Cama de Gato escrita por calivillas


Capítulo 2
Alerta vermelho!




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Essa história do gato, pelo menos, me fez esquecer por algum tempo de como eu estava triste e desiludida, por ser dispensada daquela maneira tão sórdida por aquele homem. Não que estivesse apaixonada ou algo parecido, só com uma pontinha de esperança que poderia dar certo.

Como não pude perceber que ele era casado?

Mas, na verdade, não estava pensando em nada, quando aquele homem lindo se aproximou de mim, naquele evento de moda, primeiro, porque é raro encontrar um homem desse, hetero e solteiro, principalmente, em um lugar como aquele, assim, nem pude acreditar na minha sorte. Ele era tão gentil, sexy e envolvente, que me atirei na cama dele, sem titubear, e posso dizer que não me decepcionei em nada nas minhas expectativas. Por isso, achei que estava tudo bem entre nós dois, até que as coisas começaram a ficar estranhas, ele se afastou bem devagarinho, culminando naquela fatídica noite, com a terrível revelação final de que era casado.

Mas, não queria mais pensar nisso, só desejava esquecer, ou melhor, aprender a não entrar mais em furadas iguais a essa. Contudo, agora, precisava me arrumar para o trabalho, já estava atrasada.

— Sabrina, você está atrasada! — Ícaro grita, assim que cruzei a porta do estúdio.

— Desculpa! Foi o trânsito — Invento uma resposta menos complexa do que a história do gato, ele não questionou porque sabe que nunca me atraso à toa e nós nos damos muito bem.

— Então, vá até a sala da produção, estão faltando algumas peças. — Volto nos meus próprios passos.

Trabalho como produtora de moda com Ícaro, um stylist bem famoso, porque ele é muito bom no que faz. Na sala abarrotada, sabia bem o que estava procurando, pois havia deixado tudo separado e organizado na tarde anterior, antes do meu dramático encontro.

Não, não quero mais pensar nisso!

Assim, eu me concentrei nas minhas atividades, que eram muitas, já que estávamos com o prazo apertado para terminar a produção de um editorial de moda, para uma grande rede de loja de roupas.

Regressei para casa bem tarde da noite, arrasada, sequer tive tempo de comer direito, devido ao trabalho intenso, sendo assim, só queria deitar na minha cama e morrer até o dia seguinte. Por isso, fui direto para o banheiro, tomei um longo relaxante banho, deixando a água morna cair sobre os meus músculos doloridos. Pelo menos, não pensei mais em Eric e na sua revelação bombástica, durante o dia inteiro, até esse momento.

Sai embrulhada em uma toalha, entrando no meu quarto, acendi a luz e estanquei com o que vi, pois, sobre a minha cama, estava o gato dormindo, serenamente, enroscado nas minhas cobertas.

— Sabbath! O que você está fazendo aqui? — perguntei, evidentemente, sem esperar por uma resposta.

O gato acordou, olhou para mim com indiferença e voltou a dormir, tive vontade de fazer o mesmo, deitar do lado dele e apagar, mas não podia fazer isso, pois seu dono poderia ficar preocupado. Mesmo sem nenhum entusiasmo, vesti uma roupa qualquer, peguei o gato no colo.

Qual era mesmo o apartamento dele? Já sei, 603! Subi pela escada mesmo. Parei no corredor, diante da porta do apartamento de George, apertei a campainha e nada, repeti a operação, sem sucesso, já ia desistindo quando ouvi sons vindo de trás da porta, que abriu em um supetão, George apareceu usando short e camiseta, os cabelos despenteados, caiam displicentes sobre a testa, não havia reparado, na primeira vez que nos vimos, como ele era alto e bonito.

 Nem pense nisso, Sabrina! Não depois do que aconteceu!

— Oi, Sabrina — Ele me encarou assustado, com certeza, sem entender o que eu estava fazendo ali, àquela hora da noite, então, notou o gato no meu colo.

— Desculpe-me se eu o acordei, mas achei melhor devolvê-lo, antes que ficasse preocupado.

— Não, você fez bem — ele disse, com sinceridade. — Não quer entrar?

— Não quero incomodar — Olhei para dentro à espera da aparição de uma esposa ou namorada, mas nada.

— Não será incomodo nenhum.

Então, dei apenas um passo à frente e entreguei o gato a ele.

— Ei! Seu fujão! O que pensa que está fazendo incomodando os outros a essa hora da noite? — George falou, acariciando a cabeça do gato, que o ignorou, assim, ele o colocou no chão, que livre, caminhou calmamente e, com um leve pulo, alcançou o sofá e se enroscou, para mais uma soneca, enquanto nós o observamos.

— Quer um café, água? — Ele voltou sua atenção a mim.

— Não, obrigada.

— Só não entendo, como esse gato consegue chegar ao seu apartamento

— Nem imagino — Ele estava parado diante de mim, com os braços cruzados, eu coloquei as mãos nos bolsos do short, ficamos ali, olhando um para outro, sem saber o que dizer. — Acho que já é hora de ir, preciso trabalhar amanhã, bem cedo.

— Sim, claro. E mais uma vez, obrigado, Sabrina.

— Não foi nada.

Ele abriu a porta para eu sair.

— Até a próxima, George.

— Até a próxima, Sabrina.

Felizmente, depois de muito trabalho, a tal produção acabou, entretanto, para mim, começava a pior parte, pois tenho que verificar se as peças emprestadas estão em bom estado, para entregá-las nas lojas. Mas, isso fica para amanhã, só quero ir para casa e descansar, só que antes, vou fazer uma comemoração particular, assim, passo no restaurante japonês e peço o meu combinado favorito, porque eu mereço, por um trabalho bem feito.

Já em casa, mal posso esperar para comer, estou faminta, por isso, arrumei tudo em cima da mesa de centro e me sentei no chão mesmo, pronta para devorar os meus sushis e sashimis, quando a campainha tocou, relutei por um breve momento, mas eu fui atender. Pelo visor, vi George, abri a porta de imediato, já que estava vestida apropriadamente. Ele parece sem jeito de me incomodar, deve ter vindo do trabalho, pois usa camisa e calça sociais, um tanto tradicionais, mas que lhe caem muito bem.

— Oi, George!

— Desculpe incomodá-la mais uma vez, Sabrina, mas eu cheguei do trabalho e não encontrei Sabbath em lugar nenhum, por acaso, ele está aqui?

— Não, eu não o vi hoje, mas... — Ouço um barulho e me volto em direção à mesa e lá está ele. Sabbath comendo todo o meu jantar. — Oh, não! O meu jantar! — choraminguei, mas o gato não se importou com a minha reclamação, continuou devorando meus sushis e sashimis, com voracidade.

— Ah! Desculpe, Sabrina. — Ele ameaçou pegar o gato, eu o impedi.

— Agora, não importa mais — digo, desanimada.

— Sabe, eu ainda não jantei, que tal pedirmos algo, pode ser comida japonesa e jantaremos juntos, por minha conta? É o mínimo que posso fazer para remediar essa situação.

Eu parei e refleti, olhando para ele, para o gato e para o que sobrou do meu jantar e assenti com a cabeça, soltando o ar resignada.

— Entre! Vou fazer o pedido — convidei, fechando a porta atrás dele, enquanto isso, o gato acabou sua farta refeição e deitou sem cerimônia na poltrona, se enroscou e fechou os olhos.

Pedido feito, só nos restava esperar, nós nos acomodamos no sofá.

— Ainda não sei como ele escapa do meu apartamento — George comentou, olhando para o gato adormecido.

— Ele sempre fez isso? – quis saber.

— Não sei, acho que não, só estou com ele há algumas semanas. Ele pertence a uma amiga, só estou tomando conta até ela voltar.

— Bem que eu achei estranho, você com um gato chamado Black Sabbath.

— Pois é, foi um antigo namorado que deu o gato para essa amiga com esse nome.

— Ele gostava de heavy metal?

— Suponho que sim, Letícia namorou uns caras bem estranhos.

Pressinto um certo ressentimento na sua voz, uma pontinha de amargura, deve ter algo a mais nessa história, mas não é da minha conta.

— Vocês devem ser muito amigos para ela lhe confiar o gato.

— Sim, somos. Para falar a verdade, chegamos a namorar por algum tempo, antes de ela viajar.

Perigo! Alerta vermelho! Homem comprometido!

— Ela vai demorar muito?

— Alguns meses, está fazendo um curso no exterior — respondeu, com um certo tom de tristeza.

— Puxa! Que chato! Mas, vai passar bem rapidinho — Procurei animá-lo.

— Espero.


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