizado. Trabalhar numa empresa grande e famosa, poder não somente ser um funcionário, como também leva-la comigo onde quer que fosse. Dar orgulho para os meus pais, finalmente. – Roy parou um pouco e pensou nos pais. Ele percebeu que Oliver levantou o olhar, não estava mais intimidado caso ele quisesse continuar olhando.

— Seus pais são vivos? – perguntou Oliver quieto demais.

— Não. – Roy respondeu tentando esquecer daquilo.

— Sinto muito. – completou com pesar. – Pode prosseguir, por favor, Felicity? – pediu Oliver.

— Claro! Senhorita Shawna, agora nos conte como esse emprego vai mudar sua carreira? – prosseguiu Felicity de imediato.

Na cabeça de Roy havia um silêncio mortal. Ele somente via a boca da garota recém-perguntada mexer, mas as palavras não entravam em seus ouvidos. As únicas vozes que ele ouvia eram dos seus pais, e aquilo o deixava tão forte, mas ao mesmo tempo tão inseguro por saber que eles não estavam lá de verdade, e nunca mais estariam. Sua mente ficou vazia por um instante, há um bom tempo não conseguia tal feito. O trabalho não importava mais, aquela vaga não importava mais, nem mesmo sua vida importava, ele só conseguia pensar nos pais e em como tinha conseguido seguir em frente desde a morte deles. Quando Roy voltou a si, viu que Ashley já havia sido perguntada e estava terminando de falar o quanto era boa e o quanto valorizava uma boa imagem na empresa.

— Acho que isso é tudo. – concluiu Oliver. – Eu tenho algumas decisões já tomadas, mas prefiro conversar antes com minha secretária e vou saber se estou tomando a decisão certa. – completou.

— Vocês podem aguardar lá fora. Assim que tivermos uma decisão, vou comunicar a vocês. – disse Felicity, observando todos saírem da sala.

Roy foi o primeiro a sair, os outros três saíram logo atrás conversando entre si e elogiando um ao outro pelo ótimo discurso.

— Então, o que você me diz, senhor presidente? – Felicity olhou para Oliver que olhava para fora.

— O garoto do café. O que você acha dele? – Oliver o fitava do lado de fora da sala. A porta de vidro dava uma ampla visão do local, e lá estava Roy, sentado sozinho, bem longe dos outros.

— Ele me parece bem responsável, embora tenha uma ficha policial. Percebi que ele não costuma reclamar muito, o que aparecer está de bom tamanho para ele. É alguém interessante de se ver trabalhar. – comentou Felicity.

— Ele fica. – respondeu Oliver prontamente.

— Tem certeza, Oliver? – perguntou Felicity para confirmar aquilo.

— Absoluta. – completou.

— Shawna também parece ser uma profissional excelente. Embora não pareça se dar bem com os colegas de trabalho, mas isso não é problema, afinal, essa empresa não é sobre se dar bem com os colegas, não é? – Felicity riu e viu Oliver a olhar não muito feliz. – A não ser que esse colega seja seu chefe. – ela escondeu o sorriso e levantou da cadeira, indo para fora da sala.

— Senhorita Shawna Dill. Parabéns! A senhorita está na última etapa da entrevista. – Felicity sorriu ao dar a notícia e viu o sorriso no rosto da garota. Antes de chamar o outro nome, Felicity olhou para trás somente para ter a certeza de que Oliver queria aquilo. O mesmo confirmou com a cabeça e Felicity se prontificou a anunciar o próximo. – Senhor Roy Harper, pode vir comigo também, o senhor está na última etapa. – ela viu Roy quase dar um pulo da cadeira de alegria.

Oliver levantou-se da cadeira de dentro da sala e seguiu até a porta, esperando os dois últimos candidatos à vaga para cumprimenta-los. – Senhorita, parabéns. – ele sorriu e deu a mão para Shawna assim que ela entrou. – Garoto do café, meus parabéns. – Oliver apertou com mais força e mão de Roy e abriu um sorriso largo para o mesmo. – Não me decepcione. – sussurrou para que somente ele pudesse ouvir, soltando a mão dele e em seguida voltando para sua cadeira.

Roy não podia estar mais feliz. Ele nunca havia ficado tão feliz assim em toda sua vida. O presidente da empresa, que mais cedo havia levado um banho de café dado por Roy estava apostando suas fichas no garoto, e aquilo o deixava tão empenhado a ponto de começar a trabalhar naquele exato momento.

— A última etapa consiste de uma prova de conhecimentos específicos da empresa e do seu cargo. Nada tão complicado, vocês podem usar seus conhecimentos e suas habilidades de lidar com problemas para responder as questões. – Felicity já trazia consigo dois tablets a mais, colocando cada um em frente a um candidato. – Assim que vocês apertarem em ‘Iniciar’ terão dez minutos para responder as cinco questões relacionadas à empresa e problemas que possam surgir nela. – esclareceu Felicity.

Não demorou muito para que os dois logo apertassem para iniciar e então começassem o teste. Shawna foi a primeira a acabar, com sete minutos. Roy parecia confuso demais para aquelas perguntas. Oliver até se levantou para verificar o que estava acontecendo, mas para disfarçar, circulou a mesa calmamente, percebendo que o garoto não havia respondido sequer três linhas em cada resposta, o que, para Felicity, era uma falta de profissionalismo. Querendo ou não, Oliver se via naquele garoto e queria que ele se saísse bem no teste, na verdade, já queria dar a vaga a ele, sem sequer ver as respostas da outra, mas ele parecia não querer ser ajudado.

— Falta um minuto. – anunciou Felicity.

Oliver estava mais desesperado do que Roy, não tinha ideia do que poderia fazer para ajuda-lo. Na verdade, não tinha como ajuda-lo, então decidiu voltar para sua cadeira e sentar-se. – Ele não vai conseguir. – comentou Oliver decepcionado.

— Quem? Roy? – perguntou Felicity em sussurros.

— Sim, o garoto do café. – respondeu desanimado.

— Oliver, você quer contratá-lo? – Felicity sabia da vontade dele, mas tinha que ter certeza.

— Sim. – ele não tinha uma justificativa, só queria.

— Você sabe que isso é um risco, não sabe? – ela tinha que expor todos os pontos da situação.

— Nós já corremos tantos riscos nessa empresa diariamente. Eu enxergo o copo meio cheio. – disse Oliver confiante.

— Tudo bem. – concluiu Felicity. – O tempo acabou! – avisou já levantando da cadeira.

Roy largou o tablet completamente decepcionado, enquanto Shawna se vangloriava.

— Esperem lá fora. O Sr. Queen e eu vamos analisar suas respostas e chegarmos finalmente a uma conclusão. – decretou Felicity, fazendo os dois saírem da sala.

— Eu não sei o que vi nesse garoto, mas ele molhou minha camisa com café, ele nem sabia quem eu era. Ele poderia ter desistido disso na primeira oportunidade, eu vi o desconforto dele, mas ele não desistiu, conseguiu ir até o fim disso. – comentou Oliver.

— Eu concordo. Já fui uma garota renegada pelo mundo, sei como ele deve se sentir, acho que merece sim uma segunda chance, e nós podemos fazer dessa segunda chance, a chance da vida dele. – completou Felicity.

— Obrigado por me entender. – Oliver sorriu. – Agora vai lá fora e manda esse garoto entrar aqui. – pediu.

— Essa Shawna tem um grande potencial também, podemos deixar na lista de talentos da empresa. – sugeriu Felicity.

— Por favor, faça isso. Eu não quero ser responsável por destruir os sonhos de ninguém. – Oliver podia ter aquela pose de durão por fora, mas era um doce.

— Oliver Queen, sempre um docinho. – Felicity sorriu e levantou da cadeira, indo para fora da sala.

— Felicity espere! – Oliver levantou da cadeira e seguiu até a porta.

— O que houve? Mudou de ideia? – perguntou curiosa.

— Não. Eu quero dar a notícia. – Oliver saiu da sala e foi na direção de Shawna. – Você tem um potencial incrível e teria um papel importante nessa empresa, mas você tem muita experiência para uma simples vaga de estagiário. Seu nome a partir de hoje está em primeiro na lista de talentos da empresa, as portas estarão sempre abertas para você. – ele cumprimentou a garota, que sorriu em forma de agradecimento e seguiu até o elevador.

Roy não tinha conseguido ouvir nada da conversa, mas ao ver Shawna ir embora, imaginou o que estava acontecendo. Quando Oliver começou a se aproximar dele, teve a certeza. – Eu fui escolhido? – os olhos dele brilhavam e suas mãos tremiam. Um sorriso de Oliver foi o bastante para Roy sorrir também.

— Parabéns, garoto do café. Você é o novo estagiário das Consolidações Queen. – Oliver estendeu a mão para Roy, mas se surpreendeu quando ganhou um abraço dele, que por sinal, fora bastante apertado.

— Muito afeto, muito afeto. – alertou Felicity como um robô assim que passou pelos dois.

— Me desculpe. – Roy largou Oliver e tentou se recompor. – Você está realizando um sonho meu, Sr. Queen. Eu prometo não decepcionar o senhor e nunca mais derramar café nas suas camisas caras. – ele gargalhou no fim da frase.

Oliver não conseguiu segurar e liberou uma breve risada também. – Amanhã esteja pronto para ser treinado. Felicity vai te ensinar tudo que precisa saber, e caso seja necessário, pode vir a mim. Tem esse poder agora. – completou Oliver percebendo o quão contente estava o garoto.


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