Ao Acaso do Destino escrita por ImperatorForsaken


Capítulo 5
A primeira vez que nos declaramos...


Notas iniciais do capítulo

Eae, mais um capítulo.
Esse vai ser de longe o mais dramático, mas eu queria trazer essa sensação, pra dar mais profundidade a essa história.
Enfim, espero que gostem.



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O sol brilhava forte do lado de fora do restaurante. O horário de almoço era o responsável pela quantidade de pessoas transitando pelas ruas, tentando encontrar restaurantes e lanchonetes para se livrarem da fome. Com sorte, Amber já havia garantido seu lugar no restaurante costumeiro, onde também costumava levar seu filho para almoçarem fora.

Estava sendo um dia calmo, assim como todos os outros anteriores. Amber estava se sentindo plena de uma forma que nunca se sentiu antes. Podia dizer o mesmo por Jack. Desde que seu relacionamento com Jacob tomou proporções maiores, a vida pareceu sorrir para os três e todos os dias pareciam dias ensolarados com leves brisas.

Se Jacob já era um bom amigo, ele era um amante ainda melhor. Era bom estar na presença dele, fazendo companhia a ele. Amber gostava de escutá-lo falar e o incentivava a fazer isso sem pressa. Sentia-se importante quando ele contava sobre seu dia, seu turno no trabalho ou qualquer coisa que sua mente havia pensado. Ela também fazia questão de contar a ele cada detalhe de seus dias, pois assim sentia-se mais perto e mais conectada a ele.

Jack não ficava de fora daquela suposta utopia. Encontrou em Jacob um porto seguro, um amigo e uma figura paterna, ainda que não decisiva. Encontrou em Jacob alguém para desenhar ao seu lado e ao lado de sua mãe. E claro, Jacob sentia-se a pessoa mais especial do mundo quando recebia os desenhos em mãos.

Havia felicidade e estabilidade entre eles. Era bom pode amar de novo, era como ser uma nova pessoa. No entanto, nada é tão perfeito que não possa piorar.

Amber estava terminando sua salada, pronta para se levantar, pagar a conta e voltar para seu serviço, ter um dia normal no trabalho, quando alguém se aproximou de sua mesa. No início, ela não percebeu. Apenas quando a pessoa se sentou, mesmo sem ser convidada, ela olhou para o rosto escondido embaixo de um boné. A raiva tomou seu rosto e ela preferiu não falar nada. Tentou levantar e ignorar a presença daquele homem, mas ele segurou seu pulso, induzindo-a voltar para sua cadeira.

— Amber, Amber, espera! — Frank pediu, ainda segurando o pulso dela.

Com desprezo, ela puxou o pulso para longe do toque dele.

— Como você me achou aqui?

— Foi só perguntar no seu serviço...

Ela revirou os olhos. Na próxima vez, se lembraria de proibir qualquer informação sua para estranhos, principalmente Frank.

— O que você quer? — ela perguntou, ríspida.

Ele balançou as mãos sobre a mesa, indicando para voltar a se sentar.

— Eu só quero conversar, eu...

— Nós não temos nada para conversar, não temos mais nada para resolver, você mesmo disse isso!

Frank suspirou, olhando ao redor, temeroso com a reação das pessoas.

— Por favor, Amber, eu sinto muito pelos erros que cometi, mas...

— Você sente muito? Pelos seus erros? — impaciente, ela se sentou. Estava preparada para escutar as baboseiras que Frank tinha para dizer, mas queria ver o quão grande era a capacidade dele de ser cínico. — Por que você voltou?

Era a pergunta chave para abrir a porta das mentiras. Ela apenas esperou.

— Eu voltei porque... Por não conseguir superar você, Amber. Eu não consigo te esquecer, porque eu ainda amo você! Eu preciso de você de volta em minha vida. — os olhos dele brilharam ao dizer aquilo, porém era a mais perfeita encenação.

Amber sabia que era mentira. Havia uma chance dele ter voltado para cidade para procurá-la, mas ela duvidava muito. Inclusive, Jacob já havia premeditado aquela situação, pelo simples motivo de Frank tê-la visto ao seu lado. Eles já haviam conversado sobre essa hipótese, por isso era fácil perceber a mentira.

Ela poderia ter jogado com a mentira dele, mas preferiu ser sincera.

— Você me quer de volta, mas você se esquece de que não sou apenas eu, hoje em dia. Jack está comigo, para sempre. Mas isso você não quer na sua vida, não é, Frank? Você me quer, mas não quer o seu filho!

Frank bufou, meneando.

— Eu sei que você tem motivos suficientes para dizer isso, mas eu estou tentando mudar...

— Sério? Você está tentando? — havia sarcasmo na voz dela.

— Sim, estou tentando!

— Ah, agora?

Ele revirou os olhos, se irritando. Amber não estava dando abertura alguma para que ele se aproximasse. Na verdade, ela já estava até com náuseas. O almoço fora muito gostoso, mas aquela conversa com Frank o azedou, e agora ela estava passando mal.

— É só isso? Posso ir embora agora?

Irritado, ele olhou dentro dos olhos dela.

— Por que a pressa? Quer ir se encontrar com seu novo macho? — o tom de voz usado por ele só aumentou a repulsa de Amber, que sequer conseguiu responder. — Pensa que eu não percebo, você agarrada nele pelas ruas? Passeando pelo parque como um casalzinho, levando o Jack, como se fossem uma família... Estava ocupada demais para perceber que eu estava assistindo, não é?

Ele estava certo. Amber estava distraída demais ao lado de Jacob para notar qualquer resquício da presença irrelevante de Frank.

— E o que você tem a ver com isso? Eu não te devo satisfações. Eu não preciso da sua aprovação para me envolver com ninguém, Frank. — apesar da fala descontraída, Amber assumiu uma postura séria ao tomar o assunto com ele. — Só não tente fazer gracinha para cima do Jacob! Não banque o machão ou você vai se arrepender!

Ele abaixou a cabeça por um instante e respirou fundo. Então, murmurou:

— Você o ama, não ama? — sua entonação era quase uma incógnita, mas Amber conseguia sentir a raiva e decepção presentes.

Ela, então, sorriu. Queria admitir para Jacob, primeiramente, mas já que estava com aquela chance nas mãos, não iria desperdiçar.

— Você está certo. Sim, eu o amo. E isso te incomoda, é por isso que você está aqui. Não é porque você se importa comigo ou porque ainda me ama. Você nunca me amou, você sempre gostou do amor que eu tinha por você. E agora você não aceita ser trocado, é por isso que está aqui na minha frente, falando um monte de besteiras. Mas, Frank, eu não me importo. Eu deixei de me importar com você quando você deixou de se importar com seu filho. E, se você quer saber mais, Jack também não se importa, porque não há como se importar com o que não existe. Então, faça um favor e continue não existindo. E fique longe de mim e do Jack. Vá embora e não ouse voltar.

Assim, sem mais delongas e sem a mínima vontade de esperar por uma resposta, Amber se levantou e foi em direção ao caixa pagar sua conta e voltar para o seu serviço, para ter um dia normal no trabalho. Enquanto Frank permaneceu sentado, encarando o prato vazio ao digerir aquelas palavras.

A noite começava a aparecer no céu, tomando tonalidades diversas, desde o laranja até o azul mais escuro. As ruas já começavam a esvaziar e, pouco a pouco, outro tipo de público começava a aparecer nas calçadas. Seria uma noite quente e agradável, mas para Jacob, qual noite nas últimas semanas não estava sendo agradável?

No momento, ele estava dirigindo em direção a casa de Amber, um caminho que já havia virado hábito. Quando não ia buscar a ela e a Jack para saírem, ia para lá fazer companhia. E qualquer uma das alternativas eram boas.

Os encontros estavam cada vez mais frequentes, embora os horários de trabalhos de Amber e Jacob não fossem convergentes. Jacob trabalhava boa parte da semana durante a noite e madrugada, enquanto Amber trabalhava todos os dias durante todo o dia. Mesmo assim, eles sempre achavam alguma brecha para se verem. Fossem os finais de semana ou as folgas dos turnos de Jacob.

Além dos encontros mais íntimos, Amber passou a visitar mais vezes a casa de Rose, já que ela havia nutrido uma simpatia muito grande por Jack. Sempre que apareciam por lá, Rose preparava doces para o garotinho, que não ousava recusar. Por isso, logo surgiu a ideia de Amber apresentar Jacob aos seus pais, entretanto, ainda havia alguns poucos obstáculos para isso.

Os pais de Amber moravam quase fora da cidade, pois faziam questão de manter uma casa bem grande, o que era bem distante. E Amber precisava preparar o terreno antes de introduzir outro elemento ao solo. Considerando a experiência negativa com Frank, ela não podia simplesmente surgir com outro homem na casa de sua família. Por mais que o comportamento de Amber tenha mudado depois da responsabilidade do nascimento de Jack, a presença de um novo homem só geraria mais preocupações. Com isso, ela estava mandando breves notícias para sua mãe pelo telefone, para que ela e seu pai pudessem se familiarizar com a novidade. Jacob não parecia pressionar muito quanto a isso, deu o tempo que Amber precisasse para agir, mas ela estava ansiosa para esse encontro. Era óbvio, queria mostrar aos seus pais que havia encontrado um tesouro em forma de homem. E nem mesmo seu pai poderia ser tão maravilhoso quanto Jacob.

Ele suspirou e depois bocejou, passando a mão esquerda sobre o rosto. Era bom estar de folga do trabalho e poder visitar Amber. Para ser sincero, precisava admitir que contava as horas para novos encontros. Sentia-se como um garoto novo descobrindo o amor, mas, de qualquer maneira, era a primeira vez que se sentia daquele jeito.

O sentimento pode não parecer muito nítido no início, porque a insegurança da novidade o torna turvo. Entretanto, assim que admitido e incentivado, o sentimento só tende a aumentar. E o que o Jacob sentia por Amber só crescia, cada vez mais, a ponto dele sentir que não seria capaz de caber em seu peito. Melhor ainda era saber que era recíproco. Não porque Amber dizia palavras bonitas, e ela dizia, mas porque ele sentia o sentimento que emanava dela para si. Sentia no toque, no olhar, no beijo. Sentia no mais leve suspiro de seus lábios. Mesmo nos menores detalhes, Jacob sentia o sentimento fluindo entre eles, naturalmente.

Imaginando que ela estaria à sua espera, vestindo o vestido azul favorito, ele logo tratou de procurar uma vaga para estacionar na rua da casa dela, o que não foi difícil. Todavia, percebeu um carro diferente parado em uma vaga que ele costumava usar. Não deu devida atenção, afinal era uma rua grande e as pessoas são espaçosas.

Quando saiu do carro, decidiu vestir outra blusa por cima da regata preta que usava, pois se sentiu casual demais. Era uma blusa de mangas curtas, verde escuro, até bem simples. Mesmo assim, a combinação ficou mais arrumada do que apenas uma regata e uma calça jeans. Imaginando que ela estaria bem arrumada, ele passou os dedos sobre os cabelos e a barba, porque, por mais curto que fossem, ainda podiam ficar desalinhados.

Estava indo em direção a porta da casa quando escutou a porta do outro carro estacionado abrir e fechar. Ele se virou, apenas para checar o barulho que ouviu e percebeu que havia um homem vindo em sua direção. Não reconhecendo-o, Jacob desistiu de subir o degrau e se afastou da porta, tentando entender a aproximação. Apenas quando o homem levantou o rosto, Jacob percebeu que conhecia aquela face. Claro que conhecia. Era Frank.

Por um momento, Jacob perguntou a si mesmo o que Frank estava fazendo ali. Não parecia estar sob convite de Amber. Talvez estivesse o esperando para confrontá-lo ou vigiando a casa. Nenhuma das opções agradou Jacob.

Ele pareceu conter algumas palavras, mas sua face entregava a raiva. Jacob olhou para a casa, mais uma vez, e desistiu de continuar seu caminho. Queria saber o que aquele homem queria e torcia para que ele não estivesse procurando confusão. Jacob era uma homem calmo e gentil, mas que não houvesse motivos para mudar a postura. Porém, antes que pudesse perguntar qualquer coisa, Frank pareceu tomar coragem para enfrentá-lo.

— Ela está mesmo decidida a me substituir, não é mesmo? — praticamente cuspiu as palavras em cima de Jacob, sem se importar com a fisionomia dele ser muito mais ameaçadora que a sua.

— Eu não sei o que você está tentando com essa atitude, mas é melhor parar. — alertou em tom pacífico e sereno.

Frank deu uma risada sarcástica.

— Você tenta roubar minha família de mim e eu que tenho que parar? — ele franziu o cenho. — Injusto, não acha?

Jacob se aproximou dele, impondo sua presença.

— Injusto é o que você fez com seu filho. Não venha com esse papo de família, porque você os abandonou na primeira oportunidade.

— Ah, é? E o que você vai fazer? Vai criar o meu filho? Você vai criar o meu filho? — Frank não economizava no volume e no deboche da voz, o que já estava irritando Jacob. — Você não pode me substituir, cara! Você tentar o quanto quiser, mas você nunca vai ser a família deles! E é só questão de tempo para o Jack pedir o pai de volta e você vai ter que vazar! Não há espaço nessa família para você!

Jacob respirou fundo, tentando controlar a raiva, mas estava difícil. Frank falava com autoridade de um marido que estava sendo traído quando, na verdade, não era ninguém.

Por causa da voz alta de Frank, a porta da casa de Amber foi aberta, revelando a própria. Como Jacob imaginava, ela estava bela à sua espera. Odiou-se por não conseguir conter a situação antes de Amber ver o escândalo que Frank estava fazendo.

Depressa, deixando a porta entreaberta, ela desceu o degrau e foi até Jacob. Não o cumprimentou, nada disso, o ódio em seu olhar por ver Frank em frente a sua casa, enfrentando Jacob, a cegou por completo.

— O que você está fazendo aqui? Eu falei para você sumir e nunca mais voltar! O que você quer? — ela tomou a posição em frente a Jacob, tentando evitar que ele lidasse com aquele confronto. Jacob a admirou ainda mais naquele momento.

Frank encolheu a postura, trazendo um olhar mais magoado.

— Olha, Amber, eu sinto muito, mas eu sou humano e humanos cometem erros. Eu estou aqui agora porque estou arrependido do meu erro. E eu não quero perder minha família.

Jacob se irritou com a encenação dele e quase tomou a liderança, mas Amber esticou o braço esquerdo, mantendo-o para trás, enquanto apontava o dedo indicador direito para Frank. Sentia a obrigação de lidar com aquela situação.

— Cala a boca, Frank! Não somos sua família! Você não pode simplesmente abandonar seu filho e voltar como se nada tivesse acontecido, exigindo sua família de volta! Quem é você para querer alguma coisa? Você nunca fez nada! Você nunca esteve aqui, você foi embora! — o dedo parou de apontar para ele e voltou para o próprio corpo. — Mas eu fiz e fiz tudo sozinha. E eu fiz um trabalho incrível! E você sabe o que mais? Nada graças a você!

Jacob sentiu a respiração travar diante do discurso de Amber. Ela estava tão determinada, tão furiosa, que nem mesmo Frank ousou interrompê-la. Amber fungou o nariz, tentando conter as lágrimas e, com o peito estufado, prosseguiu:

— A primeira pessoa que Jack viu na vida não foi você. Jack aprendeu a falar, a andar, a ler e a escrever sem você. O primeiro desenho de Jack não tinha você e o mais recente também não. Jack aprendeu a andar de bicicleta sem você. Jack ficou doente e melhorou, sem você. Jack chorou e sorriu, sem você! Jack fez o primeiro ano de vida e mais sete aniversários, sem você! Jack foi ao primeiro jogo de futebol sem você! Dane-se você! — terminou quase aos prantos, sem se importar com o fato de estar gritando.

Jacob sentiu os olhos arderem, estava mesmo emocionado com tudo o que ela falou. Não sabia e jamais poderia contar o que é a dor de ser uma mãe solteira, mas, naquele momento, mesmo que por um segundo, Jacob sentiu um pouco daquela dor em si mesmo.

Frank também parecia abalado, mas não deu-se por vencido. Respirou fundo e balançou os ombros.

— Eu sinto muito, mas é o que as mães fazem. E você é a mãe dele...

— Você é o pai dele também! — ela gritou aos prantos a ponto de Jacob ter de segurá-la pela cintura.

De repente, a porta rangeu, revelando um quarto membro para aquela discussão. Uma silhueta pequena e rechonchuda. Jack, assustado com os gritos.

Frank o observou de longe, como se olhasse para um ser divino, com os olhos arregalados.

— Meu filho, Jack, meu filho... — chamou-o.

Jack olhou para o homem que o chamava. Analisou-o por alguns instantes, tentando assimilar a figura daquele homem como seu pai. E, no entanto, parecia impossível. Quando pensou em um pai, soube perfeitamente para quem devia olhar. Então, ainda olhando aquele homem estranho, Jack caminhou para fora de casa e foi em direção a Jacob, a quem deu a mão e se escondeu atrás de seu corpo, bem assustado.

Incrédulo, Frank observou àquela cena com a boca aberta e os olhos arregalados. Já Amber teve vontade de chorar ainda mais, mas preferiu acatar ao filho assustado.

— Ele não é o seu pai, Jack! Sou eu! Eu sou o seu papai!

Jacob já não aguentava mais. Não queria que Jack fosse obrigado a lidar com o caos que Frank estava criando em sua vida naquele instante. Então, deixou Amber amparar o garoto e voltou para Frank, para quem apontou um dedo e decidiu ser sério em seu tom:

— Você já deu seu show, agora me escute. Você vai embora como fez da primeira vez e você não vai querer voltar, acredite em mim.

Frank protestou.

— Ele é meu filho, se eu quiser vê-lo, eu...

— Ele pode ter o seu sangue, mas ele não é nada seu. Você garantiu isso quando fez a escolha de abandoná-lo, ainda que paternidade não seja uma maldita escolha! — Jacob não teve receio em usar um tom grave e ameaçador ao respondê-lo, afinal era uma dor que ainda doía nele também.

Mesmo assim, Frank não desistiu.

— Pare de se iludir, você também não é nada dele! Pare de tentar ser o pai dele, você nunca vai ocupar esse lugar! Olhe só para você e olhe para ele, é óbvio... O que você acha que vão dizer quando te verem ao lado dele? O que você acha que ele vai pensar quando crescer e perceber que...

— Cala a boca! Cala a boca! — Amber gritou, nesse momento Jack começou a chorar. — Você não vai falar assim com ele, seu infeliz desgraçado, você não vai!

Contendo a raiva e a dor de ouvir aqueles comentários com uma força descomunal, Jacob apenas ergueu a mão para Amber, acenando que estava tudo sob controle.

— Eu não estou tentando ser o pai dele. E mesmo assim, não cabe a você ou a mim decidir isso por ele. Agora, se você é metade do homem que acha ser, você vai calar a boca agora, entrar naquele carro e ir embora. E saiba que mesmo que eu não signifique nada para o Jack, é essa memória que ele vai ter quando se lembrar do pai dele... Um covarde desprezível. E ele não merece ter um pai assim. E você, muito menos, merece tê-lo como filho! — sua voz foi calma, porém cortante, doeu até nos ossos de Frank. — Se você ousar a voltar a atingir esses dois, eu juro... Pode custar a minha vida, mas eu acabo com você.

Por um instante houve um silêncio mortal, mas o pranto de Jack prevaleceu.

— Eu quero que ele vai embora, eu quero! — pediu, agarrado ao colo da mãe.

Jacob arqueou as sobrancelhas, acenando para Frank.

— Não sou eu que estou falando... Seu próprio filho quer que você vá embora.

Sem mais reações e respostas duras na ponta da língua, Frank resolveu se resumir a sua insignificância e ir embora. Mais do que depressa, com o corpo tremendo, ele entrou no carro e decidiu partir. E, para seu próprio bem, de uma vez por todas.

Jacob respirou aliviado quando não estava mais na presença daquele homem. Apesar de tudo, estava se sentindo muito bem. Estava, além de tudo, orgulhoso de Amber por ter enfrentado aquele monstro.

Tanto ela quanto Jack vieram em sua direção. Ela o abraçou, pedindo perdão. Jack ainda chorava, tanto por estar assustado quanto por ver Jacob ser tratado daquele jeito.

Amber conduziu Jacob para sua casa, estava desesperada para fazê-lo superar aquele episódio. Jack veio agarrado nele, pediu até por seu colo e agarrou seu pescoço. Assim que adentraram e Jacob foi capaz de descansar seu corpo no sofá, Jack decidiu falar:

— Eu não quero que ele seja meu pai, ele me dá medo...Ele faz a mamãe chorar. Ele não gosta de você. Eu não gosto dele, eu não gosto! — disse choramingando.

Jacob precisou tirar força de todos os seus músculos para não chorar diante de Jack, então o abraçou e beijou seus cabelos. Sentia muito que ele tivesse que lidar com a dura realidade sobre seu pai tão cedo. Amber também o amparou.

— Se você quiser, nós podemos conversar sobre isso depois. — ela sugeriu.

— Posso ir para o meu quarto?

— Claro, querido.

Ele sequer se despediu, estava triste demais para isso. Doía demais para ele, logo para ele que sempre idealizou um pai. Mas ele não queria um pai como aquele e aquele homem estranho e mau jamais seria seu pai, Jack estava certo disso.

Jacob tornou a se levantar, vendo a inquietação de Amber, o que não era de se admirar.

— Eu sinto muito que o Jack tenha que lidar com isso tão cedo. — disse, fungando o nariz.

— Uma hora ou outra ele ia descobrir quem é o pai dele. Eu só... Eu só queria que Jack não fosse filho de um homem tão ruim, poxa vida. Eu sinto tanto por tudo o que ele te disse... Ele não tinha esse direito, não tinha...

Jacob decidiu abraçá-la, acalentando-a em seus braços. No mesmo instante, ela se sentiu confortável. O abraço de Jacob era o melhor lugar do mundo.

— Ele nunca mais vai voltar, nunca mais vai mexer com vocês. — ele segurou o rosto dela e o trouxe em direção ao seu. — Eu nunca mais vou deixar ele encostar um dedo em você de novo, eu prometo.

Amber fechou os olhos, suspirando profundamente.

— Eu amo você, Jacob. Eu amo você.

Foi inevitável o sorriso. E, de repente, não havia mais motivos para estar triste. Jacob beijou os lábios dela e a manteve abraçado em seu corpo, o máximo de tempo possível.

— Eu também amo você, amo mesmo.


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Notas finais do capítulo

Esse não será o último capítulo, ainda vou postar o "a primeira vez que fizemos amor" porque a conclusão vai estar nele.
Enfim, espero que tenham gostado, perdoem qualquer erro, escrevi e revisei de madrugada.



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