Rendendo-se - Ema e Ernesto escrita por RafaelaF


Capítulo 2
Descobrindo?


Notas iniciais do capítulo

Volteeei!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/762013/chapter/2

Elisabeta.

— Como assim sumiu, Elisabeta? – Pergunta Ernesto sem entender nada, e consigo identificar certa angustia em sua voz.

— Sumiu, ora. Procurei por Ema em todo canto e não encontrei. – respondo enquanto ando pelo quarto. Não posso olhar para ele.

— Tem certeza disso? Você procurou na casa do... – Ele não completa a frase, nem precisa.

— Foi o primeiro lugar em que procurei depois do cortiço. – digo louca para finalizar essa conversa.

— Isso não é possível. Já anoiteceu, devemos buscar as autoridades? – Ele me pergunta, e há desespero em seu olhar. Pobre Ernesto.

— Não. Não comente com ninguém, não ainda.  

— Como você consegue ficar tão calma? Ela é sua amiga! – Ernesto diz, e ele tem razão. O que ele não sabe é que não estou calma, na verdade estou enlouquecendo sem poder fazer muita coisa.

Avisto Jane passar pelo corredor e corro até ela, deixando para trás um Ernesto totalmente abalado, mas preciso fazer isso, por Ema.

— Jane! – digo segurando em seu braço. – Preciso que você faça uma coisa.

Jane.

A casa fica um pouco distante do cortiço, Tenória conseguiu com um amigo próximo para que Ema ficasse por uns dias. É bem simples, mas bastante aconchegante. O dia mal amanheceu e eu já estava fora da cama para fazer o que Elisa pedira. Trouxe roupas, lençóis limpos e comida para Ema, que se encontra na janela olhando para uma cachoeira que fica detrás de umas árvores a alguns metros de distância.

— Quando Elisa me contou eu não acreditei. Sumir, Ema? – pergunto sem esperar para que ela responda – Você não imagina a confusão que aconteceu quando o senhor Tibúrcio soube que você tinha sumido justo no dia do casamento.  Você tem ideia de como o Ernesto está? Ele está preste a pedir ajuda as autoridades. – Termino de dizer, e Ema soa totalmente frágil quando diz.

— É temporário, não foi minha intenção, causar rebuliço. Nunca foi minha intenção fazer Ernesto sofrer, mas eu preciso desse tempo, eu realmente preciso. – Ela diz, e só então reparo como seus olhos estão inchados. – Eu fiz tudo errado, não fiz? – ela pergunta baixando a cabeça.

— Venha cá – Digo levando-a para a pequena cama de solteiro que ficava no canto do pequeno quarto. Sentamos na cama e eu seguro suas mãos, ficando de frente para ela. – Conte-me um pouco de como você conheceu Ernesto, como foi enquanto você ainda morava com seu pai e seu avô?

Ela não compreende o motivo dessa pergunta, mas eu preciso tentar entender o que está acontecendo com Ema.

— Bem, não sei bem como contar sobre ele. A primeira lembrança que tenho dele é do dia em que ele e Darcy ficaram presos na ferrovia. Porém, a forma que de fato nos conhecemos não foi tão tradicional. Ele estava dormindo na minha cama, você acredita? – Ema diz – Aquele carcamano nem ao menos se importou de ter invadido o meu quarto, e ainda ficou de chacota comigo. – Ela me conta o que aconteceu e não posso deixar de reparar em como Ema sorri ao relembrar a cena. E acho que ela também reparou, pois torna a ficar triste.

— Ema, conte-me sobre o momento que você descobriu que o ama. – Vejo Ema agitar-se em seu lugar. Ela não esperava que eu falasse isso.

— Or... Ora, Jane! Você... Eu... – Ela se embaralha toda. – Ora, você está parecendo Elisabeta!

— Está tudo bem, Ema. Eu só não entendo por que você foge tanto desse sentimento. – Digo, não como uma advertência, mas porque eu realmente queria compreendê-la.

— Eu não posso, Jane! – Ela quase grita. – Por que ninguém me compreende? Eu quero! Você não faz ideia do quanto, mas eu não sei como. Você acha que foi fácil para mim? Eu cresci sabendo que teria que cuidar do meu pai e do meu avô, eu passei a minha vida administrando cada sentimento que eu tinha, e eu estava bem, tudo estava bem. – ela diz isso e nesse momento algo dentro dela parece tê-la atingido. – Estava tudo bem. Eu sabia exatamente o meu lugar no mundo, e então... – ela para de falar enquanto se perde em seus pensamentos.

— Então...? – Pergunto. – E então o quê, Ema?

Ela olha em meus olhos e se levanta, indo em direção à pilha de roupas que eu trouxe do cortiço, para diante delas sem toca-las, apenas observando.

— Então eu estou aqui. – ela diz fugindo do assunto.

— Culpa.

— Oi? – ela pergunta sem entender.

— É o que lhe impede. – Digo-lhe. – Culpa. Você se sente culpada por sentir o que sente pelo Ernesto enquanto seu pai e seu avô parecem estar perdendo tudo. Isso acaba fazendo você querer abrir mão da sua felicidade. Por se sentir culpada.

Ela não fala nada por um bom tempo, e continua de costas para mim. Vejo seus ombros tremerem e sei que ela precisa desse momento de silêncio.

— Jane! – Ela diz finalmente, com certa urgência em sua voz. – Você faria algo por mim? – Pergunta e logo depois torna a ficar de frente para mim, novamente me olhando.

— Claro que sim. O que você precisa eu faça? Pergunto.

— Eu preciso me jogar do precipício.

— O QUE?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Vou tentar postar amanhã também.
Se eu não conseguir só posso postar semana que vem, mas vai valer a pena.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Rendendo-se - Ema e Ernesto" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.