Encontros Proibidos escrita por Eli DivaEscritora


Capítulo 2
O encontro




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Eu já era mestre em fingir que estava tudo bem quando na realidade por dentro eu me sentia muito diferente disso. Às vezes, eu não conseguia ficar calada e acabava discutindo com eles, porque, afinal, ninguém é de ferro. Mas eu precisava manter as aparências e simular que aceitava as condições deles para que eu pudesse conquistar os meus sonhos, a minha liberdade e tudo aquilo que os meus pais não me permitiam realizar.

 

― Está tão calada, Elisabeta ― minha mãe disse no meio do jantar.

 


Eu havia pensado que sairia dessa refeição sem ter que abrir a minha boca, pois pelo que pude reparar os meus pais estavam terminando de comer. Grande ilusão a minha, novamente.

 

― O dia foi cansativo hoje, estou exausta. ― Tentei parecer convincente, digamos que era uma meia verdade a minha resposta.

 


Ela pareceu se conformar com o que eu tinha dito, já que voltou a se dedicar na sua comida. O meu pai também estava calado o jantar inteiro, mas não que isso fosse estranho, ele só conversa quando realmente tem algo para falar, o necessário apenas.

 

― Boa noite, estou indo dormir. ― Quando terminei de comer, eu me levantei da mesa, peguei o meu prato e levei até a cozinha.

 


Ao passar pela sala de jantar, somente a minha mãe me desejou boa noite de volta e não que eu estivesse surpresa com esse silêncio do meu pai, mas é que ele não era do tipo afetuoso ou sentimental. Por isso, segui o meu caminho até o meu quarto. Quando cheguei lá, eu me preparei para dormir, escovei os dentes, penteei o cabelo e coloquei meu pijama. Após fazer isso, fui para a cama, cobri meu corpo da cabeça aos pés com o cobertor e me ajeitei no colchão, e logo que o meu corpo se acomodou eu adormeci.

 

No outro dia, eu e a minha família tomamos o café em silêncio, não sei se era porque quando eu e mamãe não falávamos nada, meu pai também não dizia nada ou, o mais triste de tudo e que deveria ser essa a razão da ausência de som, ninguém tinha assunto para conversar com o outro. No meu interior, eu estava mentalizando para que fosse a primeira opção, apesar de não concordar com as atitudes deles, eu não odiava os meus pais, pois eu sei que eles estão fazendo o possível para me educar da melhor forma possível. O problema é que às vezes é difícil manter a calma ou a paciência em determinados momentos, afinal somos de carne e osso.

 


Após o café, eu e o papai fomos para a prefeitura trabalhar, as tarefas do dia foram sem agitação, para a minha felicidade. Eu só desejava poder encontrar o Teodoro logo.  Além de que, durante todo o expediente, troquei mensagens escondidas com a Lú e com o Téo para combinarmos os detalhes do nosso encontro, então quando percebi já estava na hora de voltar para casa. Eu mal podia conter a minha euforia, as mãos balançavam freneticamente com o celular em punho enquanto caminhava junto com o meu pai ao meu lado, mas a minha mente estava longe.

 

― Animada, Elisabeta? Só porque hoje é sexta? ― Os olhos observadores dele não deixaram escapar nenhuma reação minha.   

 

― Sim, estou animada. Eu tenho esse direito, não é mesmo? ― Eu retornei para o meu “mundo”, no qual tinha que fingir ser infeliz.

 

― Hum, deveria pensar em ajudar mais a sua mãe nas tarefas de casa ― Pedro, meu pai, comentou com seu mau-humor. ― Isso você não idealiza.

 


Depois desse discurso ignorante dele, mas que eu já estava acostumada, meu pai abriu o portão de casa com toda a sua tranquilidade de sempre. Eu observei a sua estatura mediana, meu pai possuía uma certa barriga, os cabelos pretos e olhos castanhos, iguais aos meus. Espiei ele entrar em casa e subir as escadas direto para o quarto dele. Ele passou reto, sem cumprimentar a minha mãe, nós já estamos habituadas com o jeito dele, por isso eu fui conversar com a mamãe sobre hoje à noite. Eu precisava que ela concordasse em me deixar dormir na casa da Lú.  

 

― Mãe, já que o final de semana está chegando, eu posso ir dormir na casa da Luísa?

 

― Elisabeta, você sabe que o seu pai não gosta.

 

― Mas a casa da Luísa é praticamente aqui do lado. Duas ruas depois daqui ― Argumentei.

 

― Tudo bem, pode ir.

 

― Mãe, eu te amo. ― Abracei a mulher com força e depois beijei sua bochecha.

 

― Quanta felicidade, isso tudo é porque vai ficar livre de mim e do seu pai? ― A mãe deu uma risada.

 

― Que isso mãezinha, não fale assim. Só estou contente pois vou poder fofocar e fazer coisas de meninas com a Lú. ― Elisa a encarou com a maior cara lavada.

 

― Tá bom, irei fingir que acredito. ― Cassandra, a minha mãe, balançou a cabeça desconfiada.

 


Em seguida eu fui para o meu quarto, eu precisava arrumar uma mochila, colocar roupas dentro e ir para a casa da Lú. Enquanto eu estava fazendo essas coisas, meu pensamento retornou no momento em que o meu pai comentou sobre hoje ser sexta, por que eu tinha a sensação de que para ele se eu estava alegre isso era um sinal de incomodação? Será que a minha felicidade o aborrece? A mamãe disse que não, porém eu estou começando a pensar o contrário. Suspirei para tirar as ideias da minha mente e voltei a organizar a minha mochila. Não coloquei muita coisa, apenas o básico.  Logo depois desci as escadas, pronta para ir para a casa da Lú, mas o meu pai estava na sala, assistindo jogo e a mamãe na cozinha e agora? Eu pensei que meus problemas tinham se resolvido. Cheguei perto da minha mãe na cozinha para me despedir dela, já que ele estava com a atenção toda na televisão e falei para ela que estava indo. Para a minha sorte quando retornei pela sala, algum time fez gol e o meu pai se empolgou, levantou, ficou distraído com o jogo e eu aproveitei para sair de casa.

 


Caminhei em passos largos as duas ruas que faltavam para chegar na casa da Lú, a cada segundo cumprimentava algum conhecido pelo meio da estrada, cheguei em frente à casa de portão rosa e de cor branca e sentei em frente a calçada. Eu também precisava de uma garantia, as pessoas, elas podem fofocar para os meus pais, por isso se me vissem aqui, estaria tudo certo. Mas assim que desse o horário combinado, eu iria até a ponte que liga o centro da “cidade”, digo isso pois aqui não é uma cidade muito movimentada, então a ponte é um lugar seguro para o Téo me pegar de carro. Esperei mais algum tempo e assim que o relógio marcou a hora do encontro, eu peguei um casaco preto com capuz para me disfarçar e vesti, ninguém repararia em mim.  

 


Ao aparecer na ponte que liga a cidade ao centro, observei o Téo dentro de um carro preto, discreto e nada luxuoso, mas eu não estava ligando para isso. O importante era que a gente iria poder ficar juntos hoje. Ele me esperava ansioso, eu conseguia notar daqui, dei uma batidinha no vidro do carro, para avisar que era eu e o Téo abriu a porta do carro. Eu também estava apreensiva, marcar esses encontros sempre me deixava com o coração palpitando loucamente, como se fosse sair pela boca, as mãos suavam e o medo de que meu pai descobrisse era muito grande. Ele me faria casar com alguém rico, com certeza.

 

― Onde foi que você arrumou esse carro? ― Perguntei para o Teodoro quando ele deu a partida.

 

― Com um amigo ― ele respondeu tranquilamente, sua atenção estava toda na estrada.

 

― Hum, e o lugar para onde a gente vai? ― Eu também quis saber.

 

― Nós vamos para a cidade vizinha, aqui do lado. ― Ele olhou de relance para mim, depois a sua concentração voltou a ser a rodovia. ― Um amigo também me prestou a casa dele, ele foi viajar e disse que eu poderia usar.

 

― Que amigos são esses? Eu não conheço pelo visto.

 

― Não, são clientes lá da mercearia.

 

― Entendi. ― Eu me ajeitei no banco e encarei a paisagem pelo vidro do carro. ― Téo, seus pais voltaram a te cobrar para se casar?

 

― Bem, a minha mãe toca no assunto de vez em quando. ― Ele desviou sua atenção da estrada por um segundo para espionar a namorada. ― Mas é porque ela quer netos e você sabe como é, sou filho único também.

 

― Sim, essa cobrança é realmente uma pressão. ― Eu suspirei cansada, encostei a cabeça no vidro e esperei para chegarmos até a tal casa do amigo dele.

 


Em poucos minutos, Téo e eu atravessamos a cidade e assim que cruzamos com a placa de volte sempre a Caldas da Imperatriz, nós dois pudemos avistar o nosso destino. A cidade vizinha era bem ao lado, da nossa, com poucos habitantes e com características do interior, exatamente igual com a localidade de onde Teodoro e eu crescemos, por isso conhecíamos como se fosse o nosso próprio lar. Vínhamos brincar nas cachoeiras daqui na infância e quando adolescentes. Logo que passamos pelo centro da pequena cidade vizinha, o Téo virou à esquerda e entramos por uma rua de lajota, o carro se locomoveu mais um pouco até estacionar em frente a uma casa com um tom de amarelo areia. A casa desse amigo dele era bem localizada, ficava perto do centro, foi a primeira coisa que eu constatei ao descer do carro. Passamos pelo portão branco, caminhamos pelo jardim, o qual havia muitas flores e era bem cuidado e então o Téo abriu a porta de madeira rústica.

 

― Está com fome, pequena? ― o Teodoro me chamou pelo meu apelido carinhoso.

 

― Estou morrendo, faminta. O que será que tem para comer aqui, amor? ― Encarei os olhos castanhos amendoados dele.

― Meu amigo deixou algumas coisas para gente. Vamos até a cozinha. ― Ele começou a se dirigir até o espaço.

  

― Ok ― respondi seguindo ele até o local.


Téo e eu preparamos alguns sanduíches, fizemos misto quente e enquanto não ficava pronto, iniciamos uma conversa sobre assuntos aleatórios, coisas só nossas. Quando a comida terminou de ser feita, pegamos os sanduíches e comemos, porém ainda estávamos concentrados no papo que engatamos anteriormente. Depois que enchemos a barriga, fomos lavar a louça suja, o Téo ligou o rádio que ficava em cima do balcão e sintonizou em uma estação local. Ele lavava o último prato e eu estava secando um copo, cantarolando a melodia que tocava na rádio quando senti algumas gotas de água no meu rosto, encarei o Téo seriamente e olhei para o pano de prato na minha mão. Houve um segundo de tensão, até eu enroscar o pano e ameaçar ele com o mesmo, no momento depois nós depois estava correndo pela cozinha fazendo guerra de pano de prato, já que ele alcançou um que tinha em cima do balcão.

 

― Pausa! ― eu disse sem fôlego, enquanto diminuía os passos.

 

― Tudo bem, só porque você está pedindo. Por mim, nós continuaríamos. ― Ele colocou a língua para fora, cansado.

 

― Aham, estou vendo ― respondi balançando a cabeça em negação.

 

― O quê? Isso? ― Ele apontou para a respiração ofegante dele. ― Não é nada.

 


Eu acabei rindo do jeito dele e o Teodoro se aproximou lentamente de mim. A minha mente imaginou que a guerrinha recomeçaria, mas ao invés disso, ele colocou uma de mãos na minha cintura e a outra acariciou a minha bochecha. O meu riso cessou subitamente e os meus olhos buscaram pelos dele. Nós ficamos nos fitando por alguns segundos, até que não podemos mais evitar a atração que sentíamos, unimos nossas bocas. Lentamente pude notar a maciez dos toques dele quando nossos lábios roçaram um no outro, nada com muita pressa, os movimentos eram com serenidade. Nesse instante, tínhamos todo o tempo do mundo para nós dois. Minhas mãos entrelaçaram o pescoço dele e logo em seguida o pano de prato caiu em algum lugar do chão da cozinha, para que o beijo pudesse continuar mais intenso. Em seguida, Teodoro me empurrou devagar até a bancada da cozinha, sem deixar de me beijar, seu corpo encostou em cada pedaço do meu quando ele apoiou cada uma de suas mãos ao lado do meu corpo. Mesmo com todas as nossas roupas, eu senti um arrepio subir pelo meio das minhas costas, com toda a nossa aproximação e isso só fez crescer a vontade de querer beijá-lo mais. Mordisquei os lábios dele, antes da gente se separar e ficar encarando um ao outro com as respirações ofegantes, esse nosso encontro proibido estava apenas começando, se dependesse de nós dois.   


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Notas finais do capítulo

Oii gente, espero que estejam gostando, eu demorei para postar pois tive alguns probleminhas. Beijos, até mais ;*



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