The Coffee Boy escrita por Ivy Harper
Uma dor insuportável tomara conta da cabeça de Roy naquela manhã, parecia que um trator havia passado por cima dela na noite anterior e o mesmo só estava sentindo as dores naquela hora. O sol batia diretamente no rosto de Roy, entrando por uma janela que ficava ao lado da sua cama. Ele não costumava sentir o sol na face cedo, afinal, o mesmo estava acima da sua casa quando o garoto costumava acordar.
— Mas que porra... – murmurou enquanto tentava proteger os olhos com a mão esquerda. – Que horas são? – se perguntou enquanto procurava o celular na cama. Assim que o segurou, viu que já beirava as três da tarde.
O garoto se assustou e pulou da cama como um foguete decolava de uma estação. – Meu Deus! Eu vou ser demitido! – ele correu para o banheiro numa velocidade nunca usada antes, mas ao entrar lá e parar, tentou raciocinar um pouco mais e olhou novamente no celular, o mesmo mostrava claramente que era domingo. – Ufa... – ele liberou o ar aliviado por aquilo, mas ainda aproveitou que estava no banheiro e já iniciou sua higiene, que consistia de escovar os dentes e tomar um banho demorado e bem gelado.
Após terminar, saiu do banheiro enrolado em uma toalha branca, seu celular tocou assim que colocou o segundo pé para fora, fazendo o mesmo atender de imediato sem nem olhar quem era.
— Está vivo, galanteador? – perguntou Cindy do outro lado da linha.
— Eu acredito que sim, mas caso estivesse morto, teria certeza que estava no céu, pois acabei de acordar. – ele gargalhou e ouviu a amiga gargalhar também.
— Você lembra do que fez ontem, por acaso? – Cindy tinha uma entonação diferente ao proferir aquela frase.
— Não lembro de absolutamente nada, somente que bebi feito um louco, e depois disso, não lembro de mais nada. Fiz algo que me arrependeria para sempre? – o garoto já havia colocado seu telefone no autofalante e começara a vestir a roupa.
— Não, claro que não. Você só ficou muito amiguinho da última pessoa que você deveria ficar amigo, e quando eu falo ficar amiguinho, quero dizer que você pegou para valer. – concluiu Cindy.
Roy gargalhou, não levando a sério o que Cindy falara. – Quem foi que eu fiz isso? Não tem como existir uma pessoa assim na face da terra. – o garoto tentou puxar na sua mente, algo lhe dizia que ele estava errado. – Ou tem? – se perguntou enquanto ia até a mesa, vestindo uma regata simples e uma bermuda.
— Você acharia correto pegar a irmã do seu patrão? Eu acho que você ultrapassou um pouco aquela coisinha que a gente chama de limite, não acha? – Cindy tinha um cinismo na voz que chegava a ser engraçado.
Roy congelou. Sua mente fez questão de lembra-lo a última pessoa que dançou com ele na festa e que o beijou lá, consequentemente passando o resto da festa com o garoto. – Não... – ele negou o fato, embora soubesse que era verdade, mas não queria acreditar que aquilo havia acontecido.
— Sim. – Cindy afirmou novamente, já percebendo a alteração no humor do amigo e começando a esconder a risada para si.
— Sin, eu não fiz isso... não posso ter feito isso. – ele continuava a se negar, embora soubesse da verdade. – Eu vou perder meu emprego! Porque você não me impediu de fazer tamanha burrada? Que tipo de amiga é você? – ele pegou o celular de cima da mesa e colocou no ouvido mais uma vez.
— Eu tentei lhe avisar, mas você estava muito alterado, e ela também estava muito à vontade em estar com você, preferi então deixar os dois em paz. – Cindy percebeu o quão grave era a situação. – Me desculpe, mas você estava muito alterado, eu não sei o que aconteceu, mas você não era você, ou ao menos, não queria ser você. – terminou.
— Eu sei, eu exagerei, agora vou ter que pagar pelos meus atos, já estou me acostumando com a ideia de estar desempregado de novo, não posso fazer muita coisa quanto a isso. – ele respirou fundo como se estivesse convencido de que seria demitido no dia seguinte. – Bom, mas obrigado por ter me acompanhado, foi muito divertida a festa até onde me lembro. – concluiu ainda desanimado.
— Agora vou voltar ao trabalho, pois com você desempregado, não tem quem me sustente no futuro. Os dois desempregados, não dá certo. – Cindy riu e Roy também.
— Tudo bem então, tchau, até outra hora. – Roy desligou o telefone após a amiga se despedir e largou o celular à mesa, apoiando os cotovelos ali e tratando de esconder seu rosto entre as mãos, esfregando os olhos com força enquanto lembrava de pedaços da noite anterior, mais especificamente o momento em que estava aos beijos com Thea Queen. – Que merda que você fez, Roy? – ele resmungou para si.
●●●
Novamente era segunda-feira, mais um dia de trabalho para Roy, e o mesmo estava convencido de que seria o último. Ele se arrumou impecavelmente para aquele dia, pois caso saísse do emprego, sairia lindo e de cabeça erguida, mas a cada passo que dava em direção as Consolidações Queen, seu coração batia mais forte.
O garoto passou na lanchonete e acabou pegando um chá de hortelã ao invés do café, queria ficar mais calmo do que energético naquela manhã. Depois seguiu para o elevador ainda com o copo na mão, e logo estava no andar em que trabalhava.
— Bom dia, Sr. Harper. – Felicity o cumprimentou com um sorriso no rosto assim que o garoto passou pela mesa dela.
— Bom dia. – respondeu não muito animado, ainda seguindo à direção da sua mesa.
— Algum problema? – Felicity o acompanhou com o olhar, mas achou melhor o seguir.
Roy sentou-se e colocou seu copo de chá ao lado do seu computador. – Eu não sei, acho que sim. – ele respirou fundo e olhou para sua colega.
— Precisa de ajuda? Se for algo muito grave, pode ir para casa, eu cuido de tudo por aqui, aviso ao Oliver que você estava passando mal, ele irá entender. – ela sorriu tentando animar o garoto, mas o mesmo não parecia mudar o semblante.
— Acho que ele irá ficar feliz por eu ter ido embora, isso sim. – ele se virou para sua mesa e escondeu o rosto em suas mãos. – Eu fiz uma merda enorme esse final de semana, e vou me arrepender disso pelo resto da vida. – concluiu.
— Se você quiser compartilhar, sou toda ou... – Felicity interrompeu sua fala quando viu que Oliver se aproximava da mesa onde os dois estavam.
— Bom dia, Felicity. – cumprimentou.
— Bom dia! – ela sorriu ao cumprimenta-lo. O mesmo parou em frente à mesa de Roy por alguns segundos.
— Garoto do café? Algum problema? – ele viu que Roy escondia o rosto entre as mãos e se preocupou com a situação.
Roy prontamente se recompôs e olhou para Oliver com pesar nos olhos. – Não sei. Algum problema? – ele retribuiu a pergunta à Oliver, que o olhava com dúvida.
— Deveria? – ele sorriu sem entender, e ao olhar para Felicity, a mesma deu de ombros sem entender também. – Sorria, garoto! – em um ato impensado e espontâneo, Oliver aproximou sua mão dos cabelos de Roy e bagunçou o topo da sua cabeça.
Felicity olhou com estranheza para Oliver, ele parecia estar conversando com um amigo íntimo. Logo ele pigarreou e seguiu o caminho até sua sala sem olhar para trás, já para evitar ver a reação das pessoas à carícia que havia feito em Roy.
Roy percebeu que Oliver ainda não sabia do ocorrido, então tratou de respirar fundo e se concentrar em começar a trabalhar, pois ele poderia nunca saber do fato, e Roy ainda queria muito aquele emprego.
— Está melhor agora? – Felicity perguntou ao ver Roy mudar o semblante.
— Creio que sim. – ele virou para a loira e sorriu, definitivamente estava melhor.
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