Minecraft: História de Dois Mundos escrita por Luara Uzumaki


Capítulo 3
Capítulo 2: Suspeitas


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que demorei, mas o capítulo 2 tá aí. Se quiserem a continuação, esperem eu escrever.



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Início da tarde, sexta-feira

 TRIIIIIIIIIIIIM

 

— Eu: Aleluia! Não tava mais aguentando!

— Isadora: Nem eu, não quero mais saber das "Soluções fáceis e simples de equações do 2° grau" - ela dizia de maneira debochada, como uma professora chata.

 

Estávamos saindo da aula de matemática, finalmente para a liberdade do fim de semana! Era a única coisa que conseguia me manter acordada em uma aula de álgebra.

 

— Júlia: Então, que tal uma volta na praça do bairro?

— Eu: Não vai dar! Tenho que trabalhar hoje. Pode ser lá por volta das três da tarde?

— Júlia: Por mim tudo bem! - os outros também concordaram.

— Eu: Ok, então até de tarde.

— Todos: Até!

 

  Peguei minha bicicleta na frente da escola e fui em direção ao ensino fundamental. Tinha que levar meus irmãos pra casa antes de ir trabalhar, ou comer ou fazer qualquer outra coisa. A escola onde estudamos é a principal do bairro, e ocupa uma quadra inteira. De um lado fica o ensino médio e do outro o fundamental, então eu não precisava pedalar muito.

  Mas claro, a vida não é um mar de rosas onde tudo acontece do jeito que você quer (ou sei lá, as vezes pode até ser). Na entrada da escola, os dois estavam se metendo no tapa com outros garotos bem maiores que eles.

 

— Eu: MAS QUE FUZUÊ É ESSE AQUI? JÁ ARRUMARAM ENCRENCA DE NOVO? - tive que puxar as pestes pela blusa, algo que eu já estava até acostumada a fazer.

— Francisco: Não é nossa culpa! Foram eles que começaram!

— Eu: Tô pouco me fudendo pra quem começou! A mãe já disse pra vocês que se brigarem na escola em casa vão apanhar, e que se perderem a briga vão apanhar em dobro!

— Mariana: Ah não, por favor! Não conta pra mamãe!

— Eu: Quero só ver ela não reparar nesse olho roxo de vocês!

 

  Os dois começaram a choramingar e a se debater. Tive que ficar de olho para que os dois não fugissem pra longe. Tive que pegar o Relâmpago Marquinho sozinho.

  Pra quem não sabe quem é o Relâmpago Marquinho, é o carrinho de mão vermelho e amarelo dos meus irmãos. Normalmente a minha mãe leva e busca eles na escola, mas as vezes ela tava ocupada demais "trabalhando" para pegar eles. Então eles tinham o Relâmpago Marquinho, feito estrategicamente para me f*der. Sério, quando criaram essa porra foi tipo:

  " Precisamos de algo para dificultar ainda mais a vida da Dani. Alguma sugestão?"

  " Já sei, e se a gente inventasse um carrinho de mão onde caibam duas crianças e tenha um guincho pra prender na bicicleta dela, pra quando ela levar os irmãos pra casa ela ter que puxar os dois?"

  " Bom garoto, por isso que te contratei!"

 Sim, eu faço isso! Tenho que puxar os pirralhos até a casa, porque "eles têm pernas muito pequenas"! AH FALA SÉRIO!

  Pelo menos os dois pararam de reclamar, ao invés disso, faziam barulhos de carros. E como eu não sou uma dessas meninas frescas que tem vergonha da família, deixei eles a vontade e virei a locutora da corrida dos dois.

  Depois de uns dez minutos, cheguei na padaria. Era praticamente a única do bairro e a mais popular. Havia um letreiro com o nome "Panificadora Trigo-Doce", escrito em letras laranjas.

 

— Mariana: Mana, deixa a gente comer um brigadeiro hoje? Vai, é sexta, deixa!

— Eu: Tá bom! Mas só hoje viu!

— Os dois: EBAAAAA!!

 

  Abri a porta de vidro e escutei o "tlim" que estava acostumada a ouvir sempre que entrava na padaria. Meu amigo Luíz estava num dos caixas, e me cumprimentou quando me viu.

 

— Luíz: Dani, já chegou? Achei que ia chegar mais tarde hoje. Coloquei a Sandra no seu lugar.

— Eu: Eu dei um jeito. Será que dá pra arrumar um almoço pra esses dois?

— Luíz: Claro, por minha conta. Chegou um presunto fresquinho hoje cedo. Quem vai querer misto quente?

— Francisco e Mariana: NÓS QUEREMOS, POR FAVOR!!!

 

  Luíz os levou até a cozinha, dizendo que iria arranjar um pão fresco pros dois. Então fui até a área dos empregados pegar meu avental. Ele era marrom com meu nome escrito em amarelo num canto, e no outro o nome da panificadora, e tinha cheiro das melhores coisas do mundo! Uma mistura de pão e bolachas saindo do forno, chocolate derretido, bolo caseiro, docinhos, etc. Aquilo fazia eu me sentir à vontade, valia mais a pena do que ser secretária de escritório.

  Eu normalmente trabalho no atendimento nos balcões, algo que pode parecer fácil, mas se te dissesse a quantidade de gente filha da puta que tem por aí, ia parecer um inferno. Mas por sorte na sexta eu só trabalho de tarde, quando a padaria fica mais vazia. Tudo que atendi foi um casal de jovens, uma mãe com o filho pequeno, um homem de terno (provavelmente gente importante), meu professor de biologia FDP, uma colega de classe minha é um garoto de 5 anos que jurava que podia comprar a padaria inteira com uma nota de dois reais.

  Quando meu horário acabou, juntei minhas poucas coisas e saí. Logo que olhei pro parquinho, vi Fran e Mari brincando em um daqueles trecos com escadas cujo nome eu esqueci.

 

— Eu: EI VOCÊS DOIS! CHEGA DE ZUERA! VAMO PRA CASA!

— Fran: Ah não! Só mais um pouquinho!!!

— Eu: "UM POUQUINHO" É O CARALHO, VENHAM JÁ PRA CÁ OU TRANCO OS DOIS NA CASINHA!!! (A casinha era só a área de serviço, mas nós três tínhamos aprendido a temer mais a casinha que uma casa assombrada)

— Mari: A gente vai conta pra mamãe que você tá querendo manda na gente!

— Eu: E EU CONTO PRA ELA QUE VOCÊS SE METERAM EM BRIGA HOJE!

 

  Finalmente eles sossegaram e eu consegui levar os dois pra casa. O caminho de volta acabou sendo tranquila, eles (e eu também) morriam de medo que nossa mãe soubesse que brigávamos na escola.

  Chegando em casa, ainda faltavam 20 minutos para a hora que eu e meus amigos marcamos, e como eu não tinha o que fazer, acabei brincando com meus irmãos no quarto deles. O quarto deles era amarelo vivo, e vivia bagunçado.

  Como sempre, perdi a noção do tempo e só fui perceber que horas eram quando Mari olhou pra janela e exclamou:

 

— Mari: UMA BORBOLETA! Mana, mano, olhem ali, tem uma borboleta na janela!

 

  Olhei a janela. Realmente, havia uma borboleta lá, muito branca. Era muito bonita, mas por alguma razão, uma das asas tinha um enorme rasgo, provavelmente algum moleque no parque tinha feito aquilo.

"Peraí! Moleque? Parque? Aí caralho, eu tenho que me encontrar com a galera!"

  Olhei o relógio. 3:07. Ainda dava tempo, mesmo eu chegando atrasada.

 

— Eu: Vou sair agora, ok? A mamãe deve chegar logo. Se comportem, E AI DE QUEM BOTAR UM PÉ NO MEU QUARTO!

— Mari: Só um? Então dois pode?

— Eu: NEM DOIS NEM QUALQUER NÚMERO QUE NÃO SEJA ZERO!

— Fran: Deixa Mari, ela tá estressada. Tá com algum problema? Ou só tá indo ver sua namorada de novo?

— Eu: QUANTAS VEZES EU TENHO QUE DIZER?! A ISA NÃO É MINHA NAMORADA!!!

— Mari: Mas você adoraria que fosse!

— Eu: AH, VAI TOMAR NO CU!!

 

  Os dois começaram a rir, o que me deixou ainda mais puta! Saí do apê rápido, antes que desse um soco na cara dos dois! E pra completar o meu estresse, a porra do elevador do prédio ficou balançando e rangendo o tempo todo!

 

— Eu: Calma, Dani! Você tá muito zangada, se acalma e aí a gente conversa! (Sim, eu também falo sozinha! O pior nem é falar sozinha, é responder as próprias perguntas, conversar comigo mesma e agir como se tivesse alguém ouvindo! Pior que isso só quebrar a quarta parede. Que, por sinal é o que eu tô fazendo agora)

 

  Tá, chega desse papo ridículo! Quando FINALMENTE consegui sair do prédio, já eram 15:04. Fui correndo até a praça (nosso ponto de encontro), tentando não esbarrar com ninguém. Eu estava com um pacote amassado de pão numa das mãos, que eu havia pegado na cozinha antes de sair. Sorte que, pra mim, correr nunca tinha sido muito problema. Desde criança, eu tinha muita energia. Às vezes, eu ficava acordada durante noites inteiras, e ia pra aula mais disposta do que quando dormia a noite inteira.

  Quando FINALMENTE cheguei na praça, os outros já estavam lá, esperando debaixo da Kátia (ela é uma árvore. Sim, eu dou nome pras coisas, e sim, isso foi uma referência).

 

— Isa: Finalmente chegou hein! Já tava achando que tinha sido abduzida por um alien!

— Eu: É CULPA DO ELEVADOR!!! Aquela bosta já tá quebrada a 5 mil anos e ninguém conserta! Na última vez que aquilo viu um mecânico Noé tava nascendo!

— Ju: Calma estressadinha! Quanta agressisvi... não, asgressi... não, pera, agressivisd... AGRESSIVIDADE! Isso, consegui! De qualquer jeito, trouxe a sua parte?

— Eu: Trouxe. Quando é comida eu não esqueço!

— Isa: Deixa eu adivinhar. Biscoitos de novo?

— Eu: BOLACHAS de novo!

— Isa: Tá, que seja. A Júlia trouxe o bolo e o Pro trouxe os salgadinhos. Por sinal, o Pro é sempre o único que traz salgados.

— Pro: É uai! Alguém precisa trazer o sal!

— Eu: Tá, agora cala a boca, que a Júlia já tá comendo tudo! - Júlia olha com metade de uma fatia de bolo na boca.

 

  Por três minutos, o lanchinho rolou bem, até que o Pro cometeu um erro fatal!

 

— Pro: Ei Dani, me passa um biscoito.

— Eu: É BOLACHA!!!! REPETE: B-O-L-A-C-H-A!!!!

— Pro: BOLACHA É O CARALHO!!!! É BISCOITO PORRA!!!

— Eu: BISCOITO É O CU DA TUA MÃE!!!

— Pro: AH, ENTÃO É ASSIM, TÁ QUERENDO TRETA?

— Eu: SÓ SE FOR AGORA!

— Júlia: Vocês realmente vão fazer isso de novo?

— Eu e Pro: SIM!

— Júlia: Então tá! Não vou me meter em barraco!

— Isa: Já dizia meu pai. "Não me meto em briga de família".

— Pro: Tô nem aí! Cai dentro vagabunda, que eu acabo com você!

­– Isa: OS DOIS PAREM! NÃO AGUENTO MAIS AS SUAS DISCUSSÕES IDIOTAS! NÃO IMPORTA SE É BOLACHA, BISCOITO, BISLACHA OU BOLOITO, PORQUE NO FINAL TODOS VIRAM FEZES!

— Eu: Caralho! Não é que faz sentido!

— Pro: É verdade! Nunca tinha pensado nisso!

— Isa: Se vocês já relaxaram, então me deixem em paz! Alguém tem alguma coisa pra quebrar esse climão?

— Júlia: Hmm, eu tenho! – Ju enfiou a mão no bolso e tirou seis pedrinhas coloridas. – Não é nada demais. Só umas pedras que eu achei no caminho pra casa. Botei um pouco de tinta nelas pra parecerem aquelas pedras da Marvel.

— Eu: As Joias do Infinito?

— Júlia: Essas aí mesmo. Mas a minha tinta tava acabando, só deu pra fazer uma de cada uma. Podem escolher a que quiserem. Como nós somo cinco, deixo a última pro meu irmão. Agora cada um pega uma e depois explica o porquê da escolha.

 

  Fui a primeira a pegar, por motivos de: fui a mais rápida. Peguei a pedrinha verde sem hesitar. Depois que eu peguei, Pro foi até Júlia e pegou a pedra roxa. Isa pegou a azul e Rafael a amarela. Logo depois, Ju pegou a pedra vermelha e botou a laranja de volta no bolso.

 

— Eu: Eu fui a primeira a pegar, então eu explico! A única coisa que eu preciso dizer é que a Joia do Tempo é a melhor de todas! Eu nunca mais ia chegar atrasada na escola e nem em lugar nenhum. E eu também posso comprar um pote de Nutella, comer tudo, voltar no tempo e comer de novo.

— Isa: Detalhe: você não engorda.

— Pro: Pelo amor de Deus, vocês só pensam com a barriga! Eu prefiro a Joia do Poder! Ninguém vai poder com o papai aqui!

— Rafael: Força e ataques físicos em muitos casos podem ser irrelevantes. – Era a primeira vez que ele falava no dia todo. – Numa luta que consiste em poder não ofensivo, você seria facilmente derrotado, a menos que tivesse uma estratégia para contornar essa desvantagem. Mas provavelmente não é o seu caso.

— Pro: Ah, não vem com esse papo de CDF de novo! E à propósito, por que diabos você escolheu a Joia da Mente? Você já gabarita todas as provas!

— Rafael: Eu não gabarito todas as provas! Eu fiquei com 9,5 em biologia!

— Pro: GRANDE DIFERENÇA!

— Rafael: Eu só acho que telepatia é uma habilidade interessante.

— Isa: Tudo bem Rafa. Também acho muito legal. Eu fiquei com a Joia do Espaço porque gosto muito de ver lugares diferentes, mas não gosto de viajar. É muito ruim ficar horas num avião. E você Ju, qual escolheu?

— Júlia: Escolhi a Joia da Realidade. Eu adoraria deixar o mundo melhor e mais bonito, pra deixar as pessoas felizes.

— Eu: Que sonho Hippie!

— Júlia: Eu sei, mas esse é o meu sonho! Fazer com que as pessoas sejam mais felizes! Por isso eu queria fazer uma miniexposição com alguns quadros que eu fiz. Acho que faz sentido começar pelo nosso bairro.

— Pro: Ok Ju, seu sonho é muito legal, mas eu vô dar uma cochilada.

— Júlia: E eu vou terminar o desenho que eu comecei!

 

  Pro foi deitar como sempre deitava, com as mãos embaixo da cabeça e uma perna em cima da outra (eu não faço ideia de como ele consegue). Júlia e Rafa ficaram sentados juntos num canto, ela desenhando e ele olhando pra nada. Eu e Isa ficamos conversando perto da fonte d’água na praça.

 

— Eu: É impressão minha ou o seu irmão tá mais quieto que o normal?

— Isa: Preocupado. Com o ataque na Zona Leste. Acha que ainda não acabou.

— Eu: Ainda? Achei que ele já tinha superado. Quer dizer, o ataque foi no outro lado da cidade né?

— Isa: Ele é... sensível. Ele começou a fabricar armadilhas, alertas, e sistemas de auto-defesa. Ele tem certeza que não foi "só um ataque". E pensando bem, até que faz sentido.

— Eu: Como assim?

— Isa: É que já faz quase duas semanas desde que a segurança na cidade, e principalmente na Zona Central, foi quase triplicada. E do nada chegam e falam que os mobs só entraram porque a polícia de fronteiras estava muito fraca! Não acha estranho?

— Eu: Bom, agora que você falou com essas palavras... realmente é esquisito. Já sei, vamos fazer o seguinte: nós cinco vamos procurar qualquer informação sobre o ataque. E aí às sete e meia da noite a gente se encontra no SlimeBar e conversa sobre isso. Combinado?

— Isa: Combinado!


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