It Has To be You

Quando acordo de manhã, e me deparo com o lado direito da cama vazio, só consigo pensar em como gostaria que estivesse aqui. Lembro de como você acordava todo animado, dos dias em que depositava sua cabeça sobre o meu peitoral, e com um sorriso no rosto, chamava pelo meu nome.

Dizia que era hora de acordar. Que não queria que eu me atrasasse ou perdesse o dia. Algumas vezes por ele estar incrivelmente bonito, em outras somente para ter a minha companhia. Existiam dias em que era ainda mais difícil você despertar a minha atenção, então fazia apostas mais altas, como usar um tom de voz sexy ou me encher de beijos no rosto.

Eu sei, eu ficava sempre muito puto, mas a verdade é que... eu gostava. Era incrivelmente bom, do tipo, preenchia o meu dia, mesmo que na época eu não percebesse o quanto me ajudava. E, no momento, eu me pergunto se, por acaso, o meu jeito te invadia com inúmeras dúvidas ou se você tinha certeza sobre meus sentimentos por você.

E então, acordar se tornou ainda mais complicado. No início, praticamente impossível. A minha vontade era alcançar você, buscar você. Eu só encontrava ânimo para isso, para pensar em você. Mantê-lo vivo dentro de mim, pelo menos. Nesse tempo, um vazio enorme pareceu me invadir, as coisas pareciam não ter sentido, e como poderiam? Ter você comigo era a minha rotina.

Eu acordava, e você estava lá.

Eu ia trabalhar, e quando chegava em casa, você estava lá, pronto para me receber de braços abertos.

Quando a noite chegava, adormecíamos juntos, quase sem querer, tudo por causa do cansaço e também do conforto que um proporcionava ao outro, como se disséssemos “você é bem-vindo, fique à vontade”.

E é, você estava lá. Estava aqui. Estava comigo, em todo lugar.

Eu via o seu sorriso, e por alguns instantes conseguia esquecer toda a tensão que sentia. A gente conversava, trocava ideias, e tudo parecia acontecer e fluir da maneira correta. Como eu sinto falta disso, de alguém que me dê uma luz, uma direção, que aponte um caminho. Não... é mais do que isso.

Como eu sinto falta de você, que me compreendia. Sim, compreensão. Não existia medo em mim quando conversávamos. Eu podia ser quem eu era, e sabia que no fim do dia estaria tudo bem. Trocaríamos risadas, xingamentos, palavras de desculpa ou até mesmo as maiores bobagens já vistas na face da terra, mas tudo estaria bem, tudo valeria a pena, já que era com você.

Muito tempo se passou desde que você se foi, e ainda assim, meu coração não consegue aceitar. Esse peso... ele não vai embora. O que eu faço? Já tentei de tudo, ruivinho... tsc. Já tentei de tudo. A dor não sara, ela não passa, não some. Continua ali, só esperando o momento certo para agir, para aparecer e me derrubar de vez. Está sempre à espreita.

Eu sei, eu sei. Você disse que não queria me ver assim, eu continuo tentando melhorar, todos os dias. Ainda não desisti, sabe. Mas é, é mais forte do que eu. Infinitamente mais forte. Tentei tirar você da minha vida. Escondi tudo que me lembrava de você, inclusive nossas fotos. Tudo. E foi infinitamente pior, pois eu não queria acreditar que era real.

Em estado de negação, voltei com todas as coisas para o seu devido lugar, e todos os dias, fico a apreciar alguma foto nossa. Juntos... e eu vejo seu sorriso nelas. Ele ainda tem o poder de iluminar os meus dias. É um lindo sorriso. Tão sincero, tão honesto. Tão... real.

E aí, só consigo pensar... que tem que ser você, Kirishima. Só você e eu, e mais ninguém.  

Sem você, na minha vida e nesse mundo, as coisas não fazem sentido. Eu... sinto a sua falta. Eu sinto tanto a sua falta, merda. Tudo que eu quero, hoje, agora e sempre, é alcançar a sua mão novamente. Só assim me sentirei bem novamente. Só assim... com você.

Sozinho, tentava enxugar suas próprias lágrimas. Sem sucesso...