Finalmente Ji-hyeon iria para casa, depois de quase duas semanas no hospital. Muitas coisas aconteceram, e é hora de retomar a sua vida ao lado das pessoas que ama. Enquanto estava tomando seu café da manhã fora avisada, pela enfermeira, que alguém desejava lhe ver, pediu então que deixasse entrar. Quase engasgou com um pedaço de torrada, que estava em sua boca, ao ver quem era a tal visita.

—“Scheduler”! – exclamou espantada.

—Olá, Ji-hyeon! – disse sorrindo.

—Como??... – perguntou sem saber como se expressar.

Ele se aproximou e se sentou na cama, ficando de frente para ela.

—A minha missão com você era a última, a última que eu deveria cumprir para voltar à vida. Assim como o seu acidente, o meu, que me tirou a vida, também foi um erro de um “programador”. Mas minhas missões foram diferentes das suas, porque eu havia errado anteriormente, e tinha que pagar por isso. Então fui designado como um “programador”, e com isso perdi minhas memórias da vida na terra. E essas memórias, só voltariam para mim depois que eu cumprisse as minhas missões. Hoje eu me lembro de quem eu fui, das coisas que eu fiz, e sei que o modo como tudo aconteceu, foi o certo e o melhor. Você contribuiu muito para que eu tivesse as minhas memórias novamente, e eu tenho muito a te agradecer – explicou Yi Soo.

—Do que você se lembrou? O que você deve fazer?

—Eu devo reencontrar o meu único amor, aquela que sofreu com a minha partida, devo pedir seu perdão e ficar ao seu lado.

—Você já sabe onde ela está?

—Graças a você eu sei – disse sorrindo.

—A mim?!

—Sim, a pessoa que eu devo encontrar é a sua irmã, Yi-kyung. Ela é o amor da minha vida.

—”Unnie”?? – disse surpresa.

—Sim, mas para vê-la novamente, vou precisar da sua ajuda.

—E como eu posso ajudar?     

—Peça para que o Han Kang a leve a este endereço – disse entregando-lhe um papel com um endereço.

—Ok, eu farei isso.

* * *

No mesmo dia depois do almoço Han Kang retornou ao hospital para visitar Ji-hyeon.

—Olá meu amor – disse Han Kang sorrindo ao entrar no quarto.

—OPPA! – respondeu Ji-hyeon enquanto Han Kang se aproximava e depositava um beijo em sua testa.

—Como passou a noite?

—Bem, mas não aguento mais ficar aqui, quero ir embora.

—Então vamos, eu vim te buscar, você já recebeu alta e já pode ir para casa. Seus pais e sua irmã estão te esperando em casa.

—Finalmente – disse sorrindo. Mas nesse momento se lembrou da sua conversa com Yi-soo. –Han Kang eu preciso da sua ajuda.

—E no que eu posso te ajudar?

—Preciso que leve a Yi-kyung neste lugar – disse entregando o papel que Yi-soo havia lhe dado.

—Yi-kyung? Mas por quê? – perguntou sem entender.

—Durante os meus quarenta e nove dias eu estive acompanhada de um homem que se denominava “programador”, era uma espécie de “anjo da morte” (mas ele dizia que isso não é verdade). E eu era a última missão dele, agora ele está vivo. Ele sofreu um acidente de moto e faleceu, mas isso foi um erro. Não era a “hora” dele, então para voltar a vida ele se tornou um “programador”.

—Que história louca. E o que isso tem a ver com a Yi-kyung?

—Eles eram namorados. Se conheceram no orfanato e moraram juntos depois de saírem de lá. E eu sei, graças aos quarenta e nove dias que passei hospedada no corpo da Unnie que ela não o esqueceu, e o quanto ele é importante para ela. Nós temos que fazer com que eles se reencontrem. – explicou Ji-hyeon.

—UAU! – disse sem acreditar. – Bom, vamos buscar a Yi-kyung, e levá-la até esse endereço.

—Vamos!

Eles saíram do hospital rumo ao restaurante de Han Kang, chegando lá disseram a Yi-kyung que ela precisava acompanhá-los até um lugar. Ela foi sem questionar. Chegando no lugar eles se sentaram em um banco, era um jardim enorme. E foi nessa hora que Yi-kyung percebeu que não sabia do porquê de estar ali.

—Mas, por que estamos aqui?

—Tem uma pessoa que quer muito te ver, Unnie— disse Ji-hyeon e nesse momento avistou Yi-soo a poucos metros deles – Ali Unnie! – indicou a direção oposta à que Yi-kyung estava.

—Yi-soo-ah!?

—Olá, quanto tempo! – disse Yi-soo com lágrimas nos olhos.

Eles se abraçaram, e assim ficaram por algum tempo. Nem perceberam que Ji-hyeon e Han Kang os deixaram.

—Como? – perguntou Yi-kyung sem entender o fato de Yi-soo estar ali diante dela.

—Eu sei que parece loucura tudo isso, mas é real, e eu vou te explicar tudo. O meu acidente, ele não era para acontecer, mas ao mesmo tempo ele serviu de punição para quem eu estava sendo, você se lembra de como eu estava naquela época? Aquele não era eu, eu estava vivendo de uma forma errada, então eu sofri o acidente e me tornei um “programador”. Eu passei a acompanhar as pessoas em seus últimos momentos, e a acompanhar algumas nas suas missões para terem suas vidas novamente, como foi o caso da sua irmã. Nos quarenta e nove dias que eu passei com a sua irmã, os mesmos em que ela ficou em coma, eu a ajudei a ver como é o amor das pessoas que nos cercam, assim como a ajudei a coletar três lágrimas de amor verdadeiro, e assim ela voltou e eu também.

—Isso ainda não faz muito sentido para mim, mesmo você explicando tão facilmente, mas não posso negar que estou muito feliz por você estar aqui.

—Eu também estou feliz por ter voltado.

Daquele dia em diante, eles passaram todos os dias juntos, reconstruindo a sua história que havia sido interrompida, e se reconhecendo. Yi-soo conheceu a nova família de Yi-kyung, e Han Kang lhe deu um emprego no restaurante, e ele foi morar no antigo apartamento de Yi-kyung.

* * *

Cinco anos se passaram, Han Kang e Shin Ji-hyeon se casaram, assim como Yi-soo e Yi-kyung. Todos trabalham juntos no restaurante de Han Kang, que passou a se dedicar mais a arquitetura, já que é um arquiteto, ficando só na parte administrativa e financeira do restaurante, deixando o comando do restaurante nas mãos de Yi-kyung. Yi-soo faz as entregas e Ji-hyeon se tornou o “braço direito” da irmã. Ji-hyeon foi morar na casa de Han Kang, já Yi-soo e Yi-kyung compraram um apartamento próximo ao restaurante. E depois de tantas adversidades em seus destinos os quatro seguem felizes ao lado das pessoas que amam.