E se... - Ernesto e Ema escrita por Anne Liack


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

A Conversa...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/762536/chapter/11

Era um galpão de ferramentas e assim que entraram Ernesto logo catou uma capa e a envolveu, Ema tremia.

— Santo Deus, que frio! - ela murmurou, e ele instintivamente a abraçou, friccionando as mãos com força pelos braços dela. 

— Meu Deus do céu, Ema! O que faz aqui? O que aconteceu? - Ema o sentiu apoiar o queixo no topo de sua cabeça, e aquilo sim, começava a aquecê-la. 

Suspirou.

— Tanta coisa, Ernesto! Tanta coisa! 

Ficaram assim por um tempo. Abraçados. Produzindo calor um para o outro, aquecendo-se mutuamente. E quando enfim, ele a sentiu parar de tremer, afastou-se um pouco e a mirou. 

— Você há de convir que eu poderia ser chamado de louco se contasse isso a alguém! - ele comentou, e Ema deu um simples sorriso, ele tinha razão. - Eu ainda nem sei se acredito! 

— Estou aqui. Realmente estou aqui. - a voz dela tinha resquícios de exasperação. Não estava sendo fácil acalmar a combustão de emoções em seu interior. - Precisava vir, precisava estar!

— Por que? O que houve? - ele perguntou novamente, e Ema sentiu-se doente por não conseguir ler com certeza o tom de sua voz e as entrelinhas de seus olhos, na verdade, o próprio Ernesto parecia não entender os seus sentimentos ao vê-la.

Ela relutante, afastou-se dele. Precisava respirar sem ser entorpecida pelo cheiro de seu corpo. Encolheu-se um pouco mais sob a capa de lona em seus ombros. 

— Muitas coisas aconteceram, mas em especial - ela pigarreou, não sabendo por onde começar - Ernesto, aquela noite... - ela sentiu-se constrangida, mas precisava olhá-lo. - Aquela noite nos trouxe... me trouxe, muitas coisas. Foi o início de muitas certezas, resoluções... e muita coisa mudou.  Se você tivesse ficado saberia...

— Ah não! - ele a interrompeu, um tanto incrédulo. - Não venha colocar a culpa em mim. Pelo amor de Deus, acabou de dizer que muita coisa mudou e eu acabo de ver que nada, nada mudou! Continua procurando alguém para culpar! Não faça isso! Pois sei que você não demorou dois meses para conseguir meu endereço. Se aquela noite realmente mudou alguma coisa por quê demorou tanto? 

— Eu disse que foi o início das mudanças. - ela observou, perspicaz; e ele estreitou os olhos para ela. - Mas, você tem razão, eu demorei. E sei que devo ser sincera sobre tudo, então: quando acordei aquela manhã e você não estava, nunca me senti mais desolada na vida! Eu tive um ímpeto muito grande de ir atrás de você...

— E por que não foi?

— Porque eu não pude! - os olhos dela começaram a brilhar, a conversa encaminhando era o ponto de tudo agora, de seu futuro, do futuro deles, ela não percebeu que estava abraçada a barriga. - Eu sei que você acha que eu posso tudo, mas meus compromissos com meus deveres, com aqueles que eu amo, não me deixa ser tão livre quanto você. Existia Jorge, existia meu avô e meu pai... eu precisava entender o que eu podia fazer sem feri-los.

— E mais uma vez não se importou em ferir a mim! - ele deu um meio sorriso, triste. - Por que Ema? Por que você sempre pensa em todos menos em mim?

O coração dela doeu por ele pensar daquela forma.

— Isso não é verdade! - Ela aproximou-se dele, lhe tocou a face que apresentava uma dor ferina. - Pode até parecer, eu sei , mas juro que não é verdade. 

— É por saber que meu amor por você me subjuga? - os olhos dele brilhavam. - Por ter certeza que eu sempre vou está esperando por você?! Você não sabe o quanto isso me dói, se você soubesse, talvez, não esperaria isso de mim.

Ema encostou a testa na dele. 

— Não é isso que eu espero. Juro por Deus! Isso é pelo que eu rezo. Rezo para o seu amor ser mais forte do que eu! - ela lhe fazia um carinho na barba que tanto amava, enquanto olhava dentro dos olhos que amava ainda mais. - Rezei a cada pensamento que tive desde que saí de casa. Mas, eu precisava Ernesto, eu precisava tentar deixar todos bem antes de ficar bem.

Ele a olhou por um momento e depois afastou-se.

— E conseguiu?

Ela sorriu, desgostosa.

— Não. - pontuou firmemente. - Você tinha razão, não dependia só de mim. 

— Só agora percebeu isso? 

— Infelizmente sim! 

Ernesto estreitou os olhos, mas por fim deu um meio sorriso. Ema sendo sincera com seus sentimentos era algo realmente prazeroso para ele, mesmo que vez ou outra isso lhe causasse dor.

— Logo naquela manhã, papai e Julieta anunciaram a chegada de um herdeiro. - ela continuou -  Vovô não sabia o que sentir e eu realmente pensei que todos os esforços de reconciliação tinham ido por água abaixo. - Ernesto sorriu mais um pouco, balançando a cabeça. - Estendi minha estada na Ouro Verde, só voltei para São Paulo mais de um mês depois quando tudo parecia está em paz no Vale. - Ema viu a expressão de Ernesto mudar. - Eu tive que voltar, Ernesto. - explicou-se com pesar, entendendo-o. - Mas, não era mais a mesma coisa... - pensou um pouco. - Não, na verdade era, era exatamente a mesma coisa, e eu não mais conseguia me encaixar naquela vida. Mas, eu sabia que minha família ainda precisava de mim. Meu pai com o meu avô e esse novo bebê nas vidas deles...  Eu sempre tomo minhas decisões por aqueles que amo, não consigo ser diferente. - ela sorriu. - Agora, por exemplo, não é diferente. Eu acho... acho que amo mais os meus afetos do que a mim mesma, e... eu não consigo tomar decisões só por mim, Ernesto!

— Eu queria odiar isso em você. Juro que queria. Mas não consigo! - ele sorriu, meio derrotado. - Mas, me diga, o que seu pai e seu avô tem haver com você vindo para cá? Por acaso veio comprar uma chupeta importada para o novo herdeiro?

Ela sorriu, talvez da ironia.

— Meu pai e meu avô em nada têm haver com isso! Na verdade, eu fugi deles se quer saber! - Ernesto alçou as sobrancelhas e lhe deu um sorriso de canto. - Ficaram quase loucos quando cheguei ao Vale novamente, anunciando minha separação. - Ema viu os olhos de Ernesto brilharem, e ele entreabrir os lábios, surpreso.

— Você o quê? 

Ela deu de ombros.

— Não existia outro jeito. 

Ela não queria se demorar naquela parte do assunto, e ele pareceu pensar a mesma coisa.

— Não quero imaginar a reação deles! 

— Não queira mesmo! Julieta fora imprescindível na ocasião! Mas, enfim, depois de convencer Luccino a me dar seu endereço, fugi da Ouro Verde em certa noite, cruzei o oceano e aqui estou.

Ele estreitou os olhos novamente.

— Ainda não entendi por quê? 

— Porque eu amo você! 

Ema viu um choque passar pelo rosto dele. Mas, ela não se importou, na verdade amou a reação. 

Ele pigarreou. 

— Isso eu já sabia! - ele disse, altivo e Ema alçou as sobrancelhas também altiva; eles eram opostos iguais. - Sim, eu já sabia e você sabe disso! Eu sempre soube e acredito que você também já sabia muito antes de tudo isso.

Ela por algum motivo gostou daquela fala dele.

— Você não facilita mesmo, não é?

— Eu deveria? Quando foi que você facilitou as coisas para mim, Ema?

— Nunca! É verdade!

— Por isso não me enrole! O que a fez sair de sua zona de conforto e mandar tudo para os ares? O que a fez querer ser feliz?

Ema teve medo. Teve medo de revelar a ele a maior das felicidades que guardava sobre si. Teve medo de ele não entender que também estava ali por ele. Mas, precisava ser sincera. Pigarreou. Naquele momento, mesmo sabendo que nenhuma conta tinha com Deus, implorou a Ele por mais coragem.

— A única coisa que me faria abrir mão do amor de minha família. Um amor maior. Dois amores que se uniram dentro de mim se tornando apenas um, e simplesmente se tornou avassalador! - Ernesto estreitou os olhos. - Naquela noite você plantou em mim mais do que coragem ou inquietude, plantou, literalmente, um amor tão forte, mais tão forte que quando se uniu ao que eu já sentia por você se tornou totalmente implacável. - Ema pousou as mãos sobre o ventre, os olhos marejando, enquanto via os de Ernesto fazer o mesmo. - Eu estou grávida, Ernesto! Estou esperando um filho... nosso! 

Apenas por um segundo lhe faltou reação, mas depois, o sorriso que ele lhe deu, ah Deus... ela teria dado a vida por aquele sorriso! Nunca vira tanto brilho num olhar. Ele olhou para região que ela ainda abraçava em seu corpo, por um tempo. E correu até lá ajoelhando-se, Ema logo retirou suas mãos para receber as dele que a tocou lenta e calmamente.

— Meu Deus! Meu Deus! - ele sorria, Ernesto olhava sua barriga por cima do tecido molhado do vestido como se pudesse realmente está enxergando o filho, e isso a emocionava de um jeito que não sabia descrever. - Coisa linda! - ele exclamou. - Abençoado ventre! - e beijou-lhe ali.

Ema sentiu um calafrio lhe percorrer, o beijo dele era quente e alastrou por todo seu corpo. 

— Eu te amo! Eu já te amo! - disse, só então finalmente a olhou, sorriu novamente. - Também amo você! - Ema sentiu o coração aquecer de um jeito que nunca sentiu antes, ele levantou-se por fim. - Amo você, Baronesinha! Amo você! - ele a tomou nos braços a suspendendo. - Amo você. Amo você! - a girava no ar a fazendo sorrir e chorar ao mesmo tempo. - Meu Deus, eu sinto que sou o homem mais feliz do mundo!

Ema alcançou-lhe a face, sapecando-lhe beijos e beijos, enquanto o sentia sorrir ainda mais, se era possível. 

Quando ele finalmente parou de girar, ainda a suspendendo, ela conseguiu falar:

— E eu a mulher mais feliz do mundo, como você sempre quis que eu fosse e como só você poderia me fazer ser! 

Ernesto desceu o corpo dela lentamente fazendo no caminho as bocas se encontrarem, e finalmente a beijou. 

(...)


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu realmente me emocionei aqui! Juro! Chorei mesmo! ú.ú

Mas, ai está porque o meu casal sempre... sempre se encontrará. Seja uma maçã, uma palavra, uma viagem, um bebê... algo sempre irá uni-los.
Muito obrigada pelo carinho, gente! Vocês estão sempre arrasando com meu coração com os comentários lindos e isso me motiva muito!!

PS: E nesse capítulo eu real tenho que agradecer a Priscielle (minha @afetogune) por uma conversa linda que tivemos, que me desbloqueou e aí consegui colocar os sentimentos pra fora. Pri, você sabe que é um anjinho! Obrigada!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "E se... - Ernesto e Ema" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.