Sentimentos Ao Contrário escrita por Deza Ikeuchi


Capítulo 6
Coincidências




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 Após deixar DC na enfermaria, Alice retornou para a quadra, a aula já estava quase acabando, então não foi preciso, para alivio dela, que ela voltasse a jogar. No final, o time da Monica ganhou a partida, e a dentucinha depois de comemorar com os companheiros do time, foi direto até Cebola, pulando em cima dele, alegre por ter ganhado e não perdendo a chance de implicar com ele pela derrota, mas o rapaz, que estava de cara fechada, logo abriu um sorriso para a namorada. Alice admirava a relação dos dois, imaginando se algum dia teria esse tipo de relacionamento com alguém.

—Eles formam um belo casal né? - disse Magali se aproximando, notando o olhar de admiração de Alice.

—Formam mesmo – concordou.

—Pena que quando estão juntos se esquecem dos amigos – disse Denise que havia se aproximado junto com Magali.

—Serio? Mas deve ser porque eles estão no inicio do relacionamento, não é?

—Que nada Alice, aqueles dois estão em um rolo desde quando nasceram – disse Denise enquanto elas seguiam rumo ao vestiário para se trocarem antes de irem para casa – eles até ficaram um tempo separado, a Monica chegou a namorar um outro cara, ele gostava muito dela, mas todo mundo sabia que o Cebola é o Eduardo da Monica – disse fazendo uma referência a musica Eduardo e Monica do Legião Urbana, sem perceber que Monica havia se aproximado e ouviu o fim da conversa.

—Você tem razão Denise – disse Monica – já encontrei meu “Eduardo”, meu Romeu, meu Damon Salvatore, meu Augustus Waters, tudo em um garoto só – terminou fazendo referências à Romeu e Julieta, The Vampire Diares e A Culpa é das Estrelas respectivamente – e você, fica falando de mim, mas já encontrou o seu?

—Denise não está procurando por ninguém para encontrar – respondeu dando um beijinho no ombro.

Todas as garotas riram da reação da Denise, mas Alice só conseguia pensar em quando ia encontrar o seu Romeu, nunca se apaixonou de verdade, já havia sim, ficado com alguns garotos, por quem no máximo sentia alguma atração física, mas nunca de fato sentiu seu coração bater mais forte por ninguém. Elas chegaram ao vestiário e já haviam começado a entrar debaixo dos chuveiros para tirar o suor do corpo, menos Alice que nem ao menos tinha tirado sua blusa de frio quando pegou sua mochila no armário e saiu com a roupa de ginastica mesmo sem que as outras garotas notassem.

Ela havia ido até o portão da escola sem que ter encontrado ninguém da sua sala, não estranhando isso, já que todos provavelmente ainda estariam no vestiário, ela estava distraída, com a musica que saía dos fones de ouvidos que havia colocado assim que deixou as garotas, por isso deu um pulo e colocou a mão no coração com o susto que tomou quando sentiu alguém segurando em seu ombro.

—Ei calma, sou só eu – disse DC tentando acalmar Alice e rindo do susto que ela tomou.

—Não ria, não tem graça, você me assustou mesmo.

—Também você estava ai toda distraída, já até tinha te chamado mas você nem me ouviu, a culpa não é minha.

—Tudo bem, você tem razão, eu viajo sempre que ouço musicas. Mas e então, oque a enfermeira disse, como esta a sua cabeça? – disse tirando os fones enquanto os dois andavam juntos, já na esquina da escola.

—Estou bem, a enfermeira disse que foi só uma pancadinha de nada também, mas que devo me monitorar pra ver se não sinto nenhum enjoo ou tontura – respondeu, gostando de notar a preocupação que Alice sentia quanto a ele. - Então, aonde você mora, se você me der algum ponto de referência posso te acompanhar para não ficar perdida, já que é seu primeiro dia e você está sozinha, e falando nisso, aonde estão os outros alunos da nossa sala, você não devia sair junto com eles, mas ainda não vi ninguém – disse DC só então reparando que a garota não havia trocado seu traje de esportes.

—A respeito do pessoal da sala, eles ainda estão no vestiário, como ele estava cheio e eu nem joguei muito mesmo, achei melhor ir direto pra casa, tomar um banho lá. E eu moro perto de um casarão abandonado, fica só há uns quinze minutos daqui, sei chegar lá sem me perder, mas mesmo assim obrigada.

—Eu moro duas ruas antes de chegar no casarão, somos quase vizinhos, tudo bem se nós formos andando juntos então, já que o caminho é o mesmo.

—Claro – respondeu simplesmente.

—Isso é muito louco né? Nós dois somos praticamente vizinhos e fomos nós conhecer do outro lado da cidade.

—Verdade – disse rindo, depois disso eles continuaram apenas caminhando em silêncio, quando Alice enfim tenta puxar algum assunto – Você e seu irmão tem esses olhos um pouco puxados, descendência oriental?

—É sim – respondeu DC – minha mãe é japonesa, meu pai estava viajando a trabalho no Japão quando eles se conheceram e se apaixonaram, se casaram lá mesmo, mas o trabalho do meu pai exigia que ele voltasse para o Brasil, mas toda a família da minha mãe mora lá.

—Você acreditaria se eu falasse que a estória de como meus pais se conheceram é parecida? – disse Alice, com um pequeno sorriso nos lábios ao pensar no número de coincidências que cercava a vida dos dois, sob o olhar incrédulo de DC esperando que ela continuasse a estória – Meus pais também se conheceram no Japão, mas os dois são brasileiros, minha mãe estudava na Universidade de Tóquio quando conheceu meu pai, ela já estava no último ano de medicina quando se conheceram, meu pai foi passar as férias lá. Eles dizem que foi amor a primeira vista, mas que só foram notar depois de um tempo, acredita? Eles afirmam que o subconsciente deles já sabiam que eram almas gêmeas no primeiro momento em que se viram, mas que eles mesmo só foram perceber isso depois de um tempo.

—Uau! Que estória! Dois brasileiros que foram se conhecer no Japão, e eu me espantando de ter conhecido você do outro lado da cidade, enquanto seu pais se conheceram do outro lado do planeta.

—Tem razão, o mundo pode ser um lugar enorme e pequeno ao mesmo tempo – completou Alice com um ar pensativo.

—Sabe, acho que a minha mãe adoraria conhecer a sua. Ela gosta daqui, mas eu sei que ela morre de saudades do Japão, ela vai ficar muito feliz quando eu contar que perto da nossa casa mora alguém que morou anos no Japão.

—Acho que isso não vai ser possível, minha mãe não mora com a gente – disse Alice triste.

—Desculpa, eu não sabia que seus pais eram separados – pediu DC se sentindo mal por tocar naquele assunto.

—E não são – DC se sentiu pior ainda, já imaginando que a mãe de Alice estava morta e ele havia tocado em um assunto realmente delicado – como eu já havia dito, minha mãe estudou medicina, e meu pai também é médico, eles fazem parte do grupo de Médicos Sem Fronteiras, então cada hora eles estão em uma parte do mundo que mais precisam deles.

—Então você mora sozinha? - perguntou DC ao mesmo tempo aliviado, pela mãe da garota estar viva, e espantado por achar que Alice morava sozinha com aquela idade.

—Não seu bobo – disse Alice rindo – eu moro com o meu irmão mais velho.

—Deve ser bem divertido morar só com seu irmão, você deve ter muito mais liberdade – disse imaginando como seria divertido se ele morasse apenas com Nimbus, mas notou o quanto a expressão da garota ficou triste, perdendo até mesmo o brilho natural que tinha o olhar dela.

—Na verdade não, meu irmão é um pouco… bem… como eu posso dizer… Acho que ele é um pouco super protetor demais. E também, tem a saudade que eu sinto dos meus pais, eles são ótimos sabe, os melhores pais que existem – o brilho retornou aos olhos de Alice ao que ela começou a falar sobre seus pais – eles são as pessoas mais incríveis que eu conheço, maior que a saudade que eu sinto por eles estarem longe é só o orgulho. Sei que pode parecer bobo, e não ria de mim, mas eles são meus Super Heróis – terminou com verdadeira admiração no olhar.

—Não é nada bobo isso, seus pais realmente são incríveis – disse serio.

Alice e DC continuaram andando e agora conversando sobre coisas aleatórias, a conversa fluía tão bem que Do Contra se espantou com o quão rápido eles chegaram em frente à sua casa, ele só reparou no quanto andaram quando olhou para o lado e viu que já estava na rua em que morava, parecia que o tempo voava quando estavam juntos, assim como aconteceu na loja em que se encontraram pela primeira vez.

—Eu moro aqui – disse DC apontando para uma casa branca de dois andares com um lindo gramado na frente – mas se quiser posso te acompanhar até a sua casa, não seria problema nenhum pra mim – DC na verdade não queria ter que despedir dela ainda, sabia que a veria no dia seguinte, mas havia gostado tanto de conversar com ela que o tempo nunca parecia suficiente para o número de assunto que tinham.

—Não – respondeu seriamente – digo, não precisa mesmo, obrigada – consertou falando com mais calma.

—Ei, saiam da frente! - gritou um garoto que andava de patins muito rápido na calçada atrás deles.

DC sempre teve reflexos rápidos devido a todo o treinamento de ninjutso que praticava há anos, mas viu que Alice não conseguiria sair da frente a tempo de não ser atropelada por Felipe, o garoto que era primo da Carmem e agora vinha correndo em sua direção. Por isso, sem nem ao menos pensar, ele agarrou Alice e a tirou da direção em que o patinador vinha.

Alice não pode evitar arregalar os olhos em surpresa, mais por estar nos braços de DC, que ela reparou que eram bem definidos e estranhamente acolhedores, do que pelo quase “atropelamento” com o garoto de patins, ela sentia também seu coração bater mais rápido, mais forte, mas isso ela creditou ao susto que tomou naquele momento. Ela sentiu o rosto queimar ao encarar o rosto de DC, que também estava corado enquanto ele olhava fixamente para os olhos dela. DC não pode evitar que seus batimentos cardíacos acelerassem diante aquela situação, e por um instante ele se perdeu nos olhos dela, que ele ainda não conseguia decifrar se eram negros ou cinzas, e no delicioso perfume floral e discreto que exalava dela que ele só conseguiu sentir por estarem realmente muito perto um do outro.

—Prestem atenção por onde andam – gritou Felipe depois de passar por eles super rápido, e fazendo com que Alice e DC retornem a realidade, sendo Alice a primeira a quebrar o contato visual dos dois.

—E.. A… Acho que preciso ir pra casa - disse gaguejando se soltando do braços de Do Contra. - Até amanhã – se despediu apresadamente nem esperando o garoto responder enquanto já corria em direção a sua casa.

DC esperou até que Alice desaparecesse de seu campo de visão para enfim entrar em casa, confuso sobre oque sentiu quando Alice estava em seus braços.


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