Chapeuzinho vermelho escrita por louie espe


Capítulo 3
Capítulo 3: O roubo mal sucedido


Notas iniciais do capítulo

Se houverem erros peço perdão. Um dia revisarei um capitulo inteiro antes de postar



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Depois de alguns minutos Abraham chegou ofegante e seu rosto estava suado. Ele sentou perto de uma das árvores ainda ofegante.

                - Quem é você?

                Chapéu que estava virada para rajado deu uma risada baixa. Depois de um tempo ele levantou e foi em direção a tulipa e fez carinho na crina dela.

                - Obrigado por cuidar da minha égua. – ele disse olhando em direção ao portão que agora estava fechado – poucos homens atirariam tão bem aquela distancia. Você é bom.

                - Tem razão, poucos atirariam tão bem – Chapéu se virou pra ele que pareceu assustado – mas eu não sou homem.

                Ela o encarou e sorriu gentilmente sem surpresa alguma. Ele tinha cabelos castanhos e olhos azuis escuros e tempestuosos e sua pele era branca como a de todos os outros que Chapéu já conheceu. Mas para ele a surpresa foi enorme, pessoas da mesma cor de Chapéu eram raras e com olhos tão claros quanto os delas era quase impossíveis de se achar.

                - Você atirou as flechas? – disse ele incrédulo.

                Chapéu riu.

                - Parece que sim. E também encontrei sua égua.

                - Eu agradeço – disse ele seco. E começou a arrumar a cela de tulipa – mas agora devo ir.

                - Eu pensei que fosse gostar de comer um pouco. Afinal está escurecendo e que eu saiba não alimentam muito bem as pessoas na prisão.

                - Quem é você? – disse ele nervoso.

                Chapéu arqueou a sobrancelha.

                - Que tal a pessoa que te ajudou a fugir. Tulip estava perdida e eu a encontrei pra você.

                - Como sabe o nome da minha égua? – perguntou Abraham assustado.

                - Ela me disse. Inclusive ela foi muito mais educada comigo que você.

                - Você ta me dizendo que conversou com a minha égua.

                - Sim. – ela tirou uma maçã de uma das bolsas de rajado e jogou nas mãos de Abraham que a deixou cair – na próxima você pega. – ela pegou mais uma maçã e sentou-se encostada em outra árvore. – a maioria me conhece como Chapéu vermelho, apesar de que quase ninguém sabe quem eu sou. Mas você é sortudo.

                - Pensei que fosse um homem – disse ele limpando a maçã na camisa.

                - Pra onde está indo?

                - Eu não sei ainda. Estou apenas fugindo. E você?

                - Estou indo para oeste. Preciso encontrar algo lá.

                - Perto do reino. Eu passo.

                Chapéu riu.

                - Levando em conta que ela nem sabe quem sou eu. Eu estou bem tranquila.

                Ele se desencostou da árvore e a encarou.

                - É verdade que você tem a capacidade de atirar mais de três flechas ao mesmo tempo?

                - Nunca tentei.

                - E também é verdade que você já matou mais lobos do que qualquer outro caçador?

                - Bom. A verdade é que eles nunca sentiam eu me aproximar. Assim ficava muito mais fácil acertar os alvos.

                - Quantos? Eu sei que a rainha possui um exército de pelo menos cinco mil lobos no reino e mais de mil espalhados nas outras cidades e vilas. Também sei que há rastro seu na maioria das cidades que eu visitei.

                - Eu faço bem o meu trabalho.

                - Aquela coisa que você disse... que fala com animais... é verdade?

                - Sim, é.

                - Isso é algum tipo de bruxaria?

                - Duvido que seja. Afinal, a única que usa magia é a rainha.

                Chapéu terminou a maçã e se levantou. Procurou Odin entre as árvores e o chamou.

                - Você quer se esconder mais uma vez na minha capa?

                “Seria bom” ele disse pretensioso. Chapéu sorriu e montou em rajado.

                - Adeus, Tulipa. – ela acenou com a cabeça sorrindo e se virou para Abraham – sugiro que não vá para o leste. Ele está infestado de lobos e soldados da rainha.

                - Agradeço. A você e ao seu pássaro negro.

                - Não me agradeça. Eu não estava interessada em tirar você de lá. E ele não é “Pássaro negro”, é um corvo e seu nome é Odin.

                - Como o deus viking?

                Chapéu se surpreendeu com o comentário. Quase ninguém sabia o que Odin significava.

                - Sim. Eu sugiro que você cavalgue depressa para poder acampar bem longe daqui. Venha, Odin – Odin se enfiou dentro da capa no ombro dela com cuidado e bateu o bico duas vezes em seu ombro nu e depois voou para uma árvore novamente.

                Rajado já ia começar a cavalgar quando escutou algo distante e logo depois uma flecha passou zunindo no seu ouvido.

                - Fique quieta e ninguém se machuca, garota.

                - O que são? – perguntou Abraham que ainda estava sentado.

                - Saqueadores. E pela mira são profissionais...

                Cinco homens apareceram. Três possuíam espadas e dois possuíam arcos já preparados para atirar.

                - Entreguem-me todas as bolsas com comida e também todo o ouro. Você desça do cavalo.

                Chapéu desceu obediente a ordem do que parecia o líder deles.

                - Jogue a aljava no chão.

                Chapéu hesitou, mas desprendeu a aljava e deixou-a cair no chão. O líder estava à frente dos outros e possuía uma espada. Ele fez um sinal com o rosto e o outro ladrão que não estava com arco pegou Chapéu e a colocou contra o corpo e com uma faca perto de seu pescoço.

                - Vocês possuem dois cavalos reais como noto. Acho que vou levar eles também.

                - Não, por favor. – disse Abraham.

                - E levem a garota também. Ela pode nos servir quando a cama estiver fria.

                Os homens riram e o ladrão que a segurava afrouxou um pouco a faca em seu pescoço o que a deu tempo de lhe dar uma cabeçada bem no nariz e fazer ele se desequilibrar e Chapéu pegou a espada que estava na cintura dele e a cravou no meio de seu peito. Antes que o arqueiro pudesse reagir ela já levou a espada em seu pescoço e arrancou sua cabeça. O líder se virou para longe e o outro ladrão que também usava espada tentou acertá-la em vão. Ele deu uma estocada, mas Chapéu previu seu movimento e rasgou o lado direito de seu pescoço e ele caiu. Ela avistou o outro arqueiro, mas esse já estava com problemas já que Odin estava em sua cabeça e o olho do homem sangrava muito. Chapéu foi para frente e enfiou a espada em seu peito e ele caiu.

                - Quem é você? – disse o líder com a espada na mão – Uma mulher não consegue fazer isso.

                - Lute comigo e mude a sua opinião.

                Ele foi para frente com a espada pronta, mas Chapéu apenas girou o corpo e o fez cair com o próprio peso. Ela colocou o pé em suas costas e preparou a espada.

                - Como eu disse, Abraham – disse Chapéu sem desviar os olhos das costas do ladrão – eles são profissionais, mas eu sou mais.

                Ela cravou a espada nas costas dele e sentiu ele se debater e depois de algum tempo ele parou e Chapéu tirou o pé das costas dele. Ela foi à direção dos arqueiros mortos e pegou as flechas em suas aljavas e colocou-as em uma das bolsas que estava em rajado. Ela subiu novamente em rajado e Odin empoleirou na cabeça do cavalo.

                - Obrigado por me avisar. Vai ganhar uma refeição extra.

                “É uma ótima recompensa.”

                - Você encontrou?

                “Sim. E está vazio. Não fica muito longe daqui. Para o sul”

                - Você vai deixar ele com uma espada enfiada no corpo como carne no espeto? - perguntou Abraham um pouco histérico.

                - Não preciso da espada dele. Eu já possuo uma – ela afastou a capa um pouco e deixou a espada à mostra por um tempo e depois deixou a capa e esconder novamente.

                - Então pra que usou a espada deles?

                - Morrer pela lâmina da própria espada é desonroso. Eles não tinham honra. Eu não sujaria a minha com eles.

                - Mas...

                - Você vem comigo ou não?

                - Eu tenho escolha?

                Ela acenou de leve com a cabeça e foi na direção sul.

                - Pensei que você iria para oeste.

                - Sim. Mas antes vamos acampar em um lugar seguro.

                Eles cavalgaram com pressa por que a floresta já estava bastante escurecida e quando chegaram ao acampamento dos ladrões, a lua já estava alta.

                - Vamos dormir no acampamento dos homens que você acabou de matar?

                - Sim.

                Chapéu ficou diante dos galhos da fogueira que eles ainda não haviam acendido e a acendeu com rapidez. Ela pegou os peixes em uma das bolsas e colocou todos para assar em um espeto de metal que ela encontrou. Depois que estavam assados ela e Abraham comeram em silêncio.

                - Como você matou todos eles?

                - Treinei a vida toda. Mesmo que eles fossem bons, eu sabia que não possuíam tanta habilidade quanto eu.

                - Sim, mas. O que você sentiu?

                - Há muito tempo um amigo me disse “não é por que você fala com eles que vai deixar de se alimentar”. Não é por que eu falo com os humanos que vou me deixar sucumbir as suas vontades.

                - Você também diz isso quando encara um prato com carne?

                - Sempre – ela sorriu e avistou uma tenda próxima que possuía peles como cama e cobertor e foi na direção se deitar – boa noite, Abraham.

                - Boa noite.

 


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