In a Heartbeat escrita por Lady Libertine


Capítulo 2
Chapter 2 - Fondness


Notas iniciais do capítulo

Ah, para o tema do segundo capítulo seguindo o desafio "a primeira vez que saímos juntos", escolhi apenas um lindo sentimento.
Aqui temos Fondness, ou simplesmente, Carinho.

As músicas desse capítulo são: DANCE DANCE - DAY6 (referente a primeira parte) e MAN IN A MOVIE - DAY6 (referente a segunda parte); com um extra de: Ozone - Chase Atlantic.

Espero que gostem e o capítulo é especial, para um dia especial!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/761837/chapter/2

 

Autumn | Fondness

affection or liking for someone

 

Ansioso, sem dúvida não poderia ter melhor palavra para defini-lo naquele momento, o som do relógio ecoava lento apenas em sua mente e seus batimentos cardíacos acima do normal deixavam tudo mais demorado. Não existia motivo para tal afobação, uma sexta-feira à noite um tanto fria de outono, na qual iria para uma festa, como qualquer outra sexta-feira a noite em sua vida, certo?

Olhava-se no espelho, ajeitando incessantemente a camisa social branca ao corpo, contrastando com sua calça preta, a temperatura estava agradável e não seria necessário vestir algo tão pesado, mas a formalidade era algo a parte. Gostava do que estava sendo refletido no vidro, após trocar de roupas mais vezes do que gostaria, estava satisfeito com o resultado.

Taekwoon observava tudo sentado em sua cama, segurava um dos livros do amigo, com inúmeros termos médicos que não o interessavam muito. Com o olhar acompanhou o rapaz cruzar o quarto pela terceira vez em busca de seu celular, o olhar e o suspiro um tanto frustrado do amigo era um tanto hilário, mas podia entendê-lo naquele momento.

— Olhar o celular várias vezes não fará uma mensagem surgir mais rápido, Hakyeon hyung. — disse simplista, deixando o livro de lado. — Se acalme.

Permaneceu estático no lugar por alguns instantes antes de virar o rosto para o amigo visivelmente irritado, mas não podia negar que tinha razão, Wonsik não mandaria mensagem mais rápido se continuasse olhando o aparelho que tinha em mãos. Após outro suspiro soltou o celular sobre a escrivaninha novamente e sentou ao lado do garoto, encostou a cabeça contra a parede e olhou o teto, vários pensamentos tomavam conta de sua mente naquele momento. Como seria aquela noite? Como seria ir a uma festa, sendo que não gostava muito desse tipo de ambiente? Por que Wonsik o convidou?

Perdido em pensamentos, os minutos passaram-se mais rapidamente, não podia negar que estava nervoso para aquela noite. Seria a primeira vez em meses que sairia para se divertir, a faculdade e todos os trabalhos ocupando grande parte de todo seu tempo e quando realmente estava livre, a cama lhe era tão agradável que não pensava em mais nada além de ficar ali por todo o tempo. Assim que recebeu o convite, pensou no mesmo instante em recusar para ocupar aquela noite de sexta-feira com algum seriado que estivesse acumulado, mas o sorriso infantil, daquele que se tem plena certeza de que está aprontando algo estampava o rosto de Wonsik, desse jeito não conseguiu recusar.

— Para onde mesmo o garoto disse que te levaria? — Taekwoon com aquela voz calma, às vezes um tanto irritante, o trouxe a realidade. Olhou para o amigo como quem tenta lembrar tal informação, mas acaba demorando.

— Aquele estúdio famoso de dança, parece que vão comemorar alguma coisa. — falou um tanto alheio, não sabia praticamente nada sobre tais festas e sentia-se realmente perdido, e não gostava de estar perdido.

De dúvida a expressão de Taekwoon foi à incredulidade em meros instantes, os olhos se arregalaram em nítida surpresa, seria pela falta de emoção na voz do amigo ao falar sobre o evento ou por Hakyeon ter um meio de ir? Abriu e fechou a boca algumas vezes querendo dizer algo, mas as palavras demoram a lhe voltar.

— Como ousa estar assim, Cha Hakyeon? — perguntou chacoalhando o amigo que instantaneamente começou a rir. — Mais importante que isso, como um novato como aquele garoto tem como te levar?

— Me larga! — quase gritou aos risos, empurrou o amigo de leve para o lado, queria ter fôlego para o responder, mas sendo balançado daquele jeito era difícil. — Wonsik é novo na cidade, mas tem amigos que são do estúdio, aparentemente estes queriam uma noite um pouquinho diferente.

— E deram a ele os ingressos. — Hakyeon apenas concordou com um balançar simples de cabeça, o sorriso surgindo sorrateiro em seu rosto. — E ele, dentre tantas pessoas, convidou você.

Realmente, por que Hakyeon? Não podia negar, os dias que se passaram logo após se conhecerem foram incríveis, o jeito bobo e um tanto lerdo do garoto era de arrancar risos divertidamente verdadeiros. Tornaram-se bons amigos, amigos de faculdade, aquela também era a primeira vez em que sairiam juntos. E entre tantos lugares na cidade, iriam a aquela festa.

O olhar distante e pensativo do amigo chamou imediatamente a atenção de Taekwoon, não lembrava-se de ter visto o amigo naquele estado em qualquer outro momento, era algo estranho e admirável. Mas aquele olhar durou pouco, pois a tão esperada mensagem foi recebida, fazendo com que um Hakyeon todo desajeitado se levantasse e fosse ao encontro do aparelho.

 

[Meu dongsaeng Wonsik]

“Espero que esteja pronto, estou a caminho, hyung.
—WK”

 

— Por que tem um “meu” ali na frente? — a voz baixa se fez presente assustando Hakyeon que acabou por soltar um gritinho. Se não bastasse a voz excessivamente calma e baixa do amigo, tinha de lidar com o quão silencioso Taekwoon era.

— Porque eu quero. — murmurou guardando o aparelho no bolso, desviando do amigo apenas para que não fosse visto seu rosto um tanto rubro. Nenhuma outra palavra foi citada então Taekwoon apenas caminhou para fora do quarto com um sorriso discreto, em outro momento o amigo falaria mais.

E com a partida do amigo, tão silenciosa quanto sua chegada, Hakyeon se viu sozinho naquele quarto novamente, o silêncio não o incomodava de forma alguma, mas a falta de ruídos além de sua respiração era incomoda naquele momento. Olhou-se novamente no espelho, o rosto minimamente corado, os minutos prosseguiam lentos novamente enquanto olhava o relógio de seu celular. A mensagem havia chego há vários minutos, mas nada do garoto aparecer, isso o deixava ainda mais nervoso.

Nervoso, está seria mais uma palavra a ser bem empregada a Hakyeon, que andava de um lado para o outro no quarto até que o som de um motor e um instante depois o da campainha de sua casa soou. Suspirando algumas vezes, caminhou pé por pé até o andar de baixo, rindo de si mesmo pelo estado em que se encontrava.

Ao abrir a porta, não imaginava encontrar Wonsik tão formal, exatamente por este não ser o comum de suas roupas quando o avistava pelos corredores da faculdade. As roupas formais e totalmente pretas caiam muito bem em seu corpo, contrastando com a pele mais clara e os cabelos descoloridos. E da mesma forma que observava o garoto a sua frente, sentia-se observado por ele, o olhar ia de cima a baixo, pareciam ter combinado o que vestiriam, mas esse não era o caso.

— Está tão bonito, Ravi-ssi. — comentou enquanto lhe dava passagem para entrar, chamando-o pelo apelido carinhoso que usava apenas quando estavam sozinhos. — Pensando em impressionar alguém?

E Wonsik começou a rir ao ponto do rosto corar, deixou a mochila ao lado do sofá e apoiou-se ali mesmo para tentar recuperar o fôlego, mas o sorriso que tinha desde muito antes de chegar a aquele endereço não sumiu de seu rosto, pelo contrário apenas aumentou.

— Sim, você está impressionado, hyung? — a pergunta veio acompanhada de um lábio inferior mordido.

Hakyeon apenas cruzou os braços e rio daquele jeito bobo. E antes que pudesse falar mais alguma coisa, ambos já se encontravam do lado de fora, caminhando pela rua em direção ao estúdio de dança. O silêncio preenchia o ambiente em que se encontravam, mas ao contrário de quando estava em seu quarto, aquele era mais natural e agradável, não precisando forçar qualquer assunto para ouvir a voz do garoto ao seu lado, mesmo que ouvir Wonsik fosse algo que apreciava muito.

Minutos de caminhada entre risos e brincadeiras bobas, ambos se aproximaram do local esperado, a música mesmo de tão longe podia ser ouvida de forma abafada. As cores que vazavam pelas janelas eram intensas em meio ao fundo escuro, podia ver poucas pessoas do lado de fora, algumas com bebidas e outras sujas com algo que não poderia identificar no momento. Ah, mas sentiu-se tão arrependido pela roupa que escolheu usar assim que entraram no estabelecimento, ao redor de Hakyeon as pessoas brilhavam sob a luz negra em cores fluorescentes, o branco se destacava em alguns e a própria camisa começou a brilhar.

Ravi-ssi, que tipo de festa é essa? — havia puxado o garoto para o lado, queria ser ouvido e a música alta dificultava um pouco tal coisa. Estava completamente perdido, onde havia se enfiado?

— É uma festa das cores, baseada naquele festival indiano, sabe? — Wonsik respondeu com uma naturalidade suspeita e um sorriso de quem tinha mais o que falar, mas não o faria. — Venha, temos a noite pra aproveitar!

Aquele sorriso o convencendo novamente a fazer algo do qual não tinha certeza se iria ser bom, foi sendo puxado para o meio da multidão, demorando um pouco para se acostumar com o som alto e corpos pulando ao seu redor, mas quando se sentiu devidamente confortável – ainda mais com um garoto todo sem jeito dançando a sua frente – não conteve os movimentos do próprio corpo.

As luzes piscavam conforme a música, fazendo com que tudo ao redor se passasse como em um rolo de filme, cena por cena, Hakyeon mesmo dançava ao som de alguma música que não reconhecia, mas era de uma batida contagiante que não se preocupava com mais nada, apenas em se divertir. Não pensava em mais nada, aquele ritmo preenchia sua mente. Não havia preocupações, trabalhos e deveres da faculdade, não havia problemas e nem responsabilidades, apenas ele e Wonsik naquele lugar.

Sequer ligou para o que vestia quando as tintas foram novamente distribuídas entre as pessoas e nuvens de cores tomavam tudo ao alcance dos olhos. Cabelos, pele, roupas. Tudo banhado pelas cores brilhantes e pela música. Hakyeon chegou ao ponto de pular contra o garoto a frente, pintando seus cabelos descoloridos com – ao que parecia – um rosa muito escuro, apenas não esperava ser pintado também com alguma cor que não sabia se podia chamar de azul ou verde sob aquela luz.

As cores que pintavam Hakyeon se misturavam com as de Wonsik, naquele abraço enquanto riam e cantavam a letra que soava alta. E de desconhecida, a letra tornou-se cada vez mais familiar conforme o mais novo fingia estar tocando algum instrumento imaginário e cantando alto o bastante para que pudesse ouvir.

I feel good, baby, I feel great… — aquela cena era tão infantil e tão condizente com as ações dele que não podia imaginar algo diferente.

A música acabava e outra logo se iniciava em seu lugar, os ritmos se mesclavam perfeitamente e o que antes lhe pareceria horrível separado, tornava-se algo incrivelmente agradável aos ouvidos. E entre toda essa mudança, nos primeiros acordes já pode identificar a nova música que estava tocando e não soube se era o efeito da luz, as imagens rodando em frames a sua frente ou se era efeito daquela música, mas Wonsik parecia diferente, a expressão estava mais séria enquanto cantava.

Pensava estar um tanto louco, mas acabou se aproximando dele, os rostos tão próximos enquanto dançavam mais lentamente conforme a música, o garoto pronunciava a letra em francês muito bem com a voz rouca, os olhos fixos nos seus. Até mesmo sentiu a cintura ser segurada para a distância não ser desfeita, não era apenas a letra que estava envolvendo Hakyeon daquele jeito, sabia disso. Não era o jeito que o garoto cantava, muito menos a música em si e mesmo que não entendesse francês, lembrava com perfeição a tradução daquele trecho...

Wonsik... — o sorriso era em parte bobo e em parte confuso, mas não podia negar, não conseguia tirar os olhos dele.

 

~~

 

A última música da noite era lenta, mas muitos não estavam sequer dançando – apenas os poucos que ainda se mantinham em pé – e muitos preferiam ir embora naquele momento, enquanto outros permaneciam sentados no chão conversando com amigos. Mas Hakyeon estava dançando abraçado a Wonsik àquela música lenta – na verdade parecia mais com um balançar de corpos – e isso era extremamente confortável.

Os braços estavam ao redor do pescoço do garoto, enquanto o rosto todo sujo ficava escondido na curva de seu pescoço; sentia o abraço aconchegante em sua cintura e não podia negar que a noite estava terminando de um jeito que não esperava, mas que lhe era imensamente agradável. Podia ouvir tanto a respiração quanto o bater do coração de Wonsik, que acompanhava a música em seu ritmo lento. Mas seu próprio coração batia rápido, pela proximidade de ambos, pelo carinho em que estavam envoltos naquele momento, sentia-se como em um filme.

— Podemos ir se quiser, hyung... — Wonsik lhe sussurrou ao pé do ouvido, aquilo lhe causou arrepios que não sabia que uma voz seria possível de provocar. Mas Hakyeon não queria quebrar aquele momento falando mais alguma coisa, então apenas concordou silenciosamente.

O abraço foi desfeito, mas Wonsik logo tratou de segurar a mão do rapaz mais velho, andando calmamente com ele para fora do estúdio. As ruas estavam desertas, silenciosas e as únicas almas vivas eram eles dois, sujos de tinta dos pés à cabeça, mais coloridos do que Hakyeon achava possível. Olhando para o garoto, agora sob uma luz um pouco mais clara, podia ver nitidamente a quantidade de vermelho espalhado por seu corpo e olhando para si mesmo podia se ver banhado em azul.

Wonsik ainda o puxava para rodopiar no meio da rua, cantarolando alguma música que acabava inventando no caminho. A região onde se abraçavam, as cores misturava-se formando um roxo escuro com pontos mais evidentes de uma das duas cores, Hakyeon achava bonito como elas se misturavam tão facilmente... Assim como ele e Wonsik.

— Está me devendo uma camisa nova, não me disse que iria me pintar, Ravi-ssi... — disse soltando-se da mão alheia e pulando nas costas dele, que prontamente foi segurado para não cair.

— E faria isso de novo só pra te ver sorrir daquele jeito.

Daquele jeito. Daquele jeito quando Wonsik estava cantando? Hakyeon não conseguiu responder, apenas escondeu o rosto na curva do pescoço do garoto pelo resto do caminho até sua casa, sentia o rosto quente e de certo modo agradecia estar coberto de tinta, assim não poderia mostrar seu estado.

Agradeceu mentalmente quando chegaram e correu escada acima, se trancando no banheiro, podia ouvir Wonsik trancando a casa e perguntando como se limparia. Não tinha intenção de sair do cubículo onde se encontrava, então apenas o instruiu aos gritos. E enquanto estava sob a água fria, as lembranças da noite – em especial a dele cantando para si— preenchiam sua mente incessantemente. Não podia acreditar na noite que teve, não acreditaria nem se lhe contassem, tinha sido uma noite acima de suas expectativas.

Assim que estava devidamente vestido, Hakyeon desceu as escadas em busca do garoto, querendo saber se estava tudo bem, mas o encontrou já limpo e deitado no sofá. Wonsik dormia com os lábios entreabertos e parecia imerso no mundo dos sonhos, vendo-o daquele jeito não pode conter o sorriso de aumentar ainda mais.

Se não tivesse ido a aquele lugar, provavelmente não estaria tão feliz, o sorriso não deixava seu rosto e mesmo estando tão cansado, sentia como se pudesse dançar mais músicas se estivesse nos braços daquele garoto bobo dormindo em seu sofá.

É... Talvez sair não tenha sido tão ruim quanto pensou que seria.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "In a Heartbeat" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.