O sol foi surgindo preguiçosamente na manhã de domingo e iluminando o quarto que esquecemos com as cortinas abertas, a noite anterior ainda retornava pra mim com flashes distorcidos, meu corpo pressionado contra o volante do carro, as mãos de Tiago em toda parte, os vidros embaçados e um casal de velhinhos horrorizados.

Virei para o outro lado da cama e dei de cara com um Tiago no mais profundo nível do sono, ele era lindo, e estava mais lindo ainda na noite anterior quando fomos num clube de dança que ele descobriu, a camisa preta que ele usava ressaltava a beleza do seu corpo e combinava perfeitamente com meu vestido vermelho, e nos divertimos tanto, dançamos a noite toda.

Mas na volta, ah sim, eu acabei lembrando da palhaçada. Talvez minha calcinha ainda estivesse no chão do carro porque Tiago havia me convencido, não sei como, a transar em um veículo, e felizmente eu não estava arrependida, nem um pouquinho.

CH

— Tem um lugar que temos que ir hoje à tarde. _ disse Tiago enquanto virava um bife de carne na frigideira, nossas habilidades só melhoravam a cada dia graças a um novo blog de receitas que encontramos na internet.

— E onde é?

— Você vai ver...

— Nossa... você não vai dar nem uma pista?

— Hum... é um lugar que vende coisas.

— Hã? Mas existem infinitos lugares que vendem coisas!

Tiago arqueou as sobrancelhas.

— Ok. Você vai me fazer ficar pensando nisso a tarde toda? _ indaguei.

— A tarde toda não, só metade.

Arquejei.

— Que pilantra você é!

Tiago riu.

— Você vai gostar. _ disse ele dando uma piscadela pra mim, fazendo meu coração derreter.

CH

Quando chegamos em frente à loja eu ainda não sabia do que se tratava. Tiago segurou a minha mão e entramos. Do lado de dentro fui perceber o que havíamos ido fazer ali, a fachada discreta da loja não deixava transparecer as coisas valiosas que tinham ali dentro, uma variedade de joias, de todos os tipos.

Tiago me conduziu a um balcão e um senhor de cabelos brancos sorriu quando viu seu novo cliente.

— Bom tarde meu rapaz.

— Boa tarde senhor André, separou o que lhe pedi?

— Claro. _ o vendedor pegou uma maleta com vários modelos de anéis e a colocou diante de nós. _ Quando será o casamento?

— O mais rápido possível. _ disse Tiago sorrindo enquanto eu analisava os anéis, um mais lindo que o outro, e sentia meu coração bater mais forte, nunca tinha me sentido assim em toda a minha vida. _ Vamos escolher amor? Preciso da sua opinião.

Tiago me tirou do meu devaneio e então olhei pra ele.

— Eu amo você.

— Também amo você. _ disse ele sorrindo _ Mas não podemos deixar o senhor André esperando.

— Claro. _ falei suspirando, diante de uma das escolhas mais difíceis da minha vida.

Ah qual é, não é todo dia que se casa e nem se escolhe anel.