Memento Mori escrita por Nightshade


Capítulo 13
Monte de Cinzas


Notas iniciais do capítulo

Mais uma vez quero deixar aqui nas notas iniciais o quanto aprecio seus comentários, meus leitores! Muito obrigada, de coração! Eu amo vocês!



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"Você me acendeu. Monte de cinzas que sou,

E me transformou, em fogo."

— Charles Dickens

 

 

A Morte havia recolhido a última alma daquela noite.

Era um homem já de idade avançada, seu nome era Adrian McDowell. Falecera durante o sono, entre um suspiro e outro, completamente tranquilo na casa em que morava com o filho, a nora e os dois netos no Canadá. Eram uma família unida, e ele não tinha arrependimentos. Quando abriu os olhos, percebendo que já era apenas alma, sorriu ao ver seu rosto, após o capuz ser erguido. Ela estendeu a mão, com um sorriso, e ele a aceitou sem hesitar. A acolheu como uma velha amiga, e juntos partiram.

A Morte gostava de ver cenas assim. Mesmo em um período de guerras, ainda se poderia encontrar o bem e a paz. Bastava que se olhasse com cuidado. Se os mortais pudessem ver tudo o que ela já vira, iriam parar de pensar que tudo estava perdido. Ainda haviam pessoas boas. Ainda haviam paz. Ainda havia a capacidade de encontrar descanso mesmo quando tudo ao redor era caos. Ainda havia esperança.

Ora, não seria na tormenta que nasceria a esperança?

Ela ergueu a cabeça, parando de pensar, e por um momento se permitiu observar o lugar onde estava. Ali era Glastonbury, uma pequena cidade do condado de Somerset, que ficava ao sul de Bristol. Ali ficava o grande Tor, que antes fora um dos lugares favoritos de Merlim, também chamado de Avalon. O druida - como antes eram chamados os magos de origem celta - costumava deitar-se no sétimo e último nível de terraço, esperando por suas visões, esperando por sussurros vindos do passado e do futuro.

Mas não era no Tor que ela se encontrava naquele momento.

Caminhava pelas ruínas da Abadia de Glastonbury. O lugar antes havia sido um mosteiro rico e poderoso, e desde o século XII costumava-se dizer que ali o corpo do grande rei Arthur fora enterrado. De fato, aquele solo se ligava a Arthur de uma maneira inexplicável, e talvez por conta da magia tão forte, até mesmo os trouxas se sentiam inclinados a irem até aquele lugar.

Ah, Arthur. O rei que nunca usou uma coroa. O rei que nunca foi rei. O flagelo dos saxões. Muitos choraram por Arthur. Muitos choraram por Arthur e sua filhinha.

***

Altair Lestrange já vira Tom Riddle ser possuído pela raiva várias vezes. Geralmente, era por algo que ele, Malfoy ou Avery fizeram de errado. E nunca era uma cena muito bonita de assistir. Muitas vezes, algum deles acabava sendo torturado por muito tempo ou com algum osso quebrado por uma maldição muito bem executada.

— Quem aquela tal de Mors pensa que é? - Riddle cuspiu, andando de um lado para o outro.

Nenhum dos três presentes no banheiro masculino respondeu algo. Conheciam o garoto bem demais para sequer pensarem em abrir a boca.

— Chega agora por aqui, com um passado que ninguém conhece, e acha que é superior! - praticamente rosnava.

Altair precisou evitar que sua expressão traísse um sorriso ao pensar em Aura Mors. Se ela estudara magia em casa, provavelmente sua família era bruxa. E seu talento era tão visível, que não deixava dúvidas de que era sangue puro. Ela seria exatamente a garota que seus pais aprovariam que assumissem o sobrenome da família.

— Lestrange! - o grito de Riddle o tirou de seus pensamentos. Piscou, assustado, mas o Herdeiro de Slytherin sorriu suavemente. Era mais perigoso assim - Já que você não consegue parar de pensar na senhorita Mors, irá gostar de sua tarefa. Você vai passar o fim de semana com ela em Hogsmead, sem as colegas dela por perto. Irá dar seu jeito para conseguir respostas e fatos sobre ela. Seduza-a, ameace-a, torture-a, eu não estou me importando com o que você fará, desde que consiga informações que falhou em conseguir da última vez. - ele se recompôs, ajeitando os cabelos lisos - Caso não consiga cumprir essa tarefa simples, eu juro que você irá passar uma semana na Ala Hospitalar, Lestrange.

Lestrange já havia sentido a ira de Riddle ao ser contrariado ou respondido, ou quando não cumpriam as missões dadas, por isso, não pode evitar que um arrepio de temor atravessasse sua coluna vertebral. Ainda podia se lembrar claramente de como fora ser torturado com a maldição cruciatus; era como se todos os nervos de seu corpo fossem pressionados. Era dor física e psicológica. Era o inferno.

Apesar disso, também não pode evitar o calor que se espalhou por todo o seu corpo quando pensou em ficar sozinho com Aura Mors em Hogsmead. É claro, ele cumpriria seu dever e tentaria fazer com que ela se abrisse e revelasse seus segredos. Mas ele poderia fazer isso no Três Vassouras enquanto tomava cerveja amanteigada com a garota mais bonita do mundo.

Foi com um sorriso que voltou ao dormitório. Precisava escrever para seus pais dizendo que não precisariam mais arranjar um casamento com os Nott.

***

Era quase injusto, pensava Isabelle Christie, os olhares que Aura Mors ganhava de todos cada vez que entrava em um novo ambiente. Os mais velhos sempre a olhavam duas vezes, como se não acreditassem na beleza que viam em uma adolescente de dezesseis anos. E os garotos, Merlim, os garotos pareciam enlouquecer! Era quase divertido vê-los pararem tudo o que estavam fazendo para simplesmente acompanharem os passos de Mors até que ela sumisse no fim do corredor. E o pior era que ela sequer notava! Até mesmo Tom Riddle - o lindo e indiferente Tom Riddle! - volta e meia olhava em sua direção!

Sim, ela era bonita, até mesmo Isabelle precisava admitir, embora não fosse uma beleza padrão ou convencional. Os traços de seu rosto eram muito bem marcados e os olhos eram grandes, mas até mesmo tudo isso se assentava bem nela. Como se Aura Mors fosse uma espécie de deusa, vinda apenas para lembrar a todos que eram apenas meros mortais.

Apesar de tudo, a garota nova era uma boa pessoa. Era gentil, suave e atenciosa. Até mesmo as ajudava em História da Magia! Poderia compara-la a uma corça, se não fosse a astúcia e a resiliência em seu olhar. Era mais fácil dizer que Aura Mors era uma águia. Perfeita em tudo.

Por isso, não foi surpresa quando, no sábado, quando estavam todas em Hogsmeade caminhando juntas, Altair Lestrange - um dos melhores alunos da Sonserina (e um dos mais bonitos também) e membro do Clube do Slug - se aproximou sorrindo e perguntou se poderia "pegar emprestado a senhorita Mors, se ela não se importasse, claro".

Ela havia sorrido, de forma educada, e aceitou encaixar seu braço no dele.

Pelo resto do passeio, não viram os dois. E Claire pareceu ficar preocupada depois disso.


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Notas finais do capítulo

Pessoal, essa é minha estória original: https://fanfiction.com.br/historia/763428/A_Mansao_Castleville/

# Comentários????



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