Cama de Gato escrita por calivillas


Capítulo 29
Estou perdida




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Naquela mesma noite, cheguei em casa, muito cansada, depois de trabalhar além da conta para o editorial de uma famosa marca de sapatos, em uma locação externa no fim do mundo, e não estava pronta para enfrentar uma conversa séria com Elias, mas não tinha escapatória.

Esperei por um bom tempo e nada de ele aparecer. Quem sabe, havia esquecido ou mudado de ideia, senti um certo alívio, porém, não tardou e a campainha tocou.

 Quando abri a porta, encontrei um Elias bem diferente do que na última vez que esteve aqui, estava mais confiante, seguro, entrando com passos firmes, parou no meio da sala, eu me voltei para ele, coloquei a mão nos quadris e ergui o queixo, não podia relaxar.

— Afinal de contas, o que tem a me dizer, Elias? — Não queria prolongar essa conversa.

— Eu precisava contar para você, que descobri o culpado do vídeo ir parar na rede?

— Descobriu? — Desmoronei com a surpresa.

— Sim, foi um empregado que trabalhava na segurança da boate.

— Mas, por que ele fez isso?

— Eu acho que ele estava com raiva de mim, por ter chamado a sua atenção por causa de uma cliente importante, então, quis se vingar.

— Eu não acredito! — Estava pasma.

— Mas, é a mais pura verdade, se quiser posso levá-la até ele para confessar a você.

— Não é preciso, não quero olhar na cara desse homem.

— Não se preocupe, já o mandei embora.

— De certo modo, fico mais aliviada.

— E eu, por provar a minha inocência para você. E como ficamos agora?

Não consigo pensar, não sei o que fazer.

— Eu não sei — Eu o encaro, desnorteada. — Estou muito confusa, com toda essa história.

— Não quero perder você, por um erro que não cometi — Ele diz de um jeito suave e dá um passo à frente, estamos bem perto, sinto o seu perfume, o seu calor. — Não é justo — murmura. — Fica comigo, Sabrina.

            Respiro fundo, estou perdida, sem saída. Sacudo a cabeça concordando. Ele me envolve pela cintura e gruda meu corpo no dele, depois, as nossas bocas.

A história do vídeo vai ficando no passado, se perdendo entre milhares de outros vídeos postados todos os dias, não quero mais pensar nesse assunto, o que posso fazer é me esquecer e ir levando. A única coisa que me incomodava era o fato de ter me afastado de George, queria ter coragem para ir ao apartamento dele, para conversarmos, mas, não entendia porque isso era tão difícil para mim.

Como prometido, Elias mandou os convites da boate para Elisa, que ficou muito feliz e grata, não parava de me agradece, perguntou se eu iria à comemoração do aniversário dela.

— Por que não? É claro que eu irei — respondo para a alegria dela.

Ir a boate de Elias daquela vez, seria diferente, pois haveria um monte de gente conhecida, colegas de trabalhos, com os quais poderia conversar, dançar e me divertir.

E aí, chegou a noite do aniversário, durante o dia todo, no trabalho, as pessoas estavam animadas, comentando e se planejando para aquela comemoração.

 Como de costume, Elias me pegou em casa, chegávamos sempre mais cedo. Como cortesia, ele reservou um lugar especial para o nosso grupo. Ele me deixou ali, enquanto foi trabalhar, resolver pequenas questões pendentes antes que o movimento aumentasse, assim fiquei sozinha, mas não por muito tempo, pois, para minha surpresa, George surgiu bem diante de mim.

— O que você está fazendo aqui? — perguntei, completamente pasma.

— Eu disse a você, tenho uma parte da sociedade desse lugar, então, apareço de vez em quando, para ver como estão as coisas. — Sabia que ele estava mentido. — Mas, na verdade, vim para tentar falar com você em um terreno neutro. — Ergui as sobrancelhas, discordando. — Está bem! Não é tão neutro assim, isso aqui é território de Elias. Mas, pelo menos, você pode me ouvir, depois, se quiser pode jogar essa bebida aí, em cima de mim — disse, em tom de brincadeira, apontando para o copo na minha mão.

— Não se preocupe, não vou fazer isso, esse drink está muito bom para eu desperdiçar — retruquei no mesmo tom. — Mas, o que quer falar comigo? — Tinha que disfarçar a minha ansiedade.

— Primeiro, quero me desculpar, mais uma vez. Você é ou, pelo menos, era minha amiga e eu tinha que falar a verdade.

— Eu ainda quero ser sua amiga, George.

— Fico feliz. Além disso, queria contar...

Prendo a respiração, o que seria?

— O que está fazendo aqui, George? — Ouvimos a voz de Elias, que acabou de chegar e não parecia nada satisfeito.

George se retraiu, esperando algum tipo de reação mais agressiva de Elias, no entanto, eu sabia que ele nunca faria nada assim, naquele lugar.

— Eu só estou dando uma passada para ver como estão as coisas — George tentou manter um tom imparcial.

— Se quiser ir ao escritório e verificar os livros — Elias respondeu em um tom frio.

— Não é preciso, já estou indo.

O clima se amenizou com a chegada do restante do meu grupo, entre beijos e abraços. Eu queria pedir para George ficar, porém ele desapareceu.

Lá pelas tantas e uns três drinks depois, precisava muito ir ao banheiro. A fila do banheiro feminino estava imensa, vou demorar um tempão. Mas, que droga! Afinal, sou a namorada do dono, sei caminhos secretos, assim, posso usar o banheiro exclusivo no escritório de Elias, eu já não o vejo desde que George se foi.

Então, sigo pelo corredor, os empregados já me conhecem, por isso, tenho passagem livre. No meio do caminho, cruzo com uma mulher loura, com um metro e meio de pernas a amostra no minúsculo vestido, tenho a impressão que eu já a vi antes. Ao cruzar comigo, ela me dá um sorriso de gato que pegou o passarinho, que eu não gostei nadinha. Sigo o meu caminho, um tanto intrigada, não bato na porta do escritório de Elias, giro a maçaneta, que cede sem esforço, ele está lá, se assusta e se ajeita ao me ver entrando.

— Sabrina! O que você está fazendo aqui?!

— Vim usar o banheiro. A fila do banheiro feminino está muito grande — falo, de um jeito dissimuladamente inocente.

— Fique à vontade — Ele me aponta a porta.

— E você, onde estava? Não o vi a noite toda — digo, indo ao banheiro, deixando a porta entreaberta.

— Cuidando de alguns problemas.

— Quem é a mulher que eu vi no corredor? — Continuou sem alterar o tom de voz.

— Que mulher?

— A loura de vestido curto?

— Aquela! Ela me pediu um emprego.

— Um emprego? — Lavo as mãos, com toda calma do mundo, e saiu do banheiro, parei diante dele.

— Sim.

— Que espécie de emprego? — Meu tom é frio. Olho dentro dos olhos dele, quero ver se está mentindo.

— Garçonete.

— Você não tem garçonetes aqui — Dou um passo à frente, ele está encurralado entre mim e a mesa, vejo o pomo de adão dele subir e descer, engolindo em seco.

— Foi o que eu disse para ela.

— E foi só isso?

— Foi.

— Por que não acredito em você? Você transou com ela? — Estou tão perto que posso sentir sua respiração.

— Não!

Seguro os cabelos dele e puxo para trás com força, sem piedade, olhando nos olhos dele.

 — É bom mesmo, porque nenhuma vadia vai roubar o meu homem de mim — digo, entredentes.

— Sabrina, você está me deixando louco, assim — Ele murmura, nossas bocas quase se tocando.

— Aqui tem câmera de segurança?

 — Não — responde, antes de me beijar, segurando minha bunda, me erguendo, me colocando em cima da mesa e ficando entre as minhas pernas.


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