Amor Sem Medidas escrita por EllaRuffo


Capítulo 3
Capítulo 3




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Inês já estava na casa dela. Depois da noite divertida que ela teve, ela se deitava na sua cama de solteiro já de pijama para dormir.

E assim no escuro do seu quarto ela fechou os olhos e então ela viu os olhos de Victoriano junto com o sorriso dele invadir seus pensamentos. Inês então abriu os olhos rápido, e ela que estava deitada de lado se virou pra cima e olhou o teto e suspirou lembrando ainda de Victoriano e do urso que ele havia dado a ela, só que por uma lástima no meio do caminho de volta para casa ela havia notado depois da euforia dela, que Loreto já não tinha o urso na mão e havia justificado a ela que tinha esquecido aquele bonito urso em algum lugar do parque. E ela só pôde entender que aquele urso não tinha realmente que ser dela.


Mas querendo deixar de pensar no amigo de Loreto e seu urso perdido, Inês se virou agora do outro lado puxando a coberta e fechou os olhos outra vez para ver se dormia de verdade.

E só fazia alguns minutos que Inês estava em casa que evitando fazer algum barulho para não acordar a mãe dela, ela havia ido direto para o quarto. A mãe de Inês, se chamava Constância Huerta, que era uma mulher de 45 anos, ainda jovem e bonita mas que só tinha Inês de filha. Mas ainda que tivesse na casa de seus 40 anos ainda lhe restando muitos anos pra viver, Constância começava enfrentar problemas psicológicos, como crises de pânico, sofrendo até alucinações e falta de memória por causa delas. O que preocupava muito Inês, de ver sua mãe adoecer dessa forma, depois dela perder a avó materna dela para outra doença mais grave mas que ela temia que a mãe dela desenvolvesse também por ter o gênese na família de doenças como a que a avó dela havia sofrido, que era esquizofrenia. Já que a senhora vó de Inês nos seus últimos anos, havia sofrido de esquizofrenia paranoica até que se matou a beira da loucura, e Inês presenciou sua vó chegar aos poucos nela. E por isso ela temia ver sua mãe também ficar pior. Mas enquanto Inês temia pela mãe, Constância só rogava aos céus que Inês não herdasse nenhum tipo daqueles males que a família Huerta sofria, já que havia sido comprovado que pairava aquele legado nos membros da família Huerta que eram propensos a chegar na beira da loucura caso desenvolvesse uma doença psicológica. Afinal, era como um câncer, que pode ser hereditário em uma família toda mas que na família de Inês era doenças psicológicas que podiam joga-los numa escuridão sem volta tirando eles do mundo real para um ilusório.


E por fazer parte de uma família que tinha uma fama de loucos. Era que Inês e sua mãe, eram julgadas e recebiam olhares tortos na vizinhança que moravam.

Chateada, Inês apenas sentia que ela e nem a mãe dela mereciam aquele preconceito. Mas que ela não podia evitar, apenas seguia em frente. Que ainda que fosse muito jovem, Inês já tinha algumas marcas e responsabilidades, como cuidar agora da mãe dela, o que tinha feito ela amadurecer para aquele lado da vida.


E assim tentando ainda conciliar o sono. Inês começou ouvir gritos, e ela saltou da sua cama e correu para o quarto de sua mãe. E descalça, Inês chegou ofegante ao lado da cama de Constância.


E assim, Inês disse tocando o rosto da mãe suado e ao lado da cama dela.


— Inês: Calma, mãe. Está tudo bem.


Constância então olhou para Inês que estava agachada ao lado dela e tocando seu rosto. A mãe de Inês, era linda. Ela tinha cabelos morenos e olhos bem claros e que Inês havia herdado eles dela, mas que essa beleza podia se apagar se ela se deixasse cair no mundo que estava caindo e que tinha começado com uma silenciosa depressão e que por ela estava acarretando muito mais problema psicológico nela. E isso fazia Constância temer perder a razão e com ela a filha que tanto amava que só tinha ela como mãe naquele mundo, não muito perfeito mas que juntas e unidas como enfrentavam qualquer coisa.


E assim, Constância se sentou na cama recobrando a razão depois de ter tido pesadelos e sentido presenças que apenas a mente dela criava vindo do medo que ela sentia sem explicação. Pois Constância, apenas sofria crises de pânico de um medo agudo que era recorrente e inesperado, o que assustava cada vez mais Inês.


E então Constância disse, tocando agora no rosto de Inês.


— Constância : Me perdoe filha, por ter te acordado.


Inês sentou na cama e abraçou sua mãe, ela já tinha os olhos cheios de lágrimas. Sentia que poderia acordar e não ver sua mãe ali mais e sim outra pessoa sem um pingo de racionalidade como ela viu a avó materna dela chegar a esse lastimável ponto. E assim ela disse com medo.


— Inês: Eu não quero te perder mãe. Por favor lute por mim, lute contra essa doença.


Constância tocou no rosto de sua filha com amor. A doença dela estava de início e poderia ser controlada, ela poderia ainda se vê livre de qualquer distúrbio psicológico mas apenas se lutasse contra eles e tratasse como se devia com os cuidados clínicos que ela precisava. E com esses cuidados receitados por médicos, dos vários remédios que foram indicados para mãe de Inês, ela só tinha comprado apenas o que os recursos que ela tinha deu para comprar .

E sentindo medo de realmente deixar Inês sozinha naquele mundo que ela só tinha a ela, Constância disse convicta desejando vencer por amor qualquer obstáculo que poderia separa-las.


— Constância : Eu vou filha. Eu prometo.

Constância beijou o meio da testa de Inês depois de suas palavras. E Inês de olhos fechados, disse sofrida.

— Inês : Eu não posso ficar sem a senhora também, mãe. Não posso.


Constância então encheu de mais beijos agora todo o rosto de Inês, e depois ela pediu com amor.


— Constância : Dorme hoje com sua mãe, filha. Me faz companhia.


Inês então sorriu deixando de chorar, limpou rosto e disse se levantando.


— Inês: Está bem mamãe. Vou buscar meu travesseiro.


Inês então saiu. E Constância tocou o rosto, rogando aos céus outra vez que ela não perdesse a razão, não antes de ver Inês segura e feliz.

E logo depois Inês voltou e deitou na cama de sua mãe, e ficaram de lado e de frente uma para outra com elas ainda sem sono. E Constância como amiga de Inês como era além de ser mãe, disse.

— Constância: Me diga como foi o passeio no parque com Loreto, filha. Foi bom?

Inês assentiu com a cabeça, estavam sobre as luzes do abajur. E assim ela sorriu e respondeu a mãe.

— Inês : Foi bom mamãe. Fomos duas vezes na roda gigante.

Constância acariciou os cabelos de Inês pensando. Pensando na vida, pensando em tudo e no seu medo outra vez de deixar Inês sozinha no mundo. E então ela disse, pensando em uma solução que descansaria o coração dela.


— Constância: Ainda é jovem minha filha para casar. Mas se eu faltar a você, não queria te deixar sozinha . Então fico pensando se Loreto seria uma boa opção de marido para você, minha filha.

Inês buscou os olhos de sua mãe, e ela disse temerosa depois de ouvi-la.

— Inês : Não fala assim mãe. Não irá me deixar sozinha, nem eu te deixarei. Porque se um dia chegar a casar com Loreto, te levarei comigo.


Constância então sorriu, mas pensando que quando Inês tivesse casada ela não queria viver com a filha simplesmente por não desejar ser um peso para ela. E assim ela a respondeu.

— Constância: Quando casar filha, não quero ser um peso morto a você e nem ao seu marido.

E Inês olhando nos olhos de sua mãe a beijou rapidamente na bochecha e depois, a respondeu.

— Inês : Nunca será um peso para mim mãe. Onde eu estiver estará comigo. E isso não se discute mais.

Constância então riu. Inês era doce e gentil, mas quando era contrariada ficava brava e azeda fácil. E então ela disse, mudando de assunto mas rindo .

— Constância : Está bem Inês. Agora vamos falar do que acaba de me revelar, filha. Pensa mesmo em casar com Loreto?

Inês então se mexeu na cama e disse com sinceridade sempre olhando nos olhos da mãe dela.

—Inês: Eu só quero amar um homem nessa vida mãe, como amou meu pai. E Loreto me respeita e me aceita como sou e acho que ele me ama. Então quando eu tiver 18 anos me casarei com ele.

Constância então depois de ouvir Inês, pensou no pai dela que tinha falecido com ela ainda bebê em um acidente de moto. O pai de Inês, tinha sido o único amor de Constância por isso ela não se permitiu amar mais em todos aqueles anos, por simplesmente crer que um amor que sentiu por ele, ela não poderia jamais sentir por outro. E assim lembrando de uma época feliz mas que a deixava cheia de saudades, ela respondeu Inês, querendo saber mais do que ela sentia.

— Constância: Para se casar com Loreto filha, tem que ama-lo de verdade. Você o ama?

Inês então pensou em Loreto e da forma que ele tratava ela, e a respondeu.

— Inês: Amo, mamãe. Já disse como ele é comigo. Como não devia ama-lo?

Constância então respirou fundo e respondeu Inês, por ter a experiência de vida que a filha não tinha.

— Constância: Você é ainda muito jovem meu amor. Talvez não entenda ainda o que é amar, porque me parece que é grata a Loreto como te trata filha. E não amamos por gratidão .

Inês pensou nas palavras de sua mãe. E logo depois expressando livremente o que sentia a ela, a respondeu.

— Inês : Eu sei mãe. Mas se eu não ama-lo, como penso. Sei que vou encontrar o amor da minha vida. Eu acredito apesar de tudo no amor, sei que um dia alguém vai me amar como sou. E se esse alguém for realmente Loreto, eu vou ama-lo da mesma forma e não será por gratidão.

Constância então sorriu, Inês era uma sonhadora que acreditava no bem e no amor ainda que ela já tivesse visto alguns maus pela vida e a falta de amor que havia no próximo, ainda assim ela seguia acreditando no amor e que com ele se resolveria tudo.

E então Constância beijou a cabeça da filha dela e aninhou ela como uma menina e fechou os olhos, enquanto pensava no amanhã outra vez.


Constância e Inês, viviam ali na vila que moravam por anos e sozinhas. Que sem precisar de alguém, juntas viviam uma vida simples mas cheia de amor e cumplicidade. Que enquanto Inês ainda estudava, Constância sustentava a casa com a pensão que ainda recebia do pai falecido dela por ela ainda se menor e também com os trabalhos que ela fazia na vizinhança mas que agora por verem que ela estava adoecendo, lhes fecharam a porta. E agora só restava Constância trabalhar com as mãos como também fazia, que era os maravilhosos doces, pães e queijos que ela produzia na sua própria cozinha e que por muitas vezes, Inês botava também a mão na massa para ajudar sua mãe. Mas ainda que, Constância era uma mãe solteira e que era um homem também para aquela casa, ela já estava deixando de fazer no ritmo que tinha antes seus trabalhos estando doente.


E assim passou aquela noite.


E na fazenda Santos, pela manhã .

Fernando o pai de Victoriano, tomava café ao ar livre acompanhado de sua esposa, Bernarda.

Bernarda era mais jovem que ele, de cabelos claros e olhos escuros e bonita mas que evitava a sorrir a não ser reclamar, o que era que ela sempre fazia azeda e que por isso estragava sua beleza.

E assim fazendo o que fazia de melhor. Bernarda disse, descontente.

— Bernarda: Esse café está horrível!

Fernando estava lendo um jornal, mas depois de ouvi-la. Ele disse gentil sem olha-la.

— Fernando : É só pedir que façam outro, querida.

Bernarda revirou os olhos para o pai de Victoriano, sem ele ver. Ela não o amava só estava ali pelo status e o poder que o nome dele dava a ela . E assim ela o respondeu.

— Bernarda : Se eu pedir que façam outro, mandarei embora a incompetente da Adelaide .

Fernando então fechou o jornal e respondeu sua esposa, em defesa da mulher que ela falava e que já trabalhava bastante tempo com eles.

— Fernando: Adelaide está bastante tempo trabalhando conosco, Bernarda. Não faça tempestade em um copo de água, ou melhor de um café.


Bernarda então calada só observou as palavras do pai de Victoriano e que ela não gostou . Porque Adelaide começou a trabalhar na fazenda com eles, ainda na casa dos 20 anos dela e assim com os anos ela foi amadurecendo entre eles. E por isso, Bernarda já estava ficando atenta na empregada que tinha boa aparência, ainda que ela achasse que ela não chegava aos pés do salto agulha dela.

E assim ela disse .


— Bernarda: Defende muito essa empregada doméstica, Fernando. Acho que posso desconfiar que tem algo com ela.

Fernando então respirou aborrecido. Ele sentia que logo nem poderia dar conta da mulher em sua frente, quem dirá de uma amante .

E assim ele a respondeu.

— Fernando : Não diga besteiras, mulher.

E então Victoriano apareceu na mesa, dizendo.


— Victoriano : Bom dia.


Fernando então se virou para seu filho e disse, mais aborrecido que tinha ficado. Porque ainda que amasse muito Victoriano, Fernando era o tipo de pai que mostrava mais cobranças do que afeto a um filho.


— Fernando : Achei que não levantaria hoje.


E Victoriano suspirou, pensando na sua noite mau dormida por conta de uns certos par de olhos verdes que aparecia para ele assim que ele fechava os olhos. E que por isso, aborrecido em pensar que aqueles olhos miravam outro e não ele, tinha custado pegar no sono.


E assim, Victoriano respondeu seu pai. 

— Victoriano: Demorei dormir, pai.

Fernando então descontente pegando mais café, disse.

— Fernando : Eu vi a hora que chegou, Victoriano .E já está na hora de deixar disso. Quero me aposentar, e pra isso preciso de você na frente dos negócios da família. Então se case logo e sossegue .

E Bernarda temendo que seu enteado se casasse por saber que a esposa dele teria mais regalias que ela naquela fazenda, já que Fernando em documentos em seu testamento já pronto deixava toda aquela fazenda para o filho como a empresa também, pretendendo apenas deixar algumas ações pra ela como esposa. Ela disse, por ter a consciência daquelas informações.

— Bernarda : Pare de insistir tanto para que seu filho se case, Fernando. Pode aparecer uma caça fortuna e engana-lo ou melhor enganar a todos nós!

Victoriano então depois de ouvir Bernarda, disse em um tom irônico.

— Victoriano : Obrigado Bernarda . Mas meu pai não vai sossegar até que eu me case e tome de uma vez o trono dele, não se importando com nada.

Fernando limpou a boca enquanto olhava Victoriano começar tomar seu café, e então ele o respondeu irritado.

— Fernando : Para isso que estou te criando, Victoriano. Vai ser o homem de negócios e de família como eu e seu avô fomos . E esqueça o resto dos fracassados de nossa família! Apenas faça valer a pena nosso nome mantendo vivo nosso patrimônio, para que os primeiros filhos homens seus e dos seus filhos façam o mesmo!


Victoriano então respirou fundo, daquele legado ele só escaparia se tivesse outro sobrenome ou sangue e como era impossível as duas coisas ele só tinha que se apressar e fazer o que o pai dele mandava de uma vez por todas.


E assim o dia seguiu.

Victoriano foi para faculdade, se enfiar em muitas contas e seus cálculos, enquanto Inês foi para aula que frequentava o final do seu ensino médio.


E assim a manhã passou e já era tarde. E Inês depois de sua aula, pegou a cesta de pães, doces e alguns queijo e saiu para vender como sempre fazia mas o lado da mãe para ajudá-la mas que agora ela estava indo mais sozinha depois que a mãe dela começou a ficar doente e temer as pessoas na rua.

E então já na praça. Inês andava com uma cesta no braço e um pano em cima dela, oferecendo as delícias que a mãe dela fazia para quem passava e estava na praça.


De cabelos soltos e vestido ela caminhava sorrindo, até que parou na frente de duas senhoras sentada em um banco que parecia querer comprar dela alguma coisa.


E enquanto Inês estava de costa torcendo que voltasse para casa pelo menos com parte do dinheiro dos remédios que ela sabia que sua mãe ainda precisava comprar. Victoriano estava na rua enfrentando o trânsito enquanto passava na frente da praça que ela estava, por estar voltando para casa depois da aula aquela hora.

E por uma distração dentro do seu carro, ele olhou de lado quando viu Inês que virou pro lado dele sorrindo depois de deixar dois sacos de pães caseiro com as duas senhoras. Victoriano então sorriu, não podia crer que via Inês ali. Já que enquanto esteve na faculdade, havia enchido Vicente de tanto que tinha falado dela e mal de Loreto, que também estudava com eles mas com uma bolsa de estudos e que naquela manhã ele tinha faltado na aula.

E parado como estava no caminho seguindo Inês com os olhos, Victoriano ouviu buzinarem para ele no trânsito. Então ele botou o carro para andar decidido dar a volta na praça e ir até Inês.

E foi o que ele fez. E minutos depois ele estava de a pé já na praça procurando ela.

Inês tinha vendido um queijo a uma mulher que passeava com seu cachorro.

De costa ela recebia o dinheiro, enquanto Victoriano se aproximando observava o que ela fazia e entendia mais ainda que ela não se comparava com as classes de mulheres que ele saia. Mas que por aquele fato mesmo, parecia que ele se sentia mais atraído por ela além dela ter aquela beleza desafiante que ela tinha até vendendo doces numa praça. E que por mais disso, era que ele a queria para ele e quem sabe ela pudesse ser a esposa dele que o pai dele queria tanto que ele arrumasse .

E determinado em tê-la de qualquer forma sendo dele esposa ou não, sem querer saber das consequências, ele disse por trás dela.


— Victoriano : Oi, Inês Huerta.

Inês sem virar de costa soube na hora de quem era aquela voz que havia acelerado o coração dela em voltar ouvi-la.

E sem mais sua cliente na sua frente, ela suspirou nervosa sem saber se virava para ver Victoriano ou seguia em frente.


E assim ela fez o que seu coração aos pulo pedia, não se virou e começou andar deixando Victoriano para trás.


Victoriano então sorriu gostando da atitude dela, e como bom caçador ele foi caça indo atrás dela.

E quando ele cruzou a frente dela fazendo ela parar. Com um riso nos lábios ele disse.

— Victoriano: Por que correr de mim, Inês? Eu não mordo sabia, só se pedir.

Inês que tinha levantado a cabeça ofegante para olhar Victoriano impedindo que ela seguisse, sentiu suas bochechas queimarem depois das palavras dele.

E com ele tão perto dela de novo e agora com eles sozinhos e de dia, ela pôde ver com mais clareza mas não menos nervosa, como ele era. E então ela abriu a boca e fechou analisando a beleza de Victoriano, que melhor ela olhava nos olhos dele e via o quanto eles eram lindos e mais claro que os delas e que seu rosto de pele clara era liso e bonito. Ela olhava também os lábios dele e via que eram finos e rosados e que estavam contornados por um cavanhaque bem feito que o deixava mais másculo. E ela suspirou com aquela beleza de homem na frente dela outra vez.

Mas então, Inês desceu os olhos vendo melhor como ele se vestia e percebeu que além de lindo, Victoriano sem dúvidas era de uma classe social diferente que a dela.


E então segurando firme sua cesta na frente do corpo, como se tivesse tornado aquele momento depois do raio-x que ela tinha feito  em Victoriano, Inês disse recuperando a voz dela e o chamando pelo nome.

— Inês: Me deixe passar, Victoriano Santos.


Victoriano não se moveu, apenas sorriu arqueando uma sobrancelha depois de ter percebido que Inês tinha ficado segundos demais o olhando além de ter visto ela ruborizada com o que ele tinha dito . E assim ele disse, baixando os olhos para cesta dela e ignorando seu pedido.

— Victoriano: O que está vendendo aí? Hum? Parece pesado. Deixa eu te ajudar.

Victoriano então moveu a mão para pegar a cesta de Inês, mas ela a colocou do lado do corpo dela. E disse brava, já que se viam pela segunda vez e ele estava agindo daquela forma com ela lhe dando uma atenção de uma intimidade que não tinham e que não poderiam ter já que ela era namorada do amigo dele, mesmo que Victoriano parecia ter esquecido disso ao ver dela.

E então para lembra-lo. Ela disse.


—Inês : Eu tenho namorado Victoriano, e ele é seu amigo. Me deixa passar .

Victoriano então riu, todo confiante que por enquanto ela seguiria dizendo que era namorada de Loreto e que logo aquele fato mudaria. E assim ele a respondeu.

— Victoriano : Sei que tem. E sei também que essa amizade entre seu namorado e eu pode se abalar, Morenita.


Inês então arregalou os olhos, quando  ouviu Victoriano chamar ela de morenita. E ela percebeu que ele parecia não ter limites. E então ela perguntou incrédula.

— Inês : Do que me chamou?

Victoriano então sorriu mostrando seus dentes, e despreocupado ele a respondeu.

—Victoriano: De morenita. Gostou?

Victoriano então não deixou Inês responder e pegou a cesta dela e começou andar. E Inês que seguia ainda impactada por ouvi-lo chamar de morenita, acordou e o seguiu quase correndo quando o viu fazer o que fazia.

— Inês : Você é louco, me dá aqui minha cesta!

Quando Victoriano ouviu Inês falar toda brava, ele parou de frente dela e então ergueu a cesta no alto por saber que sendo mais alto que ela, ela não alcançaria pegar.

E sorrindo todo abusado, ele propôs a ela.


— Victoriano: Vamos tomar um sorvete comigo que te dou ela. E então iremos nos conhecer melhor morenita, e verá como sou interessante.

Inês então mais brava deu um tapa no peito de Victoriano e ele riu dela, por aquele gesto dela ter sido sentido por ele mais como uma carícia do que uma agressão. E assim ela disse depois que deu um passo para trás e ter cruzado os braços, por perceber que tinha tocado nele daquele jeito “agressivo”.

— Inês: Pare de me chamar dessa forma, não temos intimidade para isso . Então me devolva minha cesta Victoriano, porque não vou a lugar nenhum com você!


Inês então depois de suas palavras erguendo os pés, tentou pegar sua cesta de novo. E Victoriano para não facilitar achando graça nela, ergueu mais a cesta com os dois braços na frente de Inês para ela não alcançar, enquanto ele ria bobo vendo ela ficar nervosa e ficando mais linda assim ao ver dele. E ele só pensava que Loreto não merecia uma namorada como ela, mas que ele também não mas como ele não se importava ele iria conquista-la sem dúvidas para que no final ele felizmente vencesse tendo Inês ao seu lado e não Loreto.

E vendo que Inês cansava e que as pessoas que circulavam na praça os olhava, Victoriano disse ao ver um banco perto deles.

— Victoriano : Está bem, Inês. Te devolvo e sentamos ali naquele banco, para conversamos um pouco.

Inês então cruzou os braços outra vez. E toda desconfiada, enquanto tentava regular sua respiração ela reprisou por ver a insistência dele.

— Inês : Eu não entendo o que quer de mim, Victoriano. Sabe que sou a namorada de Loreto, seu amigo!

E Victoriano descendo a cesta mas sem pretender devolver. Ele a respondeu.

— Victoriano : Quero te conhecer, morenita. Não vou te morder, mesmo que tenha seu ilustre namorado. Já disse!

Inês então bufou soltando o ar nervosa. E levando a mão para pegar a cesta, mas Victoriano movendo ela. Ela disse brava.

— Inês : Mas não quero te conhecer! E já deixe de me chamar assim. Nem me conhece, Victoriano!

E Victoriano fechando a cara rebateu a ela, com ela mais uma vez repreendendo ele por chama-lá de morenita.

— Victoriano : É melhor que Inesita! Então vou chama-lá assim. E para isso que quero que venha comigo, para nos conhecermos.

Inês então fechou os olhos para tentar ficar calma e ser gentil como ela sempre era, mesmo com quem não merecia ou tentava tirar a calma dela como Victoriano fazia com sua insistência.

E então ela disse baixo e tentando ser educada com ele.

— Inês : Victoriano, eu não posso ir a nenhum lugar com você e sabe o porque. E além do mais, preciso trabalhar. Então por favor, me devolva minha cesta que diferente de você eu tenho alguém que precisa do dinheiro das vendas que tem aí.

Victoriano então baixou os olhos vendo a cesta nas suas mãos. E sentiu que quem fosse que precisasse das vendas do que tinha na cesta que ele tinha nas mãos e Inês falava, que ele podia ajudar com aquilo. E então ele disse querendo unir o útil ao agradável.

— Victoriano : E quem é esse alguém? Eu posso comprar tudo que tem aqui. E depois você ficará livre para irmos juntos a qualquer lugar .


Inês então ergueu a cabeça certa que ele poderia mesmo comprar tudo o que ela tinha na cesta, mas que por trás desse feito dele tinha um interesse que era claramente ela. Então sentida por interpretar que Victoriano queria comprar um tempo com ela comprando tudo que ela vendia na cesta, ela disse.

—Inês : Deve ser acostumado a ter tudo o que quer Victoriano, mas não quero seu dinheiro . E me ofende que queira comprar assim minhas coisas, em troca da minha companhia!

Inês então piscou algumas vezes para não chorar. E Victoriano percebendo para que lado ela tinha levado as palavras dele, ele disse querendo concertar as coisas.

— Victoriano : Estou sendo um cliente como outro, Inês. Não queria te ofender. Me desculpe, não queria que levasse minhas palavras para outro lado. Acredite eu queria ajudar também.

E Inês depois de ouvi-lo, apenas disse, querendo apenas que Victoriano deixasse ela em paz.

— Inês : Só quero que entregue minha cesta e me deixe.


E Victoriano suspirou cansado sabendo que Inês não cederia as vontades dele ainda mais por ter entendido que ela tinha ficado realmente chateada pela atitude dele, mas que ele sentia que não tinha sido tão grave o que ele havia falado a ela. Ele só não era acostumado a levar nãos e ser rejeitado pelo público feminino.

E se rendendo mas não desistindo,  Victoriano fez que ia entregar a cesta mas recuou a mão em querer saber pelo menos uma coisa de Inês antes que ela fosse. E assim ele disse .

— Victoriano: Quantos anos tem, Inês? Parece bem mais jovem que eu. Devia estar estudando agora, não?

Victoriano enquanto esperava Inês responde-lo, ficou dando uma idade para Inês e que torcia que fosse a maior idade ou pelo menos que ela estivesse perto dela. Mas Inês sem querer saber dele mais em sua frente o respondeu.


— Inês : Já estudei hoje, obrigada pelo interesse. E não interessa minha idade.

Victoriano então bufou com a resposta abusada de Inês e disse.


— Victoriano : Ontem parecia mais doce que agora!

Inês então rebateu logo as palavras dele.

— Inês : As aparências enganam, Victoriano.

E Victoriano ainda bravo dando a cesta para ela, disse pra provocar.

—Victoriano : Digo o mesmo em relação ao seu namorado!

E Inês segurando em um lado do cabo de sua cesta e Victoriano do outro, olhando ela bravo . Ela o respondeu irritada pelas palavras dele.

—Inês : Adeus, Victoriano.

E Victoriano sem largar o lado dele da cesta, voltou a insistir no que antes queria fazer de bom agrado .

— Victoriano : Não vai me deixar comprar nem um doce? O cheiro me parece bom.

— Inês: Não! E adeus!

Victoriano então soltou a cesta levando a mão no bolso. E respondeu o adeus de Inês que ficou olhando ele toda brava.

— Victoriano : Até logo, morenita.


Inês então deu as costas para Victoriano, enquanto tentava entender melhor aquele amigo de Loreto que não parecia tão amigo dele assim. Ela só podia pensar que ele era doido, doido e abusado por voltar aparecer no caminho dela e a chamando de morenita. E que pensar nesse apelido, Inês sorriu porque tinha gostado dele mas não podia gostar desse apelido vindo de Victoriano, porque afinal, ela era comprometida e por isso ela achava que não era certo ela deixa-lo chama-lá dessa forma.

E enquanto Inês tomava distância, Victoriano ficou olhando ela . Mas inconformado pela falta de interesse dela nele, ele suspirou decidido em mudar aquela questão. E ele começaria tentando saber mais dela e por outros meios que o favorecia.


E assim a tarde se acabava e Inês voltava para casa desanimada. Ela não tinha conseguido vender tudo que tinha levado e automaticamente, ela pensou em Victoriano e que devia ter deixado ele comprar algo com o seu segundo pedido do que ela trazia na cesta .

E assim quando ela cruzava o portão da vila que morava. Loreto apareceu dizendo .

— Loreto : Inesita, aonde estava? Estive te procurando.

Loreto pegou a cesta da mão de Inês, e ela já assustada pelo modo que ele falava disse.

— Inês : Eu estava na praça trabalhando, Loreto. O que houve? Parece nervoso.

E depois de Loreto ouvir, Inês ele a respondeu.

—Loreto : É a sua mãe, Inês.

Inês então já trêmula e querendo chorar, perguntou.

— Inês: O que tem minha mãe, Loreto? Diga!

 


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