Some different star escrita por Mandalay


Capítulo 1
Some different star — capítulo único




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 A noite era estrelada e por algum motivo, o garoto decidira sair para observá-la de uma das diversas montanhas dispostas sobre a terra em que se encontrava. Os desesperos de meses atrás já haviam sido esquecidos e agora ele se encontrava em um mar de calmaria que em dias comuns seria um incomodo, mas que agora nada mais era do que relaxante. Estava deitado usando como apoio uma das rochas inclinadas para cima, os braços atrás da cabeça indicavam a paz que sentia consigo mesmo, não havia preocupação alguma em seu coração, toda aquela ganância por poder fora de alguma maneira esquecida e enterrada no fundo de sua mente. O que ele queria agora era apenas buscar um caminho que lhe trouxesse toda a força necessária, mas que não o levasse para a escuridão, assim como esta fizera com muitos outros homens, assim como esta fizera com seu pai.

Black Star, um dos alunos mais conceituados da Shibusen havia sido o único a restar do extermínio de seu clã. Seu pai, White Star, havia se perdido no caminho em busca de poder e acabou tendo sua existência consumida pela própria ganância desmedida.

O brilho das estrelas distantes lembravam as noites de ano novo, os fogos de artifício que sempre enfestavam o céu na noite do último dia do ano, era um cenário alegre que ele não lembrava de ter estado presente, estava sempre a treinar se culpando por não ter a força necessária para derrotar o inimigo.

O chão duro de terra misturada a pedregulhos era um desconforto que não o atingia facilmente, sinceramente, alguém com sua força de vontade jamais iria reclamar de um solo assim, nunca reclamou pelas cicatrizes que adquiriu em suas lutas então, porque reclamaria de um chão tão convidativo para assistir ao show que as estrelas faziam no céu? A noite estava bela e depois de tanto treinamento era bom descansar um pouco a cabeça, não que ele fosse de trocar treino por descanso, sempre optara pela primeira opção.

Foi possível ouvir ao longe sons de galhos se partindo e alguns ramos sendo desviados para passagem de alguém que futuramente estaria a sua vista. Provavelmente seria ela. Ela não suportava a ideia de deixá-lo sozinho, pois sempre que o fazia acontecia um belo estrago no lugar, mas ele não poderia negar que ela em si era a melhor parceira que o "Homem que irá superar Deus" poderia conseguir em um milhão de anos. A camélia era a melhor em compreendê-lo, ninguém seria capaz de poder traduzir suas ideias melhor do que ela, ainda mais agora que haviam decidido tirar férias da escola.

Todos estavam tomando rumos diferentes e querendo ou não, todos estavam em busca de melhorar, não apenas sua força física, mas também a alma que carregavam dentro de si. Aquilo não era questão de coragem, era questão de querer proteger, de ajudar seus amigos sem deixar ninguém para trás. E ele foi o primeiro a tomar essa iniciativa. Queria melhorar, queria crescer, queria poder proteger a todos que amava sem distinção. Afinal, não era isso que um Deus faria? O som da mata dando espaço para a personificação que tanto o procurava estava por se aproximar e ele só conseguia encarar o céu estrelado acima de si.

— Black Star, o que faz aqui? - perguntou uma doce voz atrás de si.

Os olhos azuis foram de encontro para a moça que surgia da mata atrás de si e como havia pensado, era ela. Estava ali com roupas simples e um casaco esportivo sobre os ombros, ela sempre se vestia de maneira simples sem querer atrair a atenção de alguém em especial, coisa que as vezes acabava não surtindo efeito. De repente uma brisa mais fria rodopiara entre os dois, fazendo o longo rabo de cavalo que era do costume dela sempre fazer, rodopiar em ritmo ao vento. Ela estava linda naquela noite, na verdade sempre estivera ele que não sabia como admirar a joia rara que tinha em mãos, talvez fosse parte do seu ego que deturpava sua visão.

— Estou olhando o céu de hoje - disse calmamente voltando a atenção para o céu.

Tsubaki o encarou curiosa, eram raros os momentos em que ele se calava ao invés de se auto glorificar por seus feitos, algo estava acontecendo a Black Star, o problema seria descobrir o que o incomodava tanto. Não era fácil fazê-lo falar quando este reclamava que alguém que irá superar Deus não tem necessidade de falar coisas assim. Seu passado não era um mistério, e ele nunca se importou muito com o fato de ser o único a ter sobrado do clã que fora dizimado por seus professores, mas mesmo assim, ela sabia que sempre teria algo que o incomodava.

Caminhou um pouco mais indo em direção a ele e se sentando a seu lado. Realmente a noite estava bela, digna de um espetáculo dos céus, a brisa fria contrastava com a noite de outono, tudo parecia convidá-los a uma noite a céu aberto.

— As estrelas estão lindas, o céu de Death City não muda muito em comparação com o daqui. Sentia saudades de casa - disse observadora.

— Aqui é mesmo bonito, e tão escuro. Um nome tão escuro... - terminou a frase num sussurro quase inaudível, dando uma ênfase quase surda a última parte.

Mas Tsubaki estava do seu lado, um sussurro daquele não seria dificuldade de se entender.

— O que tem o seu nome? Ele é tão bonito quanto o seu dono - enquanto perguntava seu olhar era fixo as estrelas mas após seu termino este se encontrava sob o garoto de cabelos azulados ao seu lado.

— Como você descobriu? - perguntou sem jeito.

— Tem certeza que não sabe? Mas me responda logo, o que tem o seu nome a ver como o céu?

Ele suspirou e olhou mais uma vez para cima, o semblante melancólico estava expresso duma maneira quase nítida e assim a jovem entendeu parcialmente do que se tratava aquilo. Aquele momento, aquele olhar, o motivo dele resolver tirar um tempo no meio da noite para observar o céu e as estrelas que faziam parte de seu próprio nome. O fato de terem trancado a matrícula na escola para fazerem uma viagem repentina até a casa dos pais dela fora algo decidido antecipadamente por ambos, não seria por um período longo, só o suficiente para um treinamento digno para que o remanescente do clã Hoshi encontrasse um meio de não se perder em sua busca. Este sendo um clã de assassinos profissionais que fazia de tudo por uma boa e gorda recompensa, o resultado fora uma chacina enorme em todas as áreas de Death City, algo que incomodava e muito os superiores da futura escola onde ele tornaria a estudar e antes de sua fundação, o clã foi totalmente dizimado, sobrando apenas o pequeno Black Star, que na época ainda era apenas um bebê.

— Você sabe do meu passado Tsubaki, eu como único sobrevivente do clã Hoshi me pergunto se estou fadado a viver na escuridão - ele dirigiu seu olhar a garota de cabelos escuros ao seu lado e focalizou o horizonte enegrecido pelo horário noturno, ali estava tudo num completo breu, não havia uma incidência de luz no lugar.

Ela não respondeu, apenas o observou, como se aguardasse por um complemento a frase e ele percebendo isso prosseguiu.

— Se esse céu escurecido sou eu, então as estrelas que o iluminam são a Tsubaki - era possível ver sua mão direita escorregando sem a percepção dele sobre a terra apedrejada até uma das mãos de Tsubaki, que estava sentada ao seu lado usando ambas as mãos como um apoio no solo para manter a cabeça erguida para cima, mas agora os olhos castanhos dela estavam servindo de pequenos lustres de iluminação para o show man de cabelos azulados, a sensação de algo quente sobre sua mão ficou enterrada no fundo de seu cérebro até segunda ordem.

Ela o encarou um pouco surpresa, normalmente o ego de seu parceiro de batalhas era tão grande quanto sua altura, para ele tudo era possível e nada sobreviveria sem ele, se não fosse ele o centro de todas as atenções então a Terra teria de parar pois algo estava errado. Realmente, algo havia mudado dentro dele. Em seu íntimo tinha certeza de que apostar todas as suas fichas nele de fato valera a pena, ele não era de todo modo apenas um orgulhoso querendo poder como sempre demonstrou. Ele sempre mostrou ser alguém forte e com fibra para vencer um oponente em uma luta. Finalmente alguma luz havia surgido na alma de Black Star e ela não estava menos que orgulhosa daquilo.

— Ora, o que foi? Você não é assim - o encarou com um olhar divertido.

— Eu diria que esse céu escurecido e todas as estrelas que o iluminam, tudo junto é o Black Star - prosseguiu com um tom firme encarando mais uma vez as estrelas perdidas e cintilantes.

— Eu sei mas, eu só queria agradecer você - disse com as maçãs coradas olhando para o lado oposto a face da morena.

Ela riu e apenas assentiu com a cabeça.

E agora seu cérebro achara bom avisá-la da temperatura a mais sobre sua mão esquerda, olhando para baixo ela notou a mão dele sobre a sua de uma maneira possessiva, os dedos entrelaçados aos seus e um forte aperto naquilo tudo. Quando olhou para cima todo aquele cabelo azulado encobria o rosto de Black Star, ela tinha certeza de que sua expressão por baixo dos fios era séria e o que viria logo a seguir era uma frase que poderia ser dura de se ouvir.

Mas não foi essa frase dura que ela pensou que ouviria que saiu dos lábios dele.

— Tsubaki, eu tenho um favor para te pedir - com a cabeça agora erguida ele a encarava com uma face séria e ela apenas assentiu, aguardando o resto da frase.

Para a surpresa da arma a ação que se seguiu ao gesto foi totalmente diferente das diversas situações que poderia ter imaginado. Tudo o que pensou não ocorreu da maneira certa e de fato seu artesão estava mudando, mesmo que fosse aos poucos, o modo de que ele tinha agora de ver o mundo havia mudado completamente.

Ele havia abraçado ela. Não um abraço comum como aqueles de boas vindas ou despedidas, um abraço que pedia por algo, um abraço quente que para ela parecia muito aconchegante, um abraço forte como aqueles que tentam lhe esmagar as costelas, um abraço que ela jamais imaginou receber dele.

— Será que você me aturaria por mais alguns anos? Não quero me desfazer de você, você é a melhor parceira que eu poderia ter, a melhor. Então, por favor, fique comigo - não havia soltado a garota por nenhum momento, a todo tempo tinha seu rosto na curvatura de seu pescoço, o hálito quente roçava de maneira prazerosa na pele de Tsubaki e ela se sentia feliz por tudo que fez até aquele momento pelo seu parceiro.

— Mas é claro que posso, nunca que eu iria desistir de você Black Star - disse retribuindo ao abraço dele tentando compensar o aperto que lhe era causado — Nunca - entoou.

E assim eles permaneceram, abraçados, por mais algum tempo. Nenhum deles se importava com a demora, não tinham nada de importante por pelo menos aquela noite esperando por eles longe dali, poderiam pelo menos se darem ao luxo de terem um momento para eles, ainda mais com aquela bela noite estrelada sobre si, aquela noite estrelada que de alguma maneira fez a mente do azulado tomar um rumo diferente, um rumo para um caminho de um nobre guerreiro.


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Notas finais do capítulo

Hey-hey! Olha quem apareceu de novo por aqui e logo num dia romântico não é mesmo? Para algo escrito a anos atrás até que continua sendo uma leitura boa, ou quase.

Ainda fico meio desgostosa com esse texto mas foi o primeiro que escrevi para o casal então, tem sua importância. A referência é o capítulo 49 do mangá, eu só mexi uns pauzinhos para ficar fofo.



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