A Bela Fera escrita por HeyIvye


Capítulo 7
Light in the middle of darkness


Notas iniciais do capítulo

Depois de tempestade vem a bonança, eu juro.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/762332/chapter/7

 

O grande castelo fervilhava com vida. Criados corriam de um lado para o outro com travessas e mais travessas cheias de comidas, camareiras se debruçavam nos janelões para pendurar as novas cortinas bordadas a mão com fios de ouro para datas especiais. Os escudeiros reais desdobravam-se para dar conta de todas as tarefas do dia. Os mensageiros anunciavam, em meio à correria da grande feira no coração de Takkeri: “Noivado eminente de Vossa Alteza, Kim JungWoo, príncipe herdeiro e primeiro sucessor ao trono da Província com sua Majestade, a princesa do condado de Hadong, Kim SongGye trará bons frutos à Província”. A notícia do tal noivado se espalhara rapidamente, logo após o Baile das Rosas onde, em uma conversa a portas fechadas, o rei SanHyuck de Takkeri e o rei Kim JeonSu de Hadong haviam decidido unificar suas províncias através do matrimônio de JungWoo e SongGye.

Logo que retornara de sua perigosa viagem, a reputação do Príncipe Herdeiro ascendeu. Todos falavam a respeito de como ele lutara bravamente por dias, contra a Fera amaldiçoada. Lutou com tanto afinco que, mesmo sendo vitorioso, ainda retornou de lá com muitas marcas de batalha. Motivo esse pelo qual estaria resguardado em seus aposentos. Dito pela própria família real em pronunciamento público.

Semanas se passaram entretanto, e a população, sem ouvir muito a respeito de Jungwoo, começara a questionar o motivo de sua reclusão. Nem mesmo os próprios criados pessoais do Príncipe tiveram acesso livre ao seu quarto. Ele somente aceitava, além da própria família, sua Ama para lhe servir as refeições do dia. Alguns pequenos rumores se espalharam pelo condado e ganharam força quando ele também se ausentara do grande Baile anual que ocorria no Castelo quando se iniciava o inverno. Alguns diziam que o Príncipe havia sido desfigurado pelo monstro e outro arriscavam inclusive dizer que JungWoo havia tido algum membro mastigado pela fera, em batalha e por isso não havia saído em público ainda e nem permitia ninguém em seu quarto.

As notícias do noivado levaram a população a fofocar, em ironia, se ele se ausentaria de seu próprio casamento também.

—--***---

As batidas na porta ressonaram pelo grande cômodo, porém sem sucesso em se fazerem serem ouvidas pelo rapaz que jazia na cama caído em um sono profundo. Sem obter resposta, a Ama girou a chave reserva na fechadura e adentrou vagarosamente no quarto escuro. Lá, no centro do cômodo estava JungWoo deitado em sua cama com o sono inabalado. Ama suspirou em alívio. Ele pouco dormia esses dias. Se queixava que ficava rolando na cama por horas e recusara qualquer chá para dormir que sua Ama lhe oferecia. Ela, em agonia pelo Príncipe que era como um filho para ela, começara a colocar o sumo da lavanda, que ela mesma providenciava, no seu chá da tarde antes de servi-lo. Somente assim era possível fazê-lo dormir todas as noites. Mesmo com sua recusa em tomar qualquer coisa para dormir, Ama desconfiava que ele sabia muito bem o que ela fazia por suas costas visto que, ele já chegou a recusar todas as outras refeições que ela lhe trazia, porém nunca o tal chá da tarde.

Aproximou-se da cama com cuidado para não fazer muito barulho e depositou a bandeja com o café da manhã no criado-mudo. Sentou-se a beira da cama e observou o rosto calmo de JungWoo, o único momento em que ela o via verdadeiramente em paz e não angustiado como quando estava acordado. Preocupava-se muito com ele. Havia perdido todo o vigor que possuía. Era como se, após seu retorno, toda a sua alegria houvesse sido sugada perdida. Franziu o cenho para as olheiras abaixo de seus olhos, resultado da falta de sono. Um caminho molhado permanecia em suas bochechas. Ele vira isso acontecer com uma freqüência alarmante nos últimos meses também. Antes ela só o havia visto chorar quando criança, mas nos últimos tempos, as vezes em que entrara em seu quarto sem se anunciar pôde vê-lo limpando seu rosto rapidamente. Ela fingiu que não percebia.

Mas essa situação não podia manter-se assim. O forçaria a se abrir com ela.

Tocou com o dedo indicador suavemente em sua bochecha, enxugando o caminho molhado.

— Jungwoo?... Falou. - Jungwoo querido?

Viu quando ele foi despertando de seu sono, seu rosto fechando-se novamente a medida que acordava. Olhou para ela e nada da paz que vira em sono antes, permaneceu em seu semblante.

— Ama? Já é hora do café?

— Sim querido. Levante-se. Eu trouxe aquele pãozinho com geléia que você tanto gosta.

Sorriu amorosamente.

Ele sentou-se na cama e ela depositou a bandeja em seu colo, explicando a ele o que havia feito.

— Muito obrigada Ama, mas... não tenho fome agora. Talvez depois do banho eu possa comer algo...

E foi retirando a bandeja de seu colo. Ela então, usou o tom severo que sabia que funcionava com ele para fazê-lo ouví-la.

— Kim JungWoo, você mocinho vai manter-se sentado nessa cama agora mesmo e vai comer tudo o que tem nessa bandeja sem reclamar.

Falou, puxando-o pelo braço e recolocando a bandeja onde estava antes. Jungwoo suspirou em frustração mas não discutiu com ela. Ele nunca o fazia.

Começou a mastigar o pão e as torradas devagar, resmungando quando ela o mandava tomar o café sem desperdiçar nada.

Quando acabou, ela pegou a bandeja de volta e colocou-a novamente no criado mudo. Viu que ele se ajeitava de volta na cama e sentou-se com a costa da cabeceira e bateu com a mão na sua coxa.

Jungwoo entendera o que ela queria e deitou-se com a cabeça em seu colo, as mãos debaixo do rosto e fechou os olhos quando sentiu as mãos dela no seu cabelo.

— Você sempre gostou quando eu mexia no seu cabelo. Quando era garotinho você me pedia para sentarmos na varanda e contar histórias enquanto acariciava seu cabelo. Você lembra disso?

— Hum, mais ou menos.- Disse ele. – Eu me lembro das histórias.

Ama sorriu. – Você lembra quando deu seu primeiro beijo em um rapaz e não sabia como contaria isso para os seus pais? Você veio até mim por um conselho. Disse que era uma menina mas quando perguntei sobre ela você se atrapalhou todo.

— Sim, eu não havia chegado a pensar no que diria sobre ele. Eu lembro de ter ficado horrorizado com o que você pensaria de mim, por isso tentei mentir.Mas você sempre me descobria. – Virou-se para olhá-la – Aliás, como fazia isso? Tivera vezes que eu criei as melhores histórias, todos acreditavam mas não você. Você sempre sabia quando eu estava mentindo.

— Eu criei você Jungwoo. Sei cada expressão que você faz e o que elas significam. Você sempre mentia sem pensar duas vezes para os outros mas comigo, seu receio se mostrava em toda a sua face.Mesmo disfarçando com as suas piadas, eu via em seu rosto a verdade.

Jungwoo sorriu fracamente.

— Você me conhece como ninguém Ama.

— Sim conheço! Conheço e me preocupo com você. – Suspirou – E é por me preocupar com você que não posso seguir fingindo que não sei o quanto tem estado deprimido nos últimos meses.

— Ama, por favor não...

— “Não”, digo eu! Você não tem comido e nem dormido direito. Não sai do quarto, não foi ao baile e nem deu suas escapadas que tanto gostava de fazer. Você não sorri e posso ver em seu rosto a sua angústia. Acabamos de conversar aqui que você não consegue me esconder nada!

Pegou o rosto dele com as duas mãos e o fez olhar para ela.

— Converse comigo. O que estiver ao meu alcance eu farei por você. Você é o filho que eu nunca tive.

Jungwoo fechou seus olhos por um instante e quando abriu de novo ele sabia: nunca esconderia nada dessa mulher por muito tempo. A amava mais do que a própria mãe. Nesse momento então, ele se encontrou contando a ela tudo o que aconteceu, de como chegou até lá, o ataque no jardim, o bom tratamento que Taeyong lhe deu, até mesmo o que passou a sentir quando estava próximo dele. Contou o que houve quando seu pai chegou e a dor no seu peito quase o fez engasgar em choro. E enquanto contava tudo para ela percebeu que o tempo que eles passaram juntos havia sido absurdamente curto, mas sentia-se como uma vida. Quando terminei, desviei o olhar do seu e fiquei esperando que Ama dissesse algo.

A senti pegar minhas mãos que torcia nervosamente em meu colo.

— Olhe para mim. – Assim o fiz. – Agora preciso que me diga porque acha que está sentindo todas essas coisas que me falou.

— Não sei se entendi o que quis dizer Ama.

— Quero saber se você tem uma explicação para o que tem sentido. Você tem estado sem apetite, ansioso, deprimido... O que você tem dito a si mesmo a respeito disso?

Jungwoo ainda não sabia o que dizer. A muito tempo evitara pensar no porquê e deixou-se apenas afundar-se na tristeza de seu coração.

— Tudo bem, vou tentar novamente. Me diga o que você está sentindo agora.

— Eu sinto ....

— Sim? – Encorajou ela.

— Eu sinto como se algo em mim estivesse em falta. Como se em meu peito houvesse apenas um vazio e não sei como preenchê-lo novamente.

— Hum... Será mesmo? – Ama mexeu em um dos seus bolsos e retirou de lá um anel. Uma prata simples com uma inscrição nele. Eu nunca o havia visto antes.

— Esse anel aqui é de meu falecido marido. Voce tinha 3 anos quando eu o perdi em uma batalha. Eu nunca consegui encontrar outro homem para mim e até hoje eu sinto sua falta. Muito. Quando eu recebi a notícia de que eu não o teria mais ao meu lado, foi como se o chão tivesse se aberto debaixo de mim e me puxado para uma grande escuridão. Um pedaço de mim havia morrido com ele naquele dia. Eu o amava tanto.

Sorriu carinhosamente e pegou novamente minha mão na sua. O anel preso entre ambas.

— Tudo o que você me falou, me recorda exatamente o que eu senti e sinto quando penso nele.

— O que você quer dizer?

— O que eu quero dizer? Você será eternamente infeliz se não buscar aquilo que lhe tanto faz falta.

Ama sorriu e levantou-se da cama. Pegou a bandeja vazia e dirigir-se até a porta. Antes de abrí-la, ela virou-se para Jungwoo que estava estarrecido.

— Filho, eu nunca mais verei o homem da minha vida enquanto eu viver. Mas você? – Abriu a porta. – Basta ir até ele.

E saiu do quarto.

JungWoo abriu o primeiro grande sorriso em meses desde que voltara de lá. Ele tinha algo a fazer e alguém para buscar.

Deu um pulo da cama e começou rapidamente a arrumar alguns dos seus pertences em duas bagagens. Com um grito no corredor, ele chamou um empregado para preparar o seu banho. Ainda sorrindo largamente, ele correu até o quarto do irmão mais novo, abrindo a porta com um estalo. Tal qual sua surpresa ao encontrá-lo aos beijos com um dos camareiros do castelo. O barulho alto da porta abrindo e a exclamação de surpresa de JungWoo alertou sua presença para os amantes. O guarda deu um pulo tão rápido que derrubou Haechan de costas no chão.

Jungwoo recuperou-se do choque, até então aparentemente era a única ovelha negra que gostava de homens na família, e começou a rir com a mão na boca.

— Me desculpem interromper a... Conversa. – Disse rindo. – Irmão, eu estou indo embora.

Haechan franziu o cenho e levantou-se do chão.

— O quê? Como assim, indo embora?

O mais velho olhou para o guarda encostado próximo a cama.

— Qual é o seu nome? – Perguntou para ele.

— Mark Lee, Majestade. – Respondeu ele.

— Você o ama? - Virou-se então para Haechan. – Vocês se amam?

O breve silêncio constrangedor desceu sobre eles. Jungwoo olhava entre os dois esperando uma resposta até que Haechan, sem se virar, estendeu a mão para Mark que lentamente caminhou até ele e entrelaçou seus dedos juntos. O sorriso de Jungwoo alargou-se, ele correu até o irmão e o abraçou.

— Cuidem um do outro.

Virou-se para sair do quarto e foi parado novamente, Haechan segurava seu braço.

— Irmão, para onde você está indo afinal? O que houve?

— Eu estou voltando ao castelo da floresta. – O mais novo abriu a boca para falar, a expressão surpresa em seu rosto porém JungWoo o interrompeu.

— Haechan, eu sei que parece difícil entender porque diabos eu voltaria ao “Castelo Amaldiçoado” mas preciso que entenda que... Lá se encontra minha felicidade. Aquela Fera... É a pessoa mais bela que já vi em todas as minhas primaveras. Eu juro a você.

Seu irmão o puxou para outro abraço, falando em seu ouvido.

— Você tem razão eu não entendo... Mas entendo o que é querer sua felicidade é um caminho diferente do que foi pensado a você. Você é meu grande exemplo de vida irmão, eu amo você. Vá até ele, eu irei visitá-lo.

Jungwoo sorriu, um pouco emocionado e saiu dali correndo. Se preparia rapidamente para a longa viagem.

—--***---

Foram dias e noites de viagem angustiada. O inverno deixava os caminhos mais tortuosos e a floresta ainda mais densa. No terceiro dia de viagem seu cavalo fora congelado até a morte durante a noite e Jungwoo seguiu a pé, por muitas vezes chegando próximo de ter o mesmo fim que seu cavalo. Mas algo nele o impedia de desistir. Toda vez que sentia que o frio estava demais para suportar, ele pensava em Taeyong, no tempo que passaram na cachoeira. Aquilo aquecia seu coração e lhe dava forças para prosseguir.

No sexto dia de viagem ele já mal conseguia andar. Suas pernas pareciam chumbo. Ele havia abandonado parte de sua bagagem pelo caminho pois já se encontrava sem forças para carregá-la. O sol já havia se posto a um tempo agora e JunWoo se sentia quente por dentro. E não do bom modo. A febre o atingira e tinha horas que ele saía de si, delirando em febre alta. Mais a frente ele finalmente viu então, o rio que atravessara antes para chegar ao Castelo. Estava perto, mas não sabia se conseguiria chegar lá. Colocou os pés na capa endurecida de gelo que o rio havia se tornado e o atravessou devagar. No meio do caminho ouviu um barulho. Seu coração encheu-se de esperança de que poderia ser seu amado. Jogando a cautela aos ventos, correu na direção do barulho com a última explosão de força que ainda possuía. Adentrando na floresta, logo a frente descobriu a fonte do ruído. Um grande gato do mato o encarava de volta. Seu miado estridente tornou-se mais alto quando começou a correr em sua direção.

Sua vista começou a embaçar, sua cabeça ficando confusa da febre, fome e cansaço. Iria morrer ali, sem reencontrar seu amor. Não aguentava mais.

Os sons do miado do animal mudaram. Ele ouviu rugidos mais graves. Sons de luta. Caiu no chão e antes que apagasse por completo sentiu seu corpo ser levantado, a quentura deliciosa o envolvendo e tudo ficou escuro de vez.

—--***---

Sua cabeça latejou quando tentou abrir os olhos a primeira vez. A segunda tentativa foi um pouco mais sucedida com ele abrindo vagarosamente um, depois o outro. Seus olhos demoraram um pouco para se adaptar a luz e sua garganta parecia assombrosamente seca e arranhada.

Mexeu-se um pouco e percebeu que estava em uma superfície macia, confortável e quente. Mais um pouco e percebeu que o peso em seu estômago era um braço postado lá. Olhou rapidamente para o lado e seu coração bateu três vezes mais rápido. Taeyong estava ali, de olhos fechados enquanto dormia. Seu corpo encostado no dele da cabeça aos pés. Percebeu também que ambos estavam somente em ceroulas e o calor de um corpo para o outro passava diretamente, pele para pele.

Jungwoo passou os dedos calidamente pela face macia de Taeyong, absolutamente encantado com a visão. Imaginou como seria tê-la todas as manhãs ao acordar. Não se lembrava como chegara aqui e resava aos deuses que tudo não fosse ilusão e que na verdade teria sido morto na floresta e agora estava no céu. Não queria que nada disso acabasse nunca.

Taeyong foi então despertando de seu sono e olhou diretamente para Jungwoo, que sorriu carinhosamente. Com um pigarro o mais velho se afastou como se o mais novo estivesse em chamas, levantando-se da cama.

— Você acordou...

— Sim... O que aconteceu?

— Você foi atacado. Eu impedi.

Jungwoo sorriu e tentou sentar-se. Sem sucesso. Seu corpo parecia pesado. Gemeu baixinho de dor e Taeyong estava ao seu lado em dois tempos.

— Uhg, eu me sinto como se tivesse levado uma pancada na cabeça.

Taeyong sorriu ironicamente.

— De certa forma sim. Você bateu a cabeça quando desmaiou.

Quando seus olhares se cruzaram Jungwoo perdeu no olhar do outro. Ele queria tanto tocá-lo que doía.

— Obrigado por salvar minha vida.

— Por falar nisso, - O tom do mais velho tornou-se mais severo. – O que diabos tinha em sua cabeça para viajar nesse frio maldito?

Jungwoo respirou fundo, o momento de falar havia chegado.

— Eu senti sua falta... Precisava ver você outra vez.

Taeyong ficou imediatamente sério.

— Sentiu minha falta? Mesmo? – Levantou novamente da cama e quando falou seu tom estava frio e neutro. – Difícil de acreditar.

O mais novo franziu a testa em surpresa. Não esperava esse desprezo quando ensaiou essa mesma fala várias vezes no caminho até aqui.

— Não entendo...

— Você, VOCÊ foi embora JungWoo. Por três malditos meses. Eu imagino o quanto sentia minha falta enquanto planejava seu belo casamento.

— O quê? Como soube que noivei?

—Surpreso? Eu não sou tão isolado a ponto de não ouvir os boatos que correm a Província toda. A família real estava em festa com a união. – Disse, sorrindo sem humor. Seus olhos faiscavam.

— Não não não Taeyong você não entende...

— QUEM NÃO ENTENDE É VOCÊ JUNGWOO. Quem você pensa que é para vir até aqui achando que pode brincar com a fera reclusa? Era isso que você queria? Ser o homem que domou a besta amaldiçoada?

— NÃO, DEUS, NÃO, EU FUI UM MISERÁVEL SEM VOCÊ TAEYONG... – Jungwoo tomou fôlego antes de continuar.

— Esse tempo que passei longe de você foram os PIORES da minha vida. PIORES. Eu não dormi, eu não comia, eu nem mesmo saía do quarto. Ou você não ouviu esses boatos também? Os de que eu estaria gravemente ferido e desfigurado por isso não aparecia em público? Hã?

O mais novo levantou-se devagar da cama, seu corpo gritando em dor. Andou até que estava a poucos passos de Taeyong.

— Eu preciso que você acredite em mim. Eu não tive nada a ver com o noivado. Meu pai reuniu-se para decidir sem nem se dignar a respeitar minha ausência. Eu nem mesmo estava no tal baile... Estava deitado na minha cama, pensando em tudo o que aconteceu, deprimido e mergulhado em tristeza.... - Aproximou-se mais até conseguir segura-lo pelo rosto com ambas as mãos.

— Eu enfrentei seis dias de viagem no frio e ttrês deles andei em meus próprios pés porque meu cavalo morreu congelado. Eu quase tive o mesmo fim, mas eu precisava chegar até aqui a qualquer custo. Precisava ver você nem que fosse a última coisa que eu faria na vida.

A expressão de Taeyong era atormentada, como se ouvir aquilo lhe doesse. Ele também parecia perdido e talvez fosse apenas a esperança de Jungwoo falando mais alto, porém ele quase podia ver o alívio do mais velho em seu rosto.

Inesperadamente, Taeyong passou a mão direita pela nuca de Jungwoo puxando suas testas juntas.

— Você jura? Jura que tudo o que está me dizendo é verdade?

Jungwoo acenou com a cabeça. – Sim sim sim. Mil vezes sim.

A respiração de Taeyong tornou-se ainda mais pesada, o mais novo viu a trilha molhada descendo pela sua bochecha. Estendendo sua mão, enxugou as lágrimas do rosto do outro calmamente.

Quem aproximou seus rostos dessa vez fora Taeyong. Um impulso seu e estavam beijando-se. Finalmente lábios tocando lábios. Línguas entrelaçadas e a brasa que estava em seus corações feridos tornou uma grande chama. Jungwoo passou os braços pelo pescoço de Taeyong enquanto sentir-se ser puxado pela cintura até colarem seus peitos nus.

Sentiam-se descontrolados, uma erupção de sentimentos emanavam dos dois amantes enquanto exploravam com afinco os quatro cantos de suas bocas. O peito de Jungwoo explodiu em paixão, enquanto passava suas mãos por todo lugar que poderia alcançar no peito, braços e costas de Taeyong. Ele gemia em sua boca, nunca seria o suficiente. Nunca seria.

A temperatura fria do inverno em nada superava o calor daquele cômodo. Taeyong interrompeu o beijo e ambos abriram os olhos. Jungwoo ofegou com a visão.

O quarto inteiro estava iluminado. Faixas de luzes multicoloridas flutuavam ao seu redor, os envolvendo em nuvens reconfortantes. Pequenos seres iluminados passavam por entre seus corpos e Jungwoo assistiu com admiração quando um ponto desse saltou para fora do peito de Taeyong, criando a forma de um animal, semelhante ao que ele se transformava. A criaturinha dançou fora, juntando aos outros vários focos de luz. Algo assim também saiu do peito de Jungwoo juntando ao de Taeyong e formando um só.

Sorriram largamente um para o outro entrelaçando seus dedos juntos. Sabiam o que havia acontecido ali. A maldição fora quebrada.

— Nunca me deixe ir novamente.

Taeyong sorriu, seus olhos brilhando de felicidade.

— Eu prometo!

.

.

.

Em todo o reino, pelos anos que se passaram, ouviu-se falar do príncipe que apaixonou-se pela Fera. Seu amor um pelo outro foi tão verdadeiro que a maldição da Fera fora quebrada. O Castelo em menos de um ano voltara a ser o mais luxuoso de toda a província. Todos falavam da bondade dos amantes afortunados. O seu “Felizes para sempre” não acabou quando a velhice os levara, adormecidos em seus aposentos de mãos dadas. As belas rosas que ali nasciam passaram a ser conhecidas como os amuletos da sorte dos amantes de todo o mundo. Símbolo de cumplicidade, carinho, paciência e amor. Como foram todos seus anos juntos.

Essa foi a história de como duas almas feias tornaram-se as mais belas... Com o amor.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Terminando extremamente doce como os contos de fada devem ser. como já disse essa fic representa muito pra mim e mesmo que nínguém lesse eu estaria realizada comigo mesma. Vcs que leram até aqui, mesmo não comentando eu agradeço de verdade. Espero que ela tenha marcado algo em vcs e se eu não consegui isso vou continuar tentanto, não desistam de mim. Beijinhos e até a próxima fic que já tá no forno.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Bela Fera" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.