Nightingale escrita por masakrowiec


Capítulo 1
Capítulo 1




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Era uma vez um rouxinol.

Ele foi o primeiro filho e único filho do casal de pássaros. Enquanto a maioria dos rouxinóis nascia castanha ou com ocasionais manchas avermelhadas, o rouxinol nasceu completamente branco. Diziam que aquele era um sinal de grande poder. Os rouxinóis brancos tinham o canto tão belo que poderiam seduzir qualquer animal que o escutasse.

Assim que o rouxinol branco nasceu, os outros rouxinóis decidiram proteger seu tesouro dos outros pássaros. E quando o rouxinol abriu seu pequeno bico e cantou pela primeira vez, o mundo dos pássaros percebeu que ali se encontrava a perfeição.

 

1º janeiro, Hospital de Konoha, tarde

“Bom, terminamos aqui”, Sakura Haruno diz, tirando as luvas de borracha. Neji abriu os olhos e piscou com a luminosidade. Sakura atravessou a sala e descartou as luvas em uma lixeira enquanto pegava a prancheta e fazia algumas anotações. Neji se levantou da cadeira, onde estava sentado havia uma hora, e se aproximou da médica de cabelos róseos. Ela ergueu o rosto e lhe deu um sorriso tranquilizador. “Não há nada de errado com seus olhos. A única coisa que detectei foi uma inflamação em uma das vias de chakra no seu olho esquerdo, mas ela já foi tratada”.

“Inflamação?”, Neji perguntou, franzindo a testa. Ele nunca tinha tido problemas com suas vias de chakra ou com seus olhos. Ainda agora, sua cabeça doía um pouco e seus olhos lacrimejavam quando se focava em alguma coisa por muito tempo, mas de resto ele tinha melhorado muito com a ajuda da Haruno.

Havia alguns dias que Neji estava sofrendo de uma pequena, mas constante dor de cabeça e no começo ele pensou que era estresse das missões. Voltara da ultima missão no dia anterior e Tsunade havia lhe dado três dias de descanso pelo trabalho extra. Neji aproveitou esse tempo para fazer uma consulta com Sakura, pois mesmo com o descanso sua dor de cabeça não passava.

“Em uma das pequenas vias de chakra que alimentam seu olho esquerdo”, Sakura acenou com a cabeça. “Provavelmente causada pelo uso excessivo do byakugan. Você deve descansar Neji-san”. Ela lançou um olhar observador para Neji, que baixou a cabeça. Todos sabiam como ele estava trabalhando quase sem parar desde que se tornara jounin. Seus olhos eram muito requisitados para quase todas as missões, por isso Neji não ficava mais que dois dias em Konoha antes de sair em uma missão. Ele não reclamava, é claro. Não era do seu feitio.

Neji Hyuuga era uma pessoa bastante prática. Sua mente trabalhava regida pela lógica, a emoção sendo uma pequena parte incomoda que – segundo Neji – nenhum ser humano poderia ser completamente livre. Se seu superior lhe dava uma tarefa, Neji iria realizá-la. Simples assim.

“Vou te dar um remédio para a dor de cabeça, mas a inflamação só vai desaparecer com repouso. Absoluto”.

Neji levantou as sobrancelhas para a expressão incisiva no rosto de Sakura. “Eu vou fazer meu melhor para seguir as prescrições, Sakura-san”, ele respondeu respeitosamente.

Sakura bufou. “É melhor você descansar, se você sabe o que é bom para você”. E então a expressão no seu rosto se suavizou enquanto seus olhos verdes corriam pelos rótulos dos remédios. “Não é só com seus olhos, seu corpo está sendo muito forçado nesses dias. A sua rede de chakra é conectada com todos os músculos do corpo e com a destruição das células no tecido muscular seu chakra automaticamente se move para cobrir essas lesões, dando uma falsa sensação de conforto. Mas ao mesmo tempo, uma grande quantidade de chakra é gasto para cobrir os tecidos e isso diminui suas capacidades com as técnicas ninjas”.

Neji assentiu, mas já sabia de tudo isso. Ele sentia as pequenas pontadas ao flexionar algum músculo, sentia o ardor nas articulações ao se mover. Sabia que estava atingindo o limite de seu corpo, que tinha se forçado demais e que precisava de descanso ou entraria em colapso.

Sakura continuou imperturbável. “Isso tudo, somado ao fato de que você tenha que gastar uma grande quantidade de chakra para manter seu byakugan fez com que os pontos de chakra fossem forçados além do normal e por consequência alguns deles inflamaram. Mas não se preocupe”, Sakura acrescentou. “Com dois dias de repouso absoluto você vai se recuperar completamente”.

Neji assentiu mais uma vez, para mostrar que estava ouvindo, embora estivesse pensando se a Quinta Hokage o liberaria das missões por três dias. Era um tempo muito longo e ele já havia sido confirmado para uma missão de reconhecimento no outro dia.

“Neji-san”, Sakura chamou sua atenção novamente e Neji olhou para a moça de olhos esverdeados. “Você precisa descansar. Ninguém pode gerir tantas missões ao mesmo tempo sem sofrer as consequências, nem mesmo gênios”.

Ela agora sorria suavemente e Neji acenou com a cabeça, “Eu entendi, Sakura-san”. Ela empurrou um vidro de comprimidos para a dor de cabeça e Neji estava verdadeiramente agradecido. Sua cabeça pulsava dolorosamente de maneira constante fazia já quase duas semanas. Aquilo era uma distração a mais e já estava atrapalhando-o nas suas missões.

Neji agradeceu Sakura educadamente e saiu da sala. Ele tinha as mãos nos bolsos e sua mão direita apertou o vidrinho de remédio quando ele sentiu uma pontada particularmente dolorosa na cabeça.

O hospital estava tranquilo, não havia guerras e poucas missões realmente perigosas aconteciam agora. Mas ele sentia o olhar das pessoas em si enquanto caminhava para a saída. Neji raramente tinha precisado ir ao hospital, preferindo se curar na privacidade do seu quarto no composto Hyuuga. Ele não gostava de parecer fraco diante das pessoas. Ele carregava o nome Hyuuga, depois de tudo.

No entanto, aquele pensamento o incomodava. Tranquilidade na vida de um shinobi era um fato raro e digno de desconfiança. Nada nunca estava parado. O mundo sempre estava girando, alguém em algum lugar estava bolando algum plano homicida, alguém estava morrendo e alguém estava iniciando uma guerra. Nada nunca era tranquilo.

Neji desconfiava da tranquilidade, e esse foi um dos motivos para que ele se voluntariasse em cada missão que pudesse gerir em um curto espaço de tempo. Neji queria descobrir a tempestade antes da ultima brisa suave passar.

Ele saiu do hospital e suspirou o ar morno da tarde. Neji gostava do verão e gostava da sensação quente na sua pele. Fazia-o parecer mais humano. Mais comum. Como se ele pudesse sorrir, sem se preocupar com os olhos brancos que estavam sempre o observando em busca de falhas.

Neji nunca mostrou falhas; nunca mostrou fraquezas. Ele era o gênio Hyuuga, afinal de contas, e seu clã não esperava menos dele.

Ele começou a seguir seu caminho para casa. O complexo Hyuuga ficava um pouco afastado da cidade, assim como o complexo Uchiha, embora as vilas de ambos os clãs se localizavam o mais longe possível um do outro, nos dois extremos da vila. Velhas rivalidades nunca poderiam ser vencidas, aparentemente.

Neji aprendeu isso na academia. As guerras existiam porque a geração mais nova herdava o ódio da geração mais velha. A diplomacia era um tipo de trégua necessária de vez em quando, mas o ódio ainda continuava lá. Ele próprio havia herdado o velho ódio e rancor do clã Hyuuga de seus pais...

“Oi! Neji!”, alguém exclamou da sua direita e Neji não precisou nem olhar para saber a quem pertencia àquela voz.

“Gai-sensei”, ele cumprimentou e se virou para seu antigo sensei. Depois de tanto tempo na companhia de velhos jounins ranzinzas, ver o rosto sorridente e sincero de Gai era realmente refrescante. Apesar do jounin já não ser mais seu sensei, Neji não negava que de vez em quando sentia falta de sair em missões com seu antigo time. Ele também não abandonou o hábito de chamar Gai de “sensei”, apesar de estarem na mesma escala de habilidades. Velhos hábitos eram difíceis de mudar, depois de tudo.

“Faz tanto tempo que não te vejo garoto. Como vai?”, o jounin mais velho perguntou, juntando-se a ele na caminhada. Neji perdera a conta de quantas vezes os dois fizeram isso.

“Bem”, Neji respondeu, sem querer chamar a atenção para o fato de que sua rede de chakra estava um pouco comprometida.

“Isso é bom. Ouvi dizer que você chegou da sua ultima missão e resolvi te perseguir antes que você escapulisse de novo”, Gai arqueou as sobrancelhas ridiculamente grossas na direção de Neji.

Neji suspirou. “Ganhei uma licença especial da Hokage, vou ficar na vila por três dias. Não há necessidade de me seguir”.

“Você parece tão escorregadio esses dias que eu não posso evitar”, Gai comentou. “Onde esteve todo esse tempo? Dei a tarefa para Lee e Tenten te acharem, e viramos Konoha de cabeça para baixo. Acho que seu tio não ficou muito feliz em me ver revirando seu composto”, ponderou Gai, como se tivesse pensado nisso pela primeira vez no dia.

Neji quase engasgou. “Você revirou o complexo Hyuuga só para me procurar?”. A imagem mental de um Gai-sensei ajoelhado no chão da sala de estar de Hiashi-sama, procurando Neji debaixo do tapete, o atingiu e Neji teve que se controlar para não sufocar de horror envergonhado.

Por outro lado Gai soltou um “Tche” com um grande sorriso satisfeito no rosto. “É claro, onde mais você poderia estar?”.

Neji pensou em dizer que Hiashi deveria ter considerado a atitude de Gai um pouco insultosa e que seu sensei havia quebrado umas vinte regras básicas de convivência do clã ao invadir o composto procurando seu aluno prodígio. Mas Gai estava sorrindo para um casal de borboletas e Neji desistiu de tentar enfiar algum tipo de bom senso na cabeça do seu sensei. Era quase tão difícil quanto tentar convencer Lee de que macacões verdes não concediam o poder secreto da juventude. Neji apenas balançou a cabeça.

“De qualquer modo, porque você estava me procurando?”, perguntou Neji, porque mesmo que soubesse que Gai se importava profundamente com ele, sabia que o jounin nunca o procurava a não ser que precisasse de alguma coisa.

“Eu quase ia me esquecendo”, exclamou Gai, desviando os olhos das borboletas e enfiando a mão no bolso do seu colete verde. Ele procurou alguma coisa e tirou um rolo de pergaminho, estendendo para Neji. O garoto pegou-o, curioso.

“O que é isso?”, Neji perguntou, vendo o selo confidencial do Hokage.

“Uma missão”, Gai disse e as sobrancelhas de Neji subiram. Sakura não iria ficar nada satisfeita. “É rank-A, por isso nós estaremos levando alguns chunnins. Estou levando Lee e Tenten comigo, você pode escolher mais dois para comandar”.

“Nós?”, Neji perguntou.

Gai sorriu conscientemente. “Parece que a equipe 9 precisa de mais experiência em missões de rastreamento e resgate – pelo menos foi o que a Godaime-sama nos disse. Acho uma ótima oportunidade para treinar nossa dinâmica em grupo.”

Neji acenou com uma expressão branda, mas a mão que segurava o rolo de pergaminho tremeu levemente. Sabia reconhecer um ataque amigável quando viu um. Desde que se tornara jounin, ele havia negligênciado o treinamento com sua equipe a fim de completar missões junto aos esquadrões de jounins disponíveis, e mesmo que tivesse o apoio condicional de sua equipe, sabia que os fez sentir-se deixados de lado. Confie em Gai para apontar-lhe com precisão seu próprio erro e oferecer-lhe uma maneira de redimi-lo.

Satisfeito com a atitude mansa de seu ex-pupilo, Gai levantou o polegar e deu-lhe um sorriso brilhante. “Jaa ne!”.

E sumiu em um poof de fumaça.


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