Um Faraó em minha vida escrita por Iset


Capítulo 14
Ninguém segura esse bebê - Pt III


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, desculpa a demora!
Tive uns probleminhas e tive que formatar o celular, acabou que perdi o email dessa conta e nao conseguia entrar, mas agora está tudo certo ;)



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Ninguém segura esse bebê - Pt III

Desceram ao porão no exato momento que o faraó ostentava feliz a pedra azul envolta em coco amarelo em uma das mãos.

一 Está em perfeito estado 一 falou analisando enquanto Clay o olhava com cara de desprezo.

一 Isso na sua mão é cocô 一 o rapaz observou.

一 É de um bebê. Alguns sacerdotes usam até para curar doenças.

一 Então melhor você pegar ela antes que ela espalhe esse “elixir” por toda a cama 一 Clay apontou para o bebê que saiu engatinhando pelo lençol com a fralda ainda grudada em uma das pernas, esparramando todo o seu conteúdo pela cama.

一 Tut! 一 Samantha correu pegando a menina por debaixo do braço 一 Alguém me ajuda a limpar ela?

一 Você tem um lava a jato? 一 Cris sorriu.

一 Cris! Me ajuda, você tem uma creche em casa é impossível que não saiba trocar um bebê.

一 Eu vou saber trocar no momento que você e a múmia aí, pagarem minhas contas como os meus pais fazem, até lá, boa sorte 一 falou dirigindo-se a escada 一 vou tomar um chocolate quente.

一 Clay… 一 pediu Sam.

一 Olha só, ele roubou o bebê pra você, então, o problema é de vocês. 一 Clay subiu atrás da garota.

一 Ah o pai da Sam compra um ótimo, com toque de canela e 70% cacau, não aquela porcaria cheia de açúcar que a minha mãe compra pra gente lá em casa.一 deixaram os dois o porão.

Sam voltou o olhar pro faraó que limpava o amuleto na própria camiseta e franziu o rosto.

一 Eu tô ferrada 一 suspirou 一 Tut… Tut, você roubou, você limpa 一 enfiou a bebê em seus braços.

一 Tudo bem, eu só preciso de um pano macio e água morna.一 ele respondeu com calma 一 Não é difícil banhar um bebê, só precisa manter a cabeça para fora da água.

一 Ai meu Deus tem cocô até no cabelo!

一 Onde? 一 perguntou o faraó olhando a cabeça da menininha.

一 No seu! 一 ela levantou a voz 一 não é só ela que precisa de um banho.

Samantha preparou um pouco de água morna, numa caixa organizadora de plástico, ela segurava a menininha em pé enquanto Tut, esfregava o pequeno corpinho da criança com um sabonete.

一 Você tem jeito para isso 一 falou surpresa com a habilidade do jovem ao banhar a o bebê que soltava risadinhas.

一 Quando era pequeno, não podia fazer as mesmas atividades que os outros garotos, meus ossos quebravam facilmente, então, eu ficava com as amas no harém tebano. Não queria ser um completo inútil, então eu as ajudava com os pequenos  一 falou com um sorriso a menininha que sorriu de volta 一 Aí meu pai morreu e eu fui coroado, como faraó, qualquer tipo de atividade como esta era imprópria para mim, mas continuei gostando de crianças 一 falou com certa nostalgia 一 Me desculpe, por ter roubado o bebê, eu só queria te dar algo especial 一 disse baixando o olhar.

一 Tem algo mais especial do que conhecer alguém que voltou a vida depois de mais de três mil anos? 一 ela sorriu e ele aproximou seu rosto do dela 一 Ah.. não 一 falou se afastando e a bebê a mirou curiosa 一 Tut, olha… eu sei que me acha parecida com a sua… com a Ankhe, mas eu não sou ela e nunca serei.

 


一 Sam… quando eu acordei realmente pensei que fosse ela, vocês são praticamente iguais, mas tirando a aptidão para cuidar de mim, não tem muito mais em comum com ela, e sei disso agora. Ankhesenamon, me ensinou muita coisa, meu reinado não teria durado um ano se não fosse ela. Mas ela é voluntariosa, quer mandar em tudo, decidir tudo, e é tão cabeça dura quanto o nosso pai foi. Estava sempre me dizendo o que fazer e quando eu a contrariava ela começava a chorar e dizer que éramos uma vergonha para nossa dinastia, ou que eu não a amava e eu acaba fazendo o que ela queria. Você é diferente dela, gosto de você.

一 Eu acho que você não pediria em casamento e nem roubaria um bebê para mim, sendo que nos conhecemos a pouco mais de quatro dias, se eu não te lembrasse tanto ela. Melhor a tirar da água 一 falou Sam secando as mãos.

一 Sua cultura tem muitos protocolos burocráticos desnecessários para o casamento.

一 Conhecer alguém antes de se casar não é bem um protocolo burocrático, é o básico 一 retrucou ela.

Vestiram a bebê com a pele do urso de pelúcia e Tut tomou um banho rápido. Voltou a prender o olho no cordão e subiram à cozinha com cuidado. Ali discutiram em tom baixo sobre como devolveriam a criança, optaram pela casa dos pais, cujo o endereço foi facilmente encontrado junto às notícias sobre o bebê desaparecido.

一 Tudo bem, a gente coloca o bebê numa cesta, toca a campainha e sai correndo 一 Cris falou.

一 Se quisermos ir pra cadeia por sequestro, fazemos isso sim. É o primeiro dia, devem ter policiais na casa esperando ligação dos sequestradores 一 Clay explicou.

一 Em que mundo você vive? A coisinha aí é do subúrbio do subúrbio, das quebradas meu. Se a polícia f lez ficha foi só para ver se ela não tinha antecedentes criminais.Ninguém sequestra catarrento filho de pobre 一 Cris retrucou.

一 O Tut sequestrou 一 Clay arqueou as sobrancelhas.

一 Eu paguei pela Marshmallow. Se não estava a venda, não deveriam estar no meio da grande casa de comércio 一 defendeu-se 一 E acho que deveríamos ficar com ela, olha só, parece um filhote fofinho 一 ele disse apertando as bochechas da menina, quando ouviram os passos arrastados do pai de Sam. A garota empurrou Clay e Cris para dentro da dispensa e Tut e a bebê para baixo da bancada de mármore que formavam uma península na cozinha.

一 Que tá fazendo acordada a essa hora? 一 Edgar questionou ao adentrar a cozinha.

一 Vim beber água.

一 E porque o casaco? 一 o pai desconfiou

一 Estava com frio. Quer alguma coisa, pai?

一 Eu vim pegar um copo de água, mas já que esta aqui, que tal uma conversa de pai e filha?

一 Não...一 A garota respondeu em tom de súplica.

Na pequena dispensa, sobrava pouco espaço entre as prateleiras que rodeavam toda a parede e a porta, Clay começou a coçar o nariz e pisou no pé da garota a sua frente.

一 Cuidado! Dá para chegar mais para lá? 一 sussurrou a garota.

一 Não sei se percebeu, mas não tem muito espaço aqui, eu tô praticamente respirando o ar que você expele, espero que não tenha nenhuma virose, já basta esta dispensa suja que está atacando minha alergia 一 sussurrou de volta.

一 Ai tá atacando minha alergia 一 ela o imitou.

E Clay pisou agora propositadamente no seu pé e no momento que a garota foi retrucar fez sinal de silêncio e apontou para a porta.

一 Filha, nós precisamos conversar 一 Edgar olhou para a filha no lado de fora. 一Eu sei que você já é uma moça e que as garotas na sua idade já estão por aí namorando, bebendo, transando e fazendo Deus sabe o que, mas… Se você namorar, vai beber, vai transar, se transar vai ficar grávida e se ficar grávida vai ter que fazer passar uma melancia por um lugar que mal passa um limão.. E depois disso vai passar três anos sem dormir e adeus faculdade… vai acabar como caixa de..

一 Pai, primeiro já passou o tempo em que se precisava namorar para ficar grávida e dá para ter essa conversa outro dia? 一 falou pegando um pirulito da doceira e disfarçadamente entregando a Tut para distrair o bebê sob a bancada. Ele abriu a embalagem e levou a própria boca fazendo a bebê franzir o rosto.

一 Filha você trouxe um garoto estranho aqui em casa e a última vez que trouxe um garoto estranho, vocês estavam 一 o pai arranhou a garganta 一 de namoro.

一 Não estávamos, você conseguiu acabar antes de começar e Clay é só uma amigo, além do mais a Cris tá a fim dele 一 falou e Clay  arregalou os olhos para Cris dentro da dispensa e ela balançou negativamente a cabeça.

一 Cris? Ahn… Ela não namorava com o coroinha da igreja? 一 falou Edgar e Cris deu um tapa na própria testa e outra na de Clay, assim que ele fez menção de rir.

一 Eles só saíram umas vezes pai.

一 Bom, Sam eu não sou a sua mãe e não tenho muito jeito pra falar dessas coisas, não é que eu não confio em você para ter um namorado, eu não confio é nesses garotos cheios de hormônios e narcóticos. E vai me contar qual é essa do “Et cabeludo” caindo na sua janela?

一 Acreditou nisso?

一 Não, mas o arbusto está amassado, minhas garrafas de vinho, o jeans que eu uso para cortar grama sumiram e Bryan acha que o ET está vivendo no nosso porão...

一 Bryan tem uma imaginação fértil… eu quebrei as garrafas limpando, você fica parecendo um garoto de rodeio  usando aquela calça e não tem nenhum ET no nosso porão 一 falou e Clay espirrou dentro da dispensa.

一 Ouviu um espirro?

一 Não…

一 Quem tá aqui? É aquele moleque no cabelo arrumadinho, não é?  Eu sabia, eu sinto cheiro de mentira 一 falou se levantando.

一 Não tem ninguém aqui pai 一 respondeu e no momento que ele se dirigiu a dispensa ela se pôs na frente da porta 一 Okay, você nos pegou 一 abriu uma das portas da dispensa puxou Cris e fechou logo em seguida.

一 Cris! O que faz aqui a essa hora dentro da dispensa?

一 Eu… eu…一 ela gaguejou enquanto pensava 一 Eu fugi de casa, meu irmão foi pra faculdade e a minha mãe está sofrendo da síndrome do ninho vazio e acha que deve ter mais um filho, e eu saí de casa para um protesto pacífico.

一 Síndrome do ninho vazio com quatro filhos em casa? 一 Edgar arqueou a sobrancelha novamente.

一 Pois é, meus pais devem ter genes de coelho, deve ser por isso que meu irmão tem aqueles dentes enormes 一 a garota sorri fraco 一 Sou eu que estou no seu porão.

一 Samantha! Mentiu pra mim? Disse que já havia ninguém no porão.

一 Eu disse que não havia nenhum ET no porão 一 A garota o corrigiu.

一 Cris, você volta para sua casa amanhã, deve estar sendo difícil para sua mãe ver seu irmão sair pra faculdade, então deve apoiá-la. Eu vou dormir 一 falou saindo da cozinha e as duas respiraram aliviadas.

Clay e Tut saíram dos esconderijos e a bebê puxava o cabinho do pirulito da boca do rapaz.

一 Isso era para ela 一 Sam falou e ele tirou da boca e enfiou na boca do bebê.

一 Eca!一 Clay exclamou 一 Agora o bebê tem quatro mil anos de bactérias e fungos na boca.

一 Anda, vamos logo antes que o meu pai volte 一 Sam adiantou-se pela porta.

Atravessaram a cidade na minivan de Sam até o endereço. Na casa, as luzes estavam acesas havia uma viatura da polícia e outros carros. Clay olhou triunfante para Cristhina, por estar certo sobre a polícia e a garota deu os ombros.

一 Parece que o plano de deixar na porta e sair correndo já era 一 Sam atestou.

一 Por sorte vocês tem um gênio no grupo 一 Clay arranhou a garganta e abriu seu notebook 一 façam silêncio 一 retirou os fones com um pequeno microfone da mochila, apertou algumas teclas e um barulho de chamada ressou pelo carro.

一 Polícia de São Francisco, qual a sua emergência?

一 Estou com o bebê dos Thompsons, quero cinco mil em dinheiro一 falou e os três arregalaram os olhos 一 Em notas de vinte.

一 E Marshmallows! 一 Gritou o faraó.

一 E um saco de Marshmallows, agora mesmo na ponte.  一 E desligou.

一 O que foi isso? Enlouqueceu? 一 Sam gritou virando-se para os banco de trás.

一 Eu roteei uma linha telefônica do outro lado da cidade, e eles vão rastrear a ligação e ir correndo para lá, em cinco, quatro, três 一 viram os dois policiais deixarem a casa e adentrarem a viatura que saiu em alta velocidade.

一 Eu podia estar errada sobre você ser um serial killer, mas que leva jeito pro crime, você leva 一 Cris afirmou.

一 Tudo bem, a gente distrai os pais e vocês devolvem o bebê pelos fundos 一 Clay propos.

一 Porque a gente devolve o bebê?

一 Ora, se forem pegos acha justo Clay e eu sermos presos por você ser o crush de um cara que devia estar morto? Agora dá a volta no quarteirão, anda!

Samantha dirigiu até a rua de trás, e lá Clay e Cris seguiram contornando o quarteirão. Tut com a bebê nos braços, acompanhou, Sam pelo outro lado.

Clay respirou fundo ao chegar em frente a porta do casal, tiveram dois minutos para inventar algo que pudesse distrair o ls distrair, mas nada parecia motivo convincente o suficiente para bater na porta de alguém às quatro da manhã.

一 Você fala 一 Cris disse nervosa.

一 Não, minhas habilidades sociais são limitadas 一 respondeu no ato 一 Você fala 一disse tocando a campainha.

Alguns segundos depois um homem loiro com olhos vermelhos e rosto cansado, abriu a porta.

一 Quem são vocês? 一 questionou ao ver os adolescentes.

一 Somos… somos da… 一 Cris gaguejou e viu uma mulher se aproximar com um rosto choroso e um terço enrolado nas mãos.

一 Da legião franciscana dos jovens em Cristo 一 falou e Clay arqueou a sobrancelha 一 Esse é nosso seminarista e  viemos oferecer uma oração em nome da sua filha desaparecida. 一 Falou empurrando Clay a frente.

一 Que gentileza, mas são quatro da manhã.

一 Nunca é cedo demais para orar ao nosso senhor e pedir por um milagre  一 ela falou e cutucou Clay.

一 Amen? 一 Ele falou assustado.

一 Tem toda a razão, entrem vamos orar a mulher falou dando passagem.

Adentraram a casa e caminharam até a sala, onde a mulher pediu para Clay iniciar a oração e o rapaz olhou para os lados aturdido.

一 Um minutinho por favor 一 falou puxando a garota pro lado 一 Ficou doida? Sou filho de um cientista e de uma psicóloga que escreveu uma tese de como a religião deixa as pessoas alienadas, não tenho a menor idéia de como se faz uma oração 一 sussurrou o garoto baixinho.

一 Não é tão difícil, você viu um homem ressuscitar é a maior experiência religiosa que alguém pode ter 一 falou empurrando - o  para perto do casal.

一 Bem, vamos começar 一 falou gaguejando 一 Deus, senhor poderoso? 一 falou em tom de questionamento a Cris que apenas o cutucou e sorriu 一 Pedimos senhor que traga a Marshmallow de volta…

一 Marshmallow? O nome dela é Gracie一 disse a mãe.

一 Claro, Gracie, desculpa eu não funciono bem tão cedo.

一 Achei que seminaristas estivessem acostumados a acordar cedo 一 o pai da criança falou desconfiado.

一 Na verdade nosso grupo passou a noite em oração 一 Cris intrometeu 一nem dormimos ainda 一 oramos por um milagre 一 falou e o casal assentiu com  a cabeça 一 Pode continuar seminarista.

一 Pedimos senhor que traga  a pequena Gracie de volta 一 falou e viu  a cabeça de Tut passar por uma das janelas laterais 一 Para casa e…

一 Ouviram isso? 一 o pai da criança interrompeu.

一 Amém irmãos, oremos para glória do senhor 一 Chris gritou ao ouvir os amigos abrindo a janela 一 continua seminarista fale bem alto para que o senhor nos escute 一 falou a garota  puxando o casal para o outro lado da sala.

一 Sim sim, senhor… Senhor das coisas impossíveis, abençoe 一 Clay parou ao ver Sam na porta de acesso a cozinha fazendo sinal para subir as escadas 一 Vamos fechar os olhos 一 falou 一 Isso! vamos fechar os olhos para sentir toda a graça divina.

Tut e Sam subiram rapidamente as escadas e caminharam pelo corredor até a porta com flores cor de rosa. Adentraram o quartinho cheio de bonecas e a colocaram no berço.

一 Eu vou sentir falta dela 一 falou o faraó e a menina estendeu os bracinhos 一 Adeus Marshmallow e vê se para de engolir coisas por aí.

一 Até mais bebê 一 Sam beijou a testa da garotinha 一 Melhor sairmos pela janela não podemos arriscar a porta de novo, com os pais dela lá embaixo. Escapuliram pela janela e desceram apoiando-se numa calha lateral. Na sala, Clay fulminou Cris com o olhar quando ela sugeriu darem as mãos para orar e o rapaz fechou os olhos hesitante tentando não pensar se aquele pai havia lembrado de lavar as mãos num dia tão turbulento quanto aquele.

Ouviram o choro da bebê ecoar pela sala e os pais arregalaram os olhos e rapidamente se dirigiram a escada e apressados subiram os degraus enquanto os adolescentes dispararam pela porta da frente. Correram pelo quarteirão até o ponto de encontro onde Sam havia estacionado a minivan.

一 Eles ainda não chegaram, você foi péssimo como seminarista. Mas tenho que admitir que bixa... você arrasou no lance de rotear a ligação.

一 Modéstia a parte eu sou praticamente o Elvis dos computadores.

一 Eu também não sou tão ruim, eu sei montar e desmontar um até o último parafuso 一 ela falou orgulhosa 一 É o tipo de habilidade de sobrevivência quando se tem três irmãos mais novos e pouca grana para comprar eletrônicos novos. 一 Explicou e ele sorriu.

一 Bom, eu queria ter tido irmãos… Deve ser legal.

一 Ah não é não 一 respondeu se recostando a Van 一 Irmãos são os amigos que a vida te obrigou a ter, é tipo big brother você tendo que dividir o quarto com gente que quer fuder a sua vida, usa as suas coisas e  quer ficar com a grana que devia ser sua.一 Ela falou e ele sorriu.

一 Então… você vai a igreja? E qual o lance do coroinha?

一 Meus pais me levavam a igreja de arrasto, até ano passado, mas fomos expulsos por causa do lance com o coroinha.

一 Mas qual o problema, ele não é padre 一 o garoto arqueou as sobrancelhas curioso.

一 A gente deu uns amassos, na sala de audio da igreja.

一 E alguém viu?

一 Acidentalmente, esbarramos na mesa de som e as pessoas ouviram a gente falando algumas coisas não muito cristãs, enquanto era celebrada a missa de páscoa.

一 Uau…

一 É, eu tenho meio que vocação para me meter em encrenca.

一Até que não  foi tão ruim, no meu primeiro beijo eu, estava num acampamento de férias e eu usava aparelho e a garota também usava e o dela estava mal colocado, acabamos prendendo os aparelhos durante o beijo e tiveram que chamar a enfermeira para nos desgrudar.

一 Nossa isso é surpreendente 一 ela falou.

一 Eu sei, quais as chances de um aparelho grudar no outro.

一 Não, você ter beijado alguém com tanto medo de bactérias, ou melhor uma garota ter tido coragem de te beijar já é surpreendente por si só.

一 Você não cansa de pegar no meu pé né?! Qual o seu problema? 一Ele a encarou frente a frente.

一 Nenhum, qual o seu problema 一 falou revirando os olhos.

一 Quem sabe o que a Sam disse seja verdade, sobre você estar a fim de mim.

一 Talvez, quando o meu cérebro derreter e eu tiver, surda e cega 一 ela retrucou com o rosto rente ao dele e pararam por instantes na frente um do outro sentindo um roçar de lábios que terminou assim que ouviram as vozes dos amigos e Cris desviou-se rapidamente do rapaz.

一 Graças a Deus eles estão vindo 一 apontou para os dois jovens que vinham sorrindo pela rua enquanto o faraó tentava equilibrar-se no meio fio 一 Sabe, mudando de assunto, acho que melhor cancelar o lance do futebol, olha só para ele, quem diz que ele tem quatro mil anos, ele só quer ter uma vida diferente como todo mundo no ensino médio 一 a garota suspirou.

一 Ele não pertence a esse tempo. Nós podemos acabar entrando numa encrenca enorme se descobrirem sobre ele.

一 Podemos, mas ele… ele vai morrer.

一 Estar no corpo dele te tornou mais empática é?

一 Talvez 一 deu os ombros 一 Qual é, eu não tenho um coração de pedra como você.

一 Eu não tenho um coração de pedra, eu só sou prático. É bem diferente 一 pensou 一 Tá talvez você esteja certa, mas eu não tô concordando com ele ficar okay? Não sabemos as consequências que isso pode trazer.

一 Pronto! Entregamos a Marshmallow e ela já ta feliz nos braços dos pais! 一 Sam chegou falando com um sorriso.

一E eu tenho meu medalhão de volta. E ele parece até mais brilhante, não parece? 一 falou enfiando a joia no rosto de Clay.

一 Ótimo, agora vamos para casa?! Temos aula daqui há quatro horas! 一 Clay falou com um semblante cansado.

一 É merecemos mais umas horinhas de sono 一 Sam se aproximou da Van e voltou um olhar apavorado aos amigos.

一 Não vai me dizer que perdeu a chave? De madrugada num dos bairros mais perigosos da cidade 一 Clay falou disfarçando a irritação.

一 Não, eu não perdi a chave 一 falou e suspiraram aliviados 一 Eu tranquei o carro e ela tá lá dentro 一 a garota franziu o rosto.

一 Parabéns Sam!!!一 Clay bateu palmas e o faraó sorriu e acompanhou o gesto até a garota bater nas mãos dele fazendo-o recuar 一 Quem tem grana pro táxi?

一 Minha carteira ficou no carro 一 Sam falou.

一 Eu tenho três dólares na minha meia. 一 Cris anunciou.

一 Minha carteira ta na mochila dentro da van. Vamos ter que quebrar a janela. 一 Clay falou pegando uma pedra na beira da rua.

一 Você pode tentar 一 Sam riu e o garoto lançou a pedra com toda a força contra o vidro que apenas ricocheteou-a sem causar nenhum arranhão.一 Vidros blindados.

一 Quem blinda os vidros de uma minivan?一 o rapaz arregalou os olhos.

一 Um pai que presume que todo o mundo é assaltante, vendedor de drogas ou os dois, até que prove o contrário.

一 Eu posso levar a gente com o medalhão 一 Tut levantou o dedo.

一 Não!!! 一 os três responderam em coro.

一 Não tô a fim de ter que mijar em pé de novo. 一 Cris revirou os olhos.

一 Pois deveria é muito mais prático 一 Tut arqueou a sobrancelha.

一 Vamos ter que voltar a pé por esse bairro perigoso, vamos ser assaltados, sequestrados e mortos! 一 Clay desesperou-se.

一 Se acalma, esse é um bairro perigoso de São francisco não de Gotham City. Além do mais quais as chances de pessoas que acabaram de “dessequestrar” um bebê serem sequestradas? Anda vamos logo 一 Cris tomou a frente do grupo.

Andaram por algumas quadras e cada vez os prédios e ruas ficavam mais sujas e pichadas. Não demorou muito para perceberem que sem o GPS da Van,não tinham menor noção de onde estavam.  Depois de discutirem, continuaram andando e numa esquina escura foram surpreendidos por dois homens armados.

一 Parou… parou… "playboyzada". Vamos ficando de boquinha fechada e passando os pertences pro papai aqui que ninguém sai machucado 一 disse um rapaz de cabeça raspada descendo de um carro e os três jovens levantaram as mãos enquanto tut olhou curioso para o cano dourado da arma colocando o rosto bem na frente dele 一 Qual é playboy quer morrer? 一 o assaltante olhou confuso e Tut enfiou o dedo no cano da pistola.

Os dois bandidos se entreolharam e um deles começou a rir.

一 O moleque enfiou o dedo no teu cano, cara!

一 Cala boca! 一 retrucou o outro 一 E você garoto tira a mão daí ou quer que eu te meta uma bala?

一 Ah eu gosto muito de balas, aquelas de caramelo estão sendo minhas preferidas, mas embora eu tivesse os melhores cozinheiros do reino a disposição, não sou muito exigente quando o assunto é comida.

一 O cara tá muito  chapado 一 o mais alto observou curioso 一 Por acaso são os clientes do JB?一 perguntou a Clay.

一 Eu….??

一 Somos, somos sim, olha só super parceiros do JB 一 Cris mentiu ainda com as mãos levantadas.

一 E o que tão fazendo nessa área.

一 A nossa amiga esqueceu a chave dentro do carro. E ficamos meio perdidos, mas somos muito clientes, a gente é do "mau", por isso não nos matem...一 Clay disse.

一 Eu te disse que só podiam ser do JB, ele sempre pega esses moleques com cara de santo para distribuir para ele 一 um sussurrou ao outro  一 Olha só a gente te leva até o JB.

一 Ah.. não precisa a gente não quer incomodar o seu trabalho 一 Cris disse e ao mesmo tempo puxou Tut que tentava encostar nas correntes  brilhantes e grossas do pescoço de um deles.

一 Que isso a gente insiste 一 falou abrindo a porta do carro 一 E melhor dizer pro seu amigo parar de usar o que ta revendendo 一 disse apontando para Tut.

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Notas finais do capítulo

Deixe suas críticas, reações, sujestões e tudo que quiserem  hahaha
Ahh gente olha só a sugestão de nome de ship  que vi no face #Claris fofinho né???



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