Bella sonhou com Edward aquela noite.   

Sonhou que ele escutava ao rádio, como sempre fazia toda a manhã, e quando a viu andando em sua direção com o barrigão enorme de sua gravidez abriu o sorriso mais sincero do mundo para ela. A pegou em seus braços e rodou com ela pela sala enquanto dizia o quanto amava ela e a filha deles que estava por vir.

Ela acordou com maior sorriso de todos. E com saudades dele. Não pensou duas vezes em ligar. E quando ele atendeu foi a melhor das sensações.

— Olá — cantarolou com a voz rouca de sono.

— Te acordei? — perguntou preocupada.

— Melhor que o meu despertador. Sinto falta de você me acordando — Edward disse tristemente fazendo Bella rir.

— Só mais alguns dias e você já está em casa.

— Queria chegar a tempo para o dia dos namorados. Desculpe — lamentou.

— Ei, está tudo bem — assegurou Bella sorrindo com a preocupação que ele tinha pelo sentimentos dele — Isso é importante. Falando em dias dos namorados, Nessie chegou a perguntar ao papai como ele virou meu namorado?

— Como? —  Edward disse rindo — Me conte essa história direito.

— Nessie com essa fase de porquê tudo — Bella recordou os olhos — Perguntou porque o papai é o namorado da mamãe.

— E o que você disse?

— Bem, eu disse que algumas coisas são preciso para que alguém seja um namorado, e uma das coisas era conhecer a pessoa de um jeito especial. Contei pra ela como nos conhecemos — Bella sussurrou achando que parecia uma adolescente boba sentindo as velhas borboletas em seu estômago. Ouviu Edward suspirar do outro lado da linha.

— A melhor decisão que eu tomei foi ouvir Alice, e conversar com você. Mesmo achando que levaria um soco de Emmett —  ele lembrou fazendo Bella sorrir — E depois? O que mais disse a ela?

— Eu ainda não disse, tínhamos que estudar. Além do mais ela disse que ia perguntar a você.

— Ela disse? — Bella podia sentir o sorriso de Edward ao falar da filha — Ela está aí?

— Renesmee está… — já ia dizer que ela estava dormindo quando a própria entrou no quarto dos pais como um pequeno furacão e se jogou no colo de mãe. Bella tirou seus cabelos ruivos bagunçados da frente de seus olhos sonolentos — Ela acabou de chegar aqui. É o papai, amor. — disse e observou a filha abrir um sorriso maravilhoso. Colocou o telefone no viva-voz.

— Papai, papai! Oi! — Nessie disse com animação.

— Oi, pequenina. Bom dia — ele disse com um sorriso na voz.

— Bom dia, papai. Papai?

— O que foi?

— Você vai me dar um pandacornio de pelúcia, Vai? — perguntou com os olhinhos brilhantes fazendo Bella rir.

— Um o que, meu amor? — Edward riu.

— Ai, um pandacornio. Mamãe disse que ia pedir pra você me dar um pandacornio papaizinho, não foi, mãe?

— Foi sim, traz um pandacornio, amor? — Bella perguntou rindo ao ver sua filha atenta a resposta do pai.

— Tudo bem então. Eu levo — concordou e Nessie começou a pular na cama — Agora eu só tenho que saber o que é um pandacornio.

— Depois eu te explico melhor, querido. — Bella disse e ficaram em silêncio na linha. Nessie parou de pular na cama e sentou-se ao lado de sua mãe — Sentimos sua falta, amor.

— Muita, muita falta, papai! Grandão assim oh… — A menina disse esticando os braços o máximo que podia, como se seu papai pudesse ver. Edward riu através da linha.

— Eu também sinto falta das minhas princesas. Muita falta. — disse ele

— Ah, pai — Nessie começou — É mês dos  namorados, já já vem o dia de São Valentim.

— Nossa, é mesmo, filha. Mas papai não vai chegar a tempo do dia de São Valentim.

— Eita, papai. Não vai dar presente pra mamãe?

— Só depois quando eu chegar. Aí eu dou o presente dela.

— Por que você é o namorado da mamãe… — Nessie completou fazendo os adultos rirem.

— Isso mesmo. Sou o namorado da sua mamãe. — Edward concordou.

— Papai?

— Oi, meu amor.

— Porque você é o namorado da mamãe? — perguntou com genuína curiosidade — Perguntei pra ela, ela me disse que vocês se conheceram, mas tem mais. O que tem mais, pai?

— Hm — disse ele em tom pensativo — Tem muito mais, princesa, mas o principal depois de conhecer é ter um encontro. Para as duas pessoas se conhecerem melhor.

— Mas o primeiro passo não é conhecer, papai? Porque conhecer mais antes de namorar? — perguntou curiosa.

— Passos?

— Mamãe disse que são alguns passos, e que o primeiro é se conhecer. Então qual é o segundo?

— Bom, o segundo passo é o encontro. Depois que eu conheci Bella eu quis conversar mais e mais com ela. Então a chamei para um encontro.

— É mesmo, mamãe? — Nessie olhou para Bella, que concordou sorrindo — E depois, papai? Como foi seu encontro com a mamãe?

— Foi simplesmen… — Edward foi interrompido com um som parecido a alguém batendo em sua porta. Bella escutou ele conversar com alguém que já desceria, estava no telefone com esposa e filha — Eu adoraria te contar mais, meu amor. Porém o papai tem reunião agora. Porque não pede a mamãe para contar, hum?

— Sim! — Nessie exclamou agitada — Beijo papai. Eu te amo de monte montão! 

— Beijos, filha. Eu também te amo de monte montão — Edward se despediu da filha, que saiu correndo para sala. Bella observou a filha sair e deitou na cama novamente, suspirando em seguida.

— Vai lá, amor. Boa sorte no dia de hoje. Amo você. — disse a Edward.

— Eu amo você, Bella. Muito. Sinto sua falta.

— Não mais que eu. Beijos. — Bella desligou com um sorriso nostálgico no rosto.

Amava falar ao telefone com Edward. Enquanto cada vez mais nos dias de hoje, quando pessoas distantes umas das outras se comunicavam apenas por poucas palavras em uma mensagem Bella gostava de ouvir a voz da pessoa, conversar por horas. Principalmente Edward, afinal desde o princípio, quando não se falavam pessoalmente matavam a saudade através de telefonemas.

Bella deixara cair uma lata de óleo cheia no chão da cozinha mais cedo, então quando Edward ligou para ela a mesma estava esfregando o chão da cozinha com água e sabão. Bella lembraria de dar uma bronca em Emmett pelo mesmo ter deixado a lata aberta antes de Bella. Se ela estivesse bem fechada não teria feito essa lambança toda, e Bella não estaria fazendo cosplay de Cinderela.

Assim que olhou no visor do celular e viu “Edward” escrito largou a escova e sentou-se no chão molhado e só depois percebeu o que fizera.

— Merda! — Reclamou da calça molhada, mas não fizera menção de se levantar. Atendeu ao telefone com pressa — Alô?

— Hm, Bella? Sou eu, Edward — disse ele.

— É, eu vi o seu nome no visor — disse ela nervosa, mas com um sorriso no rosto. Não parara de pensar no ruivo desde que eles se despediram trocando o telefone. Mesmo com a correria do seu primeiro emprego em tempo integral depois de concluir a faculdade (afinal, não era atoa que quando ela foi lavar o chão da cozinha já era seis e meia da noite) não tinha um dia se quer que Edward não ligasse para ela. Conversavam por horas a fio, sobre tudo e sobre nada. Mas hoje era sexta-feira, dia de sair para se divertir com os amigos, ou com uma namorada...

— Oh, é óbvio. Desculpe  — ele disse sorrindo.

— Estive me perguntando se você ligaria hoje — confessou Bella.

— Mas é claro que sim. É que foi um dia puxado — explicou-se.

— Mesma coisa aqui.

— Ah, as maravilhas da vida adulta — Edward disse fazendo com que Bella risse. Ficaram em um silêncio confortável através da linha, até Edward tornar a falar. — Escuta, você está ocupada hoje.

— Hoje!? — perguntou Bella com a voz esganiçada.

— Se você tiver planos eu entendo, — Edward disse nervosamente — afinal é sexta-feira a noite. É mais do que normal todo o mundo sair, eu é que acabei ficando em casa, e como você….

— Edward — Bella o interrompeu. Ele tinha entendido errado.

— Eu falei demais — concluiu ele. Bella riu novamente.

— Eu não tenho nada para hoje, é só que justamente por ser hoje mesmo, e já está noite, eu não sei o que vestir, como me vestir.

— Oh, entendo. Bom, se vista como se estivesse indo ao shopping em um dia de segunda-feira. Simples e prático.

— E aonde vamos? — Bella perguntou com curiosidade e ouviu Edward pigarrear.

— Bem, eu não sei ainda — começou a falar e Bella sabia que viria mais uma enxurrada de palavras — Eu quero realmente te conhecer. Mas não quero ir em um jantar onde tem pessoas nos olhando e garçons nos interrompendo. Eu… eu montei uma cesta com algumas coisas leves e pensei em ficar em algum lugar calmo… — Edward se interrompeu e soltou um gemido — Mas que cabeça a minha! Talvez você queira um lugar com mais pessoas, você não me conhece direito, talvez você pense que eu seja um psicopata. Okay, você quer jantar em algum lugar?

— A ideia da cesta e um lugar calmo soa perfeita para mim. Nunca fiz um piquenique à noite — Bella o acalmou. Ela amava essa verborragia que ele tinha. Isso a fazia perceber que talvez ela não esteja pensando além sozinha. Tentou não pensar no quão romântico parecia a ideia de um piquenique à essa hora.

— Eu também não. Dá próxima vez faremos um a luz do dia — prometera Edward. Próxima vez… — Passo aí às sete e quarenta.

Assim que trocaram endereços e Edward desligou o telefone Bella correu para o banho, sentindo-se como uma adolescente no primeiro encontro. Para que negar? Bella achará Edward bonito, educado, engraçado estava afim dele e disso não tinha dúvidas. E cada vez mais se confirmava que era recíproco.

Ela quis ficar bonita. Não que fosse feia mas nada era pouco para retirar um elogio de Edward. Se olhou no espelho enquanto terminava de abotoar a calça jeans de cós alto. Era de uma lavagem escura. Pusera uma camisa branca por dentro da calça e uma jaqueta preta para terminar. Seus cabelos castanhos cor de mogno estavam soltos em suas ondas naturais. Maquiagem com uma pele leve, somente corretivo nas olheiras, bb cream, um pouco de rímel transparente, um lip balm e pronto.

Estava terminando de calçar sua bota cano curto quando o interfone tocou e seu coração faltou saltar pelo peito. Correu até a base e respirando fundo o atendeu.

— Sim?

— Dona Bella? —  disse o porteiro do apartamento, seu José — Tem um homem aqui embaixo que diz conhecer a senhorita. Edward Cullen o nome.

— Conheço sim, seu José — Bella confirmou — Diga a ele que estou descendo agora, por favor.

— Sim, senhorita — confirmou desligando. Bella pegou as chaves, sua bolsa e saiu do apartamento.

✽▪✽▪✽▪✽

— Então… — Edward quebrou o silêncio da caminhada que faziam. Ele a tinha buscado de carro e a levado para o Riverside Park, que começava a ficar vazio. — Você não morou sempre em Nova Iorque, estou certo? Você tem um sotaque diferente, fala mais devagar.

— Somos do Tennessee — Bella disse sorrindo, apesar do fato de estar a quatro anos em Nova Iorque, e quase não ter mais o sotaque, pessoas ainda perguntavam de onde ela era.

— Garota do Tennessee, hm? — ele disse sorrindo.

— Volte para cá agora, me ouviu!? — Bella disse sorrindo, com o sotaque carregado, uma frase típica do seu estado que significa “volte sempre”. Edward riu deliciosamente, no ponto de vista de Bella. Ser bonito desse jeito deveria ser crime.

—  E seus pais? Ainda moram lá?

— Com certeza. Me parece algo impossível papai sair de Nashville.

— E você? — perguntou Edward.

— Eu?

— Pretende voltar para Nashville? — perguntou Edward deixando Bella pensativa. Acharam uma árvore com boa iluminação, e uma mesa com bancos de madeira. Bem típico dos parques de Nova Iorque. Edward estendeu uma toalha na mesa e colocou a cesta em cima, abrindo-a em seguida.

— Quando eu me formei na High School, meu plano era expandir meu horizonte. Me matriculei na Columbia. Mas sim, eu pretendia voltar depois de concluir meu curso. Então eu cheguei aqui em Nova Iorque e era tão diferente do que eu estava acostumada, do que eu imaginava, mas era bom. Ainda é bom. Gosto de Nova Iorque. Cada dia mais o meu plano de voltar pra casa fica distante.

— Talvez essa seja a sua nova casa — Edward disse.

— Talvez — Bella concordou pegando um sanduíche a dando uma mordida — Hm! Delicioso!

— Eu tenho minhas qualidades — Ele disse piscando para ela — Dizem que se conquista um homem pelo estômago, queria ver se o contrário também se aplica — Bella riu alto.

— Então está tentando me conquistar? — Bella perguntou arqueando uma sobrancelha. Foi a vez de Edward rir.

— Ora pois, como eu não tentaria conquistar alguém tão bonita, engraçada, inteligente...  e do Tennessee! — exclamou arrancando mais risadas dos dois — Estou conseguindo?

— Está sim — Bella confessou sentindo o rubor em suas bochechas.

— Que ótimo, já que para o meu plano ser um sucesso eu preciso disso — ele disse com um ar solene.

— O senhor poderia me dizer que plano é esse? — Bella perguntou, realmente curiosa, sentindo seu coração pulsar fortemente.

— Qual o meu plano? Bom, que você um dia seja minha namorada — ele disse rindo, mas se concertou em seguida — Quer dizer, eu não sou um louco que vai te pedir em namoro agora mesmo. Quero dizer que: desde que eu conheci você, tenho pensado em algo sério. Não é somente diversão para mim Bella. Quero ver no que vai dar — Edward disse sério, e com  tamanha intensidade que fez Bella suspirou, sentindo seu coração aquecido com as palavras desse homem que ela pouco conhece mas que já está tomando lugar em sua vida.

— Então veremos no que vai dar — Bella disse. Apesar de que ela tinha a plena consciência de que se ele a pedisse em namoro agora mesmo, ela aceitaria.

Conversaram por horas a fio, sobre si, sobre suas famílias, de tudo um pouco, como sempre era desde que começaram a conversar. Foi quando Bella olhou para o seu relógio que percebeu que eles conversaram por quase quatro horas.

— Meu Deus! É quase meia noite! — disse incrédula, Edward levantou-se rapidamente de seu assento. Bella o ajudou a guardar as coisas de volta na sexta.

— Minha irmã vai me matar — ele murmurou.

— Ela está no seu apartamento?

— Não, ela só me obrigou a ligar para ela assim que eu retornasse para casa e contar como foi meu encontro — disse, o mais próximo que ele chegaria de envergonhado. Bella achou  que talvez Edward não soubesse significado da palavra timidez.

— Ligue para ela, provavelmente ainda estará acordada, é sexta-feira — supos.

— Alice tem o sono de beleza. Desde que fez dezesseis anos ela dorme oito horas sono por dia ininterruptamente, das dez da noite às seis da manhã. Ela provavelmente vai acordar e me ligar logo em seguida — Bella riu.

O caminho de volta não deixou de ter mais conversa. Era raro Bella ter tanto assunto assim, mas Edward parecia tornar tudo mais interessante. Quando Edward estacionou em frente ao seu prédio ficaram em silêncio dentro do carro.

— Bem — Bella quebrou o silêncio — Vou indo. Muito obrigada pela noite — estendeu a mão, mas qual não foi sua surpresa quando, além de segurar sua mão Edward plantou um beijo em sua testa. Tem essa coisa de que, as vezes, beijo na testa é mais íntimo do que um beijo nos lábios. Bella sentiu que foi a Lua e voltou. Não conteve o sorriso que se formava.

— Digo o mesmo. Espero que possamos fazer isso mais vezes — respondeu Edward, deixando implícito a vontade de vê-la de novo. Se dependesse de Bella toda semana eles sairiam.

— Marcaremos algo — Bella afirmou fazendo com que Edward sorrisse. Se despediu e subiu para o seu apartamento, sem nunca perder o sorriso em seu rosto Estava nas nuvens. Edward estava interessado nele, e queria algo sério. Não tinha mais o que pedir.

Quando Bella foi para cama aquela noite ainda estava sorrindo. Mais ainda quando viu a mensagem que ele deixara para ela.

“Gostei muito dessa noite, tive a melhor companhia. Boa noite, durma bem ;)”

Quando Bella terminou de contar a filha como foi seu primeiro encontro com Edward, sua pequena passou o dia sorrindo. A cada comercial de dia dos namorados que passava na TV ela olhava de soslaio para a mãe e sorria.

Bella até que estava gostando de relembrar dessa época com sua filha. Apesar de não ter Edward consigo essa semana, teria suas lembranças. Boas lembranças.

— Você vai me contar mais amanhã, mamãe? — perguntou Nessie.

— Amanhã? Posso contar mais hoje mesmo, é domingo. — Bella disse a filha.

— Não, mamãe. É como uma historinha antes de dormir, só que uma historinha pra acordar. Amanhã você me conta, mamãe?

— Conto sim. Pode deixar que eu conto. — Bella prometeu sorrindo, quando sentiu o telefone vibrar em seu bolso. Era Edward.

“Estou pensando em vocês. Conte para ela o segundo encontro, quando cozinhamos juntos :p”

Bella riu alto, com certeza contaria. Afinal, não é todo o dia que quase se explode uma cozinha.