Cama de Gato escrita por calivillas


Capítulo 6
Elias - Lá vamos nós de novo!




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Já peguei vassoura, rodo, balde e muitos panos, está tudo tão encharcado que nem sabia por onde começar, pois a água chegou até a sala e ao meu quarto, acho melhor começar por lá, antes que estrague o chão. Com o rodo, começo a puxar a água, enquanto Sabbath, em cima da cama, me observava, curioso.

— Olhe só, que trabalheira! — falei para o gato, que me encarava, com extremo interesse, enquanto executava minha árdua tarefa.

A campainha tocou, sei que é porteiro.

— Tudo bem aí, dona Sabrina?

— O que você acha? — Saí da frente para que veja o estrago.

— Puxa! Eu sinto muito, mas parece que o cano novo se soltou e vazou tudo para aqui.

— Eu sei, deu para perceber — Não estou com o meu melhor humor.

— Já que está tudo bem, vou voltar para a portaria.  Boa noite.

Quero falar para ele que não está tudo bem, mas não há nada que possa fazer.

— Boa noite — respondo, desanimada, pois, sei que a noite não será nada boa.

As primeiras luzes do novo dia já surgiam quando terminei, completamente, exausta, cai na cama, só desejando dormir, mas preciso cuidar de Sabbath, por isso, achei melhor deixá-lo com George hoje, pois assim ficarei livre dessa preocupação.

— Eu lamento, mas você vai precisar ficar com George, hoje, Sabbath — informei, quando o peguei no colo e ele reclama com um longo miado.

Subo as escadas até o apartamento do meu vizinho e toco a campainha. Ele demora um pouco a atender, é muito cedo, mas eu preciso dormir. George abre a porta com cara de sono, que se transformou em espanto, pois devo estar com uma aparência horrível. No entanto, é o George, por isso não tem problema.

— O que aconteceu, Sabrina?

— Um acidente lá em casa.

— Algo grave?

— Sim e não, houve um tremendo vazamento, um cano estourou, inundou todo meu apartamento, passei a madrugada secando o lugar, estou exausta, quero dormir um pouco, por isso, achei melhor trazer Sabbath.

— Claro! — Ele tira o gato das minhas mãos.

Nesse momento, eu vejo um homem usando só cueca boxe preta, passar pela sala, sem nenhum constrangimento, devo ter feito cara de espanto, imaginei que, talvez, George fosse gay ou bissexual, que aquela história de Letícia era só enrolação, só podia ser morando naquele lugar tão bem decorado e arrumado. Foi quando meu anfitrião virou para trás, acompanhando o meu olhar.

— Ei, cara! Não vê que tenho visita! — George o repreendeu.

— Desculpe, foi mal, mas tinha que ir ao banheiro, urgentemente — o outro homem disse, desaparecendo dos meus olhos.

— Desculpe, aquele ali é Elias, o amigo com quem sai para jantar ontem, só que ele bebeu demais, por isso, eu o trouxe aqui para casa, para dormir no sofá — ele esclareceu, bem depressa.

— Ah!

Elias reapareceu atrás de George, colocou uma calça, mas ficou sem camisa, deixando a amostrar as suas tatuagens, sua barriga sequinha e os braços bem torneados, aquilo atraiu o meu olhar, tentei disfarçar, e mesmo com a cara sonolenta e um sorriso bobo, ele era bem bonito.

— Bom dia, moça — Elias fala de um jeito sedutor.

— Bom dia — respondi, sem graça, arrependida por estar tão desarrumada, passei as mãos nos cabelos, querendo melhorar um pouco a minha aparência.

— Olá, Sabbath, meu velho — Elias acaricia a cabeça do gato, que pula do colo de George e vai direto tomar posse do seu sofá.

— Por favor, entre, Sabrina. Tome café conosco — George me convidou, estou inclinada a recusar.

— Sim, Sabrina, tome café conosco — Elias pede e eu assinto com a cabeça, sem poder dizer não.

Lá vamos nós de novo!

Eles me dão passagem para entrar no apartamento.

— Vocês já são de casa, então, fiquem à vontade, enquanto eu preparo o café.

— Quer ajuda? — Eu me ofereço por educação.

— Não precisa.

Observamos George desaparecer pela porta, enquanto Elias se senta, relaxado, no sofá bem ao lado de Sabbath, eu fico com a poltrona.

— Se não fossemos heteros, eu pegava o George. Ele é um dono de casa e tanto, ainda poderíamos conversar sobre esporte, bebendo cerveja. O relacionamento perfeito — Elias comentou de forma casual. — Por onde andou, Sabbath? Por que não estava em casa? Estava atrás de alguma gata?

— Na verdade, ele estava lá em casa, sempre foge para lá.

— Você é quem está morando no antigo apartamento de Letícia?

— Sou — confirmei, com a cabeça. — Você conhece Letícia?

— Claro que eu conheço. Dei Black Sabbath para ela. Eu curtia muito esse conjunto e achei que o nome combinava com um gato preto.

— Você?! — As engrenagens dentro da minha cabeça começaram a se movimentar, já que George me disse que foi um ex-namorado deu Sabbath para Letícia, e esse foi Elias, sendo assim, Elias era o ex-namorado de Letícia e amigo de George, que está com a garota, atualmente. Isso é muito confuso!

— Eu e Letícia tivemos uma espécie de relacionamento, que não deu muito certo. Nessa época, dei Sabbath para ela, porque vivia reclamando que eu a deixava muito sozinha.

— E o George? — sussurrei.

— Eu apresentei Letícia a ele. Somos amigos desde o colégio. Sabia que George estava procurando um apartamento e eu descobri desse, então, falei com ele, que se mudou para aqui e se tornou amigo de Letícia.

— Mas, eles estão juntos agora, você não se importa?

— Por que deveria me importar? Não rolava mais nada entre mim e ela, há um tempão, quando esse lance com George começou. Não tem nenhum problema — ele deu de ombros, parecia ser sincero, Será? Fiquei imaginando se fosse comigo, eu namorar um ex de uma amiga, no mínimo, seria bem estranho. — Tem alguma coisa rolando entre você e George?

Eu me assustei com a pergunta, pisco duas vezes, antes de responder.

— Não! — Olho para a foto de Letícia sobre a mesinha lateral, como se ela pudesse nos ouvir.

— Por causa da Letícia? Ela está morando fora — Elias conclui.

— George é só meu amigo.

— Ele é sempre um bom amigo, alguém para se ter por perto.

George voltou com uma bandeja nas mãos, carregado de coisas como xícaras e talheres, corri para ajudá-lo a arrumar a mesa, enquanto, Elias fica lá parado, só nos olhando.

Mesa posta, nós nos sentamos, começamos a nos servir.

— Devia me agradecer, George, por colocá-lo em um prédio que só tem vizinhas gostosas — Elias brinca despretensioso, enquanto se serve de uma fatia de pão.

— Obrigado, Elias. Serei eternamente grato a você, por isso — George agradece, com sarcasmo.

— Sabrina me disse, que não tem nada rolando entre vocês dois — Elias falava como eu não estivesse bem ali, sentada, entre os dois.

— Não, claro que não. Somos só amigos.

— Então, você não se importaria caso, eu convide sua nova amiga para sair uma noite dessas.

— Espere aí! Estou bem aqui, ouvindo o que estão dizendo! – protestei, com ar ofendido.

— Desculpe, Sabrina — George disse, um tanto sem graça.

— Sendo assim, já que você está aqui, você quer sair comigo, Sabrina? — Elias pergunta, olhando direto nos meus olhos.


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