Amor Sem Medidas escrita por EllaRuffo


Capítulo 14
Capítulo 14




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/762064/chapter/14



Piscando várias vezes sentindo todo seu corpo e um lado do seu rosto doer. Inês acordava, tendo a visão ali deitada de bruços no chão de terra, as rodas do seu carro que seguia aonde estava de portas escancaradas.

E Inês gemeu baixinho em meio a um choro sofrido e se levantou.  E com seu corpo todo tremendo, nem sentindo suas pernas, ela olhou para o banco traseiro do seu carro. Nele, só tinha o brinquedo que Fernando brincava e uma manta azul, nem a cadeirinha dele estava mais, que ao vê-la ao chão os homens maus levaram com eles.

E um grito de dor e desespero se ouviu ali de Inês que levou as mãos nos cabelos, tendo a dolorosa consciência do que tinha acontecido. Haviam sequestrado seu bebê de apenas cinco meses e daquela forma tão cruel e covarde .

E se tremendo toda, mãos, boca, ela se abraçou olhou para o caminho que devia seguir para casa . E sem ter condições de dirigir muito menos a consciência de ligar para alguém, ela começou se arrastar, porque andar ela não fazia, poia seu corpo estava ali mas sua mente estava vaga, perdida em um filme de terror aonde acabavam de tirar o filho dela . Suja, despenteada e de lábios machucados, Inês andava em frente.  Tremendo e chorando, ela só chamava pelo filho em meio a dor que sentia do vazio que nos seus braços e peito .


E na fazenda, Victoriano estava de volta. Tinha feito um caminho diferente de Inês, um atalho que fazia ele chegar mais rápido em casa. Que por ver que Inês, não tinha aparecido na empresa ele foi pra casa tentando entrar em contato com ela durante o caminho para que não se desencontrassem . Mas quando chegou, não a viu, não viu seu filho também. E ainda não tinha conseguido entrar em contato com ela também.


E quase 1 hora depois de sua chegada, e ela não ter aparecido, havia bastado para ele se preocupar. E estava pronto para ir atrás dela, quando um de seus capataz da fazenda o gritou quando ele avistou uma mulher como sua patroa se aproximar do portão.


E Victoriano com o corpo todo tenso, a viu em uma distância que podia identifica-la, mas não vê-la realmente como ela estava. Apenas, vendo que seus braços que se abraçava, estavam vazios e sem o carro por estar caminhando . E Victoriano correu, sentindo que algo de muito ruim passava .


E três capatazes foram com ele. E quando ele se aproximou a vendo como estava, Victoriano tinha certeza que algo tinha acontecido e era com o filho deles.


E assim ele disse aflito.


— Victoriano: O que aconteceu, Inês? Cadê nosso filho?


Ele levou a mão no rosto dela. Tinha um hematoma nos lábios e o lado direito começava inchar.


E Inês toda trêmula e o olhar perdido, o respondeu.


— Inês : Levaram. Levaram nosso filho.


E Inês esmoreceu e rápido, Victoriano a pegou nos braços e gritou, desesperado com seus homens .


— Victoriano: Encontre meu filho! Vasculhem cada canto, cada lugar até que o achem!


E ele apressado caminhou com Inês nos braços para dentro da fazenda.


Agora era certo que aquele dia, seria longo e nada lindo como tinha amanhecido.


E mais tarde, Inês estava sendo atendida por um médico no quarto. Enquanto a fazenda, estava um caos com homens da polícia por toda parte e um delegado que fazia muitas perguntas .


E os capataz de Victoriano, tinha encontrado o carro de Inês, e nele apenas encontraram os pertences de Inês e do bebê no carro. Então, era claro para a polícia que aquilo era um sequestro e não um roubo. O alvo, era o filho do milionário Victoriano Santos.

O poder e o dinheiro, instigava muito aqueles crimes. E por isso, as autoridades acreditavam que os sequestradores fariam contato exigindo o valor do resgate.


Desesperado, Victoriano, sentia de mãos atadas que com tanto dinheiro que tinha, não podia fazer nada a não ser apenas esperar. Enquanto, Fernando em Barcelona, quando recebeu a notícia, sentiu uma forte dor no peito que teve que ser socorrido. O mundo feliz e perfeito da família Santos, tinha desmoronado.


E no quarto, Inês na presença do médico e Adelaide, já que Victoriano como o único que podia estar a par das notícias das autoridades não podia estar com ela, Adelaide cuidava dela.


Então, segurando a mão dela, Adelaide, via uma agulha enorme entrar no braço de Inês. Fora de si, depois que teve que reviver tudo o que houve ao dar seu depoimento as autoridades, Inês começou chorar desesperadamente, ameaçando deixar a fazenda e sair em busca do seu filho. E por isso, um “sossega leão” iria contê-la de fazer qualquer loucura.


E Adelaide, viu Inês esmorecer logo depois. E chorou com a menina, tão descontrolada como ela nunca tinha visto. E ela beijou os cabelos dela, rezando aos céus que aquele pesadelo acabasse. Ela rezava para que Fernandinho regressasse aos braços dos pais sã e salvo e o quanto antes.


E no seu escritório, de costa para a porta, fugindo para respirar sozinho com tudo que estava passando, enquanto sua casa e fazenda ainda era tomada por homens da lei, Victoriano ouviu a porta abrir e se virou quando viu Vicente.


De olhos vermelhos por também ter chorado, Victoriano sem vergonha de mostrar o quanto doía nele o que estava acontecendo, recebeu o abraço do amigo que lhe deu com força.
E assim ele disse, desabafando com Vicente por estar a par por Inês, quando pôde falar como tinham levado o filho deles.


— Victoriano: Levaram meu filho, machucaram minha mulher! Malditos, infelizes!


Quando o abraço se desfez, Victoriano furioso, jogou tudo ao chão da sua mesa com desejo de vingança. E então voltou a dizer com ódio dos covardes que sequestraram seu filho.


— Victoriano: Eu vou achar um por um que fizeram isso e vou mata-los! Vou mata-los e enterra-los em uma vala!


E Vicente apenas assistiu a fúria que Victoriano estava. Estaria com ele aquele momento como amigo. E como amigo, também entendia que não podia falar algo que não estava em seu alcance, como dizer que ficaria tudo bem ou pedir calma. Porque compreendia o que Victoriano estava passando, sentia a dor dele e também sofria, pois o menino além de ser filho de seu amigo era seu afilhado. O que acontecia, mexia com todos. A covardia de tirar um bebê dos braços de uma mãe indefesa perto de vários homens, era revoltante para todos ali presentes.


E as horas passavam. Nenhuma ligação, nenhuma pista tinham achado. Era como que Fernandinho tivesse desaparecido do mapa.


Aeroportos, estavam sendo tomado por agentes que com dinheiro e o poder que tinha o limite para encontrar o filho, para Victoriano não existia. E que até na cama de um hospital, Fernando ao falar de Barcelona com o filho, deu ordens para que o deixassem falidos se fosse preciso mas que Victoriano fizesse de tudo para encontrar o neto dele.


E com aquela angústia e o ódio só crescendo em querer encontrar os responsáveis do sequestro do seu filho e o paradeiro dele, Victoriano entrou no quarto dele com Inês.


O médico já não estava, Adelaide, observava Inês dormir sentada em uma poltrona quando viu Victoriano entrar, e ela se levantou e disse.


— Adelaide: Desculpe patrão por ainda estar aqui. Eu não pude deixar a menina Inês só.


Victoriano respirou fundo, precisava da senhora cuidando de Inês enquanto ele cuidava de tudo para encontrar o filho deles. E assim ele disse.


— Victoriano: Não se incomode. Fique como estava. Siga cuidando de minha mulher, Adelaide. Ela precisa de você. Precisamos de você.


Victoriano segurou as lágrimas nos olhos e entrou em uma porta do quarto . Precisava de um banho e ia buscar roupas para fazer aquilo.


E Adelaide então suspirou profundamente e sentou na ponta da cama tocando nos cabelos de Inês e olhando no criado mudo uma caixa de calmantes que o médico havia deixado ali caso ela voltasse se descontrolar outra vez.


Estavam em um pesadelo que apenas tinha horas e já tinha feito muito estrago.


E longe dali, com estrelas no céu. Em uma pista particular de decolagem de aviões de pequenos portes. Um, de portas abertas esperava seus passageiros.

De um carro preto e grande. Um homem desceu . As botas de couro dele, sua calça de pano de grife e blusa tão fina como o resto que usava. Ele falava com alguém por um celular na mão e enquanto a outra, ele segurava uma mala com uma quantia considerada de dinheiro.


E assim ele falava.


—X : Sim, estamos prontos para decolar.


Ele olhou uma moça de branco sair do outro lado do carro carregando um bebê que dormia calmo depois de mamar. E a moça, enfermeira, só estava ali para cuidar da criança que tinha nos braços e mais nada .

E assim, ela caminhou até o avião sendo direcionada por um homem .

E o que fazia a ligação riu e disse, afirmando aquilo.


— X : Eles nunca mais vão ver essa criança.


Ele ouviu a outra pessoa da linha apenas apostando naquilo. E depois a ligação foi terminada.


E Loreto guardou o celular no bolso e girou seu corpo tendo melhor a visão da onde estavam. Ele tinha quase todo poder e dinheiro que sempre desejou. Mas como quase não era o que ele almejava, ele queria mais do que tinha. E só estava ali de volta a sua terra natal, apenas se vingando do homem que tinha lhe tirado a mulher que amava. Um filho. Um bastardo que podia ser filho dele, pagaria pela traição do pai e a escolha da mãe.


Ele podia ter perdido há dois anos atrás aquela briga, ter sido humilhado e rejeitado pela mulher que amava, mas Loreto sabia que ao fazer aquilo marcaria o casamento infeliz que Victoriano e Inês agora com certeza teriam. Mas ele não estava sozinho naquele plano, uma aliança muito bem feita tinha sido selada . O dinheiro que carregava  bancaria todo aquele sequestro, e ele não tinha caído do céu. Agora, Loreto e seu aliado, vitoriosos ambos os lados se sentiam realizados. Pois tinham conseguido com êxito acabar com a felicidade conquistada na derrota deles. E sem mais de longas ele também entrou no avião.


E amanheceu.



Victoriano não tinha conseguido pregar os olhos, enquanto Inês a base de remédios dormiu “ bem”  até que ele ouviu gritos dela da onde estava, sentado na sua mesa no escritório por ter passado a noite toda ali.


E ele correu para o segundo andar da casa.  E Inês estava em pé, chorando e aos berros com a Adelaide que tentava impedir que ela saísse do quarto.


— Adelaide: Inês, olhe pra mim, filha. Não pode sair dessa maneira como está.


Adelaide tocou no rosto de Inês mas ela agressivamente retirou a mão dela, não querendo saber de nada. Ela apenas queria seu filho de volta e seria capaz de tudo para tê-lo. E quando ela girou o corpo bateu de cara com Victoriano que segurou nos braços dela, dizendo aflito.


— Victoriano: Se controle, Inês!


Inês piscou sendo segurada por ele enquanto seus olhos inchados de chorar desciam mais lágrimas. E baixo ela disse.


— Inês : Eu quero nosso filho. Nosso filho que foi tirado de mim.


Inês baixou a cabeça chorando e Victoriano a puxou para seus braços, e abraçou ela fortemente como estava. Ele sentia que morria uma parte dele junto com ela com aquela dor que passavam.


A noite tinha terminado e nada de notícias. E as autoridades, ainda que seguiam as investigações e buscas já estavam pondo em dúvida que o sequestro fosse só para pedir resgate.



E ainda apertando Inês, nos seus braços, Victoriano viu Adelaide deixar o quarto para que eles ficassem sozinhos.


E então ele andou com ela até a cama, se sentou no meio dela e trouxe ela para sentar e se aconchegar nos braços dele.  Depois dos caos do dia anterior, só aquele momento ainda que o pesadelo seguisse, Victoriano conseguia dar atenção para sua mulher e cuidar dela.


E assim, Victoriano disse, segurando o choro enquanto Inês soluçava no peito dele como uma criança.


— Victoriano : Vamos achar nosso filho, Inês. Eu prometo.


Inês gemeu sofrida tendo lembranças de como tinham levado o filho deles. E disse.


— Inês : Foram cruéis. Levaram nosso bebê diante dos meus olhos e não pude fazer nada para que não tirassem ele de mim.  Que mãe que fui?


Victoriano acariciou os cabelos de Inês . Não podia realmente imaginar como tinha sido aquele momento para ela, mas o pouco que podia imaginar o fazia se enfurecer outra vez com tamanha covardia que fizeram com ela. E ele só pensava, se talvez tivesse ido ao médico com ela, aquela volta pra casa, Inês não teria enfrentado sozinha. E com seu coração sofrido como o dela, mas direcionando mais aquela dor no desejo de encontrar aqueles covardes. Victoriano disse, não permitindo que Inês falasse como falava mais.


— Victoriano: Foram covardes, Inês! Não podia com eles! Tenho certeza que lutou que não o levassem! Foi mãe até o último momento! Eu sei!


E ele fez Inês olha-lo, tocou o rosto dela limpando das lágrimas . E ela voltou a dizer o que sentia com sua dor latente no seu peito.


— Inês : Eu não quero viver em um mundo onde nosso filho não esteja conosco.


E Victoriano, levou as mãos no rosto de Inês olhando nos olhos dela quase chorando também. E com sua voz embargada ele disse para tentar consola-la.


— Victoriano: Vamos acha-lo . Me ouviu? Não vai precisar viver em um mundo sem ele, porque vamos acha-lo! Eu prometo que não vou descansar até acha-lo!


Victoriano depois, apertou Inês mais firme nos braços e ela sem deixar de chorar, pediu.


— Inês : Ache nosso filho . O encontre e me devolva ele, Victoriano. Porque se isso não acontecer, eu vou enlouquecer.


Victoriano sentiu Inês depois de suas palavras se apertar a ele. Ela pedia algo como que se ele tivesse realmente o poder de fazer aquilo como ele havia prometido. O temor da promessa batia no peito de Victoriano junto a possibilidade de desapontar a mulher que amava que antes, de ser seu amor ali era a mãe que sofria por ter sido arrancado dos braços dela, seu filho.



E assim alguns dias passou.



Seguiam sofrendo pela falta de notícias e pelas pistas falsas que recebiam do paradeiro de Fernandinho. Aquele sequestro relâmpago, dava em todos jornais, era matérias na tv e nas bancas.  Fernando Santos, já estava na capital junto com sua esposa, e não queria arredar o pé mais de suas raízes sem ter seu neto volta. E ele dava apoio para Victoriano seguir com as buscas que já levavam duas semanas, e também dava ordens, por trás das autoridades, para investigarem de uma maneira nada dentro da lei, aquele sequestro.


Enquanto Inês, naqueles dias estava passando por fortes crises de choro, não dormia, não comia e nem bebia direito. Estava só existindo porque sentia que estava morta todos aqueles dias . Se abria os olhos era pra chorar e se os fechava era obrigada, quando cedia que fosse medicada por um médico que estava ficando em alerta com os surtos que ela estava tendo e que ele sabia como profissional que podiam piorar drasticamente.



Victoriano dentro daquela situação, não sabia o que fazer. O médico havia conversado com ele, e reacendeu o passado na mente de Victoriano . Inês tinha um histórico familiar de transtornos mentais e o estado dela inspirava ainda mais cuidados de um profissional. E por isso ele estava cada vez mais aflito. Estava sem seu filho e corria perigo de perder a esposa também. Victoriano só pensava qual maldição tinha caído sobre ele.


E Bernarda, como Inês não estava sana para nenhum dever como patroa da casa, ela tomou aquela posse outra vez. Ela via desesperadamente, Victoriano e Fernando seguir com as buscas e recursos para achar Fernandinho. Enquanto ela só se importava de estar novamente no lugar que com a chegada de Inês, ela tinha sido tirada .


E assim, ela dava ordens para Adelaide que cozinhava algo especial para Inês. Ela arqueou a sobrancelha, nem se importava com o estado da nora de seu marido, via ela cada vez pior e percebia que Victoriano e o marido também percebiam, mas que ambos parecia não ter coragem de dizer em voz alta o que estava acontecendo com ela. A contrário dela que estava morrendo pra gritar aquela verdade.


E assim, tocando com suas unhas grandes e pintadas de vermelho a mesa, ela disse fingindo se importar.


—Bernarda : Quando acabar o que seja que está fazendo, leve para Inês .


Adelaide se virou, experimentou o caldo da sopa que fazia e depois disse, sem medo da mulher em sua frente.


— Adelaide: Sei que não gosta da menina, Inês. Não precisa fingir pra mim. Então deixa que eu cuido dela sem que precise dar ordens.


Bernarda torceu os lábios descontente. E disse .


— Bernarda : Como ousa falar assim comigo!


Adelaide pegou um pano de prato irritada e secou as mãos nele. Ver Inês no estado que estava e também o filho de seu patrão, estava mexendo até com os nervos dela e ver Bernarda fingir o que ela sabia que não sentia, só a irritava mais.  E então, novamente ela respondeu sua ex patroa.


— Adelaide: Minha patroa agora é Inês. Ainda que ela não esteja boa para colocar você no lugar, mas agora estou aqui pra fazer isso se eu ver que no momento que ela está passando tentar deixá-la pior, Bernarda!


Bernarda fez um bico. Adelaide era perigosa e estava agindo como uma mãe que protegia sua cria ao sair em defesa de Inês daquele modo, tão petulante. E ela só se arrependia de antes não ter colocado aquela mulher no olho da rua. E então, de cabeça erguida ela disse o que pensava.


— Bernarda: Devia ter de ter jogado no meio da rua quando tive a oportunidade!


Adelaide deu um risinho ironicamente, jogou o pano de volta a mesa e levou a mão na cintura pra responder outra vez Bernarda.


— Adelaide:  Quando teve, o que não tem mais . Agora por favor, saia da minha cozinha porque seu veneno contamina tudo aqui.


E Bernarda então, apontou o dedo na cara de Adelaide e a ameaçou desejosa de por a empregadinha no lugar dela.


— Bernarda : Quando sua protegida parar em um hospício que é o lugar dela, vou voltar para o meu . E você vai engolir essas palavras!


Adelaide estufou o peito. Estava mais certa ainda que Bernarda só fingia se importar com Inês.  Apenas desejava o mal dela. E então ela disse.


— Adelaide: É isso que quer que aconteça com Inês . Mas não vai! E você voltará de onde veio!


Bernarda então gargalhou depois de ouvi-la e disse.


— Bernarda : Isso veremos empregada!


E logo depois, Bernarda saiu da cozinha  ainda rindo. Enquanto no quarto, Inês sozinha se levantava da cama. Nos braços dela, ela carregava a manta que havia ficado no carro de Fernando. O cheirinho de bebê dele ainda estava impregnado no pano daquela manta. E por isso ela chorava agarrada nela já há dias.


E como não viu ninguém, ainda que se sentisse fraca, Inês, se arrastou pra fora do quarto e foi até o quarto do seu bebê. Mas quando foi entrar, Inês viu que a porta estava fechada com chave . Quando ela não estava na cama dentro daqueles dias, ficava encolhida sobre a poltrona que ela amamentava Fernando no quarto dele. E agora ela via a porta trancada.


E Inês então ficou nervosa por sentir que estava sendo impedida de sentir daquela única forma, perto do seu filho que era estando no quarto dele. E assim ela forçou abrir a porta do quarto e gritando.


— Inês : Quem trancou essa maldita porta!


Inês bateu na madeira da porta e com o som, Victoriano que estava subindo para vê-la se apressou e disse.


— Victoriano: O que está Fazendo, Inês?


Ele puxou ela pela cintura. Inês já chutava a porta. E então com Victoriano a segurando, ela disse fora de si.


— Inês : Quem foi! Quem foi que trancou a porta do quarto do meu filho!


Victoriano tão pouco sabia quem foi. Mas sabia que Inês passava muito tempo dentro do quarto do filho deles desde que ele havia sido sequestrado.



E quem havia mandado trancar de propósito, apareceu. Bernarda ali, via Inês descontrolada. E assim Victoriano disse quando a viu, sem soltar Inês.


— Victoriano: Peça que abrem esse quarto e que não o fechem mais, Bernarda!


Inês então olhou para Bernarda e gritou sem dúvida do que ia dizer.


— Inês : Foi você! Foi você que trancou o quarto do meu filho!


Victoriano no mesmo momento buscou os olhos de Inês, que inquieta queria sair do agarro dele e depois olhou para Bernarda que pareceu pálida. E então, ele ouviu ela se defender.


— Bernarda : Inês, querida . Claro que não foi eu . Deve ter sido alguma mocinha da limpeza.


E tentando tirar as mãos de Victoriano ao redor dela, pressentindo que sim era Bernarda que havia trancado o quarto do seu filho, Inês voltou a gritar nervosa insistindo na sua verdade.


— Inês : Sim foi você! Saia da minha casa!

E Victoriano a virou pegando agora Inês que ofegava pelos braços . E assim, ele disse querendo acalma-la.


— Victoriano : Inês, meu amor. Bernarda está aqui pra nos ajudar!


Inês então chorando nervosamente, virou o rosto pra olhar Bernarda com raiva e rápido voltou olha-lo, para confessar o que sempre guardou pra ela.


— Inês: Ela me odeia. Nunca aceitou nosso casamento!


Victoriano, então pegou no rosto de Inês. Não acreditava nela, acreditava apenas que ela estava alterada e que por isso falava daquela forma . E assim ele disse tentando ter calma com ela.


— Victoriano: Já mandei que abrissem o quarto, ela vai abrir. E  enquanto isso, vamos para o nosso hum. Vem.


Victoriano, pegou na mão de Inês que olhava brava pra ele mas ainda que nada contente seguiu para o quarto, com ele segurando firme a mão dela.


E já dentro dele, ela sentou na cama calada e virou o rosto. Victoriano suspirou olhando o olhar vazio de Inês . Aqueles dias que se passava, ele não via mais o olhar que Inês tinha e que levava um brilho inocente, um brilho de alguém que acreditava na vida e nas coisas boas dela.  E agora ela só tinha aquele olhar “ sem cor” vazio e triste.


E ele então se ajoelhou mais triste ainda na frente dela e deitou a cabeça nas pernas dela. Estava perdendo a mulher que amava. Ela já não era a doce Inês que ele tinha se casado. Aquela dor estava tirando o melhor dela. E assim, ele disse se sentindo o pior dos maridos, o pior dos pais e homem por não poder devolver a ela o que foi tirado deles.


— Victoriano: Me perdoa, Inês. Me perdoe por não estar sendo capaz de trazer nosso filho de volta pra casa.

E ele abraçou as pernas de Inês do jeito que estava e escondendo o rosto nelas, chorou ali entre elas.






Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!