Os filhos do tigre escrita por Anaruaa


Capítulo 29
Sobre mudanças - Anik




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As coisas haviam mudado muito no últimos meses, desde que nossa família retomara o controle das Indústrias Rajaram. 

Sohan e Kamala haviam iniciado um namoro e finalmente estavam felizes. Ele havia assumido a presidência das empresas e estava trabalhando muito para recuperar os prejuízos obtidos pela saída de alguns dos grandes investidores que deixaram a empresa junto com Robert e Mahish. 

Este último, ainda tentou prejudicar as Indústrias Rajaram, tentando impedir que a empresa norueguesa comprasse os Skimmers. Mas Sohan lidou bem com a situação e conseguiu fechar o negócio. Agora, havia noticias de que Mahish estava investindo em negócios na Índia. Nós estávamos certos de que ele pretendia infiltrar-se na política indiana para tentar nos prejudicar de alguma forma. 

Apesar destes problemas, a sede indiana ia muito bem. Kamala implementou os programas de modernização e treinamento de pessoal e a produção naquela sede estava à todo vapor. Aos poucos, a empresa voltou a apresentar lucro suficiente para cobrir os investimentos feitos e ainda aumentar os ganhos, atraindo novos investidores. Com isso, Sohan resolveu que a sede administrativa das Indústrias Rajaram deveria voltar à Índia, como era na época do senhor Kadam. Sohan argumentou que queria retomar as tradições na Industrias Rajaram, mas todos nós sabíamos que ele queria ficar perto de Kamala. Ele estava preparando-se para voltar a viver naquele país, onde minha irmã já tinha se estabelecido. 

Kamala deixou a empresa e iniciou um projeto sozinha. Ela pediu apoio financeiro de nossos pais, que disponibilizaram todo o dinheiro necessário para que Kamala implementasse seus projetos. Mais do que projetos, meus pais sabiam que Kamala tinha uma missão. A mesma missão que eles mesmos cumpriram no passado, e que também cumpriram em outra vida: cuidar daqueles que sofriam e combater o mal do mundo. 

Nilima e Sunil deixaram a Índia e mudaram-se para nossa comunidade. Eles estavam felizes, leves e vivendo seu relacionamento, como se tivessem acabado de se conhecer. E de alguma forma, eles estavam se conhecendo novamente. Nilima, por tantos anos, focou-se no trabalho completamente. Ela era muito disciplinada e competente e nunca se permitia relaxar. Sunil, por sua vez, dedicou-se completamente à educação e ao treinamento de Sohan. Pela primeira vez, meus tios estavam vivendo apenas para eles mesmos e se permitindo viver seu amor sem qualquer reserva. 

Meus pais também resolveram mudar-se para a nossa comunidade. Minha mãe reclamava que a casa era grande demais e que não fazia mais sentido viver ali. Ela e meu pai viajavam muito e quando voltavam para o Óregon, queriam ficar perto da família. Especialmente por causa da gravidez de Radha. 

Minha esposa estava linda, carregando o meu bebê. Radha continuava trabalhando na fazenda e praticando a ioga, dando suas aulas e parecia ainda mais iluminada do que antes. Sua barriga estava cada dia maior e eu estava ansioso para ter o meu bebê em meus braços. 

Quando chegou a hora do bebê nascer, toda a nossa família estava junta na fazenda, até mesmo vovô Mike e vovó Sara. Radha queria que o bebê nascesse em casa. Kamala e Sohan vieram da Índia na semana esperada para o parto e meus pais haviam se mudado definitivamente para uma das casas na fazenda havia alguns meses. 

Uma tarde, Radha e eu estávamos em casa sozinhos e ela parecia mais calma que de costume. Ela deitou com a cabeça no meu colo, de barriga para cima e fechou os olhos. Eu acariciei seus cabelos com uma mão e toquei sua barriga com a outra. O bebê se mexeu ao meu toque. Então Radha gemeu baixinho.

— O que foi meu amor? É o bebê?

— Sim. Acho que ele está querendo sair. — Ela respondeu sorrindo e logo gemeu novamente. 

Eu chamei por minha mãe, que veio correndo. Pedi para que ela ficasse com Radha para que eu buscasse a parteira, então, nós preparamos a banheira com água e levamos Radha até lá. Não demorou até que minha filha nascesse. 

Eu estava muito emocionado e beijei a testa de minha esposa, que chorava de emoção, assim como eu. Radha segurou nossa filha e falou com ela em hindi, dizendo o quanto ela era bem vinda e seria amada. 

— Agora, conheça o seu papai.

Radha virou-se ligeiramente e ofereceu o bebê a mim. Eu peguei-a no colo, sem conseguir parar de chorar e a beijei no alto da cabeça. 

— Minha filha! Ela é linda, como você amor.

— Ela tem os seus olhos.

— Ela é tão calminha. Como vamos chamá-la?

— Yesubai. Eu gostaria de chamá-la Yesubai. 

Eu olhei para Radha com emoção e sorri para ela, então voltei a olhar meu bebê.

— Yesubai Rajaram. Você é linda, como ela foi. 

A bebê Yesubai era tão calma e dorminhoca, toda a família estava encantada por ela. Kamala ficou tão encantada por sua sobrinha, que seus olhos se enchiam de lágrimas todas as vezes que olhava para ela. Kamala e Sohan ficariam conosco por apenas uma semana, mas ele ficou na fazendo por duas semanas e Kamala ficou o mês inteiro, mas precisou voltar para seus projetos.

— Minha linda sobrinha, meu coração está em pedaços por ter que te deixar. A titia voltará em breve para ficar com você. 

A paternidade era mesmo algo mágico. Ter um filho, que é uma mistura perfeita entre duas pessoas, é a prova palpável do amor entre essas pessoas. E Yesubai era exatamente isso. Ela tinha muito de Radha e muito de mim. Eu estava muito feliz e passava o dia olhando para a minha filha e pensando em como ela era perfeita. Meus pais eram loucos por sua neta e todos a paparicavam o dia todo. 

No dia em que Yesubai completou seis meses, eu recebi, surpreso, a notícia de que Radha e eu teríamos outro filho. Eu amava minha esposa completamente e depois que Yesubai nasceu, esse amor ficou mais intenso. Eu admirava Radha pela mulher forte que ela era, pela esposa amorosa e mãe dedicada que ela se tornara, e quando ela disse que estava grávida, todos festejamos. 

Sacchi nasceu tão serenamente quanto a irmã. Mais uma vez, a família estava toda reunida esperando sua chegada, e todos ficaram encantados por minha bela menininha. 

Ela era a cópia exata de Yesubai, mas seus olhos eram verdes. Minha filha mais velha ficou muito empolgada com a chegada da irmãzinha. Apesar de ter pouco mais do que um ano, Bai, que era como todos chamávamos Yesubai, era muito carinhosa e cuidadosa com sua irmã. As duas iam crescendo unidas e inseparáveis. 

Três anos depois, nasceu meu primeiro menino, Kartick. Diferente das irmãs, Kartick era um bebê agitado e reclamão. Ele queria o tempo todo ficar no colo da mãe. Mas ele era muito esperto e inteligente. Ele já caminhava habilmente antes de completar um ano e começou a falar muito cedo também. Kartick mamou no peito até os três anos, quando Radha ficou grávida novamente. 

Meu quarto filho também era um menino, e nós o chamamos de Tarik. Ele era agitado como Kartick, mas, diferente do irmão, que ainda era muito apegado a Radha, Tarik gostava de passar tempo comigo. Desde bebê, ele reclamava quando eu não estava com ele. Eu tinha que levá-lo comigo quando ia trabalhar nas hortas ou ordenhar as vacas, então, ele aprendeu cedo o trabalho da fazenda. Ele era meu companheiro. 

Eu achei que não teria mais filhos, estava feliz com meus quatro. Radha também estava feliz, nossa grande família era perfeita. Mas as coisas sempre podem ficar mais perfeitas. Yesubai estava com dez anos, Sacchi tinha nove, Kartick tinha seis anos e Tarik tinha três anos quando Shiva nasceu. 

Meu filho caçula tinha o temperamento diferente dos irmãos, ele era como uma mistura de todos eles. Tinha os olhos dourados, como os meus e os de Bai. Ele adorava as irmãs e era muito apegado aos irmãos, gostava de observar Radha praticar ioga e cozinhar, mas também gostava de me acompanhar nos trabalhos da fazenda. 

Eu sentia que todos os meus filhos eram especiais e teriam uma vida boa, mas Shiva era diferente. Eu sentia que Shiva seria aquele que herdaria o legado de sua família divina. Eu não sabia qual seria o destino do meu filho, nem sua missão, mas eu sentia, dentro de mim, que Shiva seria como Kamala, como meus pais e como Kishan. Shiva também seria um Deus, e um dia, alguém contaria sua história. 


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