Depois de minha conversa com o cara da sala 15, ele sumiu.

Simples assim.

Enquanto a mim ficou a dúvida sobre como proceder nesta situação, eu tinha uma foto que provava que minha amiga estava fraquentando uma sala fora da nossa rota normal e aquilo seria mais que suficiente para eu ir questioná-la sobre isso, mas resolvi tomar outra atitude.

Bem besta diga-se de passagem.

Beto estava sozinho em nossa sala jogando alguma coisa que obviamente só o deixava mais irritado do que de costume, volta e meia ele se espantava e chutava a cadeira que estava na frente dele. Quem seria burro o suficiente para jogar esse tipo de coisa só pra pegar susto?

Quando ele finalmente desistiu tive minha chance de roubar sua atenção.

—Beto?

—Eu.

—Posso conversa com você?

—Já não está fazendo isso?

A delicadeza desse cara simplesmente me enoja.

—Eu quero fazer uma pergunta, é uma coisa muito importante.

Ele ficou parado um segundo, fechou o notebook e olhou diretamente para mim com a face de sempre: Puto.

—Ok, vai falando, mas não enrola.

—A Nico tá estranha esses tempos e quero descobrir o que ela tá aprontando.

—Ela não tem um namorado ou coisa parecida? Com certeza deve ter dedicado mais um tempinho para o cara ou a moça, sei lá. Ela sempre foi estranha.

É impressionante como os boatos ruins se espalham mais rápido do que as coisas boas.

—Não, ela não tem namorado. Me contaram que ela tem visitado uma sala dos blocos dos laboratórios…

—Ela toca piano ou prática canto?

—Não…

—Então ela não tem motivo próprio para ir lá. O que eu sei é que naquele bloco fora os próprios laboratórios só tem uma sala sobrando que um minicurso de música alugou por esse semestre.

Eu comecei a pensar sobre o que fazer, mas ele me interrompeu.

—Por que não perguntou a ela para início de conversa?

Pergunta obvia, mas importante.

—Eu não quero me meter demais na vida dela.

—Então o que está fazendo aqui? Você já se meteu na história e me envolveu também.

—Vai ajudar?

—É lógico!