P.O.V. Chloe.

Eu não acredito. Esse tempo todo era verdade, era tudo verdade.

—Detetive.

—Como?

—Como o que?

—Como isso é possível?

—Pergunte ao meu pai.

—Quem mais sabe?

—Só você e a Doutora Linda.

—Amenediel?

—Um arcanjo, como eu.

Estávamos conversando quando Dan entra na sala.

—Ei Chloe, eu acho que temos um caso de vítimas especiais.

—Certo. Estou indo.

—Vítimas especiais?

—Casos de estupro, Lúcifer.

Eu fui até a entrada da delegacia e a garota estava lá, usando um vestido branco. Ela não usava sapatos e parecia um pouco avoada.

—Oi. Eu sou...

—Chloe Decker.

—Isso. Isso ai é sangue?

—Sim. Eu suponho que seja.

—Você está bem?

—Vou ficar. Assim que aquele traidor der as caras. Lúcifer! Lúcifer! Venha e enfrente a minha fúria seu traidor!

Lúcifer apareceu e ficou bravo.

—Quem ousa me chamar de traidor?!

Ele ficou paralisado quando viu a garota. Então, os olhos dela ficaram com dois pontinhos vermelhos e as mãos pareciam estar em brasa.

—Alecto.

—Eu sugiro que abaixe esse tom ao se dirigir a mim garoto. Eu te ensinei tudo o que você sabe. Enquanto seus pais te expulsaram e viraram as costas pra você eu te acolhi. Te ensinei a fazer os pactos e nós tínhamos o nosso. Um pacto feito a dois mil anos! Assinado com o nosso sangue! Sob a luz da lua cheia!

—Eu sei muito bem. Foi o meu primeiro pacto.

Eles começaram a se mover, virando em volta. Parecia que iriam se atacar a qualquer momento.

—Dentre todos os pactos que poderia ter quebrado, de todos que poderia ter traído... foi trair logo a mim?

—Eu não trai você!

—Não?! Quando eu soube que estava entre os mortais, eu não me importei. Mazekeein me disse que você decidir sair de férias. Mas, então eu descobri que estava... trabalhando com a polícia. Então, eu soube do tal Jimmy Barnes. Ele é meu! Todos eles são meus! Os vivos são meus! Você está invadindo o meu território!

Lúcifer voou longe. E eles começaram a se atracar.

—Eu não queria invadir. Eu não quebrei o pacto de propósito. Eu nem percebi.

—Então pare. Pare agora. Arrume outro emprego. Porque se eu tiver que voltar aqui Lúcifer, nem o seu pai vai poder protegê-lo da minha ira!

Ela largou do terno dele, jogando-o no chão.

—O que foi que aconteceu?! Como uma garota de dezessete anos surrou o Lúcifer?!

Perguntou Dan se segurando para não rir.

—Não se deixe enganar por essa casca. E em minha defesa, ela não tem dezessete anos. Ela tem milênios.

—Lúcifer, sala de interrogatório. Agora.

Ele se sentou na cadeira.

—Que droga foi aquela?! O que é aquela garota? Ela é uma parente sua?

—Não. Alecto existe desde antes da criação. Ai, acho que ela deslocou o meu ombro.

—Antes da criação?

—Sim. Ela é mais velha que os meus pais. Ela é mais velha que o mundo. E uma das muitas razões pelas quais meus pais brigavam.

—Porque seus pais brigavam por causa de.. Ale... Dela?

—Minha mãe acusava o meu pai de ter um caso com ela.

—E ele tinha?

—Sei lá! O fato é que depois que o meu pai criou vocês ela decidiu que queria uma função. E o meu pai delegou pra ela a função de punir os vivos. Depois que o meu pai me expulsou, ela me acolheu, me ensinou a fazer os pactos, vários métodos de punir, como usar a mente dos mortais como uma arma contra eles mesmos. E a controlar o meu poder. O primeiro pacto que eu fiz... foi com ela. Nós dividimos. Eu punia os mortos e ela os vivos. Cada um no seu território.

—Você no Inferno e ela aqui?

—Isso. Aquele corpo que você viu, aquela forma física... ela existe desde quatro mil antes de Cristo. Ela tomou o corpo de uma jovem Princesa que estava desesperada para não se casar com um Rei. A Princesa lhe cedeu seu corpo e em troca Alecto lhe dava um corpo novo e se livrava do Rei.

—E como foi feito esse pacto?

—Bom... ela esperou escurecer, levou a Princesa Ariadne para um local que é a porta para o purgatório, fez um ritual, atirou o corpo da Princesa ainda com a alma dentro de um... desfiladeiro que é a porta para o purgatório, tomou o corpo dela e a colocou em outro. Mas, ela escolheu a Princesa porque ela era bela.

—E o que aconteceu depois?

—A Princesa Ariadne passou o resto de seus dias como uma dama de companhia e Alecto casou um um belo Príncipe e teve uma prole.

—Uma prole? De que tipo de prole estamos falando?

—Vamos para a Lux. Tem uma coisa que você tem que ver.

—Dan, eu estou indo com o Lúcifer investigar uma coisa. Não sei se vou voltar.

Quando chegamos á Lux, ele abriu uma passagem secreta e atravessando a passagem havia uma biblioteca. Mas, não era uma biblioteca normal. Os livros eram velhos e haviam até pergaminhos.

—O que é tudo isso?

—A história oculta do mundo.

Ele subiu na escada e pegou um pergaminho.

—Que...raio de língua é essa?

—Aramaico. Aqui fala sobre a mãe.

—Mãe? Mãe de que?

—De tudo. Alecto é a dita cuja da mãe.

—Sei a tal prole. E o que é tudo?

—Vampiros, lobisomens, demônios. Cada "monstro", monstrengo etc que caminha pela terra é filho dela. A minha Bartender Maze inclusive.

—Maze? O que a Maze é?

—Ela é uma descendente direta de Alecto. Alecto é vó dela.

—E quem é a mãe da Maze?

—O primeiro sucesso de Alecto em procriar. Lilith. O primeiro demônio, o lado negro da lua. Depois de Lilith ela aperfeiçoou o processo e as criaturas que gerava. Demônios, depois vampiros, depois lobisomens e agora a prole dela está se misturando, misturando as raças. Criando híbridos. Vampiro/lobisomem, Vampiro/bruxa, demônio/lobisomem. Tem até uma menina coiote/lobisomem.

—Eles podem... transforam humanos em vampiros?

—Podem.

—Humanos em lobisomens?

—Podem.

—Porque não transformar todos os humanos?

—Porque vampiros, lobisomens, demônios e híbridos se alimentam dos humanos. Se todos forem transformados, acaba a comida.

O meu celular tocou.

—Decker. Ok, estamos a caminho.

Assim que chegamos á cena do crime o Dan falou:

—Prepare o estômago, não vai ser bonito.

Assim que Lúcifer viu o corpo ele riu.

—Oh, garotinha levada.

—O que?

—Foi ela detetive. Foi Alecto. Ela matou o rapaz. Não é só um corpo. É uma mensagem.

—Pra quem?

—Pra mim. É o jeito dela dizer que se sente traída e furiosa e dela comer. Mas, se ela fosse apenas se alimentar nunca deixaria o corpo assim á vista.

Então ela apareceu.

—Você está presa por homicídio.

—E como pretende prender um ser mais velho que a criação e Deus? Além do mais, nenhum inocente morre pelas minhas mãos. Eu pego aqueles que vocês não conseguem. Eu te avisei Lúcifer. Pra sair do meu território. E você não me ouviu. Agora, eu vou espalhar cadáveres humanos daqui até o horizonte. Vou transformar as águas em sangue e acabar com tudo isso!

—Água em sangue? Tipo, Deus fez na bíblia?

—Com quem você acha que ele aprendeu esse truque garotinha?

—Se fizer isso eu vou atrás dos seus filhos.

—Você não se atreveria! Os seus pais te abandonaram, eles viraram as costas pra você! E olhe pra você agora! Eu não farei o mesmo. Encoste um dedo em qualquer um dos meus filhos e você não vai sobreviver.

—Eu sou um arcanjo!

—Eu já fritei peixes maiores.