Rede Obscura escrita por Heringer II


Capítulo 6
Relatório de Michaelson Wright, 8 de maio de 2018


Notas iniciais do capítulo

Chegamos ao antepenúltimo capítulo desta história. Espero que gostem! ^^ ♡



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Eu ainda estava sentindo uma forte vertigem. Por muito pouco, não fui morto por uma bala que acabou atingindo o computador do Dr. Sebastian Scott. Quando olhei pela janela reconheci a máscara dos S0V3R3IGNS cobrindo o rosto do atirador. Em seguida, vi Susie correndo atrás dele. Segundos depois, o carro dela explodiu. Eu e Sebastian nos assustamos com a explosão.

— Era um deles, não era? — o Dr. Scott me perguntou.

— Era sim.

— Sabe o que significa?

— Sei. Eles já sabem que estamos os procurando. Eu já imaginava que eles já sabiam dos nossos passos. Ontem pela manhã recebi essa mensagem de um deles.

Mostrei a mensagem que haviam me mandado ao Sebastian.

— "Os velhos tempos estão voltando"? O que significa isso?

— Não sei, mas provavelmente quem me mandou isso foi Joseph.

— Então temos que nos preparar. Vou iniciar o rastreamento. Você tem o endereço da página deles?

— Sim. Está aqui no meu pendrive. — entreguei a ele.

Susie voltou.

— Sinto muito pelo seu carro. — eu disse.

— Eu adorava ele.

— Pelo visto não conseguiu pegar o cara.

— Não, mas consegui pegar isso.

Ela me mostrou o detonador de explosivos que o homem deixou cair.

— O detonador que explodiu o seu carro?

— Vai ser de grande ajuda.

— Por quê?

— Ele estava sem luvas quando apertou o botão.

— E o que é que isso... Ah! Entendi... Vai identificar a impressão digital?

— Exatamente. Só vou precisar dos meus equipamentos.

— E onde estão seus equipamentos?

— Estão... No meu... carro...

Olhei para ela com um sorriso sarcástico.

— E agora? Acho que temos um problema nesse seu plano.

— Não, não temos. — o Dr. Sebastian me interrompeu. — Eu tenho um equipamento de espionagem no meu armário, Susie. Pode usá-lo.

— Você tem um equipamento de espionagem? — perguntei. — Achei que só se envolvesse com informática.

— Eu fui professor de um agente da CIA...

— Ex-agente.

— Que tipo de profissional eu seria se não tivesse um equipamento de espionagem?

— Onde está seu armário? — Susie perguntou.

— Na sala ao lado do meu quarto, senhorita Byron.

Susie foi pegar o equipamento de Sebastian.

— Michaelson, você vai me ajudar nisso aqui.

— Tudo bem.

Enquanto Susie usava o pó forense para revelar a impressão digital, eu e meu ex-professor acessamos a página dos S0V3R3IGNS em busca de alguma pista. A página lembrava muito os fóruns do 4chan, mas com um design bem mais escuro e uma interface mais complicada.

— Com certeza essa não é a verdadeira página deles. — Sebastian disse. — Só precisamos usar o Tor para acessá-la. A verdadeira página deve estar mais oculta.

Continuamos acessando para ver se achávamos alguma coisa. Enquanto isso, Susie já podia ver a digital do criminoso brilhando em fosforescência. Registrou-a numa lâmina de vidro e levou até o computador ao lado do qual estávamos eu e Sebastian.

A conexão na Deep Web é mais lenta do que na superfície virtual. Como são necessárias as ativações de vários proxys para os sites serem acessados, é comum que até páginas simples demorem mais para carregar. Navegamos pelos diversos tópicos da página dos S0V3R3IGNS. Nenhum deles parecia dar uma pista tão grande, a maioria era apenas relatórios de vazamentos de notícias anteriores. Alguns, diziam quais seriam os próximos vazamentos e quando iriam ocorrer.

— Não devíamos aproveitar que eles estão dizendo quando serão os próximos ataques e já alertá-los para os órgãos federais? — eu disse.

— Não vai adiantar nada. — Susie me respondeu. — Mesmo que a gente saiba quando serão as próximas revelações, isso não impedirá que eles as façam. Temos que descobrir de onde elas estão vindo.

— De Joseph, óbvio!

— Mas como ele está enviando elas? Deve haver algum canal ou coisa do tipo.

— Bingo! — Sebastian gritou, assustando a mim e Susie.

— O que foi?

— Olhem isso.

Sebastian nos mostrou um dos tópicos que ele havia encontrado na página. Nesse tópico, havia uma URL enorme, devia haver pelo menos uns 100 caracteres nela. Era um link para um site da quarta camada.

— Um site da Charter Web! — Sebastian falou. — Eu sabia. Eles não podiam estar agindo tão próximo da superfície. Talvez esse link nos dê as respostas que estamos esperando tanto.

— Você consegue acessá-lo? — Susie perguntou.

— Talvez sim. Mas para isso, eu vou precisar de um proxy mais eficiente e de um software de anonimato também. Em outras palavras, vai demorar.

— Tudo bem, a gente espera.

— Mike, venha aqui. — Susie me chamou.

— O que foi?

— Acho que achei o nosso amiguinho.

Susie comparou a impressão digital que tinha rastreado com as que estavam no banco de dados da CIA. A Central Intelligence Agency possui dados sobre todas as impressões digitais que estão registradas em documentos, juntamente com a foto e outros dados pessoais do indivíduo. Nos serviços de espionagem e investigação, os agentes só precisam encontrar a impressão digital, escaneá-la e comparar com as que estão no banco de dados. Fazendo todo esse processo, Susie descobriu a identidade do homem que há pouco tempo atrás havia tentado assassiná-los: Francis Hatterman.

— Francis Hatterman? Então, esse é o cara que quase me matou?

— Exatamente. Ele possui 25 anos. Trabalhava num serviço de internet, mas foi demitido após, olha só, hackear os arquivos da empresa em que trabalhava para aumentar o seu salário.

— Está explicado porque o chamaram para os S0V3R3IGNS.

— Olha só que coincidência...

— O quê?

— Ele mora aqui em Marysville.

— Sério?

— Sim. Seu endereço fica a três quarteirões daqui.

— Então, vamos fazer uma visitinha a ele.

— Se quiserem, podem pegar meu carro. — Sebastian nos falou. — Está na garagem. Só não deixem ele explodí-lo.

— Obrigado, Dr. Scott. Vamos, Susie.

Nós dois fomos até a garagem e nos dirigimos à casa de Francis Hatterman. Enquanto isso, Sebastian ativava os proxys para quebrar os algoritmos que o impediam de acessar a quarta camada.

A casa de Francis Hatterman era bem simples, não se diferenciava da maioria das outras.

— É aqui? — perguntei.

— É sim.

— Realmente, as aparências enganam. Quem diria que aqui mora um hacker assassino da Deep Web?

Entramos. A porta estava aberta, mas aparentemente a casa estava vazia.

— Está vendo alguém? — Susie perguntou.

— Ninguém.

Avistei um quarto pequeno na minha frente. Estava escuro, iluminado apenas por um pequeno computador.

Ao me aproximar dele, ouvi um barulho de gatilho. Olhei por um espelho na parede ao lado e vi o reflexo de um encapuzado apontando a arma para Susie.

Apressadamente, me joguei na direção dela, fazendo nós dois cairmos no chão. A bala foi disparada logo em seguida, e por pouco não nos acertou.

— Segundo tiro que você erra hoje, hein? — eu disse.

— O primeiro foi um erro de cálculo. — Francis sai do esconderijo, ainda apontando a arma para nós dois, que estávamos deitados no chão. — O segundo foi sorte sua. Mas o terceiro tem um destino inevitável.

Senti Susie apertar forte minha mão. Olhei para ela e vi que ela havia fechado os olhos. Francis apertou o gatilho, mas só o que se ouviu foi o "tic tic" da arma sem munição.

— Acho que o meu dia de sorte ainda não acabou. — falei sarcasticamente.

Susie soltou minha mão, me empurrou para o lado e se levantou. Golpeou Francis com força, fazendo o homem cair no chão. Susie sentou sobre a barriga dele e imobilizou seus braços.

— Agora você vai ficar quietinho. Entendeu? — ela falou.

— Você vai ter que me obrigar, sua vadia!

Susie dá outro soco nele.

— O que disse?

— Acha que estão por cima? Invasão domiciliar é crime!

— Falou o cara que anda espalhando informações sigilosas na internet.

— Só estou seguindo ordens.

— De Joseph Hall, não é?

— Não apenas dele.

— De quem mais?

— Acha mesmo que eu vou te dizer? Esqueçam isso! Não há nada que possam fazer. Os S0V3R3IGNS são imparáveis! Matem-me. Haverão pelo menos outros 500 atrás de vocês.

— Por que estão fazendo isso?

— Não vou responder nenhuma pergunta de vocês!

Susie o golpeia novamente.

— Responda!

— Estamos em nosso direito.

— Quem mais está liderando vocês? Não é só Joseph Hall?

— Eu já disse, não vou responder pergunta nenhuma.

— Tudo bem, como quiser. Mas se for assim, você virá com a gente.

Susie algemou Francis e colocou-o no banco de trás do carro. Voltamos para a casa de Sebastian, que já nos esperava no lado de fora.

— E aí, como foi? — ele nos perguntou.

Abri a porta de trás e mostramos Francis Hatterman algemado no banco de trás.

— Não gosto dessa exposição toda. — disse Francis.

— Você destruiu meu computador. — Sebastian falou.

— Ah, qual é. Olha quantos computadores você tem.

— Descobriu algo, Dr. Scott? - perguntei.

— Consegui entrar na página deles da quarta camada. Lá, tem todos os arquivos que eles planejam vazar nos próximos ataques: experiências secretas do exército americano, atos de corrupção do governo atual, projetos de tecnologia da Área 51, planos de negociações com nações inimigas, etc.

— Tem algo sobre a CIA?

— Sobre a CIA, eles planejam vazar mais do mesmo: provas de envolvimento da agência com tortura, assassinato e até mesmo estupro.

— As pessoas perderão a fé na CIA se essas informações forem vazadas. — disse Susie.

— Mas pelo menos já sabemos de qual site elas vêm. — eu respondi. — Só precisamos derrubá-lo.

— Não. — Sebastian falou.

— O quê?

— Não é por esse site que eles estão recebendo informações.

— Como assim?

— Quando fui pesquisar melhor, percebi que as informações já vinham prontas, em documentos já preparados. Significa que a fonte delas está ainda mais longe do que imaginávamos.

— Mais longe quanto?

— Olhe isso.

Sebastian me entregou alguns dados que ele havia imprimido.

— O que é isso?

— Uma pista.

— Só vejo vários códigos binários.

A folha que Sebastian me entregou mostrava um monte de códigos binários (a linguagem de programação que utiliza apenas 0 e 1). Todos eles formavam uma espécie de labirinto, se dirigindo ao centro.

— Imprimi esse gráfico na página dos S0V3R3IGNS. Perceba que todos os zeros e uns parecem se dirigir ao centro. Mas na verdade, isso é uma ilusão de ótica. Eles estão saindo do centro. Eles saem e se espalham pelo resto da folha. Ou seja, toda a informação sai de uma única fonte primordial... Uma fonte única... A última camada...

— O Sistema Primarca...

De repente, todas as peças se encaixaram. Olhei para Francis e ele estava rindo disfarçadamente.

Então, era isso. Esse tempo todo... Os S0V3R3IGNS estavam enviando as informações vazadas diretamente do The Primarch System, a última camada da internet.

— Michaelson, isso significa que eles possuem um poder muito grande.

— Eu sei, Dr. Scott. Eu sei...

— Tem mais.

— Então diga.

— Os S0V3R3IGNS não são apenas um grupo. Eles são uma verdadeira sociedade. Olha isso.

Ele me mostrou outra impressão. Continha o nome e endereço de várias pessoas, pelo menos umas duzentas.

— Todas essas pessoas são membros dos S0V3R3IGNS. Todas elas são hackers, responsáveis por reunir, organizar e espalhar as informações. Mas todas elas recebem da mesma fonte.

— Uma fonte difícil de derrubar, diga-se de passagem.

— Bom, existe uma esperança.

— E qual é?

— A computação quântica. Se tiverem acesso a um supercomputador, podem conseguir chegar até a última camada.

— E onde vamos conseguir um supercomputador?

— Hum... — Sebastian pensou. — Já esteve no estado do Tenessee?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. ^^
Até a próxima! O/



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