Quando o Fogo encontra o Gelo escrita por Holanda


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Provavelmente eu deveria revisar mais isso, mas estou me sentindo bem abatido esse dias, nem sei se estou 100% satisfeita com o resultado final deste capítulo. Mas vida que segue.

Esse capítulo se passa ao longo do volume 4 e 5

Boa leitura.



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A tormenta passou e agora a princesa e o dragão tentam se erguerem, um mundo os separam, mas nada poderia impedi-los de se encontrarem, em uma epifania emocional, o fogo e o gelo se encontram para descobrir o quanto precisam um do outro.



A primeira vez que nos beijamos

Os lençóis de seda não ajudavam em nada seu sono, Weiss se mexia e suava durante a noite, as lembranças a atormentando com irritantes pesadelos que sempre que ela fechava seus olhos estavam lá, como se as imagens tivessem sido queimadas em sua retina.

Os grimms… a white fang… as pessoas correndo e gritando… o fogo… havia tiros…

Mas de todas as imagens que foram pregadas em sua memória durante a queda da Beacon, a que mais perturbava Weiss era a de Yang… jogada no chão… inconsciente… ensanguentada… mutilada.

As manhãs também não eram melhores, Weiss poderia usar várias palavras para definir a mansão Schnee, mas nenhuma delas seria “casa” ou “lar”. Talvez por isso ela chorasse a noite e se resigna-se em silêncio durante o dia.

Ela nunca pensou que fosse possível sentir tanta falta de tanta coisa. Weiss literalmente sentia saudade de tudo e todos. As roupas de cama baratas do dormitório, a comida vulgar do refeitório, as aulas maçantes dos professores, seus colegas que ela tanto reclamava, suas amigas… Blake… Ruby… Yang…

Weiss pressionou suas mãos uma contra a outra sobre a bainha de seu vestido, ela apertou os lábios com a lembrança de sua colega loira. Quando Yang acordou, era Weiss que estava a seu lado, apesar de tudo, ela estava viva, isso era o bastante para a deixá-la feliz.

Seus olhos se encontraram e Weiss teve o, agora familiar, impulso de abraçar a loira, ela queria tomar Yang em seus braços e afastar para sempre toda a dor que ela via em seus olhos, Weiss não suportava a vê-la daquela forma. Aquele sentimento… ela não se atrevia a nominar, mas ela sabia o que era.

— Onde está a Blake?

Seu coração afundou, ela queria saber da Blake… claro.

— Eu não sei. — respondeu Weiss fazendo um péssimo trabalho de esconder sua decepção.

— Ela fugiu! — afirmou Sun que estava logo atrás de Weiss.

Foi notável o abatimento de Yang com a informação da fuga de Blake e isso doeu mais em Weiss do que ela imaginaria que poderia. A próxima coisa que ela se lembrava era de seu pai aparecendo e ela sendo arrastada de volta a Atlas contra sua vontade.

Agora ela estava aqui, como na história da princesa presa no castelo, mas prisão de Weiss era pior, era a prisão de seus pensamentos. Sem distrações, com o silêncio e o ambiente estéril da mansão, Weiss era incapaz de fugir daquilo, tudo que ela evitava pensar enquanto estava na Beacon explodia em sua cara junto com as lembranças fazendo um estranho contraste com sua superficial aparência de indiferença enquanto uma verdadeira tempestade acontecia dentro de si.

Weiss olhava para o lado de fora pela grande janela de seu quarto, sua postura impecável sobre uma cadeira delicada, seu rosto insondável, mas como sempre, seus pensamentos estavam longe, apesar de sempre acabarem no mesmo lugar… ou melhor, na mesma pessoa.

Não foram poucas as vezes que Weiss desejou que Yang estivesse ali, só a presença da loira já seria o bastante para ela, mas quem ela estava tentando enganar? Weiss queria era se jogar nos braços de Yang, queria sentir o calor dela, queria ouvir sua voz dizendo que se importava com ela… Weiss queria que Yang a beijasse.

Passou tanto tempo dizendo para si mesma para não alimentar aqueles sentimentos… e não adiantou nada! Weiss trincou os dentes, estava mais do que na hora de ela admitir para si mesma que estava completamente apaixonada por Yang Xiao-Long e aquilo não era um sentimento passageiro como ela tentou acreditar que era.

Weiss pensou que admitir isso para si a ajudaria a superar, mas parecia que seus desejos só aumentavam.

— Senhorita Schnee? — Klein se aproximou. — Seu pai deseja falar com a senhorita.

— Estou indo.

Seu salto alto clicava no chão fazendo um som melancólico ao ecoar pelos corredores longos de teto alto e cores pálidas da mansão Schnee.

~**~

Yang abriu os olhos, seu quarto ainda estava escuro acabando com sua esperança de já ser manhã. Suas noites eram cheias de pesadelos e lembranças dolorosas, por isso Yang não se culpava por evitar dormir. Naquela noite em especial, ela mais uma vez sonhou com seu algoz e mais uma vez, teve de se controlar para não sofrer outro ataque de pânico, então, dormir não era a primeira opção de coisas a se fazer para Yang.

Fazia algumas horas que os professores Port e Oobleck havia ido embora depois de uma visita amistosa a seu pai, aquilo lhe deixou com muito o que pensar. Yang olhou para o braço protético que estava sobre a mesa do criado-mudo do seu quarto, ela virou o rosto franzindo o cenho.

Aquilo não era seu, não era seu corpo, não fazia parte dela!

A vozinha na cabeça da loira estava ali, sempre a incomodando, sempre lhe lembrando e lhe dizendo coisas ruins.

Não é como se ela não quisesse se recuperar, se erguer, mas parecia que havia algo a paralisando, Yang não entendia. Naquela noite, ela havia perdido mais do que um braço, ela perdeu algo dentro de si mesma, sentir que algo falta, que estava diferente, era no mínimo apavorante.

O sol começou a surgir no horizonte, Yang se levantou e foi até o banheiro, a rotina era algo que lhe dava alguma segurança enquanto tudo lhe parecia fora de lugar. Ela se olhou no espelho, era estranho ela não se reconhecer? Ela ainda era a Yang, mas tinha algo de tão diferente nela, parecia até outra pessoa que possuía seu rosto e estava ali, a encarando.

Quantos de mim, eu posso ser, ainda sendo eu mesma?

A voz de seu pai interrompeu seus pensamentos, Taiyang gritou dizendo que o café da manhã estava na mesa. Yang fazia tudo no automático, menos sua cabeça que sempre parecia estar rodando, ela saiu do banheiro e olhou novamente para seu braço protético fazendo um careta para ele.

Yang queria alguém para conversar, alguém para lhe dizer o que deveria fazer… Ruby? Não! Blake? A carranca de Yang se aprofundou ao lembrar de sua parceira. Weiss? Claro, quantas vezes a herdeira lhe ajudou antes com suas palavras? Yang se pegou ali desejando que Weiss estivesse com ela, nem que fosse apenas para ouvir suas queixas estúpidas.

Ela riu um pouco pensando que Weiss provavelmente iria repreendê-la por chamar seus próprios problemas de estúpidos. Sua colega era controlada e inteligente, além de ser madura e determina, Weiss sempre sabia a coisa certa a dizer, ela certamente saberia dizer as coisas certas para Yang.

Se pegou imaginando o que Weiss diria se ela estivesse ali…

— Yang? — Seu pai chamou na porta, ela se virou e sorriu um pouco para ele. — Você está bem?

Yang o olhou por um instante depois caminhou até o criado-mudo e pegou a prótese, ela se virou para seu pai sorrindo:

— Pode me ajudar a colocar isso aqui?

Taiyang fez uma expressão surpreendida, mas logo em seguida sorriu orgulhoso para a filha.

~**~

Um tapa estalou em sua face, mesmo com sua mente afiada, Weiss demorou alguns bons segundos para compreender o que havia acabado de acontecer tamanho era seu choque.

— Esse seu comportamento é incrivelmente desapontante. — Seu pai disse e Weiss ainda o olhava perplexa. — Você não entenderia o que eu tive de fazer para manter essa família onde está.

Weiss estava com uma estranha mistura de horror e decepção, aquela era a primeira vez que Jacques lhe batia diretamente, ela não era tola, sabia muito bem que seu pai já havia agredido fisicamente sua mãe várias vezes, geralmente, ela era poupada de sua violência, mas obviamente que agora as coisas mudaram. Weiss o desafiou, ela mudou no tempo que esteve da Beacon, agora ela não aceitaria de cabeça baixa os mandos e desmandos de seu pai.

— Se acha que fugir como sua irmã vai fortalecer o nome Schnee, você está errada! Ficar do lado dela só nos separará.  — Ele continuou e Weiss só podia pensar em como ela fora tola de nutrir alguma esperança de que talvez o seu pai fosse diferente com ela, mas ele estava agindo exatamente como fazia com sua mãe.

— Não estou do lado de ninguém! — Weiss disse agora brava por seu pai falar sobre sua irmã com tanto desprezo. — Estou fazendo o que acho certo! — afirmou segura, ela não abaixaria a cabeça. — E isso não envolve perder meu tempo com esses idiotas da Atlas.

Jacques lhe deu as costas revirando os olhos diante de suas palavras, mas Weiss continuou:

— O legado dos Schnee não é você que vai viver e sim eu! Eu desejo vivê-lo como uma caçadora! E, é isso que eu farei!

— Não, não vai! — Ele se voltou para ela indiferente. — Você não deixará a Atlas, você não deixará a mansão sem minha permissão.  — Jacques disse se aproximando e dando a Weiss um olhar frio e calculista. — Você ficará aqui! Fora de vista e de problemas, até que eu e você entremos em acordo sobre seu futuro. — terminou de decretar.

— O que? — Weiss estava surpreendida pela quantidade de vezes que ela se sentiu desorientada em tão pouco tempo. Seu pai não podia estar falando sério.

— Sua pressuposição que pode ter o que quiser é um sinal claro de nossa falha como pais. — Jacques falou ainda tão impassível como antes. — Mas de agora em diante, lhe darei a atenção total que precisa, começando por manter você onde eu possa ver.

Weiss não podia acreditar no que ouvia, era tão absurdo que não poderia ser verdade, ela mal podia pensar direito.

— Você não pode me impedir de partir! — ela protestou.

— Eu posso, e os empregados garantirão isso. — afirmou Jacques.

— Então agora eu sou sua prisioneira? — Ouvir aquelas palavras saindo de sua própria boca só a deixou mais indignada do que já estava.

— Você é minha filha, uma criança, e crianças ficam de castigo quando se comportam mal. — Seu pai disse soando debochado.

— Isso só vai piorar as coisas, pai! — Weiss precisava pensar em algo para escapar daquela situação, não era possível que pudesse cair tão fácil na armadilha de seu pai. — As pessoas vão perguntar, vão querer saber porque a herdeira da SDC sumiu.

Mas parecia que seu pai já tinha tudo planejado para prendê-la em sua armadilha.

— Que é o motivo de você não mais ser a herdeira da SDC. — Ele disse e Weiss quase pode ver um sorriso mínimo por baixo de seu bigode branco.

E mais uma vez, Weiss estava em choque com as palavras de seu pai:

— Como?

— Claramente o trauma da queda da Beacon foi demais para você, por isso, você generosamente cedeu seu direito à companhia a seus rendimentos a seu irmão.

Weiss nunca se sentiu tão apunhalada como naquele momento, era como confiar em alguém e de repente, ser subitamente traído.

— É hora de acordar e encarar a realidade. — Seu pai terminou ainda tão frio como foi aquela conversa toda, ele deu as costas e saiu.

Um turbilhão de sentimentos varreu o interior de seu ser como se fosse um furacão, ela queria gritar com seu pai, ela queria quebrar a primeira coisa que visse pela frente, ela podia sentir a raiva como uma chama ardendo em seu coração, será que era assim que Yang se sentia em seu ataques de fúria?

Graças aos deuses ela não estava com sua espada em mãos. Weiss precisava ser controlada, o que aconteceu naquela festa foi por culpa de sua falta de controle sobre suas emoções, seu semblante se tornava algo perigoso quando ela estava fora de si.

Respirando fundo, Weiss caminhou a passos duros até a porta de seu quarto e quando a abriu, viu seu irmão, assim como ela esperava.

— Whitley! — Ela gritou.

— Sim, irmã? — Ele se virou com uma cara tranquila nenhum pouco afetado pelo que havia acontecido e Weiss sabia que ele escutara tudo.

— Você sabia disso? — Ela se aproximou ainda furiosa.

— Sobre o que? — Whitley fingiu desconhecimento, pelos deuses, ainda bem mesmo que Weiss não estava com sua espada ali, mas mais uma vez ela se controlou.

— Você nunca gostou da Winter, nunca gostou de mim! — Ela disse cruzando os braços e o encarando com seriedade. — Mas você foi super acolhedor desde que eu voltei.

— Se ser gentil com minha irmã mais velha é um crime… então, temo dizer que sou culpado.

De repente a realidade que ela negava a si mesma veio a tona de modo que Weiss não fez o mínimo de esforço para impedi-la… ela deixou a verdade a feri-la. Seu pai… seu irmão… nenhum deles gostava dela, por uma fração de segundo, a imagem de Ruby e Yang passou por sua cabeça, antes de conhecê-las, Weiss não sabia realmente o que era ter uma família, mas agora ela sabia o que era e sabia que os Schnees não eram uma.

Isso a esmoreceu mais do que ela poderia se permitir, até mesmo sua expressão facial caiu em desapontamento e autopiedade.

— Você queria que isso acontecesse. — Ela constatou o óbvio, mas ainda era doloroso.

Whitley sorriu e disse:

— É tolice não obedecer ao pai.

— Não creio nisso… — Weiss murmurou, mas não era para a afirmação do irmão, e sim requisitos de sua negação para a verdade, no fundo, ela ainda tinha alguma esperança em sua família, mas agora? Ela via suas esperanças morrendo como a neve do inverno derrete e some quando a primavera chega.

— Não se preocupe, Weiss, o nome da família Schnee está em boas mãos… nas minhas mãos! — Whitley sorriu e se afastou pelo corredor.

Enquanto ela via o irmão se afastando, Weiss só conseguia pensar em Yang, ela tinha inveja de Ruby por ter Yang, ela tinha inveja de Blake por ter Yang… sim, ela era egoísta o bastante para desejar que sua colega quente e amorosa lhe desse um pouco de sua atenção e amor como ela dava para suas outras amigas. Ela queria ser abraçada, ser beijada, ouvir palavras gentis, ouvir de Yang que ficaria tudo bem, que ela ficaria a seu lado.

Weiss voltou para seu quarto e caiu na cama, ela mal percebeu quando começou a chorar, mas agora estava muito ciente das lágrimas e soluços que escapavam de seus olhos e boca. Ela apertou os lençóis enquanto perdia a luta contra suas emoções…

— Yang… — O nome saiu quase como uma súplica.

Aquela não era a hora de fraquejar! O que Yang diria para ela? Não! Weiss não desistiria, ela nunca desisti! Ela levantou a cabeça determinada, nada ficaria no seu caminho! Se seu pai queria ser um obstáculo, então ela o trataria com tal, o que Jacques não sabia é que não havia obstáculo que Weiss não pudesse superar quando queria.

~**~

Yang não estava nem a 10 minutos aquele campo de bandidos e ela já queria ir embora o mais rápido que podia, ela já havia frequentados lugares bem pouco decentes em sua vida, então ficar no meio de criminosos não era um incômodo, seu problema era a mulher a sua frente.

— Eu não ligo para o que você acha! — Yang ralhou irritada.

Raven gastou só alguns segundos a estudando com seus olhos antes de voltar a falar.

— Sua escolha. — Sua mãe se aproximou como se estivesse em um palco, para ela, tudo aquilo era só uma apresentação para seus capachos e Yang era a atração principal. — Tudo que sugiro é que ao invés de se meter em algo grande demais para você, para qualquer um de nós… talvez… você devesse pensar que já está no lugar a qual pertence.

— Poupe seu fôlego! — Yang já não suportava a ouvi-la falar. — Pode dizer o que quiser, mas nada vai me manter longe da minha irmã! — gritou e imediatamente Raven lhe olhou de um jeito ofendido e ameaçador, Yang não dava a mínima.

Ela viu o rosto de sua mãe se transformar em um sorriso quase orgulhoso, e com uma voz suave, Raven disse:

— Nossa, como você é teimosa…

Aquela mulher só poderia estar querendo acabar com sua paciência.

— Puxei à minha mãe. — respondeu Yang cruzando os braços e fazendo sua melhor expressão de indiferença, se Raven não dava a mínima para ela, ela também não daria nada a sua mãe.

Mais uma vez, Yang sentiu Raven a avaliando, seus olhos vermelhos lhe examinando enquanto sua expressão caia em desinteresse, mas ainda sim, um certo tom de irritação era sentindo em sua voz e o fato de ela estar sempre com a mão pairando sobre o cabo de sua espada como se fosse a sacá-la a qualquer momento, não passou despercebido pela loira.

— Se é assim que você sente, então lamento dizer que já acabamos aqui. — Raven começou a se virar e completou com uma pontada de desapontamento na voz. — Levem-na.

Qual? Qual o direito que aquela mulher tinha de agir daquela forma? Qual?

Yang sentiu aquele calor familiar dentro de si, um calor que fazia tempo que ela não sentia. Seus dedos se fecharam em punhos, seus olhos normalmente violetas ficaram vermelhos, seus dentes trincaram e quando ela mesmo percebeu, um palavrão saiu de sua boca.

— Você não me ouviu? — Yang rosnou diretamente para sua mãe, Raven apenas estreitou seus olhos para ela. — Eu disse “me leve até o Qrow!”, droga! — acabou de gritar enfurecida.

— Já basta! Olha como fala com a nossa líder! — Um sujeito mal apessoado gritou para ela lhe ameaçando com um facão.

Yang não tirou os olhos de Raven nem por um momento, sua mãe também a olhava, mas ela nem fazia ideia do que poderia está passando pela cabeça da mulher naquele momento.

— Me obrigue. — A voz de Yang saiu baixa, mas cheia de ira contida como se ela fosse um vulcão preste a explodir.

Ela sentiu só um momento de hesitação por todos que estavam à sua volta, mas o homem era burro o bastante para vir para cima dela, talvez só quisesse mostrar coragem diante de sua líder, Yang não se importava. Quando ele a atacou, ela reuniu sua raiva e o socou para longe o fazendo cair sobre uma tenda que desabou com seu peso.

Um silêncio se abateu por todo o campo, Yang continuava a encarar sua mãe e Raven a encarava de volta, ela podia sentir a tensão no ar, era tão densa que poderia ser cortada com a lâmina da espada de sua mãe, caso ela assim desejasse. Mas o que cortou a tensão não foi nada feito de aço, e sim uma voz familiar e delicada que Yang conhecia muito bem.

— Yang?!

Ela se virou surpresa, mal podia acreditar em seus olhos.

— Weiss?!

Yang não podia acreditar que estava realmente vendo Weiss, mas lá estava ela, dentro de uma cela velha com as roupas sujas, mas, ainda assim, parecendo a mesma Weiss bonita e elegante de sempre. Só mesmo ela para conseguir tal façanha, ainda mais surpreendente quando um cavaleiro branco gigante emergiu destruindo sua cela, Yang sabia que Weiss treinava suas invocações, mas ela nunca havia tido sucesso antes, mas agora, olhe aquilo? Era fantástico.

Weiss correu para seu lado, com o cavaleiro branco logo atrás a seguindo.

— O que significa isso? — Yang perguntou.

— Depois eu explico. — Weiss disse. — O  que você faz aqui?

— Bem… aquela ali é a minha mãe e ela pode nos levar até a Ruby.

Weiss voltou seus olhos para Raven e demorou apenas um segundo para ela se virar indignada para Yang:

— Sua mãe me sequestrou?!

— OQUE?! Sequestrou ela?!

Como as coisas tinha dado uma reviravolta tão grande daquela forma? Yang não sabia, mas se tinha algo que ela tinha certeza, é que ela lutaria ao lado de Weiss. Quando rostos hostil se voltaram para elas, nenhuma das duas hesitou, mas antes de qualquer tiro ser dado, a voz de Raven cortou pela confusão e todos pararam onde estavam.

— Basta! — gritou. — Se vocês todos não se conterem, esse lugar vai se encher de grimms!

Yang fez uma careta para sua mãe, Raven ordenou que a arma de Weiss lhe fosse devolvida, e a contragosto, a capanga de cabelo curto lhe devolveu myrtenaster para sua dona.

— Vocês duas, na minha tenda, agora! — Raven ordenou.

— Por que? — Yang perguntou ainda enraivecida, ela viu Weiss lançar um olhar de igual desagrado para sua mãe.

— Se você vai mesmo atrás da sua irmã… — Raven falou estreitando os olhos e com uma voz quase compassiva.  — Então você precisa saber a verdade. — Ela desapareceu para dentro da tenda e não precisou ser dado nenhuma ordem dela para todos os seus capangas se dispensarem com a deixa de sua líder.

Yang se viu sozinha no meio do campo de bandido com apenas Weiss a seu lado, ela se sentiu estranha, não esperava a encontrar, na verdade, não esperava se encontrar tão cedo com nenhum de suas colegas de equipe. Ficou pensando em como se sentiria quando visse Ruby, quando Yang partiu, disse para si mesma que a primeira coisa que faria seria abraçar e dizer o quanto amava sua irmã, e ela se preparou para isso, mas aquilo era novo. Como ele deveria agir? O que deveria dizer? Bem, Yang tinha de começar de algum lugar.

— Desculpe por…

Ela congelou no lugar, Yang só pode olhar paralisada de surpresa quando sentiu Weiss se jogar em seus braços, em um gesto que beirava a inconsciência, ela segurou a herdeira passando suas mãos de forma hesitante pela cintura dela. A loira olhou para a sua colega lhe abraçando sem entender o que estava acontecendo. Aquela era a Weiss que ela conhecia? A mesma que detestava ser tocada?

— Eu senti tanto sua falta. — Weiss disse com uma voz claramente emocionada e enterrando seu rosto entre os fios loiros do cabelo de Yang.

Ela sentiu sua falta?

Sim, foi isso que ela disse. Yang passou todos esses meses sozinha, pensando que ninguém se importava com ela, todos a deixaram e se ela não fosse atrás, ninguém viria até ela… a não ser Weiss. Que na primeira oportunidade que teve, se jogou em seus braços dizendo o quanto sentiu sua falta… Yang podia sentir o quando a garota estava entregue em suas mãos, se agarrando a ela como se fosse morrer caso a soltasse, caso Yang a soltasse.

Ela não lembra de alguma vez ter sentido alguém se entregar tanto assim para ela. Naquele momento, Yang sentiu todo seu corpo se aquecendo com o carinho que estava recebendo, e não era como o fogo abrasador e violento que ela sentia com a raiva, e sim um calor tranquilizante e gentil que a fazia se sentir tão bem. Ela sorriu e abraçou Weiss de volta.

— Eu também senti a sua falta. — Yang se aconchegou um pouco mais no pequeno corpo de Weiss se dando ao luxo de apreciar o afeto da outra garota.

Weiss enterrou sua cabeça ainda mais no ombro de Yang e ela sentiu a herdeira a apertando ainda mais com seus braços. Ficaram assim um tempo, quanto? Yang não sabe dizer, em algum momento, ela se perdeu na sensação boa do calor gentil de Weiss e no cheiro que vinha do cabelo da herdeira que lhe parecia quase hipnotizante, por causa disso, ela demorou um instante para perceber que Weiss estava chorando em seu ombro.

— Deuses, o que está havendo, Weiss? Eles te machucaram? Weiss, fala comigo! — Yang disse preocupada e empurrando os ombros da herdeira para poder ver seu rosto onde uma diversidade de emoções atravessava sua colega normalmente tão séria e composta.

— Ninguém me machucou, eu… estou tão feliz de te ver. — Weiss se moveu para frente como se fosse abraçá-la novamente.

— Eu também.

— Eu… — Ela agarrou as mangas da jaqueta de Yang e a olhou de um jeito como se tivesse medo que a loira sumisse de repente. — Me desculpe!

Yang sentiu-se sendo puxada de forma abrupta e antes que ela pudesse entender o que acontecia, Weiss estava a beijando, ela arregalou os olhos de surpresa e mal podia se mexer enquanto sentia a herdeira quase se derretendo em seus braços. Assim como foi quando ela a abraçou, Yang retribuiu por puro reflexo até Weiss se afastar de repente, ela a olhou tão assustada de um jeito que a loira nunca tinha a visto antes.

— Me desculpe, me desculpe… — Ela tentou se afastar, mas Yang a impediu segurando seu braço.

— Não! Você… — De repente as palavras lhe fugiram da mente. — Você não tem de se desculpar.

— Mas, eu sei que você gosta… de outra pessoa. — Weiss disse evitando de forma proposital o nome de Blake.

Yang franzindo o cenho, dúvida passou por seu olhar, mas ela não largou o braço de Weiss, até que seu rosto adquiriu feições determinadas. Ela avançou na direção da herdeira e a puxou pela cintura a beijando com toda a dedicação que ela merecia, sim Yang deu tudo de si naquele beijo, como se fosse um presente compensatório por tudo que Weiss já havia feito por ela, por isso se sentiu bem constante quando recebeu um gemido satisfeito contra seus lábios.

Como um filme, as lembranças dela com a herdeira passaram por sua mente, aquela garota sempre lhe ajudou, sempre esteve a seu lado, Weiss acreditava nela, mesmo quando todos duvidaram. Yang sentiu algo apertando em seu peito e lágrimas se formarem nos cantos de seus olhos, o quanto estúpida ela era por nunca ter percebido como Weiss se sentia?

Elas se separam mais cedo do que ambas gostariam, Weiss a olhou com as bochechas coradas, meio ofegante e uma expressão preocupada no rosto.

— Yang?

— Me desculpe, Weiss. — Ela olhou meio aflita para a entrada da tenda de sua mãe. — Prometo que vamos conversar sobre isso depois.

Weiss a avaliou com olhos preocupados, mas logo decidiu que confiaria em Yang, ela segurou a mão da loira e lhe deu um pequeno sorriso encorajador, a loira apertou a mão da herdeira sentindo a segurança que a presença de Weiss lhe transmitia.

Daquela forma, Yang sentia que podia enfrentar qualquer coisa se Weiss estivesse a seu lado, e foi assim que as duas caminharam até a tenda de Raven, para o melhor ou o pior dos cenários, não importava, enfrentariam juntas.

 


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Notas finais do capítulo

Tinha pensando em algumas notas para dizer, mas... tô cansada e sem ideias, então, só obrigada por lerem! Até a proxima!



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