15 anos atrás...

Era um lugar escuro. Sem absolutamente nada além de números e letras flutuando em um fundo azul. No meio desse nada, é possível avistar duas figuras humanas que pareciam correr. Corriam com medo e apressados, como você aí corre quando escuta uma porta abrindo sozinha depois de assistir um filme de terror. Chegando mais perto, é possível vê-los melhor.

Uma era ruiva, de pele clara e olhos verdes. Carregava uma espada em uma mão, e na outra o que parecia um embrulho branco. O outro era um pouco maior, mais moreno, com cabelo castanho escuro e olhos azuis, também escuros. Também estava com uma espada, mas também tinha um arco nas costas. Os dois param de repente e começam a conversar.

?: É aqui.
??: Tem certeza disso? Ainda podemos nos esconder. Você poderia criar ela. Ele levaria tempo para nos encontrar.
?: Mas nos acharia, mais cedo ou mais tarde! De que adianta adiar o inevitável?
??: E se a deixarmos com pai? Aquele cara que você é gamada, o tal do Arthur? Esses dias eu ouvi um cara do Mundo Esférico falando de escrever um livro sobre um cara que mora só com a mãe, até que descobre que ele na verdade...
?: NÃO STEVE! NÃO VOU ARRISCAR PERDER MINHA FILHA E ARTHUR AO MESMO TEMPO!
Steve: Calma, calma! Só estou pensando em uma solução que não te faça sofrer! Sou seu irmão Alex! Eu sei que você não quer deixá-la!
Alex: Não adianta. Já tomei minha decisão. Vai ser melhor pra ela crescer longe de toda essa confusão. Vou mandá-la para uma família que encontrei no Mundo Cúbico. Ela vai ficar lá até estar pronta para enfrentar nosso outro irmão.
Steve: Você ainda considera esse desgraçado, filho da puta como nosso irmão?!

Alex o ignora. Ela se ajoelha diante de um buraco que não estava ali antes. Dá no que parece uma porta num corredor daqueles prédios simples, onde mora gente simples, que vive vidas simples. Em seguida, Alex segura o pequeno embrulho branco. É possível ver um rostinho com uma mecha de cabelo preto caindo. Foi onde Alex lhe deu um último beijinho delicado, seguido de um "Adeus". Antes de colocar a criança na frente da porta, Alex colocou sobre ela um pedaço de papel com o nome "Danielle", e em seguida a deixou na beirada da porta, esticou a mão pra dentro do portal e bateu na porta.

Uma mulher de avental e roupas muito simples saiu do pequeno apartamento, olhou para os lados e viu a criança, que definitivamente não deveria estar ali. Ela estranhou nos primeiros momentos, mas logo em seguida se apiedou, pegou-a no colo e levou-a para dentro de seu humilde novo lar. Alex observou tudo e sorriu. Sua filha agora tinha um lar!

A felicidade foi cortada por uma risada, típica de vilão maníaco por conquistar o mundo. Os dois irmãos se juntaram, preparados para lutar até o fim, mesmo sabendo que perderiam e que a esperança dos dois mundos estava na menina deixada para ser criada por um simples casal.