Encontros Proibidos escrita por Eli DivaEscritora


Capítulo 9
Futuro (ex) noivo




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Infelizmente o dia do meu aniversário havia chegado, a festa de máscaras como eu gentilmente apelidei, eu não tinha como mudar o fato do meu pai querer me arranjar um noivo com status, mas eu poderia fingir que estava acatando as “regras” dele. Era isso que eu tinha em mente, meu plano seria não reclamar mais e aceitar com bom grado o meu futuro (ex) noivo até o dia que eu pudesse ir embora com o Téo daqui. Como a gente planejava fugir em breve, seria perfeito. Eu encarei o meu reflexo no espelho e sorri convicta, com uma esperança nascendo no coração, pois agora eu sentia que poderia vencer a batalha contra os meus pais. Alisei o meu vestido preto de frente única com brilhos e suspirei feliz com o resultado, a minha maquiagem não estava forte, havia uma sombra marrom esfumada, tons de laranja e creme para complementar e um pontinho de brilho no canto do olho, o batom era um nude puxado para rosa, tudo que eu copiei em tutoriais na internet. Eu não era profissional na maquiagem, porém eu conseguia me virar. O meu pai havia insistido para eu ir no salão, mas eu não vi necessidade nisso se eu poderia fazer. Eu analisei mais uma vez o meu reflexo no espelho e sorri contente, apesar de tudo eu estava feliz hoje.  

― Elisabeta, já está pronta? ―  o meu pai perguntou assim que abriu a porta do meu quarto.

― Sim, está na hora de ir? ― Encarei ele, virei para o lado da porta e fiquei de frente para ele.

― Sim, eu e a sua mãe vamos esperar na sala. ―  Ele começou a se retirar do meu quarto, mas algo o fez parar no meio do caminho.

Ele observou a minha mão por alguns minutos e depois voltou a falar:

― Elisabeta, o que é isso na sua mão? ― Ele juntou as sobrancelhas, confuso.

― Isso o quê? ― Olhei para a minha mão e percebi a cicatriz. ― É a cicatriz que ficou do corte.

― Não acredito que ficou marcado, está vendo? Acho que você deveria parar de fazer aquele seu voluntariado.

― Pai, é só uma cicatriz. Eu não vou deixar de fazer o voluntariado, ok? E acho melhor o senhor já descer, eu preciso terminar de me arrumar, ou o senhor não quer chegar cedo? ―  Encarei ele.

― Ok, eu vou descer.

Eu suspirei aliviada, pois hoje eu não queria discutir com ele. Peguei uma pulseira de brilhantes e um brinco do mesmo conjunto e coloquei em mim. Depois calcei um sapato de salto alto preto que tinha uns detalhes em dourados na parte de trás e terminei de me arrumar. Quando desci as escadas os meus pais me esperavam em pé na frente da porta. Em seguida, nós seguimos para o salão da festa, sem perder tempo, pois o meu pai queria chegar cedo para receber todos os convidados.

Ao chegar no salão de festa do Marcondes, o lugar estava todo decorado, havia uma lustre no meio todo em cristal e logo na entrada tinha uma mesa de madeira de “enfeite” com um arranjo de flores brancas e folhas verdes, além de uma foto minha na parte central. No resto do recinto colocaram vários castiçais dourados e várias mesas de madeiras redondas espalhadas pelo salão, com uma toalha pequena retangular branca cobrindo só uma parte da tábua. Mais ao fundo havia a mesa dos doces, também era de madeira e com as mesmas flores brancas com folhas verdes. Tudo muito pomposo, isso era coisa do meu pai, por mim eu faria uma festinha pequena só para os amigos mais chegados. Além da decoração tinha serviço de garçom, eles andavam de um lado para o outro servindo as mesas, algumas pessoas já haviam chegado. Aqui na minha cidade o pessoal, principalmente os mais velhos, costumam ser pontuais até demais, se você marcar algo eles estarão meia hora antes.   

O meu pai parou ao lado da entrada e falou para eu ficar junto com ele e a minha mãe para receber os convidados. Eu coloquei a minha máscara preta, já que eu havia deixado para colocar aqui pois ela apertava a minha cabeça, e enquanto eu fazia isso, olhei atentamente para cada pessoa que entrava, na tentativa de reconhecer o Téo. Além da ideia das máscaras, eu também havia colocado um nome “falso” na lista de presença do meu pai para o Teodoro poder entrar sem ser notado. Seria genial, meu pai não iria desconfiar de nada. Após meia hora recepcionando as pessoas e nada do Téo, eu já começava a me preocupar, será que algo deu errado e não deixaram ele entrar? Peguei o meu celular na minha bolsa de mão e enviei uma mensagem para ele:

Elisa: Cadê você?

Eu já estava morrendo de aflição quando o meu pai me chamou a atenção.

― Elisabeta, cumprimente os meus amigos e o filho deles. ― Ele disse em um tom agradável.

Eu desviei a minha concentração para os convidados que haviam chegado e respondi com um boa noite. Ao mesmo tempo em que eu fazia isso, o meu olhar foi direto para uma pessoa que vinha logo atrás. O Teodoro tinha acabado de entrar no salão, eu o reconheceria seja em qual fosse a circunstância e em qualquer lugar. Eu voltei a digitar no celular, precisava dizer uma coisa para ele.

Elisa: Acabei de te ver, senta na mesa junto com a Lú :)

O meu pai retornou a cobrar pela minha atenção.

― Elisabeta querida, esse rapaz bonito aqui é o Marcos. ― Meus olhos se arregalaram de espanto, enquanto o meu pai dava alguns tapinhas nas costas do rapaz.

Eu balbuciei qualquer coisa, não me recordo de ter falado nada coerente, pois a minha mente estava bagunçada com a nova informação. O tal rapaz era o Marquinhos, amigo do Téo, ele ainda não tinha colocado a máscara por isso pude ver o rosto dele. Eu só conseguia pensar “de onde o meu pai conhecia ele?” E os pais dele também?" Enruguei a testa em sinal de confusão, ao mesmo tempo em que os convidados foram se sentar em uma mesa. Meus pais e eu não demoramos mais do que alguns minutos para irmos nos sentar na mesa, o jantar seria servido daqui a pouco.

Depois do buffet que serviram, por sinal a comida estava deliciosa, de entrada teve torradinhas ao molho de azeite e nozes, o prato principal foi filé mignon ao molho de madeira, arroz com creme de mandioquinha, saladas e purê de batatas. A sobremesa fizeram Petit Gateau e ainda podíamos pegar na mesa dos doces mousses de vários tipos em um copinho, assim como os doces tradicionais que também vinham em um copinho com uma colher pequena de plástico. A comida eu não tinha do que reclamar, tudo estava muito gostoso. Após o pessoal ter jantado e saboreado os doces, a pista de dança começou a ficar cheia, mais ao fundo do salão havia um espaço onde colocaram um palco para a banda que iria se apresentar. Eu também fui para a pista, caminhei até o grupinho em que a Lú estava e cumprimentei o Beto, já fazia algum tempo que nós não nos falávamos, depois comecei a mexer o corpinho no ritmo da música, copiando os movimentos deles. O Téo também estava entre eles e nós conseguimos “dançar” juntos pela primeira vez, não foi uma dança lenta com corpos colados, mas a gente dançou um de frente para o outro. Na minha cabeça foi mágico, eu imaginei como seria se os meus braços entrelaçassem o pescoço dele, as mãos do Teodoro estariam na minha cintura e nossos olhos não se desgrudariam. Meu sonho acordado foi interrompido pelo meu pai, o que não era novidade.

― Elisabeta, querida, está na hora de cortar o bolo ― ele disse perto do meu ouvido com um tom animado.

Eu estranhei um pouco, pois ele não se interessava por essas coisas. Geralmente era a minha mãe que ficava a frente da organização de festa, ela era a responsável por cuidar dessas tarefas. Mas esse ano parecia que o meu pai comandou tudo. Eu respirei fundo e segui ele até a mesa dos doces onde estava o bolo e quando acenderam a vela dos vinte anos, como em um coral ensaiado, todos começaram a cantar parabéns. Eu tentei ficar feliz, mas um misto de tristeza invadiu o meu coração. Fazer aniversário deveria ser algo emocionante, alegre, mas a verdade é que isso só me lembrava que eu já era maior de idade e estava “presa”, sem ter controle da minha vida por causa de um pai autoritário. Quando terminaram de cantar os parabéns eu assoprei a vela e escutei alguém falar: faz um pedido. Eu fechei os olhos e desejei conseguir fugir com o Téo logo. Nenhum presente que eu fosse receber hoje me encantaria, pois o único que eu gostaria de aniversário seria poder ter um relacionamento normal com ele, poder fazer coisas simples, bobas, como dançar, sem ter que me preocupar com o meu pai. Depois de ter feito o pedido, cortei um pedaço de bolo, entreguei a primeira fatia para a Lú e em seguida os outros pedaços foram entregues para os convidados. Logo após, meu pai pediu a atenção de todos e começou a discursar:   

― Hoje é um dia muito especial para a nossa família ―, ele sorriu alegremente e voltou a falar. ― não somente porque é o aniversário da nossa filha, mas porque hoje, ― meu pai enfatizou bem essa palavra. ― é o noivado dela com o Marcos Werneck.

Meus olhos se esbugalharam, a boca ficou entreaberta devido ao meu espanto com a notícia que ele havia dado. Tudo bem que eu sabia que o meu pai iria fazer alguma coisa em relação a minha pessoa ter um noivo, mas ele me apanhou desprevenida, nem ao menos avisou que havia encontrado alguém. Eu fiquei totalmente surpresa, olhei para o Téo com a feição chorosa, eu queria sair correndo daqui, mas nesse momento eu me mantive forte, inspirei e soltei o ar várias vezes, tentando me acalmar. A minha mente me lembrou do meu plano, eu só precisava seguir as “regras” do meu pai e no final tudo acabaria bem. Foi com esse pensamento positivo que eu aguentei tudo o que estava por vir.  

― Elisabeta, querida, agora nós vamos dançar a valsa que você não quis no seu aniversário de quinze anos. ― Ele falou baixinho só para mim.

Eu ainda estava atordoada com a última notícia que ele emitiu. Eu permaneci no mesmo lugar, sem me mexer.

― Agora teremos a valsa de pai e filha ―  ele pronunciou mais alto para os convidados ouvirem. ― E depois a valsa dos futuros noivos, além de um pedido formal feito pelo noivo. ―  Ele sorriu contente.

Uma sensação de raiva se apoderou do meu corpo, era muito pretensioso da parte dele querer fingir para os outros que éramos uma família feliz. Eu respirei fundo umas dez vezes, todo esse teatrinho me deixava irritada, eu tive que tentar manter a calma ainda mais quando ele me puxou pela mão e me conduziu até a pista de dança. A banda começou a tocar os acordes de introdução da valsa e eu continuei sem me mover. Nesse momento a minha indignação com meu pai era muito grande.

― Anda Elisabeta, vem dançar comigo ― novamente ele falou baixinho só para mim. ―  Deixa de ser rebelde ― meu pai disse entre dentes, não querendo desmanchar o sorriso falso para os convidados.

As pessoas nessa hora em que a gente foi para a pista começaram a bater palmas, animadas com a dança entre pai e filha. Mas eu só conseguia pensar em como isso era hipocrisia da parte dele, nós não somos e não temos uma relação boa como todo mundo. Eu suspirei fortemente após ele ter dito que eu era rebelde, pois se isso significava lutar pelo o que eu queria eu seria muito persistente. Eu possuo todo o direito, já que nem ele nem minha mãe tinham um diálogo decente comigo. O meu pai percebendo a minha insatisfação puxou as minhas mãos para iniciar a dança, eu segui os movimentos dele com uma cara descontente. Após algum tempo dançando com ele, meu pai chamou o Marquinhos com as mãos indicando que seria a vez dele agora.

― Vê se pelo menos agora sorri um pouco ― o meu pai disse antes de partir e eu revirei os olhos, sorrindo sem vontade.

O Marquinhos veio até mim e nós dançamos sem entusiasmo, parecia que ele também não estava contente por ter que fazer isso. Eu então fiz uma pergunta para ele, baixinho, para ninguém escutar.

― O que você está fazendo aqui? ― Olhei séria para ele.

― Nós nos conhecemos? ― Ele fez uma expressão de dúvida e eu suspirei forte.

Esse tonto fica saindo com tanta garota que a memória ficou curta, não gravava nem o rosto delas. De certo o cérebro já nem guarda direito as informações quando ele fala com uma garota.

― Não exatamente, eu sou a namorada do seu amigo. Aquele que você emprestou a casa ― respondi sem cortesia.

― Ah o Téo, claro. Hum, agora acho que estou me lembrando, você apareceu na mercearia, não é gatinha. ― Ele sorriu galanteador.

― Esse mesmo. ― Eu não dei importância para o resto que ele falou. ― Mas então, você ainda não me explicou o quê está fazendo aqui. ― Encarei ele.

O Marquinhos fez uma careta e depois coçou a nuca, parecendo um pouco nervoso. E eu fiquei ainda mais ansiosa para saber o motivo que o trouxe aqui. Será que o meu pai havia pagado uma quantia de dinheiro para ele ser o meu noivo? Pois, pelo o que eu sabia, ele tinha uma família influente, eles tinham dinheiro, eu só conseguia pensar nesse motivo. Porque, afinal de contas, quem em sã consciência aceita ser noivo de outra pessoa sem nem conhecê-la?  


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Notas finais do capítulo

Oii gente, como estão? Pois é, o pai dela arranjou de noivo logo o Marquinhos. E agora? O que será que vai acontecer? Vejo vocês semana que vem, amores ;*



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