Ao Acaso do Destino escrita por ImperatorForsaken


Capítulo 3
A primeira vez que cozinhamos juntos...


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal. Tudo bom?
Acho que esse foi o capítulo mais complicadinho pra escrever, porque além de eu meio ser um desastre na cozinha, esse tema é bem novo pra mim. Enfim, está aquele clima bem fofinho, mas que a gente adora. Espero que gostem.



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Era aniversário de oito anos de Jack. E ele estava eufórico, como era de se esperar.

Naquela manhã não teve preguiça, não teve charminho e nem bico. Jack estava ansioso em ir para a escola, pois sabia que uma festa improvisada aconteceria. Jack esperou muito por aquele dia, visto que todos os alunos que fazem aniversário em época de escola, ganhavam uma festa.

Enquanto Jack curtia seu dia na escola, Amber tentava pensar em alguma coisa para fazer a ele quando chegasse em casa. Já havia comprado o presente dele, mas estava guardando para o momento certo. Além disso, queria fazer algo que ele gostava de comer e fazer aquele dia ser ainda mais especial para seu pequenino. Afinal, nada a deixava mais feliz como mãe ver o sorriso de seu filho.

Quando seu expediente terminou e ela ainda não sabia o que fazer para agradar Jack, Amber decidiu que perguntaria diretamente a ele. Algumas vezes é melhor assegurar do que arriscar. Faria algo que ele queria, então perguntaria a ele para ter a melhor resposta. Dessa maneira, não teria como errar.

A tarde estava agradável quando saiu do trabalho em direção a escola. As pessoas pareciam atarefadas, andando de um lado para o outro, conversando sem parar em seus telefones. Amber levou algumas trombadas, mas não se irritou, só esperou que algumas dessas pessoas tivesse a decência de pedir desculpas.

Não demorou a chegar em seu destino final. Jack ainda estava sendo liberado e veio correndo em sua direção. Dessa vez, ele tinha muitas coisas para carregar. Brinquedos, roupas e até comida, tudo estava atrelado às suas mãozinhas e Amber não perdeu tempo em ajudá-lo. Seu rosto estava sujo de bolo e tinta, assim como os cabelos estavam bagunçados. Era a cena mais fofa que presenciou naquele dia.

— Parece que alguém está tendo um ótimo dia! — Amber comentou sorridente, conduzindo Jack pela mão para irem embora, depois de agradecer pela festa.

— Hoje é o melhor dia da minha vida!

Amber sorriu. Com certeza era. Esse era o lado bom de ser criança, todo dia era o melhor dia de sua vida. Conforme cresce, esses dias ficam cada vez mais raros. O melhor dia da vida de Amber era fácil adivinhar, mas já não se lembrava de outros.

— O que acha de melhorarmos esse dia ainda mais? — perguntou, observando-o de cima.

— Sério? — os olhinhos dele, tão semelhantes ao seu, brilharam.

Amber anuiu com a cabeça.

— Bem, eu quero te fazer uma festa, mas eu preciso da sua ajuda para fazer o bolo...

— Eu posso escolher o sabor? — ele se exaltou. Amber concordou. — Eu quero de chocolate!

Não era novidade, era até previsível, mas era mais especial quando Amber escutava-o dizer.

— Então vamos fazer um bolo de chocolate e, quem sabe, se você for um bom cozinheiro, não ganhe um presente?

Foi o suficiente para ele ir para casa saltitando de felicidade. O sorriso estampado em seu rosto era precioso demais para Amber. Queria viver naquele momento sorridente e alegre, sem se lembrar dos diversos problemas diários.

Eles caminhavam em direção a casa, ansiosos para a festa privada. Porém, de repente, Jack parou e puxou a mão da mãe, chamando sua atenção.

— Mamãe. — esperou até que ela se virasse. — A gente pode convidar o Jacob?

O sorriso em seus lábios se alargou.

— Claro que podemos.

Jack comemorou brevemente.

— Você gosta dele, não gosta, mamãe? Eu gosto dele também!

Claro que Amber gostava. E havia motivo para aquela observação de Jack, ainda que Amber ficasse constrangida.

Desde que saíram juntos, Jacob se tornou mais presente na vida de Amber e Jack. Amber saiu algumas outras vezes em sua companhia e levou Jack, até mesmo a pedido do próprio Jacob. A relação entre eles estava se fortalecendo cada vez mais e Amber já não conseguia deixar de pensar naquele homem.

Jacob era, além de diferente, um homem bom. Apesar de ser grande e musculoso, brutalidade era uma palavra que ele desconhecia em seu vocabulário. Seus toques em Amber eram sutis e carinhosos, embora ainda fossem raros os momentos de toques. Sua forma de lidar com Jack era genuína e delicada, como se fosse um aspirante a pai. Havia até mesmo começado a ensinar Jack sobre futebol americano, que era seu esporte favorito, e Jack estava adorando a novidade.

Quanto a relação com Amber, as coisas estavam fluindo devagar, mas nenhum dos dois reclamavam. Estavam gostando daquela brincadeira de um passo de cada vez. Talvez, se tivessem se conhecido quando eram mais novos e mais impulsivos, já estariam bem adiantados. Porém, estavam curtindo o caminho mais longo que escolheram. Principalmente porque não queriam assustar Jack. Ele adorava Jacob e a relação com sua mãe, mas era melhor não impor nada ao garotinho. Era fato a atração e o interesse mútuo entre Amber e Jacob, porém achavam melhor construir aquela relação pouco a pouco.

Ainda estava longe de anoitecer quando chegaram em casa. A primeira coisa a se fazer foi colocar Jack para tomar um banho, já que estava em estado de destruição. Enquanto ele ia direto para o banheiro, Amber decidiu desempacotar o presente dele, para que pudesse usar. Era um moletom do Flash, seu herói favorito. Há muito tempo ele pedia por alguma roupa vermelha estampada com raios e, finalmente, estava para ganhar. Deixou o presente sobre a cama dele e voltou para a sala para abrir as cortinas e arejar a casa.

Era uma casa pequena, mas o suficiente para acolher ela e o filho. A sala fazia divisa com a cozinha, sem paredes entre esses cômodos. Havia o corredor que ia da sala aos dois quartos e, no final, o banheiro. Era até bem simples, às vezes pequena demais, mas não havia reclamações, exceto da parte dos pais de Amber. Decidiu mudar-se logo que Jack nasceu, mesmo sendo mãe solteira com um trabalho medíocre. Apesar dos apelos de seus pais, que insistiram em ajudar, Amber recusou, pois queria criar seu filho sozinha, já que tomou a responsabilidade toda para si. Óbvio que havia mais um responsável na história, mas, infelizmente, assim como tantos outros, esse tipo de responsabilidade era levado como apenas uma opção. E enquanto houvesse esse tipo de pensamento, mulheres como Amber continuariam a viver no limite do sufoco.

Depois de abrir as janelas, Amber foi checar se Jack ainda estava tomando banho. Então, decidiu realizar o segundo desejo dele. E, claro, o seu também. Com o número de Jacob já adicionado à agenda do celular, ela não perdeu tempo em ligar para ele.

Estava com voz de sonho quando atendeu, provavelmente descansando do seu último turno. Ele estaria de folga neste dia, então Amber não se acanhou em convidá-lo.

— Eu te acordei? — ela perguntou, tímida. Sempre que falava com ele se sentia como uma adolescente.

— Não se preocupe, estava na hora de levantar mesmo. — ele bocejou. — Está tudo bem?

— Sim, sim, só... Bem, hoje é aniversário de oito anos do Jack. Eu vou fazer um bolo para ele e... Ele adoraria que você viesse. E, bem, eu também.

Ela escutou a risadinha rouca dele e não conteve um sorriso.

— Bom saber... Pode me esperar então, logo chego aí.

Com um sorriso radiante, Amber despediu-se dele e desligou a ligação.

Estava indo em direção ao quarto de Jack, checar se ele precisava de ajuda, quando ele apareceu correndo em sua direção, com os olhinhos brilhando e um sorriso estonteante.

— Você comprou! Você comprou! — estava vestido com o moletom do seu herói, sentindo-se fabuloso.

Amber sorriu, ajoelhando-se diante dele.

— Você gostou?

Ele nem precisou responder, apenas pendurou-se no pescoço da mãe, abraçando-a com toda força. Amber o desejou feliz aniversário e declarou seu amor materno. Eles permaneceram alguns instantes abraçados, aproveitando o momento juntos.

Depois, ela o conduziu para a cozinha, já que ele havia dito que iria ajudar a fazer o bolo. Parecia mesmo ansioso em pôr a mão na massa. Sempre via sua mãe cozinhar e achava super interessante como toda aquela mistura virava uma comida deliciosa. Estava prestes a descobrir como ela fazia aquela mágica.

Ela começou apresentando os ingredientes e explicando a função de cada um. Jack prestava atenção sem piscar, estava achando interessante e percebeu que gostava daquilo. Interagia com a mãe, respondendo a ela com suas palavras o que sabia sobre os ingredientes, mostrando que estava mesmo interessado a aprender. Amber adorou aquela reação de Jack. Ele sempre fora uma menino aberto a aprendizagem, mas realmente parecia interessado no ramo da gastronomia.

Depois resolveu tentar ensiná-lo a quebrar os ovos. Ele pareceu eufórico diante dessa tarefa, mas um pouco estabanado. No começo, foi um pouco difícil, já que ele ainda não conseguia equilibrar a força com a delicadeza para manejar os ovos. Acabou quebrando um, sem querer, e sujando a mesa toda. Sua mãe não brigou, apenas o ensinou a limpar a bagunça, afinal acidentes na cozinha acontecem.

Quando estava tornando a ensiná-lo a quebrar os ovos, a campainha soou, puxando a atenção de ambos. Amber incentivou Jack a ir abrir a porta enquanto ela terminava de arrumar os ingredientes.

— Jacob! — Jack alertou alto, revelando o grande homem atrás da porta.

Jacob tomou-o nos braços ao adentrar na casa.

— Então, quer dizer que você está ficando mais velho hoje? — brincou, apertando-o pela barriga e fazendo cócegas.

Amber riu, observando de longe a cena dos dois.

— Não estou velho! Estou fazendo oito anos! — explicou, mostrando nos dedos da mão a idade correta.

Jacob fez uma careta.

— Isso tudo? Ih, está muito velho! Velhinho, velhinho. Comprei até uma bengala de presente para esse senhorzinho.

Ele carregava mesmo um embrulho nas mãos, mas não parecia uma bengala. Assim que colocou Jack no chão, entregou seu presente. E enquanto ele abria, Amber veio ao seu encontro para o cumprimentar.

Foi um abraço forte. Jacob envolveu um braço em sua cintura e a apertou contra seu corpo. Sentiu os lábios dela encostarem em sua bochecha e retribuiu. Eles se entreolharam e então, separaram. Jack parou de abrir o presente apenas para observar os dois e esboçou um sorriso besta.

Era uma bola de futebol americana, oval e avermelhada. Era bem grande, as pequenas mãos de Jacob quase não conseguiam segurar. Ele ficou encantado com o presente, por diversos motivos. O principal era por já ter visto os pais de seus colegas incentivarem sobre futebol. Jack sentia-se um pouco excluído, já que não tinha um pai para comprar o uniforme do time favorito, presenteá-lo com a bola e, muito menos, levá-lo aos jogos.

Quando Jacob começou a introduzi-lo nesses assuntos, Jack sentiu-se mais completo. Algumas vezes em que saíram juntos, eles assistiram aos jogos em televisões e Jacob teve a paciência de ir explicando, pouco a pouco, as regras dos jogos. No começo, Jack pareceu confuso, mas logo as coisas começaram a fazer sentido e não demorou muito a escolher para qual time torcer. Jacob torcia para o Baltimore Ravens e, agora, Jack também.

— Você vai me ensinar a jogar?

Jacob sorriu, concordando.

— E, se sua mãe deixar, te levar aos jogos também.

Jack olhou com expectativa para Amber, que colocou as mãos na cintura. Ela fez suspense, mas acabou permitindo. Jamais teria coragem de negar aquele desejo.

— Seu avô vai ser a pessoa mais feliz do mundo quando eu contar isso a ele... — ela comentou baixo, ajeitando o avental.

— Ele gosta de futebol? — Jacob perguntou.

Ela arqueou as sobrancelhas.

— Tenho certeza que boa parte da insistência dele sobre eu e Jack morarmos na casa dele, era para que Jack o acompanhasse na torcida de futebol. — balançou os ombros. — E ele também torce para o Baltimore Ravens.

Amber não era muito ligada a futebol, mas era a companhia de seu pai para torcer. Com Jack e, possivelmente, Jacob entrando no jogo, ele se sentiria realizado. Por um momento, Amber imaginou a sala de sua casa lotada em um dia de jogo. Ela e a mãe sentada em um sofá, apenas assistindo, enquanto seu pai, Jack e Jacob torcem fervorosamente. Era uma cena gostosa de imaginar, mas era apenas uma divagação.

— Você chegou cedo. Eu e Jack nem começamos a fazer o bolo. — disse, mudando o assunto para tentar impedir sua mente de criar expectativas.

— Jacob pode ajudar a gente, mamãe! Você pode ajudar a gente, Jacob?

— Claro que posso. Estou ansioso para mostrar a vocês meus dotes culinários desastrosos!

Jack segurou na mão dos dois e os puxou para a cozinha. Amber estava encantada com a euforia de Jack e tentava imaginar o que se passava na cabeça dele. O que ele estava sentindo? O que estava pensando?

Na verdade, não era nada difícil de adivinhar. Ele estava se sentindo completo. Em todos os seus aniversários anteriores, eram apenas ele e sua mãe. Haviam seus amigos e, algumas vezes, seus avós. No entanto, ele sempre sentiu que faltava algo. E o que faltava era um pai. E, por mais que sua mãe sempre fosse suficiente, a carência de um pai continuava a doer. E como um garoto sem pai cresce para ser um homem?

Jacob representava aquela peça que faltava. No entanto, Jack não estava tentando substituir seu pai biológico. Não podia substituir aquilo que nunca teve. O que Jacob estava começando a representar para Jack era algo novo. Podia soar perigoso que Jack estivesse se apegando tão rápido a um homem recém conhecido, mas era quase involuntário para ele.

— Jack, por que não mostra para o Jacob o que aprendeu? — Amber sugeriu, dando a liberdade para Jack apresentasse os ingredientes.

Empolgado com a ideia, ele não perdeu tempo. Começou muito bem, citando um por um e tentando explicar, com suas próprias palavras, o que significava. Apenas de quando em quando ele esquecia um nome ou algumas palavras, então pedia ajuda a sua mãe, mas estava indo muito bem. No final, Jacob aplaudiu e agradeceu a Jack por ensiná-lo o que ele mesmo não sabia.

Com um clima agradável, eles começaram a produzir a massa. Dessa vez, Jacob ficou encarregado de ajudar Jack a quebrar os ovos. Ficaram tão concentrados na tarefa, que acabaram quebrando mais ovos do que o necessário. Depois, a massa começou a tomar forma e Jack começou a misturar os ingredientes, mas ainda estava seco, o que dificultou o processo.

— Não é justo, Jacob é muito mais forte que eu! Ele tem que misturar, não eu!

Com risadas, Jacob acabou concordando e misturando a massa. Aproveitou esse momento para sujar a ponta do dedo e passar no nariz de Jack, que deu gargalhadas. Então, ele se abaixou até ficar da altura do garoto e sussurrou algo em seu ouvido. Amber prestou atenção, tentando entender o que Jacob estava cochichando para ele.

— Mamãe! Jacob me contou um segredo! — anunciou, estampando um sorriso zombeteiro. Antes de continuar, virou-se para Jacob. — Posso contar para ela?

— Pode, pode sim. — piscou para ele.

— Mãe, vem cá! Quero te contar uma coisa!

Curiosa e ingênua, Amber abaixou. Nada mais provocante do que duas pessoas cochichando perto de você, a curiosidade estava gritando. No entanto, não tinha segredo nenhum. Sem que ela percebesse, Jack havia sujado a mão com massa de bolo e ela seguiu o plano dos dois, permitindo que ele conseguisse sujar todo seu rosto.

— Eu não acredito... — murmurou, tentando limpar a massa de seu rosto e cabelo enquanto os dois davam risadas. — Ah, vocês me pagam!

Não era justo que Jacob ainda estivesse limpo, portanto Amber fez questão de sujar bem as mãos e passar em seu rosto. Ele tentou se esquivar, mas acabou com metade do rosto sujo.

 Podiam declarar um empate e uma trégua, até Jack conseguir definir a partida com uma tragédia. Amber estava tentando limpar o rosto quando Jack tentou enfiar as mãos na vasilha. Estava com a intenção de encher a mão de massa e atacar em Jacob, mas o plano não deu muito certo. Suas mãos bateram na lateral da vasilha, arremessando-a no corpo de Amber, que foi banhada por massa de bolo de chocolate. Jacob até tentou evitar a tragédia ao alcançar e segurar a vasilha, mas além de falhar e a vasilha espatifar-se no chão, terminando de sujar o chão e a Jack, ele se desequilibrou, caindo em direção a Amber.

Para que não caíssem no chão e se machucassem, Jacob conseguiu segurá-la contra seu corpo e eles apenas trombaram na bancada da pia. Ela estava coberta de massa, desde seu rosto até seus cabelos. E mesmo toda suja, ela ainda era uma mulher linda. Ele teve vontade de rir, mas preferiu limpar seu rosto.

Talvez, eles tenham se esquecido da presença da Jack e de que seus corpos estavam atrelados um ao outro. Jack ria e falava coisas engraçadas ao fundo, mas eles não conseguiam escutar direito. Amber olhava para Jacob, que passava a mão por suas bochechas, na tentativa de limpá-las. As faces estavam tão perto e era tão tentador. Jacob tentou desgrudar as mechas de cabelo do seu rosto e o polegar acabou roçando nos lábios de Amber. Nesse momento, ele percebeu os braços dela se arrepiarem. Aquele arrepio... Aquele arrepio era um sentimento.

— Agora vamos ter que fazer outro bolo! — Jack comentou alto, depois de checar a vasilha.

Só então, eles voltaram a realidade. Um pouco constrangidos, eles se afastaram e foram até Jack.

— Dessa vez, pode deixar que eu me viro sozinha! — Amber disse, considerando a bagunça que estava a cozinha. — E o senhor vai ter que trocar de roupa, está imundo.

Jack riu.

— Não mais que você!

Ela estreitou o olhar e, mais do que depressa, Jack adiantou-se até o quarto para se limpar.

— Desculpa, foi tudo ideia minha. — Jacob confessou.

Amber meneou.

— Não se desculpe. Ele se divertiu tanto... — respondeu enquanto pegava um pano para que Jacob limpasse o rosto. — Geralmente, ele fica introvertido e emotivo nos aniversários. Esse está sendo o melhor aniversário que ele poderia ter.

Jacob balançou a cabeça, vendo a si mesmo, quando pequeno, em Jack.

— É, eu o entendo bem. — respondeu baixo, passando o pano sobre a barba. — Minha mãe me enchia de falsas esperanças, dizendo que meu pai iria me ver. Ele nunca ia.

— Ela só estava desesperada, talvez ela mesmo tivesse esperanças de que ele aparecesse.

Jacob respirou fundo.

— Você tem esse tipo de esperança?

Amber o olhou, sentindo o peso daquela pergunta. Não era uma pergunta sobre Jack, mas sobre Frank. E ela nem precisou pensar muito para responder.

— Não. — ela balançou a cabeça. — Nem por um segundo.

— Talvez devesse ter...

Ela se aproximou dele, podendo falar sem correr o risco de Jack ouvir.

— Eu não quero nem pensar sobre o Frank, porque... Se fosse ele aqui, e não você, aquele garoto não estaria sorrindo, ele estaria chorando. E eu... Eu...

Percebendo a falha na voz dela, Jacob tocou seus braços.

— Está tudo bem, me desculpe, eu não queria te fazer pensar sobre isso. — ele acariciou sua pele.

Amber iria respondê-lo, mas Jack retornou do quarto, já vestindo roupas limpas.

— Eu preciso me limpar, estou me sentindo grudenta. — disse, antes de começar a se afastar.

Jacob concordou e foi até Jack, enquanto esperava o retorno de Amber. Sentiu-se idiota pelo comentário que havia feito e estava torcendo para não ter estragado o momento. Entretanto, era compreensível que pensasse sobre o que disse. Esse tipo de homem sempre vai, mas sempre volta. E Frank estava de volta na cidade. Não achava que havia alguma chance de Amber voltar para ele, pois via em seus olhos o medo e o desprezo que sentia por ele. Mesmo assim, ele ainda era o pai de Jack e nada mudaria isso.

No entanto, ao olhar para o sorriso de Jack, Jacob percebeu que Amber estava certa. Aquele garoto estava feliz e não era graças ao pai. Mesmo que estivesse de volta à cidade, ele não estava junto do filho, comemorando seu aniversário. Aquele sorriso não era para Frank, era para Jacob. E Jacob não conseguia mentir, aquele sorriso mexia com suas estruturas. Estava se apegando demais ao garoto e a mãe dele. Não sabia dizer o que o esperava, mas estava decidido a descobrir.

Jack brincava com a bola que havia ganhado de presente enquanto Jacob assistia. O garoto imaginava um jogo e contava para ele, idealizando os dois na platéia para assistir. Teve o cuidado de introduzir até pipoca ao pensamento. Jacob prestava atenção aos devaneios do menino, sem conter o sorriso. O que sua mãe diria ao vê-lo naquela situação?

Desistindo de brincar, Jack sentou-se no sofá, ao lado de Jacob.

— Você vai mesmo me levar para assistir um jogo? — a voz dele indicava sono e não era de se admirar, seu dia estava agitado demais.

— Claro.

— Você promete?

Jacob sorriu e estendeu o dedo mindinho para ele.

— Prometo de dedinho, como no dia em que conheci você.

O sorriso de Jack foi emocionante. O olhar de um filho. E não era para Frank, aquele olhar jamais seria para Frank.

Jack pareceu só esperar o selamento da promessa para apagar no sofá. Como um brinquedo movido a pilha, ele desligou. O sono o pegou tão forte que ele até ressonava. Jacob decidiu pegá-lo no colo e levá-lo para a cama. Acabou encontrando Amber no meio do caminho.

— Ele apagou... — sussurrou, entregando o filho para os braços dela.

— Era de se esperar. Ele farreou o dia inteiro. — ela o ajeitou no colo. — Eu vou colocá-lo na cama, já volto. Ah... Seu rosto ainda está sujo. — comentou, dando uma risadinha.

Jacob voltou para a cozinha a procura do pano e limpou todo o seu rosto. Debruçou-se sobre a pia e jogou um pouco de água, garantindo a limpeza.

Não demorou para Amber voltar, dessa vez limpa e de cabelos escovados. Ele estava terminando de secar o rosto, quando ela o chamou para se sentar no sofá ao seu lado.

— Desculpe pelo o que...

— Obrigada por hoje. — ela o interrompeu, levando a mão até a dele. — Não digo só pelo Jack, mas... Há tanto tempo eu não me divertia assim ao fazer um bolo.

— Ah, que isso! Sempre que quiser que eu bagunce sua cozinha, é só falar.

Amber não controlou o riso. Era incrível a capacidade que Jacob tinha de fazê-la rir com o mais bobo dos comentários. E ele adorava, principalmente porque vê-la sorrir era uma cena gratificante e bela. Seus cabelos caíam para frente de seu rosto, conforme ela abaixava a cabeça para rir. Seus olhos ficavam pequenos e seus lábios muito bem estampados com o sorriso.

Eles ficaram em silêncio, quando a graça passou. Os olhares se sustentaram por um momento, até os rostos começarem se aproximar. Então, Amber desviou os olhos para os lábios carnudos dele. Estava se sentindo tentada a insistir na aproximação. Ainda mais porque sentia o cheiro dele. Apesar de toda a bagunça com a massa de bolo, o cheiro dele ainda era dominante. E quase a fazia delirar.

Jacob segurou seu rosto e, com o polegar, acariciou sua bochecha. Amber mordeu o lábio inferior e deixou sua testa encostar no queixo dele.

— Eu gosto do seu cheiro... — sussurrou.

— Gosta? — ela apenas fez um barulho manhoso com a boca.

Ele aproveitou a brecha para aproximar mais seu corpo do dela, então sentiu a suave mão dela deslizar por seu braço até seu pescoço. Seu corpo inteiro estremeceu diante daquele carinho e ele sentiu que não resistiria mais. Ergueu o rosto dela diante do seu, mas quando estava prestes a beijá-la, ambos escutaram um barulho vindo do corredor.

— Mamãe... — Jack chamou baixinho, se aproximando do sofá, obrigando os dois a se separarem. — Eu tive um pesadelo...

Amber levou as mãos ao rosto, olhou de Jacob para Jack e terminou pegando o filho no colo, novamente.

— É, sei bem que pesadelo é esse...

Com um riso, Jacob se levantou junto dela. Tocou seus ombros e distribuiu dois beijos, um nos cabelos de Jack e outro na testa de Amber, que sorriu. Com um suspiro tristonho, ela observou Jacob partir.


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Notas finais do capítulo

Ain, gente, eu amo essas breguices de fanfic romântica, assim como nos filmes, me julguem.
Gente, to adorando não só o relacionamento do Jacob com a Amber, mas o relacionamento dele com o Jack. Cara, imagina como ele não está se sentindo feliz? Ah, isso é tão lindo. Espero que tenham gostado. xx



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