E então, você chegou... escrita por MidorimaNailss


Capítulo 5
O que é o amor.


Notas iniciais do capítulo

Nhaaaa, depois de muito tempo parada, aqui estamos com o último capítulo dessa fanfic... que foi toda realizada, dedicada, preparada com todo o amor e carinho do mundo para a minha melhor amiga, a Akemicchin!

Para a sorte dela (e dos meus queridos leitores), realizamos um amigo secreto no projeto do qual faço parte e tirei ela, então pensei: caramba, é isso... vou finalizar a fanfic e dar de presente para ela... espero que ela goste e fique surpresa e satisfeita com a ideia >—< (uni o útil ao agradável, já que andava meio enferrujada).

Enfim enfim, aqui está o seu presente.

Boa leitura para ela e para todos, espero que gostem!

OBS: a palavra plástico bolha foi terrível, ok? Nunca mais faça isso. UHASUHASHUA.



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Por alguma razão inexplicável, Shouto Todoroki havia acordado com antigas memórias percorrendo pela sua mente. Eram tão antigas que ele realmente acreditava tê-las apagado de sua cabeça, no entanto, lá estavam elas, borbulhando de forma vívida.

O cenário era a escola, mais precisamente a época do ensino fundamental. Ele tinha 14 anos, assim como a maioria dos colegas de classe. O período letivo havia iniciado novamente, de modo que as férias tinham acabado.

Assim, com os alunos sabendo o significado do primeiro dia de aula (apresentações, tanto do plano de curso das aulas quanto dos professores e alunos, bem como responder vários questionários – alguns como forma de distração e outros mais sérios), as emoções espalhadas pela turma eram as mais diversas.

Existiam alunos empolgados, doidos para contar o que fizeram com os amigos e a família durante o período de férias (viagens, saídas, visitar os parentes); aqueles cansados e desinteressados em absolutamente tudo; os ansiosos para irem para casa; os curiosos, querendo conhecer os alunos novatos e também as disciplinas e professores novos...

Naquele dia, Todoroki lembra que se encontrava com sono e entediado. Tinha dormido direito, e se organizado da maneira correta na data anterior, mas não tinha ânimo para interagir com os outros, era exaustivo e ele quase nunca estava no clima, além de odiar a parte da apresentação: nunca possuía algo interessante para dizer.

—        Bom dia, turma! — A professora já estava na sala fazia um tempinho, porém tinha avisado que deixaria os estudantes colocarem a conversa em dia, pelo menos um pouco. Falou que entendia os ânimos exaltados e a saudade que deveriam estar sentindo dos demais colegas.

—        Acho que por enquanto está bom, não é? Para vocês se enturmarem nesse comecinho! — Ela estava sempre com um sorriso no rosto, além de parecer que cada palavra era escolhida cuidadosamente. Com isso, cada um voltou para o seu lugar, alguns insatisfeitos por interromperem a conversa, outros mais compreensivos.

Após a turma se acalmar, a educadora prosseguiu:

—        A tarefa do dia será responder o questionário que entregarei. Vocês começarão em sala de aula, mas podem me entregar depois, no próximo horário que tivermos juntos. — Ela foi passando de mesa em mesa, deixando um bloquinho de anotações com cada um. As perguntas eram iguais, mas todas de cunho pessoal, sendo impossível copiar respostas.

—        Quaisquer dúvidas podem falar comigo. — Antes que terminasse de entregar todas as tarefas, Todoroki começou a fazer a dele assim que pousou sobre a mesa. O garoto não lembrava de onde tinha tirado o seu lema de vida, mas o seguia de olhos fechados: “Não faço nada que não preciso fazer. E o que eu preciso fazer, faço rapidamente.”***

Além de poupar bastante tempo, combinava com o ritmo dele.

Todavia, no dia em questão, apesar de praticamente todas as perguntas serem fáceis (quantos anos, qual a sua altura, como foram as férias...), uma delas impediu Shouto de terminar o dever de casa no mesmo dia.

“Para você, o que é o amor?”

Todoroki sabia que poderia colocar qualquer resposta, mas por algum motivo decidiu que refletiria sobre o assunto. A pergunta havia fisgado o rapaz, talvez justamente por ser um sentimento que ele parecia não compreender e conhecer muito bem.

Assim, a aula acabou e cada um foi para a sua casa, levando consigo a respectiva tarefa — ninguém havia terminado durante a aula, a maioria preferiu continuar conversando e resolver depois.

Quando finalmente sozinho, ignorando as interrupções de seus pais e irmãos que ocorriam vez ou outra, o jovem começou a imaginar a todo custo uma resposta no mínimo gratificante.

Todavia, nenhuma parecia relativamente boa, de modo que talvez a solução fosse responder de qualquer jeito, apenas para finalizar o dever de casa. Isso o deixou frustrado, afinal, já havia realizado atividades muito mais complexas e que exigiam bem mais dele.

Antes de optar pela desistência, esforçou-se um pouco mais. Colocou a cabeça para trabalhar um pouco mais. Ainda assim, não adiantou, as únicas reflexões que apareciam eram simples demais, como “algo bom”, “algo ou alguém que te faz sentir bem/sorrir”.

Para ele, tais assertivas não eram falsas nem ruins, mas eram insuficientes, parecia, na mente dele, que o significado do amor ia muito além, era mais magnífico e mágico do que isso. Pelo menos, aparentava ser.

No fim, com os neurônios aquecidos e a vontade de fazer outra coisa, como jogar videogame ou ler um livro, Todoroki escolheu uma resposta rasa e curta demais, para em seguida ir atrás de fazer outras vontades, com um sentimento de insatisfação no peito.

As lembranças foram se dispersando aos poucos, em partes porque o trecho mais importante já havia surgido, que era justamente o questionamento sobre o que era o amor e toda a época do colégio, os sentimentos novos.

Além disso, não se recordava muito bem do restante e a campainha da sua atual casa havia tocado, interrompendo a viagem no tempo que ele havia começado a fazer sem saber muito bem o motivo.

E então, ao ver quem era, meio que percebeu que ele poderia ser um pouco burro e lerdo. A razão era mais do que clara, e estava parada na porta dele com um sorriso doce no rosto e uma timidez evidente na postura corporal.

— Oh. Estou surpreso que você veio! — Todoroki fez um gesto para que ela entrasse. — Pode ficar a vontade. A casa está meio bagunçada, não repara. — Ele realmente estava feliz por ela ter aparecido, provavelmente quis fazer uma surpresa. Isso o agradava muito, mas ao mesmo tempo queria ter organizado o local.

— Desculpa vir sem avisar. — Ela largou a bolsa no sofá e se sentou. — Resolvi uns negócios aqui por perto e acabei mais cedo do que imaginava. Pensei que seria bom dar uma passadinha aqui. — Ele não disse nada, apenas deu um beijo delicado na bochecha de Momo e ocupou um lugar próximo a ela, apoiando uma das mãos nos joelhos dela.

— Não precisa se desculpar! Eu adorei a surpresa. — Sorriu. — Inclusive vou gostar se fizer mais vezes.  — Antes de prosseguir com a conversa, lembrou de oferecer alguma bebida ou comida, o que ela aceitou, pedindo uma água. — Aqui está, deve ter sido cansativo. Você estava a pé, não é?

— Sim, sim. E está muito quente lá fora. Não estava esperando. — Assim, os dois começaram a conversar. Aos poucos foram se soltando e ficando mais confortáveis com a presença um do outro. Ainda era o começo de tudo, porém estava sendo satisfatório para ambos.

Continuavam tendo gostos em comum, a conversa ainda fluía naturalmente, os dois sentiam vontade de conhecer mais um do outro, de se ver. A paciência e o respeito permaneciam presentes. Na verdade, parecia que tanto ele quanto ela se encantavam um com o outro cada vez mais, de maneira extremamente natural... aquela ideia de parecer que se conheciam desde sempre.

Dessa maneira, não demorou muito para que ela estivesse deitada no sofá, com a cabeça apoiada no colo dele, encarando a tela da televisão enquanto recebia carinho nos longos, lisos e sedosos cabelos pretos. Os dois haviam decidido escolher um filme para assistir, sendo que quem teve a palavra final foi a Yaoyorozu: uma comédia romântica qualquer.

E, claro, Todoroki queria prestar atenção no filme, mas acabou se perdendo novamente nos próprios devaneios. Aproveitou que ela estava distraída e sem olhar para ele, permitindo-se comparar o antes e o agora. Na época do colégio, ele teve dificuldade para dizer o que era o amor, sendo que agora, o amor até nome tinha.

Shouto olhou para a garota em seu colo de maneira discreta. Só de vê-la ali, com ele, sentia-se leve, feliz. Desejava que o tempo parasse e pudessem ficar a toa assim para sempre. Era uma paz inigualável, uma sensação de segurança, conforto e uma necessidade boa de eternidade.

“Para você, o que é o amor?”

A pergunta ecoou mais uma vez na mente do rapaz. Para a felicidade dele, a resposta veio rápida e fácil, estava tudo na ponta da língua, tudo ali, reunido no mesmo lugar, com um nome muito especial, chamado Yaoyorozu Momo.

Ela era amor. Tudo nela esbanjava amor. O jeito que tratava os amigos, a família e ele, mesmo se conhecendo tão repentinamente, mesmo sendo novo na vida dela. Momo sempre ofereceu carinho genuíno e gratuito, sempre foi cem por cento atenção.

Era engraçado para ele como cada parte dela podia significar amor, o jeito que ela o olhava, o jeito que ela o tocava... as vezes em que demonstrava preocupação ou quando decidia fazer brincadeiras idiotas.

Os gestos, a personalidade, a aparência. Sim, a aparência... ela se amava também. O cabelo era bem cuidado, ela estava sempre preocupada com o corpo, demorava para escolher roupas ou se maquiar, pois queria o melhor para ela, mas também para a pessoa com quem ela estava.

Parecia que nenhuma ação, nenhuma palavra que saía dela, era feita sem amor, sem pensar no próximo. Cada espacinho, cada jeitinho dela, era tudo assim, feito com o maior cuidado, com o maior zelo, com a maior atenção do mundo e não havia como não se sentir amado estando perto dela.

Até mesmo nos defeitos ele via qualidades. Ela era preocupada, era ansiosa, era desajeitada as vezes, mas tudo isso se resumia em preocupação e em desejo de dar o melhor dela, de saber que poderia ter feito mais, de saber que ela consegue... e por isso está sempre tentando, sempre se esforçando.

Havia tanto nela que ele admirava, e parecia que nunca conseguiria explicar para Yaoyorozu o tamanho desse imenso sentimento. Parecia que termo ou expressão nenhuma eram suficientes, nem mesmo o “eu te amo”.

Ainda assim, ele chegava a cogitar que não era necessário dizer nada. As atitudes dele para com ela e vice-versa diziam muito mais do que qualquer palavra... as vezes em que ele deixou de fazer algo que queria para ir vê-la (em momentos normais, tristes ou alegres).

As ocasiões em que dividiram tarefas, em que se ajudaram, dando apoio ou realizando algo juntos. As horas que poderiam ter dormido mais, mas não conseguiam sair do celular pelo papo estar bom demais. Ela fazia questão dele, e ele fazia questão dela.

Os dois sabiam viver sozinhos, poderiam seguir cada um a sua vida, mas preferiam compartilhar e seguir juntos. Eram tantas situações, tantos cenários em que eles se declaravam um para o outro no dia-a-dia, que Todoroki pensava se realmente era necessário que saíssem de seus lábios as palavras “eu amo você”.

No fim, ele apenas conseguia imaginar que Yaoyorozu havia aparecido na vida dele como um verdadeiro presente, embrulhada do jeito mais cuidadoso e especial possível, justamente para não machucar ou ser machucada.

Era como se ela estivesse envolvida em várias camadas de diversos embrulhos: uma caixinha, alguns papeis coloridos, isopor, plásticos-bolhas e várias fitinhas/lacinhos para segurar bem e dar todo o sustento que ela precisa.

E aos poucos ele ia retirando cada uma dessas camadas, chegando mais e mais perto da essência dela, só para descobrir que o coração dele parecia estralar como uma das bolhinhas do plástico ao se encantar com cada nova parte descoberta.

Era realmente como se faíscas de admiração estourassem dentro dele e não conseguissem ser contidas — depois de explodir uma das bolhas, você não conseguiria ficar sem fazer o mesmo com as outras, por ser bom, divertido... viciante.

Todoroki continuaria pensando no assunto, porém ouviu umas breves fungadinhas vindas da mulher deitada em seu colo. Logo aproximou o rosto do dela, preocupado, com o intuito de questionar se estava tudo bem.

Antes que pudesse dizer qualquer coisa, ela escondeu o rosto e ficou esfregando as costas das mãos na região dos olhos, apenas para espantar as lágrimas que surgiam vagarosamente.

— Ah! Desculpa. — A voz continuava doce, porém agora meio embargada. — Eu sou uma manteiga derretida. — E então Todoroki lembrou do filme que estavam assistindo. Devia ter rolado alguma cena romântica ou triste e fofa. De todo modo, lá estava ela, sendo amor novamente e sem perceber. — Para de rir da minha cara! — As bochechas de Yaoyorozu apresentavam uma coloração mais vermelha, deixando-a ainda mais fofa.

— Eu não estou rindo de você, eu estou rindo com você!

— Como você está rindo comigo se eu estou chorando? — E então Shouto riu ainda mais, fazendo com que Momo o acompanhasse dessa vez. — Você é um idiota, sabia. Só você para me fazer rir e chorar ao mesmo tempo.

— Você fica ainda mais linda assim, com esse rosto inchado e esse sorriso amassado. — Ela fingiu estar ofendida e deu um leve tapa no peitoral dele. Quando ia puxar a mão de volta, Todoroki foi mais rápido e a segurou, trazendo Momo para um abraço. — Ei, Yaoyorozu... — Eu amo você. — Não esperou que ela dissesse algo. Apenas procurou pelos lábios de Momo e deixou o momento acontecer.

Ele ficou um tanto quanto surpreso por ter decidido se declarar... talvez por tê-la visto chorar e por saber que o amor era algo bom, algo que te faz sorrir. Assim, deve ter passado pela cabeça dele, de maneira instantânea, que revelar tais sentimentos a deixaria feliz, e ele gostava de vê-la sorrindo.

E claro, Shouto Todoroki não via necessidade nenhuma em ouvir que era recíproco, já que em cada ato realizado pela garota em questão ele sentia e notava o amor. Era recíproco e natural... ele via. Qualquer um conseguiria ver. Qualquer um. Estava ali, em tudo que falavam ou faziam — no beijo que deram, no abraço, na companhia... estava ali e ele sabia.

“E então, você chegou... e eu descobri que o amor tem nome, e ele se chama Yaoyorozu Momo.”


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Notas finais do capítulo

***Frase retirada do anime Hyouka.
E aí, gostaram? Não deixem de ler e comentar! Beijos de luz!



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