Seasons of Love escrita por Izzy Aguecheek


Capítulo 3
III. Primavera


Notas iniciais do capítulo

Eirene é principalmente deusa da primavera, então esse capítulo é bem especial c:



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Na primavera, eu descobri que não se pode morrer de coração partido.

Não era que não doesse mais, porque doía. Às vezes, eu ainda me pegava pensando em como você gostaria de ouvir sobre algo engraçado que meu pai tinha dito, ou em como eu gostaria de te mandar as fotos que tirei das flores que cresciam no meu jardim. Nós ainda agíamos como estranhos, na maior parte do tempo.

Mas eu estava dormindo bem. Eu estava vivendo sem você, e, de vez em quando, nós conseguíamos conversar, e quase parecia que a sua trégua estava funcionando. Nós nos cumprimentávamos no corredor, e nossos sorrisos quase pareciam verdadeiros, e eu me pegava pensando que talvez nós pudéssemos ser amigos. Claro, isso só durava até a próxima tempestade, quando eu era forçado a lembrar da chuva batendo na janela no dia em que terminamos, mas ainda era melhor do que nada.

E, tudo bem, eu admito: talvez isso tenha alguma coisa a ver com o fato de que a primavera foi a época em que eu conheci Gabriel.

Eu sabia que você tinha falado com ele logo quando ele entrara na escola, mas juro que isso não era algo em que eu pensava com frequência. Eu só me lembrava dessa conversa porque foi quando vi vocês dois juntos que eu reparei nele pela primeira vez. Ele era tão refrescante quanto as flores da primavera, e o sorriso dele foi o que fez com que eu percebesse que o inverno estava realmente chegando ao fim.

Eu não planejei falar com ele, mas, quando ele falou comigo, tenho que dizer que fiquei feliz. Bastante feliz, eu diria. E quando ele me chamou para sair, bem – eu confesso que olhei para você, do outro lado da sala, por um segundo. Para ver se você havia percebido. Para saber se você se importava. Acima de tudo, para medir o quanto eu ainda me importava com o que você pensava. Eu achava que sempre ia me importar com o que você achava em algum nível, mas, naquele dia, não era o suficiente. Então, eu aceitei.

No primeiro encontro, Gabriel me deu uma flor – não um buquê, não uma rosa, não uma coisa premeditada, cara, chique. Foi o tipo de flor que cresce do lado de fora da minha janela, o tipo de flor em que você só presta atenção se ela te fizer pensar em alguém, o tipo que você arranca espontaneamente e coloca atrás da orelha de alguém que você ama.

Ele não a colocou atrás da minha orelha, mas sorriu ao entrega-la para mim.

— Eu sei que é só um primeiro encontro – disse ele. – Mas digamos que é um ato de boa-fé.

Aceitei a flor. Eu estaria mentindo se dissesse que não era em você que eu pensava quando olhava para as flores sob a minha janela, mas aquela única florzinha amarela gritava Gabriel com toda a força.

— Um ato de boa-fé? – repeti. Ele sorriu e me ofereceu o braço.

— Fé, confiança, otimismo, pode escolher – respondeu. – De que nós vamos durar o suficiente para virarmos um buquê inteiro.

Eu ri, porque você teria achado isso bonitinho, e eu talvez tivesse achado cafona antes, mas, naquele momento, pareceu a coisa mais incrível que alguém já havia me dito, e olha que você sempre me dizia coisas incríveis, mesmo que, na maior parte do tempo, só falasse besteira.

Um bom exemplo disso é como você costumava dizer que a primavera era a estação mais romântica de todas, e eu costumava retrucar que isso era um clichê de série de TV americana. É irônico que tenha sido necessária uma primavera sem você para me fazer perceber o quanto você tinha razão.


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