Amor Sem Medidas escrita por EllaRuffo


Capítulo 31
Capítulo 31




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Hola meninas, estou aqui com um novo capítulo. Espero que gostem! 

 

Parecia que havia passado um furacão aquela noite debaixo do teto da família Santos. Um que passou e agora só havia ficado os escombros no meio do caminho.

Inês dormia sedada. Ela estava tão indefesa deitada na cama enquanto Victoriano a olhava. Que assim ele suspirou em pé e na ponta cama e ainda a olhando. Antes de estar ali esteve conversando com Santiago antes dele deixar a fazenda depois que ele como médico a medicou com aquele forte sedativo. E Inês para o psiquiatra, havia demonstrado mais um transtorno e agora de personalidade com aquele novo surto. E agora Victoriano não sabia como confiar nela depois do que ela tinha feito e ainda com aquele diagnóstico dado por Santiago. E como ele iria seguir confiando nela o segredo que não eram pais de Diana, sabendo que ela poderia ter outro surto e contar, como havia feito, contando a Constância o principal motivo do porque eram daquela forma como mãe e filha.

Victoriano respirou fundo, passando a mão entre seus cabelos grisalhos. Agora Inês passaria por mais um tratamento para que seu transtorno tivesse uma rápida cura que ele sabia que nesse novo tratamento, traria mais consultas e consequentemente mais remédios a ela. Santiago havia explicado tudo, todos os sintomas que uma pessoa com transtorno de personalidade podia apresentar em vários quadros dele. Victoriano sabia pelas explicações de Santiago que aquele quadro agora que Inês era diagnosticada por ele, vinha do grupo de doenças psiquiátricas que o dela era o mais leve. Que mesmo assim passando por mais um transtorno emocional e comportamentais, em mais esse quadro Inês ficaria desajustada com seu comportamento como qualquer outro paciente sofrendo pelo mesmo, se tornava inflexível e agindo de forma diferente do que agia no dia-a-dia. Oque era o que acontecia com Inês há muito mais tempo do que Victoriano podia assumir de voz alta. 

Inês sofria e causava sofrimento inconscientemente em quem estava ao seu redor e por isso, ela precisava ser tratada com mais vigor como nos primeiros anos havia sido, que se não fosse assim, sem esse novo tratamento, Inês ficaria cada vez mais impossível de lidar.

E era como o inferno para Victoriano vê-la naquele quadro vicioso, de uma falsa melhora que nunca chegava, que nunca era real. As doenças de transtornos mentais pairava na árvore genealógicas de Inês e Victoriano tinha pelo menos dois motivos com que respirar aliviado, que era que Inês com os anos passado não tinha se tornado esquizofrênica, por essa doença ser capaz de ser despertada em qualquer fase da vida e a outra era por pensar que as duas filhas que teve com ela, Cassandra e Constância eram mentalmente saudáveis, assim ele pensava que não tinham herdado nada dela.

E de novo, por amor, por ama-la mais que tudo era que ele apoiaria Inês. Tentaria sim concertar o que ela tinha feito, mas não seria capaz de joga-la em uma fogueira ou crucifica-la por ela ter sido dura com Constância. Ele cuidaria de Inês e de Constância que a partir daquele momento, não só ela, mas também suas irmãs mais velhas entenderiam mais o que se passava com a mãe delas.

E Victoriano então se aproximou dos pés de Inês e arrancou uma das botas de cano curto que ela usava e depois tirou a outra, deixando o par no chão e em seguida ele foi até ao closet pra buscar uma camisola que ela pudesse vestir para dormir mais confortável. E minutos depois já com a camisola em mãos, ele a despia com ela dormindo. Nos braços dele Inês estava tão indefesa, ali apagada como que se tivesse sido drogada, que Victoriano temeu em só pensar em vê-la daquela forma como ela estava sem ele ao lado para ele mesmo cuida-la como sempre cuidava, já que não era a primeira vez que a via como estava.

E então depois que ele a deixou vestida em uma camisola preta em rendas e de alcinhas, ele a cobriu com a coberta e se afastou sem fazer ruídos para sair do quarto.

Agora sim iria tentar arrumar o que Inês havia feito. Tinha que conversar com suas três filhas e agora falar mais de Fernando, falar mais do que Diana podia lembrar como mais velha e ele sabia que teria que mentir para ela dizendo que seu nascimento foi logo após de tudo acontecer, após do sequestro de Fernando e Inês adoecer. O que não era bem uma mentira, Diana Elisa havia dado a luz a ela depois do sequestro de Fernando, o que era mentira, era que a jovem não tinha sido gerada no ventre da mãe que pensava e Victoriano queria que ela mantivesse pensando que sim, além de que não suportaria ter outra filha lastimada em uma só noite.

E assim ele caminhou sabendo aonde as três estavam e bateu na porta do quarto de Constância antes de entrar. E quando fez, viu as três na cama e Adelaide em pé as olhando. Constância no meio de suas irmãs e sentada, estava sendo abraçada por Diana enquanto Cassandra do outro lado, alisava os cabelos dela. E então ele suspirou meio aliviado que pela graça as irmãs eram unidas. E depois ele disse.

— Victoriano: Eu sei que devo uma explicação a vocês. E estou aqui para isso. Mas gostaria que fosse em meu escritório, filhas. Podemos conversar lá? Hum?

As três se separaram assentindo em silêncio, e Victoriano entendeu que deixariam o quarto e ele fez o mesmo para ir ao escritório na frente, não antes de pedir para Adelaide descansar da longa noite que estavam tendo.

E momentos depois estava ele nervoso no meio do escritório a espera delas, que quando cada uma passou pra dentro, ele pegou Constância no meio do caminho e a abraçou firme entre seus braços. Pegada a ele, Constância chorou em silêncio. Estava tão magoada, estava pensando cada coisa depois das palavras de Inês que só a feria mais. Pensava até, que tinha culpa por seus pais não terem mais o primogênito deles presente ali entre eles.

E como não pensar aquilo depois dela entender do porque a mãe não amava? Não tinha como não pensar mais ainda que não era desejada pela mãe, que era a menos querida, a que não devia ter nascido. E era como que ela já entendesse do porquê sentia tudo o que sentia, já que de verdade ela tinha sido rejeitada ao nascer. E então entre suas lágrimas silenciosa pegada ao peito de Victoriano, ela disse chorosa.

— Constância: Sou a culpada de não terem mais Fernando aqui com vocês. Por isso minha mãe não me ama. Ela disse isso. Disse que não pode me amar por não ter ele.

Quando a ouviu, Victoriano sentiu seu peito doer e rápido a afastou para poder olhar nos olhos dela e desmentir aquela barbaridade que Constância dizia. Já que com o nascimento dela, já fazia anos que já não tinham Fernando entre eles. E então ele disse, abalado por olhar nos olhos de sua menina e enxergar uma profunda tristeza que ele já temia as consequências dela.

— Victoriano: Não. Não, minha querida. Você não teve culpa alguma filha. Quando perdemos ele, ainda nem era nascida. Não meu amor, não foi culpa sua, não pense isso.

Ele a abraçou novamente e mirando agora suas outras duas filhas em pé a frente da mesa só os olhando. E que depois, pronto para conversar com elas, ele afastou Constância depois de beijar o meio da testa dela e logo depois as tinha de frente pra ele sentadas em três cadeiras enquanto ele havia sentado em uma por trás da mesa dele.

Era hora delas saberem mais sobre o nascimento de Fernando, seu sequestro que com ele entenderiam mais a enfermidade e a depressão que Inês padecia.

E então ele começou quando três pares de olhos já estavam atentos a ele.

— Victoriano: Há 22 anos atrás a mãe de vocês e eu, perdíamos Fernando em decorrência de um sequestro que até hoje estamos sem sabermos o porquê dele e nem quem estava por trás. Essa é a real razão da mãe de vocês ser quem é hoje. Foi a dor que ela passou de perder o irmão de vocês, nosso primeiro filho que a deixou tão doente e que por isso mesmo com tanto acompanhamento psicológicos ela ainda passa por episódios como dessa noite.

As três irmãs se olharam em silêncio. Victoriano podia ver nitidamente que tinham perguntas e ele queria estar preparado para cada uma delas e saber dar as respostas certas que ele sabia que tinham que vim parte delas de Inês, mas que no momento não tinha como e por isso teria que ser ele responde-las.

E então Cassandra sentada no meio delas, fez a primeira pergunta.

— Cassandra: E vai nos contar como foi exatamente esse sequestro, papai?

E Diana também logo depois.

— Diana: Agora está mais claro do porque nossa mãe é assim, mas quero saber mais papai. Quero saber se a clinica que ela faz tratamentos, ela já esteve internada nela. Santiago é um psiquiatra que vocês confiam muito. Então quero saber se ela já foi tratada na clínica dele. Ela foi? Ela esteve internada lá?

Victoriano suspirou. Com as palavras de Diana as outras duas de suas filhas buscou os olhos dele com certa ansiedade da resposta. E ele então disse.

— Victoriano: E faria alguma diferença pra vocês se ela já esteve internada naquela clínica ou não? Ela pode ter passado esses anos apenas em tratamento com Santiago porque ele sabe lidar como médico com ela. Apenas isso. Porque não é porque ele é um psiquiatra que sua mãe é como os pacientes que tem internado lá, hum.

Constância olhou as unhas e depois ergueu a cabeça e disse a Victoriano.

— Constância: É que as vezes ela age como uma louca, papai. Nossa mãe não só tem depressão, não é? Ela não só sofre por esse irmão nosso. Por favor se diz que não é culpa minha tudo isso, nos explique sem mentir.

Cassandra apoiando sua irmã também disse.

— Cassandra: Constância tem razão papai. Pra mim não vai fazer diferença mas falando a verdade para nós, poderíamos melhor entende-la e ajuda-la.

Diana concordou com as palavras de suas irmãs e buscou um braço de Victoriano que estava sobre a mesa e tocou dando um leve sorriso. O que ela estava buscando todo o tempo era entender melhor a mãe dela e de suas irmãs para ajudá-la e ajudar seu pai que via ele sempre pendente a ela e praticamente sozinho. E então ela disse.

— Diana: Sim papai penso como Cassandra e Conny, é melhor sabermos de uma vez de tudo que não sabemos. Assim não só a mamãe terá nossa ajuda para se curar dessas sombras do passado de vocês dois mas o senhor papai, não precisa mais passar por tudo sozinho, podemos agora também ajuda-lo com ela, com tudo.

Victoriano sentiu um nó vindo em sua garganta e apertou a mão de Diana que pegou nela para acariciar. E ele pensou que ela tinha razão. As 3 tinham. E então ele respirou fundo e disse.

— Victoriano: Vou, vou contar tudo a vocês, hum. Desde do sequestro do irmão de vocês ou talvez até antes disso para que possam entender melhor tudo. Mas depois vamos fazer um acordo.

E Diana então rápido questinou.

— Diana: Que acordo papai?

E Victoriano sério as olhando, as respondeu.

—Victoriano: Que mesmo sabendo da fonte de onde vem o sofrimento da mãe de vocês, não vão cultiva-lo mais. Para ela se curar, Fernando tem que ser apagado de nossas memórias, das delas principalmente.

As 3 assentiram em silêncio mesmo que Constância sentia que Fernando a partir daquela noite seria sua sombra, seu tormento, enquanto Diana só conseguiu lembrar ainda pequena quando Victoriano havia falado para ela sobre o irmão dela e depois dado ordem para não menciona-lo mais. E ela entendeu que ele já apagava o irmão delas da vida deles com elas ainda criança.

E então Victoriano ficou por mais de uma hora contando o que elas precisavam saber. Que em meio de suas palavras alguns sorrisos brotaram nos lábios dele quando ele lembrou de como conheceu Inês, que foi preciso ele ser mais especifico para que elas entendessem já que elas conhecia só o que eles quiseram que elas soubessem sobre a história de amor deles, que era quase impossível Inês não sofrer de nenhum transtorno psicológicos por ter uma herança de doenças mentais em sua família. Que então elas souberam que a avó materna delas não tinha falecido em apenas um incêndio como já sabiam do triste incidente, mas que ela havia sido a principal suspeita de provoca-lo por sofrer transtornos mentais. Que Victoriano ao contar sobre o episódio, ele poupou mencionar Loreto que mesmo com o passar dos anos ele não podia esquecer que ele tinha salvado seu amor do incêndio quando recordava dele, que também não conseguiu não contar que quando havia conhecido Inês,  ela namorava outro, que ele fez questão de dizer que não a merecia mas também escondendo o nome e que ele era seu melhor amigo no passado, ou seja Loreto. Enquanto a parte do sequestro e a internação de Inês, só restaram lágrimas para 3 jovens, que Cassandra chorosa disse, em um miado de voz.

— Cassandra: Foi tudo horrível o que ela passou, papai.

Cassandra apertou os olhos com as mãos . As imagens que criou na mente com os detalhes do sequestro de Fernando feria Cassandra. Ela só pensava em uma mãe que teve seu filho bebê arrancado tão covardemente de seus braços que depois por essa dor, ter perdido a sanidade por vários meses.

Diana que gostava de questionar e argumentar tudo que ouvia, não tinha palavras para dizer. Enquanto Constância sentia culpa mais uma vez. Culpa por cobrar tanto, culpa por ainda assim querer ser amada pela mãe como sentia que merecia e estava decidida lutar por esse amor.

E assim Victoriano disse depois de suspirar. Já que conhecia Inês e como ela lidava quando o via tão pendente a ela.

— Victoriano: Sei que é triste o que acabaram de ouvir. Ela é a mãe de vocês. Mas a partir de amanhã não sigam com essas caras diante dela. Não chorem assim se não ela vai saber que já sabem do que ela ainda não contou a vocês e pensará que o que sentem é lastima e não todo amor que sei que sentem por ela.

Cassandra limpou as lágrimas e Diana fez o mesmo enquanto Constância ficou de pensamentos longe dali. As duas sabiam que o pai delas tinha razão, pois já ouviram e foram alvos das queixas de Inês que se julgava ser tratada como um cristal por eles. E então Diana em pensar em algo bom ela disse.

— Diana: O meu nascimento trouxe ela de volta, não foi papai?

Cassandra também sorriu por pensar o mesmo que Diana referente ao nascimento dela também. Já que Victoriano havia contado que o amor de mãe de Inês a tinham renascido, que fez Diana acreditar que o tempo que ela se descobriu gravida não estava na clinica mais. E Victoriano sorriu também para elas, principalmente para Diana. A chegada de sua amazona maior, tinha sido um milagre de amor não só para Inês, mas também para ele que estava sozinho quando ela nasceu e ele encontrou nos olhinhos dela de bebê um novo recomeço para ele e Inês. E então ele disse.

— Victoriano: Sim, minha querida. Você foi o nosso recomeço e depois veio Cassandra. Foram tempos bons depois de tanto sofrimento o nascimento de vocês.

Ele buscou as mãos de ambas e pegou. E Constância se arrepiou chorando enquanto seu rosto ficava todo vermelho pelo choro forte que queria vim com o que ela entendeu pelas palavras de Victoriano. Sem querer ele a feria também, sem querer ele tinha dado a ela com mais detalhes que Inês não tinha dado quando havia gritado que não conseguia ama-la. Constância entendeu quando ligou os fatos com as palavras dele ao passado do seus pais, que foi exposto ali para elas. Victoriano tinha revelado a insistência do avô delas por um neto homem que no final o único neto homem que ele tinha tido havia sido sequestrado e depois com ele já falecido tinha nascido três meninas. E ela se levantou da mesa toda tremendo, que se apenas os nascimentos de suas irmãs haviam sido tempos bons, significava que o dela não. Significava que ela não tinha sido querida mesmo antes de nascer pela mãe.

E então ela disse entre lágrimas.

— Constância: E eu papai? E meu nascimento? E eu? E eu?

Victoriano se levantou também de rosto vermelho e assustado pelo estado de Constância que se exaltou ao falar, mas o que fez seu coração se abalar foi as perguntas dela. Ele mesmo tinha dado a resposta segundos antes e não tinha percebido e então ele não conseguiu falar.

Cassandra e Diana buscou os olhos dele e viu nos olhos do pai delas lágrimas se formarem e elas também entenderam. No final aquela noite havia trazido muitas verdades e umas delas era que o que Constância sentia era real, que nunca foi apenas ciúmes ou um drama de adolescente. Ela não tinha sido desejada ao nascer, ela sem precisar perguntar sabia que tinha sido por Inês, que agora explicava tudo como ela a tratava diferente delas. Que elas só pensavam naquele momento que depois de duas filhas mulheres depois de tudo que passou, a mãe delas só podia ter desejado ter um filho homem no lugar de Constância. E Diana mais uma vez lembrou do passado que maiorzinha podia lembrar que Inês não quis sua irmã mais nova ainda bebê e tomou Emiliano nos braços o chamando de filho. Tudo de repente fazia sentido. 

E  foi Constância gritando que quebrou o silêncio de todos, dizendo.

— Constância: Me responde papai. Agora está tudo mais claro. Minha mãe não me queria. Ela não me queria porque queria um filho homem, o filho que tiraram dela!

Constância levou as mãos nos cabelos e então Victoriano saiu do choque que se encontrou e foi até ela dizendo, nervoso.

— Victoriano: Não. Não é isso, filha, não é isso!

Ele foi abraça-la, mas Constância se esquivou dos braços dele e disse.

— Constância: É sim papai! Não minta pra mim! É isso, eu sinto que é! É por ele, é por Fernando como ela mesma disse que não pode me amar. Agora encaixa tudo. Ele foi sequestrado e ela quis lhe dar outro filho homem e algo acontece e agora ela está assim outra vez! E esse algo é meu nascimento. É eu ter nascido menina!

Victoriano sofrendo por ver que a clareza dos fatos estava afetando ainda mais Constância a tomou nos braços mesmo ela tentando se esquivar outra vez. Ele a tomou olhando Cassandra e Diana que estavam abaladas pelas verdades que pensaram, mas que saiu da boca de Constância. E enquanto ele tinha Constância nos braços ele acariciava as costas dela, a consolando que de voz embargada ele disse.

— Victoriano: Meu amor. Sua mãe nunca foi a mesma depois do que houve com ela e eu tive a prova disso quando você nasceu. Por isso não te inclui em minhas palavras. Eu só quero que entenda que mesmo que não se lembre tudo que houve quando você nasceu, ela estava doente. Me ouviu doente e não era capaz de entender o que fazia.

Ele então fez ela olhar para ele, segurando no rosto dela que estava banhado em lágrimas que ele não pôde mais e soltou as deles também e voltou a dizer com ela soluçando.

— Victoriano: Ela te ama. Que é por ama-la que ela se puni até hoje pelo que fez. Ela não se perdoa meu amor, que por não se perdoar é porque ela age muitas vezes assim. Mas tudo isso pode mudar. Eu sei que pode!

Constância fechou os olhos e ainda chorando, mas depois de puxar o ar do peito para poder falar sem mais soluçar, ela disse.

— Constância: Então tenho razão. Ela me rejeitou. Me conta! Me conta como foi papai!

E Diana não podendo mais com tanta insistência em se lastimar mais que Constância parecia querer, ela disse.

— Diana: Não precisa saber mais Conny. Não precisa. Eu como o papai tenho certeza que ela te ama, mas que agora sabemos melhor que suas atitudes é tudo levado pela culpa. Agora também posso lembrar como ela era tão protetora com você quando criança. Era culpa!

E Cassandra também querendo ajudar disse.

— Cassandra: Eu também me lembro, Conny. A culpa é mais uma dor que ela carrega. Mas que sei quando ela deixar todas essas dores para trás, ela vai mudar com todos, principalmente com você.

Cassandra tocou no ombro de Constância devagar, por ela estar de novo envolvida em um abraço forte nos braços de Victoriano. Que depois dela ouvir as irmãs ela disse, se afastando e limpando os olhos.

— Constância: Pra vocês é fácil falar. É eu a filha que nossa mãe não consegue amar. É eu!

Victoriano viu que Diana ia falar algo para responder Constância que para impedi-la ele disse, entendendo que o momento que Conny passava tinha que ser respeitado, tinha que ser sentido e só ela poderia decidir de que forma sentiria sua dor. E então ele disse.

— Victoriano: Deixem-me com a irmã de vocês. Boa noite, hum.

As duas ali assentiram, receberam um beijo de boa noite de Victoriano e deixaram o escritório já que a conversa com elas já tinha acabado. E então quando se viu sozinho com Constância, Victoriano olhou seu relógio de pulso e disse, depois de um suspiro, vendo que a hora passava da meia-noite, que mesmo que no da seguinte teria um dia longo e uma extensa reunião na empresa, sua família sempre viria em primeiro lugar, e aquele momento sua caçula precisava dele. Que então ele disse.

— Victoriano: É tarde e estou cheio de fome. Que tal seguirmos essa conversa na cozinha, hum? Adelaide fez um tentador sorvete que ainda não tive a oportunidade de experimentar.

Constância mesmo com a mesma fome negou com a cabeça e disse baixo, enquanto tinha seus braços cruzado em frente ao seu peito.

— Constância: Não quero. Eu só quero subir ao meu quarto e chorar até eu me desidratar e morrer.

Ela fez um bico de lado que fez Victoriano dar um leve riso e dizer.

— Victoriano: Vem menina, não diga bobagens. Vamos tomar um sorvete com seu pai e se quiser chorar mais, choramos juntos.

Ele pegou no braço dela já andando com ela pra fora do escritório que depois muito mais calma, ela comia em uma tigelinha sorvete junto com ele sentados em uma mesa ao meio da cozinha.

Os dois haviam conversado mais enquanto comiam e mesmo que Constância havia soltado algumas lágrimas já não era tão intensas como antes. Que assim, depois de comer da terceira tigela de sorvete, Victoriano disse, decidido que faria algo para ajudar Constância passar pelo que estava passando.

— Victoriano: Sei que quando sua mãe melhorar, tudo isso vai passar. Que vão se entender. Ela vai passar por mais um tratamento, isso não disse a vocês no escritório, além de nossa ajuda ela também seguirá tendo na clinica e que penso que também precisará  de cuidados filhas. Por isso estou pensando em que passe com um psicólogo. O que acha, hum?

Constância deixou a colher na tigelinha e disse de cara feia.

— Constância: Eu não estou louca papai para passar em um psicólogo.

Victoriano então deu um riso paciente de lado. Estava pensando só aquele momento por ver Constância abalada mais de uma vez que ela precisava sim de cuidados profissionais. Que mesmo ele não querendo, já não estava aliviado em pensar que as filhas que tinha com Inês não tinha herdado a genes dela. Agora tinha duvidas que não queria fechar os olhos como havia fechado antes mesmo dela nascer em relação a Inês não precisar mais de cuidados profissionais. E então ele disse.

— Victoriano: Psicólogo não é para loucos. Qualquer um pode precisar até eu, filha.

Constância deu de ombros e disse desconfiada.

— Constância: Hum, não sei. Agora eu só tenho que parar e pensar em tudo que aconteceu papai. Talvez eu nem consiga dormir essa noite.

Victoriano sentado de frente para ela buscou a mão dela e disse, depois de beijar.

— Victoriano: Eu sei, meu amor. Eu vou dar alguns dias para que decida, hum. E sobre a noite que logo está virando dia, tenho a plena certeza que comigo será o mesmo, não dormirei nada e amanhã terei uma reunião de acionistas.

Victoriano soltou a mão de Constância e levou nos olhos e ela sabendo o que significava uma reunião de acionistas, disse de repente mais animada.

— Constância: Reunião de acionista? Isso significa que a minha vó vai vim?

Victoriano sorriu ao ouvir Constância. Ela falava de Bernarda que de verdade não só ela como as irmãs dela, queriam a madrasta dele como avó mesmo ela realmente não sendo. E então ele disse, por saber que entre as 3, Constância demonstrava ter mais afeto pela viúva de seu pai.

— Victoriano: Sim ela vai vim e talvez passe mais de um dia conosco.

E ele sorriu vendo Constância sorrir mais com a resposta dele.

 

O dia havia amanhecido.

Victoriano havia dormido apenas duas horas de seu dia que quando amanheceu, deixando Inês dormindo como havia dormido a noite toda, ele tomou café da manhã com as filhas, deixando Constância faltar a aula pela noite que ela havia tido e foi ao trabalho com suas filhas mais velhas também deixando a fazenda junto a ele.

Que assim mais de 9 da manhã, Inês finalmente despertava e não estava sozinha no quarto. Que quando ela abriu os olhos e virou pro lado viu Adelaide passando, que sorriu para ela e disse.

— Adelaide: Bom dia menina, Inês. Que bom que acordou porque eu já ia fazer isso. Iria acorda-la.

A senhora caminhou sorrindo demais para abrir as janelas e a porta da varanda do quarto de seus patrões. O sorriso que trazia no rosto era estratégico, ensaiado, já que todos ali sabiam que quando Inês tinha uma forte crise como havia tido, qualquer olhar de pena pelo menos se ela entendesse assim, era recebido com agressividade por ela e mais desanimo o que era o que, ela não precisava.

E Inês depois de ouvi-la ela disse, acordando em um humor ácido enquanto imagens da noite anterior começavam devagar invadir sua mente.

— Inês: Menina. Quando vai parar de me chamar de menina? Eu já sou uma velha que é mãe de 3 filhas já crescidas, Adelaide.

Ela resmungou se virando de lado e se cobrindo mais dando entender que ela não queria sair da cama. E Adelaide suspirou, sabendo que as ordens que tinha de Victoriano era fazer com que ela saísse da cama, comesse e tomasse um banho. Que assim ela disse, ignorando as palavras dela.

— Adelaide: Que bom que acordou com esse humor. Porque Bernarda vem hoje, menina. E se eu vê-la tentando insulta-la, hoje Victoriano me manda embora da fazenda a ponta pé, mas quebro aquela mulher.

Inês que tinha fechado os olhos os abriu no mesmo momento. Tinha esquecido daquela visita e torceu os lábios ao lembrar. Ela sabia que tudo que alegrava Bernarda era vê-la como ela estava aquele momento, de cama. Que Inês sabia que ainda que Bernarda pudesse fingir muito bem diante de todos. O desprezo que ela sentiu no passado quando a conheceu seguia o mesmo depois dos anos passados. E então ela se virou ficando de barriga pra cima e levou a mão na testa para dizer.

— Inês: Como eu disse, já não sou uma menina então não preciso de defesa, Naná. Sei me defender da viúva do meu falecido sogro.

Adelaide então foi até ela dizendo.

— Adelaide: Hum, me chamou de Naná, então já está perdendo seu mal humor matinal.

Ela sentou na beira da cama e Inês sentou também, que depois de um suspiro ela perguntou.

— Inês: E Constância?

Inês baixou a cabeça depois de perguntar pela filha, já que sentia vergonha pelo que tinha feito, vergonha e mais culpa. E então pegando na mão dela, Adelaide disse.

— Adelaide: Acabo de levar café para ela na cama. Porque ela não foi a aula. Poderia aproveitar e falar mais tarde com ela, já que estão sozinhas.

Inês levou sua outra mão para a mão que Adelaide tocava, acariciando a dela e disse cheia de medo.

— Inês: Será que ela vai querer me ver? Eu não ia querer se fosse ela. Eu sou a pior das mães para ela.

Inês baixou a cabeça de novo e dessa vez chorando. E então Adelaide terna, disse.

— Adelaide: Não vai saber se não tentar. Mas dê um tempo para ela agora, depois você vai. Agora é melhor que levante tome um banho e coma.

Adelaide se levantou e pegou a mesinha de café da manhã que ela tinha deixado sobre uma poltrona reclinável que tinha no quarto e levou até Inês. Que depois de acomodar a mesinha entre as pernas dela, a senhora voltou a dizer.

— Adelaide: Vou preparar seu banho enquanto come, menina. Um banho de banheira revigora qualquer um.

Inês deu um sorriso de lábios fechados e deixou Adelaide cruzar a porta do banheiro do quarto para olhar seu café da manhã desanimada, por não sentir fome alguma.

 

Enquanto na Sanclat

Victoriano estava na sala dele com Vicente. Seu amigo, sócio e compadre o ouvia e conversava também com ele.

A espera do horário da reunião, Victoriano compartia com Vicente a noite que teve, que ele já sabia por Emiliano que chegou contando, que entre o que houve, Victoriano deixava exposto seu medo ao seu amigo.

Que assim ele dizia.

— Victoriano: Não acha mesmo que não tenho motivo em pensar que se Inês se sentir ameaçada ou pressionada, conte a verdade que não somos pais de Diana? Porque depois do que ela fez ontem com Constância revelando a ela daquela forma sobre Fernando, eu temo que isso aconteça, Vicente.

Vicente estava sentado a frente da mesa de Victoriano que então ele expôs mais uma vez o que pensava.

— Vicente: Eu sei que atraímos o que pensamos, Victoriano, então deixe de pensar isso, homem. Além do mais como eu disse, já levava meses que Inês andava se penalizando mais ainda pelo que houve quando Constância nasceu, você me dizia isso, e pela pressão da própria Constância ela disse daquela maneira.

Victoriano suspirou. Em certa parte, ele via que novamente Vicente tinha razão, já que Inês era fraca quando era pressionada. E então ele disse.

— Victoriano: Tem razão, mas ainda assim não deixo de ter medo. Tanto que contei tudo a elas e tudo com cuidado para que não pensassem que Diana não tem nosso sangue. Não contei isso nem outra coisa.

E Vicente vendo Victoriano se levantar, ele disse.

— Vicente: Que coisa?

Victoriano o olhou e disse, o que não pôde também dizer por aquela parte ser a mais escura que viveu para ser exposta sem o concedimento de Inês.

— Victoriano: Não contei a elas que a mãe delas tentou o suicídio. Não pude expor Inês dessa forma e relevar algo tão escuro as três. Esse medo que passei de perde-la dessa forma que fique só comigo, elas não precisam imaginar ele e sofrer como vi que sofreram quando souberam a verdadeira história da mãe delas.

Vicente entendeu a escolha de Victoriano em não contar aquela parte as filhas dele e quando foi dar sua opinião, alguém bateu na porta e os dois olharam ela. Que então passou por ela primeiro, Diana e depois se apoiando em uma bengala por mancar por consequência de uma queda há alguns anos, Bernarda.

 

 

 


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