Figuring out; moments escrita por Anna Miranda


Capítulo 1
Reflections


Notas iniciais do capítulo

Essa é a primeira OS e eu to completamente nervosa por posta-la então, espero que vocês gostem, me digam o que acham e se eu devo ou não continuar.



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A escuridão já havia tomado o horizonte a muito tempo, fazendo com que as poucas estrelas, que não haviam sido escondidas pelas densas nuvens, se destacassem pomposamente no céu. Céu esse que parecia se encontrar com as terras de sua fazenda de forma que seus olhos já cansados tivessem a ideia de infinito. O avançar das horas, ela já tinha desistido de acompanhar pelo correr dos ponteiros no relógio que residia sobre o criado mudo ao lado de sua cama.

Estava inquieta, havia se deitado cedo, mas todo o espaço da cama de casal lhe parecia pequeno. A sufocava. A vela que estava quase no fim, crepitava no ambiente, banhando-o com um sentimento de segurança. Ela então, pegou o livro de poesia que de forma displicente havia deixado ao lado do relógio no início daquela noite e tentou retomar a leitura, mas não persistiu por mais de duas paginas.

Sua atenção não estava ali, e muito menos estava naquele ambiente seus pensamentos. Os pensamentos de Julieta estava no início daquela noite, que havia sido caótica para dizer o mínimo. Ela poderia ter imaginado os mais diferentes cenários para seu retorno de São Paulo para o Vale do Café, mas nem em seus momentos mais criativos, poderia ter cogitado um cenário como encontrou. Vê e sentir na pele toda a repulsa daquelas pessoas que nem se quer a conheciam verdadeiramente, mexeu com ela de uma forma tão perturbadora, que nem para si mesma ela conseguia admitir isso.

Desde muito nova aprendera a se defender, aprendera a fazer a sua voz, a voz de uma mulher que um dia havia sido rotulada de frágil e inocente, a ser ouvida. Aprendera a ser uma mulher forte e respeitada em mundo de homens. No entanto, diante daquele cenário marcado pela violência, com o qual havia se deparado no início da noite, Julieta sentiu como se toda essa força tivesse se esvaído. Fora a primeira vez desde o nascimento de Camilo, que ela se sentiu verdadeiramente amedrontada. Pensar em Camilo fez um tremor percorre seu corpo.

Estava sozinha, verdadeiramente sozinha, não tinha por quem lutar, e muito menos com quem contar. Os olhos ardiam, marejado pelas lágrimas que se acumularam no canto deles, mas que nunca escorreram livremente pela face dela, uma vez que ela não se permitiria chorar. Não se permitiria aquele momento que ela considerava ser de fraqueza, nem mesmo dentro da solidão de seu quarto.

Antes que pudesse descamar ainda mais essa angústia que lhe comprimia o peito há dias, sua mente intranquila lhe atentou para o fato que suas conclusões não eram verdadeiras. Não estava solitária em absoluto, tinha Aurélio.

O nome do filho do barão fez um sentimento agridoce lhe tomar o corpo. Aurélio havia sido sim um desafeto seu, apesar da admiração que ele sempre clamara ter por ela, Julieta apenas consegui enxergar nele os galanteios baratos de um homem disposto a fazer tudo para salvar as riquezas da família.

Ela havia sido implacável ao despejar ele é sua família das terras que provavelmente haviam sido deles por gerações, distribuira sem qualquer cuidado palavras depreciativas e o havia desencorajando em todas suas investidas. No entanto, ele havia se levantado em sua defesa, havia encarado a população, com a qual ele mantinha um vínculo muito mais forte, uma vez que havia crescido naquelas terras, para protegê-la. Mas acima de tudo, ele havia se levantando contra o próprio pai, o próprio sangue para defendê-la, e isso dizia muito mais sobre o caráter de um homem, do que qualquer primeira impressão que ela ainda pudesse carregar consigo.

Quais motivos levaram ele a se posicionar a favor dela? Essa era a pergunta que por mais que tentasse não conseguia silenciar. Seu consciente brigava bravamente com o seu inconsciente que parecia ter uma preferência quase maléfica em sempre apontar para a palavra de quatro letras como justificativa das ações de Aurélio. Se recusava a pronunciar aquela palavra, aquele sentimento que começava a acreditar talvez nunca ter sentindo em tal perspectiva. E se recusava primordialmente aceitar essa resposta como a verdadeira.

Uma brisa fria adentrou a janela escancarada fazendo com que o corpo de Julieta logo reagisse, se arrepiando, como havia feito nas duas vezes que Aurélio a havia beijado. Cerrando os olhos ela se permiti embarcar em um enevoado de lembranças. Se permitiu reviver como o seu coração disparava sob o peito todas as vezes que ele a olhava intensamente, e dizia o quanto a admirava. Ou como quando as mãos deles percorriam as suas costas, ou quando repousavam firmemente em sua cintura quando ele a beijava, e como seu corpo parecia incendiar sob o toque dele, sempre desejando por mais.

A lembrança dos beijos também foram revividas, as respirações pesadas em antecipação, o frenesi que se espalhava pelo corpo seu quando os lábios dele encontravam o seus de forma doce e até mesmo respeitosa a principio, para logo em seguida, como em um estalar de dedos se tornar urgente, e quase feroz.

Quem era esse homem que fazia seu corpo reagir de uma forma tão feroz e única em sua presença? de uma forma que seu corpo nunca havia reagido antes. Quem era esse homem que lhe bagunçava os pensamentos e a fazia sentir coisas que ela não conseguia explicar ou ao menos nomear. Quem era Aurélio Cavalcante que fazia a mulher dentro de Julieta a muito tempo adormecida vibrar em expectativa a cada vez que se encontravam em um mesmo ambiente. Balançando a cabeça em negação, ela rogou silenciosamente que a noite levasse para longe todos esses pensamentos que a perturbavam. Aurélio era um homem gentil, que havia a ajudado e nada mais que isso. Devia ser grata a ele e por um fim nessa história, nessa situação dos dois.

Era dona de si, e do seu futuro. Havia aprendido da maneira mais dolorosa a importância de ter o domínio de suas emoções, por isso ao retornar a sua cama, afim de forçar-se a dormir ela decidiu que prestaria sua gratidão no dia seguinte e colocaria um ponto final naquele situação.

O que Julieta não sabia era que sua mente e seu coração trabalhavam em descompasso. Naquela noite, pelo o que seria a primeira noite de muitas outras, ela sonhou com o homem que mesmo que ela relutasse, aos poucos ganhava sua admiração e um espaço em seu coração que há muito havia sido fechado para a vida. Mas que alegremente se abria a possibilidade de um novo futuro. Um novo, ou melhor, primeiro amor.


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