Rendendo-se - Ema e Ernesto escrita por RafaelaF


Capítulo 1
Capítulo 1 (A conversa)


Notas iniciais do capítulo

As vezes uma amiga consegue fazer a gente enxergar algo que tá na nossa cara e a gente não vê. No caso da Ema, tá mais pra acetar mesmo.



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29 de junho.

 Estou de frente para meu reflexo no espelho. Estou bonita, não posso negar. Meus sapatos são deslumbrantes, mas mal consigo vê-los por conta da veste. Meu vestido não era pomposo como sempre achei que seria quando me casasse. Mas, ainda que simples, está lindo, arrumado, digno de uma dama. Então subo meu olhar e fito meus olhos no espelho, e então me deu conta de que essa roupa não significa nada, basta olhar em meus olhos para perceber o contraste entre minha veste e meu espírito.

— Ema, posso falar com você? – Era Elisabeta, estava tão focada em meu reflexo que não percebi quando chegou.

— Você sabe que sim, aconteceu alguma coisa?

— Na verdade, é sobre você que vim conversar. – Eliza diz em um tom triste. Não preciso perguntar para saber que era em relação a meu casamento.

— Elisa, por favor. – peço-lhe, - Já é doloroso o suficiente. – Digo enquanto sento na cadeira da penteadeira.

— Então por que você vai fazer isso com você? – Ela pergunta se abaixando à minha frente.

Por que eu vou fazer isso? Levo um tempo para buscar em minha mente todos os motivos que tenho para me casa com Edmundo.

— Pela minha família, Elisa. – Digo com os olhos enchendo de água. – Você sabe que fiz uma promessa a minha mãe.

— Ah, Ema, faça-me o favor! Nós sabermos que esse não é motivo real. – Ela diz se levantando e passa a andar pelo cômodo enquanto fala. – Você, Ema Cavalcante, sempre fez questão de dizer às pessoas o que bem queria, quando bem queria. Agora é minha vez, e você vai me ouvir.

Não disse nada, não sabia o que fazer. Fiquei apenas olhando para uma Elisabeta que me fitava com aquele olhar de quem parece saber um grande segredo seu. Eu odeio esse olhar, e ela sabe disso.

— Ema, eu te conheço há anos, e desde que viramos amigas algumas pessoas nunca entenderam o motivo de Ema Cavalcante ser tão amiga de Elisabeta Benedito. É ou não é verdade? – Ela pergunta com ar de quem não espera de fato uma resposta.

— Eu não colocaria dessa forma. – Digo, mas não convenço nem a mim mesma.

Elisa sorri, pega uma espécie de banco que estava próximo a ela e volta a colocar-se à minha frente.

— Tudo bem, Ema. Eu não me importo. – Ela diz segurando em minhas mãos. – Você sabe o motivo das pessoas não entenderem o porquê de nossa amizade se estender por tanto tempo?

— Porque você é uma pessoa difícil de lidar? – Pergunto.

Elisa sorri.

— Também, mas não é só isso. – Ela diz vagarosamente, como quem fala com uma criança. – Elas não entendem simplesmente porque nós somos muito diferentes, Ema. Nós somos de mundos diferentes, nós pensamos de forma bastante diferente, nós somos como opostos, minha amiga.

Não sei como reagir a isso, não gosto quando ela se coloca nessa posição, ou me coloca nessa posição. Não me importa que ela não pertença inteiramente ao mundo em que fui criada, esse mundo ruiu sobre mim, não restou dele muita coisa.

— Eliza, não me importa de que mundo você seja, de todas as minhas amigas, você sempre foi a única que sempre esteve ao meu lado e sempre me deu os melhores conselhos nas piores situações. – Digo sem entender exatamente onde ela queria chegar com aquela conversa.

— Exatamente – Ela diz sorrindo de leve. – Eu nunca duvidei do tamanho do seu coração, minha amiga. Você com o tempo se mostrou uma amiga sem a qual eu não saberia viver sem ter por perto.

Elisa nunca me falou isso tão abertamente. Fico emocionada com suas palavras.

— Agora olha pra você, Ema. – Ela diz olhando meu vestido. – Você está linda, não me entenda mal, mas seus olhos... – ela seca uma lagrima que deixo escapar, - Seus olhos não me passam a mesma coisa.

Não consigo mais segurar, e nem quero. É Elisa que está aqui, a mesma Elisa que já me viu derramar lágrimas por tantas vezes, e que em todas elas me ajudou a secar cada uma delas.

— Ah, Elisa, dói tanto. – Digo me jogando em seus braços enquanto lagrimas insistiam em cair, enquanto colocava para fora tudo o que estava sentindo. – Dói tanto, minha amiga. Eu nunca pensei que fosse possível sentir tanta dor sem sofrer lesão alguma.

Ela me abraça sem dizer nada. Logo que me acalmo ela me afasta, ainda sem dizer nada, pega minha mão e me leva para a janela. Não entendo a principio, mas de onde estou eu consigo avistar Ernesto, e é tudo o que preciso para voltar a chorar.

— Ema, você diz que não importa de que mundo eu seja, mas Ernesto é do mesmo mundo que eu. – Ela me vira de frente para ela e levanta meu rosto para olha-la. – Lembra-se daquele precipício? – Diz, e sinto um frio na barriga enquanto meu cérebro imagina uma queda livre.


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Notas finais do capítulo

Por hoje é isso.
Volto rapidinho.



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