Dentro da nau e com os joelhos dobrados, as mulheres de ferro passavam as mãos no chão e gritavam, era a forma que elas encontravam de lidar com a dor.

Azura , além de  uma das mais velhas era também capitã e reinava na ilha, sabia que precisam pensar em algo o mais rápido possível,  estavam vulneráveis,  não tinham mais um lar, Eiseninsel era o ponto de equilíbrio delas, as amantes do sal eram movidas pelo amor entre elas e o amor em comum pela pátria.

O choro não é mais um privilégio nosso - falou ajeitando os cabelos brancos - o nosso  mundo não pode mais se resumir a Eiseninsel, o futuro da nossa história depende de nós,  de vocês.

Você não se inclui nisso? - Mae perguntou secando as lágrimas e recebeu um sorriso reconfortante da senhora.

Vocês vão seguir exatamente o que eu disser, ok? - Azura perguntou gesticulando de forma exagerada e como resposta ganhou acenos de cabeças- Usem palavras!

Sim! - as mulheres responderam em uníssono.

Vão pegar o bote e remar até a praia mais próxima, vão dizer que foram atacadas por piratas e são sobreviventes de um naufrágio - ajeitou mais uma vez os fios brancos - Antes do naufrágio vocês eram damas de companhia de um reino além do estreito...

Mas e a senhora? - os olhos verdes de Mae intensificavam a preocupação transmitida na sua voz.

Acalme-se menina! - sorriu carinhosa- eu vou ficar, quando se afastarem o suficiente eu vou explodir a embarcação!

O desespero tomou conta das guerreiras, até mesmo Geórgia demonstrava-se aflita.

Azura, precisamos de voc...- Geórgia foi interrompida pela capitã.

Engulam o choro! - exclamou autoritária- É necessário e eu prefiro morrer com honra, salvando a vida das minhas meninas e o destino da linhagem de ferro! - limpou algumas lágrimas teimosas e chamou as moças para um abraço, apertado , com sabor de despedida, cheiro honra e umas boas doses de amor.

Eu vou sentir tanto a sua falta...- Lauriel que já se encontrava em meio a soluços praticamente sussurrava - Não é justo...

O mundo não é justo! - os olhos ferrenhos de Geórgia pareciam cintilar- Vão sobreviver, são guerreiras treinadas, inteligentes, bonitas e mais do que tudo isso , são mulheres de ferro! - sorriu de forma reconfortante- O deus dos mares protege e guia todos os passos que nós damos, nada é por acaso, tudo tem um porquê, nenhum passo é dado em falso, um fardo não é dado caso não pudéssemos carregar... - o sorriso já trêmulo não conseguia disfarçar a tristeza - Eu amo vocês! Agora vão!

Geórgia ficou próxima a Azura.

Geó, preciso que cuide delas para mim, meu tempo acabou e você precisa protege-las a qualquer custo... me prometa! - pediu segurando as mãos da outra senhora

Ahhh minha amiga, tu sabes que eu morreria mil vezes por essas meninas, eu prometo! - a promessa oficializada com um selinho garantia não só a proteção mas uma longa jornada também.