Ele adentrou aquela sala furioso por saber das atitudes da garota que há pouco a chamava de amiga, seus olhos varreram a grande sala em busca da grifinória ruiva que ele tinha certeza que o ajudaria para desfazer todo o mal entendido que Pansy havia ocasionado.

Por sorte, a garota acabara de descer as escadas rumo ao salão comunal dos monitores, se deparando com Blaise ainda afobado pela corrida até o seu dormitório, sua camisa possuía uma pequena mancha de suor na região do tórax, seu cabelo – agora um pouco maior do que o habitual – invadia seus olhos os fazendo ficarem irritados.

“Céus, o que aconteceu?” A ruiva perguntava enquanto o olhava perplexo pelo seu estado. Deixando seus músculos relaxarem, ele se jogou no sofá e pendeu sua cabeça para trás na tentativa de se acalmar e pensar em como começaria a explicar o que havia descoberto.

“Acho que a Granger já deve ter te contado o que viu hoje antes dos testes de quadribol começarem.” Ele cutucava a unha vergonhoso com o que falaria a seguir. É claro que ela já sabia. “Sobre ela ter pego Malfoy beijando a Greengrass.” Ele continuou buscando seu olhar.

“Sim, ela contou.” A ruiva suspirou pesadamente e se aconchegou no assento ao lado do moreno. “E francamente Zabini, como Malfoy pode ser tão idiota assim? Ele é extremamente burro.” Completou negando com a cabeça as atitudes do loiro.

“Não era ele Weasley.” Ele disse calmamente para que a ruiva o entendesse.

“O quê?”

Ele fechou os olhos e respirou fundo para se acalmar e explicar o que havia acontecido.

“Não era ele. Ele estava conosco no vestiário todo esse tempo... Pré teste.” Ele respirou mais uma vez e vendo que a expressão confusa da ruiva se mantinha, prosseguiu. “De algum jeito, Pansy Parkinson arranjou um fio de cabelo de Draco, e descobrindo de alguma maneira que os dois estavam se conhecendo, arquitetou todo plano para separar os dois. Como eu disse, ela conseguiu um fio de cabelo dele e preparou uma poção polissuco, se passou por ele e beijou Astória enquanto Hermione voltava do corujal.”

“Como posso ter certeza de que não está mentindo para proteger seu amigo?” Ela perguntou desconfiada, se levantando bruscamente do sofá.

“Por Deus mulher. Você ainda não percebeu?” Ele a olhava sinicamente enquanto colocava seus pensamentos no lugar. O moreno tinha prometido à ele que não contaria a ninguém, mas ele precisava contar. “Draco não fica com mais ninguém depois que admitiu para si mesmo que a olha de outro jeito. Ele não sabe ainda que está apaixonado, mas qualquer ser de fora consegue ver. Ele vive falando de como ela é inteligente e como está ansioso para que essas lutas trouxas comecem logo. Na verdade, esse foi só mais um pretexto para ficar perto dela. Ele realmente está disposto a se aproximar da Granger, mas ela não permite.”

“Ainda não me convenceu.”

“Weasley, eu conheço meu amigo. Ele a salvou durante a guerra simplesmente para limpar seu nome, mas agora você e eu sabemos que realmente não é só isso. Eu o conheço, e ele realmente está mudado.” Ele a segurava pelo braço com uma força mais necessária do que o normal. Ele estava começando a ficar irritado com a ingenuidade da ruiva.

“Tá, e como você soube de tudo isso?” Ela perguntou se desvencilhando do seu aperto e massageando o local que recebeu pressão.

“Pansy me contou.” Ele novamente se jogava no sofá na tentativa de relaxar os músculos. “Ouvi da própria boca dela.”

“Então realmente é verdade.” Ela sentou novamente ao seu lado. Ele assentiu e fechou os olhos.

“O que vamos fazer?”

“Colocar nosso plano em ação.” Ela sorria travessamente enquanto o empurrava na direção do seu quarto.

[...]

“Então você quer dizer que no próximo final de semana iremos escondidos ao quarto deles e faremos uma espécie de encontro para os dois?” Zabini perguntou ainda confuso com o plano da garota à sua frente. Ela assentiu e ele coçou a cabeça pela milésima vez naquela noite. “E por que tão longe? Quero dizer, por que precisamos esperar até semana que vem?”

“Você não vê?” Ela perguntou retoricamente como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Percebendo que a expressão desordenada do garoto permanecia intacta, prosseguiu. “Quando os dois estão brigados, eles se aproximam involuntariamente, os xingamentos e trocas de faíscas são constantes, com o calor e a fúria do momento eles se desconcertam e se perdem nos próprios sentimentos. Essa semana eles tutoreiam aquela menina de novo. Conversaremos com ela e vemos se ela nos ajuda em uma parte do plano.”

“Tudo bem, e quando começamos?” Ele perguntou olhando fixamente para ela enquanto a mesma se dirigia para fora do dormitório.

“Na ronda deles.” Ela disse sabiamente e saiu.

[...]

Hermione mal enxergava por conta dos olhos vermelhos e inchados; resultado do choro que Draco Malfoy provocou. Ela não sabia o motivo de tanto desespero em relação à cena que presenciou durante a manhã. Eles não tinham nada, só se beijavam algumas vezes. Para ela, já era alguma coisa.

Sua situação deplorável incomodou o loiro que estava sentado à algumas mesas mais ao longe. Se remexeu inquietante no banco e pigarreou baixo enquanto esticava o pescoço na tentativa de ter uma melhor visão.

“O que aconteceu com ela?” Ele sussurrou para Blaise que se concentrava em sua macarronada mas com o cutucão do amigo, fixou o olhar no mesmo ponto em que o loiro olhava.

Ele se assustou ao se deparar com a situação que a garota se encontrava. A menina forte que lutou contra o lorde das trevas durante a segunda guerra bruxa não estava ali, no lugar, uma garota frágil e sensível se mantinha em pé na entrada do grande salão.

As lembranças das palavras de Pansy o invadiu, o deixando inquieto na cadeira. A olhou pelo canto do olho; Seu sorriso sínico de triunfo a consumia por completo ao encarar o estado da morena – que agora já estava sentada na mesa dos leões, recebendo olhares curiosos dos mais próximos.

“Não sei. Você não fez nada pra ela?” Ele se fez de inocente, voltando-se de novo para seu prato.

“Não cara. Depois que o treino acabou ela foi me parabenizar pelo meu desempenho. Fiquei sem ação na hora para agradecer, então a beijei. Um hábito comum recentemente, você sabe. E como se ela estivesse acordado de um transe, ela correu e se trancou no quarto até agora.”

“Tente resolver isso. Ela parece devastada e você também não está confortável com essa situação.” Malfoy o olhou incrédulo e rispidamente se recompôs.

“Ora Zabini, eu não estou nem ai para ela. Ela que deve correr atrás de mim. Isso é o que as meninas fazem. Caem aos meus pés.” Ele disse pomposo ajustando o terno e a gravata verde/prateada em volta do pescoço.

“Ora cara, pare de ser idiota. Você gosta dela só não quer admitir. Se você não fez nada de errado mas ela está se comportando de maneira estranha com você é porque alguma coisa aconteceu.”

Suspirando pesadamente em sinal de rendição, ele concordou e passou as mãos pelos cabelos bagunçados.

“Você está certo.” Ele disse exausto se voltando para a garota que agora ria com as bobagens que diziam à ela.

Ele precisava concertar o que fora que tivesse acontecido.