Dusk Till Dawn escrita por dracromalfoy


Capítulo 14
Capítulo Quatorze


Notas iniciais do capítulo

hello hello, mais uma att (oba).
Primeiramente quero pedir desculpa pelo capítulo enorme. Eu pensei em dividir em duas partes, mas achei que não ia ficar bom.
A história vai começar a andar realmente agora e (spoiler) no próximo capítulo tem uma passagem de tempo (e também é maiorzinho, então me desculpem!)

Achei que não iria ter mais ninguém por aqui, mas o último capítulo até que teve bastante visualizações (no nyah, pq no spirit acho que ninguém ligou muito lkkkkkkkk) então peço por favor que não sejam leitores fantasma e me digam o que estão achando, beleza?? Adoro ter retorno de você ❤️
Boa leitura, desculpa qualquer erro!



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DUSK TILL DAWN

Capítulo XIV

 

Sirius entrou em contato comigo pelo menos dez vezes naquela semana. Aquela era a terceira vez apenas no dia.

Eu estava procurando uma blusa de frio dentro da minha mala e pedi para que Marlene atendesse o celular e, pelo que percebi, ela pareceu achar tudo muito divertido. Sirius estava extasiado, eu conseguia saber isso pela forma como sua voz saía estridente pelo celular e, mesmo sem estar no viva voz, eu conseguia ouvir cada palavra do que ele dizia – inclusive foi assim que eu descobri que ele estava dando em cima de Marlene, descaradamente.

— O que ele queria? — Perguntei assim que ela desligou, segurando a risada. — Aposto que não era nada tão importante.

— Parece que ele desistiu daquela festa que iria dar no apartamento dele. — Marlene riu, entregando-me o celular. — Disse que está muito em cima da hora e aproveitou para te xingar, porque você deveria ter avisado antes que estava vindo para Hogsmeade. Ao invés da festa, ele vai fazer uma social no mesmo local e horário. Não precisamos levar nada, porque somos convidadas de honra.

— Não é a mesma coisa? — Questionei sentando-me na ponta da cama. — Uma social e uma festa?

Marlene não respondeu, apenas me encarou com uma careta esquisita.

— Você está preparada para encarar James novamente?

— É claro que sim, Marlene. Conheço James a minha vida toda, não vai ser nada anormal encontrá-lo de novo.

Menti para ela e para mim mesma. Eu não estava pronta para ver James novamente, principalmente se ele estivesse com Emmeline. Eu havia esquecido completamente de Emme, até Sirius mencioná-la numa de nossas conversas pelo telefone. Foi rapidamente, ele nem mesmo deve ter notado que falou dela, mas para ser sincera, foi a única coisa que realmente prestei atenção.

Emmeline tinha sido uma das minhas melhores amigas por muito tempo. Saber que ela e James tinham alguma coisa – mesmo que não fosse nada sério, conforme dissera Sirius – me deixava um pouco chateada. Eu sabia que ele, em algum momento, iria seguir em frente. É claro que ele iria se envolver com outra pessoa, mas eu não esperava e não queria que fosse com uma pessoa tão próxima de mim, alguém que eu confiava tanto e que sabia o quanto ele era importante na minha vida.

Eu havia mandado mensagem para Alice mais cedo, avisando que estava na cidade e perguntando se ela queria ir na social de Sirius, mas infelizmente ela dissera que estava viajando com os pais de Frank, então não daria para ir. Desejei muito que ela estivesse na cidade e que eu pudesse correr para ela. Alice era uma das pessoas mais importantes da minha adolescência e eu queria vê-la novamente e lembrar a mim mesma que eu ainda podia contar com algumas pessoas.

Emmeline não era uma delas.

Eu me repreendi em seguida, pensando em como eu estava sendo ridícula. Emmeline não era minha rival – nunca seria. James e eu estávamos separados, não tínhamos mais nada e se ele estava ou não com ela  não era da minha conta. No fim, minha amizade com ela e todos os momentos que passamos juntas deveria prevalecer, não poderia deixar um garoto no meio de nós duas.

Suspirei fundo e tentei ficar animada para vê-la novamente.

Quando a social de Sirius finalmente chegou, Marlene parecia muito mais animada que eu. Eu sabia que ela adorava fazer novas amizades e conhecer outras pessoas, por isso tentei me animar por ela, que estava muito feliz de poder conhecer todas as pessoas de quem eu tanto falei, por meses.

Ela estava deslumbrante numa calça preta apertada em suas coxas e que se abria abaixo dos joelhos, uma blusa preta de veludo que deixava os ombros à mostra e joias brilhantes que dava o toque final. Sua pele branca se destacava perfeitamente às vestes negras. Avisei a ela que estava realmente frio, mas ela não pareceu se importar com isso.

Eu, no entanto, estava muito confortável com minha calça jeans usual, minhas botas e com três blusas de frio para me proteger durante a noite. Marlene riu de mim, dizendo que eu ficava adorável quando estava toda agasalhada. Disse a mim mesma que iria levar o “adorável” como um elogio e fingir que não notara seu tom de sarcasmo.

Quando chegamos ao apartamento de Sirius, não tinha nenhuma música – e acredito que esse era o motivo dele ter dito que não seria uma festa, o que fazia todo sentido visto que era um condomínio no centro de Hogsmeade e que o som alto seria muita falta de juízo. Ri comigo mesma pensando que com certeza não fora Sirius quem percebera que seria uma má ideia. Eu apostaria minhas fichas em Remus.

— Lily! Lily! Ah, meu Deus, é mesmo você, Lily! — Hestia vinha correndo na minha direção, quase derrubando sua bebida e com um sorriso enorme. Eu não conseguiria descrever o quanto me senti feliz em vê-la tão animada e contente por eu estar ali. — Ah, meu Deus! Que saudade eu senti de você. Como você está? Uau, está muito linda, diferente!

— Alô Hestia — eu a abracei forte, sentindo seu perfume doce. — Senti saudade também. Você está bronzeada.

— A America do Sul me deixou assim — ela respondeu rindo. — Eu também devo estar pesando uns dez quilos a mais.

— Está linda como sempre foi. — Hestia abriu um sorriso ainda maior. Nesse momento, Remus se aproximou e me abraçou também. — Olá, Remus. Ah, quanto tempo! Marlene, esses são meus amigos, Hestia Jones, estudamos juntas desde o jardim de infância. Esse é Remus Lupin, meu amigo com mais juízo na cabeça. Gente, essa é a Marlene McKinnon, nós moramos juntas em Nova Haven, ela também estuda na Yale.

Marlene os cumprimentou animada, dando beijinhos no rosto e aproveitando para elogiar a maquiagem de Hestia, que estava bem carregada e com sardinhas falsas na bochecha. “Fiz inspirada nas de Lily” dissera ela, sorrindo ainda mais.

Fui entrando no apartamento e num dos sofás havia muitas outras pessoas conversando e rindo alto com seus copos de bebida. Mais ao canto, localizei Emmeline Vance, James Potter, Sirius e Andrômeda Black, Ted Tonks, Fábio Prewett e Peter Pettigrew. Abracei cada um deles e, naquele momento, não houve nenhuma estranheza entre James e eu. Estávamos entre amigos, felizes, não havia motivos para ficar embaraçada por abraçá-lo – coisa que eu havia feito milhares de vezes. 

Apresentei Marlene a cada um deles, falando novamente quem era, que morávamos juntas, que ela estudava na Yale e tudo mais. James fez um comentário descontraído sobre o dia que ligamos para ver o apartamento e ninguém pareceu notar quando ele disse que estava comigo e que ficara preocupado que ela não tivesse muito juízo – muito pelo contrário, todos apenas riram e Marlene parecia se divertir muito com eles.

Enquanto Marlene elogiava alguma coisa a respeito de Andrômeda, Hestia veio falar comigo novamente, ainda com sua animação habitual.

— E o que você está achando da Yale, Lily? Do curso? — Perguntou, me servindo um copo de bebida, que até então eu não fazia ideia do que poderia ser. — É uma das melhores universidades dos Estados Unidos, deve ser bem difícil, não é?

— Foi bem tranquilo nas primeiras semanas, mas o fim do trimestre acabou comigo — comentei rindo. — a Marlene estava a ponto de surtar, também. Ela faz Veterinária e estava me deixando louca, também.

— E me diz, você conheceu alguém? Pode me contar, não vou contar para o James!

— Hestia! — Repreendeu Lupin, que havia também se aproximado de nós duas para pegar mais bebida. — Como pode ver, Lily, ela não mudou em nada.

— Conheci muitas pessoas legais, Hestia. Queria poder apresentar vocês a cada uma delas. — Hestia me abraçou novamente e eu percebi que havia uma lágrima descendo por sua bochecha. — Por que você está chorando? Vai borrar as suas sardinhas adoráveis, por favor...

Remus soltou uma risada calorosa e abraçou a namorada, beijando o topo da sua cabeça.

— M-me desculpe, Lily! Nossa, de repente fiquei muito nostálgica, entende. Fico muito feliz por estar na Argentina com os amigos que amo, mas sinto falta de tudo que vivemos aqui. — Ela segurou Remus mais forte e tocou minha mão. — Vivemos grandes coisas em Hogsmeade, não foi? Os momentos mais memoráveis da minha vida, eu estava com você, com a Alice e com a Emme.

Eu a abracei novamente e não saberia descrever o que senti naquele momento. Parecia irreal estar ali naquela situação tão cotidiana tantos meses depois. Já havia estado naquele apartamento de Sirius milhares de vezes, já estive ali sozinha com Sirius para ajudá-lo a estudar, já estivera com James, quando queríamos privacidade e não tínhamos para onde ir. Já fizemos jantares incríveis com a mesa cheia e alguns de nós sentados no tapete felpudo por não ter mais cadeira. Já estivemos ajudando na faxina, apenas jogando conversa fora, apenas “passando para dar um alô.”

Todas as pessoas ali (salvo uma ou outra) fizeram parte da minha vida de alguma forma, nem que fosse por breves momentos, por acontecimentos pequenos. Estiveram comigo em algum momento e era estranho olhar para cada uma delas e saber que o futuro trilhava seus caminhos de forma completamente diferente do que poderia ter imaginado anos atrás.

Eu sentia o que Hestia dizia.

E sentia o que ela dissera sobre Alice e Emmeline. Fiquei mal porque queria absurdamente ver Alice novamente, porque me lembrei de como ela estava comigo na minha última briga com James antes de ir embora e porque eu a amava, sentia sua falta. E tinha Emmeline, que me cumprimentara com muita educação assim como todas as outras pessoas, mas faltou algo. Faltou um pouquinho da saudade e carinho que Hestia sentira e demonstrara.

Antes de ir embora para Nova Haven, eu havia pensado em como seria retornar a Hogsmeade. Nos meus pensamentos, eu iria correr em direção de Alice, Hestia e Emmeline e iria abraçá-las muito forte, não iria querer soltá-las. Porém, é claro que isso fora frustrado. Assim como a reação de James, assim como minha relação com James.

Percebendo a minha expressão provavelmente frustrada, Remus segurou meu ombro levemente.

— Todos nós estávamos com muita saudade, Lily. — Disse.

— Também senti, Remus. Me diga, como estão as coisas? A galeria?

— Sirius está muito animado, parece promissor, entende? E eu também tive a oportunidade de conhecer coisas a respeito de mim mesmo nesse tempo, trabalhei bastante com ele nas suas artes, acho que tem sido incrível. E James se mostrou um ótimo administrador, acredita?

— Sempre achei que ele tivesse vocação para isso.

— Ah, meu Deus, Hestia, já chega — Remus ralhou, Hestia começara novamente a chorar. — Só um minuto, acho que ela está bêbada. Venha, vamos lavar esse rosto.

Marlene apareceu do meu lado novamente, se servindo de mais bebida.

— Você nunca me disse que sua amiga Emmeline era tão gata! — Marlene cochichou, enchendo o meu copo. — Ela tem cara de malvada sabe? É sexy.

— Emmeline não tem nada de malvada. — Eu disse rindo e bebendo mais um pouco. — Na verdade, estou estranhando que ela esteja tão quieta, geralmente é muito mais animada.

— Tem alguma coisa a ver com o James? Ela não parava de olhar de você para ele. E está com a cara fechada desde que chegamos.

— O que está insinuando? Eu achei que ela ficou bem estranha também. Me cumprimentou muito seca, sabe? Nós éramos tão amigas, Lene.

— Ela pode estar só tímida depois de tantos meses, Lily.

— Emmeline não é tímida. Nossa, eu estou me sentindo muito mal agora. Eu a amaldiçoei várias vezes na minha cabeça por causa do James, mas agora vejo como isso é ridículo e me sinto muito mal por ter pensado certas coisas. Droga, era para nós estarmos felizes, contando as novidades.

— Chame ela para conversar, ué. Nossa, você é muito complicada, Lily Evans. Anda, chame. E me apresente para ela, quem sabe...

— A Emmeline não gosta de garotas, Marlene.

Marlene revirou os olhos e me deu uma cotovelada. Eu a repreendi rindo e olhei em direção a Emmeline, que estava olhando para nós duas com a cara fechada e totalmente alheia da conversa que se seguia ao seu lado entre o grupo de amigos.

— Emme! Ei! Vem cá! — Eu a chamei, pedindo por favor a Deus ou a qualquer divindade que ela não me virasse a cara e comprovasse o que eu estava pensando.

Porém ela só apontou para si mesma confirmando que eu a chamava e depois se aproximou, parecendo apreensiva.

— Oi, Lily. — Ela forçou um sorriso para mim e para Marlene. — Como você está?

— Ótima, estava te achando muito sozinha ali. Céus, o Sirius já está bêbado. — Emmeline forçou outro sorriso e eu pensei que não fosse conseguir continuar aquela conversa que mal começara. — Escute, já te apresentei a Marlene, né?

— Prazer — Marlene estendeu uma das mãos e Emmeline a apertou, sem muita emoção. Ela vestia uma saia de couro por cima de uma meia calça grossa e uma camiseta cinza, com jaqueta por cima. Estava muito linda. — Nossa, eu adorei sua saia!

— Obrigada. Bem, sou Emmeline, como a Lily disse. Vocês moram juntas, não é?

— Sim, moramos faz alguns meses, Lily tem se adaptado muito bem aos Estados Unidos, reparou como o sotaque dela parece ter quase sumido?

— Hestia e eu ficamos preocupadas que talvez ela não se enturmasse, ela sempre foi muito na dela. — Emmeline contou, olhando-me brevemente, mas eu me sentia alheia a conversa.

 — Que sorte a dela que eu me enturmei muito bem com ela. — Marlene riu, tirando uma risada de Emmeline também.  — Ah, Deus, esqueci de tomar meu remédio. Já venho, meninas, vou pedir para o Sirius me mostrar onde fica a cozinha.

Fiz uma careta diante daquilo, porque sabia muito bem que Marlene não tomava nenhum remédio e porque a cozinha era ali do lado. Porém estava muito claro qual era sua intenção e Emmeline, por sua vez, não pareceu se preocupar com aquilo.

— Emme...

— Podemos conversar em outro lugar? — Questionou. Sua expressão e urgência demonstravam que estava querendo me perguntar aquilo e que, talvez, o motivo dela estar tão distante desde que eu chegara era porque estava se segurando para me dizer algo, estava pensando de qual forma poderia ficar sozinha comigo para conversar.

— Claro, onde vamos?

Emme pegou minha mão e me levou em direção ao quarto de Sirius. Pensei em dizer a ela que provavelmente estava trancado, mas ela parou no meio do corredor e pegou a chave no meio de um vaso com uma planta artificial. Logo em seguida, entramos no quarto de Sirius que estava um pouco bagunçado, mas também vazio. Provavelmente ele não dormira ali nenhuma vez desde que voltara.

— Lily, eu sei que... — Ela respirou fundo e se encostou na porta, juntou as mãos diante do corpo e suspirou mais uma vez. Emmeline não costumava ficar nervosa para falar com ninguém. — Eu sei que você deve ter visto fotos de mim e James juntos, sei que você deve ter ouvido alguns boatos sobre nós dois e...

— Emme...

— Não, me deixe falar tudo, por favor. — Ela fechou os olhos e depois me encarou ferozmente. Balancei a cabeça e a deixei prosseguir. — Eu sei que deve ter me odiado e quero que saiba que eu fiquei transtornada. Eu fiquei com medo que me odiasse e me sentindo uma pessoa horrível. Vocês acham, e eu sei que acham isso, que eu não sinto as coisas, que não sinto nada, mas eu sinto e sinto muito, mesmo que guarde tudo pra mim. Eu fiquei me sentindo culpada e com medo do que isso significaria para você. Por isso que evitei você por meses, não mandei mensagens e nem liguei para você durante esse tempo. Eu tive medo que me odiasse.

— Eu nunca odiaria você, Emme.

— Fico feliz de saber disso, mas não sei se vai continuar tendo essa mesma opinião. Bem, sim, James e eu temos... Algo. Não estamos namorando, não é nada sério, mas aconteceu, e quero que você saiba que eu não planejei nada disso, não fui para Buenos Aires com eles porque queria roubar seu namorado e nem fiquei feliz quando soube que terminaram. Apenas aconteceu.

— Está tudo bem, Emmeline. Eu já esperava por isso, tudo bem? Sabia que havia acontecido algo entre vocês. Eu fiquei com raiva em diversos momentos, fiquei me perguntando onde estava sua consideração por mim e porque você havia feito aquilo, mas eu repensei e esses pensamentos não nos levam a lugar nenhum. James ficou no meu passado, nós dois concordamos que o que tínhamos nunca daria certo há tantos quilômetros de distância e, a partir desse momento, ele estava livre para você.

— Sim, é sobre isso que quero falar e espero que me ouça bem e, principalmente, tente entender, beleza? — Emmeline andou pelo quarto de Sirius e massageou os olhos, depois encostou-se na parede de frente para mim. — Eu ouvi uma conversa de James com Remus hoje de manhã, logo depois que acordei, eu não queria ter ouvido, mas ouvi. James estava ansioso, estava falando sobre você, criando expectativas. Sabe o que é isso? Ele deixou para trás o momento em que só estava nervoso e inseguro de revê-la e estava, então, ansioso para ver você. Mas, deixe eu te contar uma coisa, você pode imaginar como James ficou quando você foi embora e pode imaginar como ele ficou quando ele foi para a Argentina, mas eu garanto a você de que o que você imaginou não chega perto da realidade. Eu estive aqui, eu vi como foi. Eu estive ao lado dele, Lily.

— O que você quer dizer com isso?

— Quero dizer que todos nós temos responsabilidades com o que entregamos aos outros. E você sabia disso quanto terminou com James. É sua responsabilidade deixá-lo seguir em frente.

— Ótimo, porque não estou colocando nenhum obstáculo, estou? James já adulto, Emmeline, ele não precisa que nós duas tenhamos uma conversa franca sobre ele e sobre os sentimentos dele.

— Aonde eu quero chegar, Lily, é que eu estou disposta a ficar ao lado de James e, se depender de mim, ele irá superá-la e seguir em frente, sim. Não posso obrigá-lo a ficar comigo, mas eu nutri sentimentos por ele durante esses meses e quero que dê certo. Eu ainda estou aqui e estou disposta a ir a qualquer lugar, seja a Argentina ou seja qualquer outro país. Acho que chegou o momento de eu me estabelecer com alguém. — Emmeline me encarou, muito séria, e eu não entendi o ponto daquela conversa. — E você tem razão, ele já é adulto e sabe cuidar dos seus sentimentos, e é por isso que estou aqui falando com você, não se trata mais dos sentimentos dele, e sim dos meus.

— Não vou ficar no seu caminho, espero que sejam felizes.

Eu estava indo em direção a porta, mas Emmeline segurou meu braço.

— Lily. — Eu me virei para ela e os seus olhos estavam cheios de lágrimas. — Espere. Eu estou te falando tudo isso porque amo você, porra. Eu amo você e acho que gosto de James. Estou confusa, com medo e me sentindo uma merda. Acho ridículo isso tudo, entende? Acho ridículo que nossa amizade tenha ficado abalada por causa... por causa de um homem!

— Emmeline, escute o que vou dizer. — Eu segurei suas mãos e lutei contra as lágrimas o máximo que pude. — Eu nunca mais pretendo deixar homem nenhum ficar entre eu e uma amiga. Eu me sinto péssima de lembrar que pensei coisas horríveis de você. Estou em outra vida agora, tenho planos incríveis pro meu futuro e nenhum deles envolve James, por mais que isso me doa muito. Eu o amo, sempre vou amar. Acho que nunca conseguiria esquecer tudo que vivi com ele, mas estou em outro lugar e nada me traria de volta para o que eu era antes. Então, se você, que é e sempre foi minha amiga, está me dizendo que quer isso para você, não vou me colocar entre vocês dois.

Emmeline me abraçou. Eu sentia como se estivesse com o coração prestes a se despedaçar, doía muito, doera muito ouvir tudo que ouvi, saber tudo que ela havia dito, mas, no fim, o seu abraço parecia me reconfortar. Eu não podia deixar que ela me soltasse.

Algumas horas depois, Marlene e eu estávamos a caminho da minha casa. Tínhamos bebido bastante, mas não estávamos tão bêbadas, porque paramos de beber em determinado momento e passamos a beber bastante água – por minha insistência.

Emmeline e eu voltamos para a sala depois daquela conversa e eu notei o olhar de James sobre mim, mas fiz de tudo para evitá-lo o máximo que consegui. Tinha certeza de que ele não fazia ideia que Emme sentia algo por ele e que queria levar aquilo adiante, mas também não cabia a mim esclarecer aquilo. Poderia ter dito a ela que não ficaria entre os dois, mas de modo algum que iria contribuir ou ajudar que ficassem juntos.

Ao todo, foi muito divertido. Hestia ficou bêbada muito rápido e começou a chorar descontroladamente, dizendo que amava todo mundo e sentia falta de poder beber sempre com eles. Remus teve que dar banho nela depois de vomitar em cima de si mesma e chorar novamente com isso. Sirius ficou muito mais bêbado, mas como já era experiente nisso, ele apenas ficou ainda mais alegre do que o normal e passou a irritar a todos e fazer bagunça – que sobraria para ele mesmo limpar depois.

Conversei com todo mundo, contei sobre a faculdade, Marlene aproveitou para contar histórias que passamos juntas e se divertir sempre que se lembrava de algum detalhe constrangedor. Andrômeda me contou que iria tentar uma bolsa na Yale no próximo ano e ficamos um bom tempo conversando sobre isso.

James tentou puxar conversa comigo várias vezes e eu respondi numa boa, não queria ser grosseira, mas também não queria aprofundar o assunto.

Quando saímos do condomínio, Marlene estava muito quieta e eu sabia que estava exausta e querendo desesperadamente dormir. Ela ficava incomunicável ao final de qualquer socialização que contava com bebida.

Estávamos andando em silêncio quando ouvi meu nome e logo em seguida alguém chamar a atenção da pessoa que gritava.

James.

Ele veio correndo em minha direção e Marlene e eu nos viramos para olhar. Marlene me encarou por um segundo e encarou a sobrancelha, deixando um sorriso muito contido escapar.

— Vou indo na frente.

— Tá bom. Não ande muito depressa, fique numa distância que eu consiga te alcançar, tudo bem?

Marlene foi andando enquanto James se aproximava mais. Todo meu plano de evitá-lo enquanto podia estava indo por água abaixo. Nos cumprimentamos com um breve “oi” e ele passou a andar ao meu lado.

— Eu tive a impressão de que você estava me evitando — Disse ele. — estava?

— É claro que não.

— Certo. Eu não soube como demonstrar isso quando estava na sua casa, e acho que hoje muito menos, mas eu fiquei muito feliz em te ver novamente, Lily. Você está linda. — Ele me olhou nos olhos e eu fiz de tudo para desviar o olhar. — Eu tinha esquecido como é bom olhar pra você.

Eu sabia que não podia cair naquela conversa do James, mas era muito difícil porque sabia que ele estava sendo sincero. Passei anos com ele, sabia quando dizia a verdade e tinha certeza que sua saudade era genuína, porque a minha também era. Eu queria abraçá-lo e fazer promessas, planos, dizer que, talvez, daqui alguns anos... Queria falar da saudade que eu sentira, do amor que ainda sentia.

Porém eu sabia que não era mais tempo para viver sob falsas esperanças e sim de focar no que era possível. James estava fora de cogitação. Eu morava nos Estados Unidos, ele na Argentina. Eu não tinha planos de voltar, ele também não.

— Acho que você demonstra muito mais do que desejaria, James. — Ele me olhou com aquele olhar curioso, seus lábios se curvaram num sorriso sutil. Eu olhei em volta e sorri também, dizendo: — Lembra quantas vezes já fizemos esse caminho? Minha mãe queria morrer toda vez que você me levava embora a pé tarde da noite, e depois voltava sozinho pra casa.

— Na maioria das vezes eu voltava para cá, minha casa é bem mais longe. — Recordou. — É estranho pensar que qualquer coisa possa acontecer aqui, conhecemos praticamente todo mundo. É a cidade mais calma que existe para se morar.

— Tem razão. E mesmo assim ela se preocupava. Acho que se preocupava muito mais com você do que comigo.

James riu, sua risada ecoou na rua deserta e silenciosa. Eu não queria pensar em como sentira falta da sua risada, mas era verdade.

— Eu daria tudo pra voltar para quando fazíamos esse caminho sempre. — Confessou. Seu sorriso vacilou e ele desviou o olhar.

Queria dizer que também, que faria tudo para voltar para a época que tudo era simples e fácil. A época que eu iria chegar em casa e ter certeza de que o veria no outro dia, e no outro, e no outro.

— Mas o nosso caminho é em frente, James. Não se chega a lugar nenhum andando para trás.

Minha resposta pareceu pegá-lo de surpresa.

— Sim, e eu não pretendo de forma alguma fazê-la andar pra trás, Lily. Eu falei sério, meses atrás, antes de você ir embora. Você merece o mundo, tenho certeza que vai conquistar tudo que sempre sonhou.

Eu não pude deixar de rir sem nenhuma emoção da sua resposta.

— Meses atrás eu achava que meus sonhos estavam aqui em Hogsmeade. Eu não sabia que estaria sonhando com nada além disso. Nada além de Hogsmeade e você.

Por um longo momento, ele apenas assentiu e não disse mais nada. Quando abri a boca para dizer mais alguma coisa antes que o silêncio ficasse desconfortável, ele disse:

— E eu te culpei quando soube que você havia mudado de ideia, mesmo que tenha feito o meu melhor para disfarçar isso. Me arrependo disso também. Nunca foi culpa sua. — Nós dois ficamos em silêncio e eu me recordei daqueles últimos dias, daqueles últimos beijos. De como eu sentia seu amor vívido em mim. — E agora eu sei que nada é pra sempre quando se tem quinze anos, ou dezesseis, ou dezessete. A vida está mal começando. Somos muito ingênuos, não é mesmo?

— Creio que sim.

James parou de andar e, por instinto, eu parei também. Seus olhos encontraram os meus e não tive forças para desviar. Ele chegou mais perto de mim, suas mãos tocaram meu rosto e eu achei que ele fosse me beijar. Disse para mim mesma que eu não poderia beijá-lo, mas não foi preciso recuar, pois ele nem mesmo tentou.

— Eu não sei se um dia vou te esquecer ou deixar de te amar, Lily Evans. — Ele sorriu ao dizer isso, mas seu sorriso era triste. — Provavelmente não. Nem se eu tentasse, desse meu melhor. Mas eu entendo agora que não posso continuar remoendo essa sentimento e preciso me acostumar com a ideia de despedidas. Despedidas de verdade, e não “até logo”. Eu entendo perfeitamente porque você me pediu para nunca mais te procurar e porque disse que iria mudar seu número. E entendo que continuarmos a conversar foi um erro, deveríamos ter colocado um ponto final nisso. Se tivéssemos feito isso, não teríamos nos machucado tanto.

Eu abri a boca para responder, mas as palavras sumiram. Meus olhos ardiam porque eu não queria que as lágrimas saíssem.

 — Se a gente se encontrar no futuro — ele continuou — e nesse ponto eu acredito que isso seja muito difícil, porque eu não quero mais cruzar nossos caminhos, eu espero que eu te encontre feliz e realizada. Quero que você seja tudo aquilo que deseja ser. E, quando eu digo que não quero mais cruzar nossos caminhos, é porque sei que, independente  do ano, da época, da situação, eu ainda vou amar você.

— James...

Ele beijou minha testa e me olhou por mais cinco segundos antes de dar as costas e voltar para o condomínio. Eu fiquei parada olhando-o, sem ter forças de dizer nada. Marlene se aproximou e me conduziu para que voltássemos para minha casa.

Eu estava chorando, muito.

Sentia as lágrimas descendo pelo meu resto descontroladamente. Marlene não falou e nem perguntou nada. No fundo, ela sabia que eu precisava passar por aquilo sozinha. Mas nenhuma de nós imaginava que eu só veria James novamente dali a dez anos.


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