Enquanto você vai com a farinha... escrita por Deby Costa


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Nos quarenta e cinco minutos do segundo tempo, eis o desafio do mês de maio do nosso grupo no facebook.

Este plot surgiu de algumas piadinhas péssimas sobre sogra que ouvi por ai...

Essa história é uma continuação de "Eu não sou cachorro, não" ajuda, mas não é necessário ler a outra para entender esta aqui.

Ah, já ia me esquecendo!
A Juliana Sampaio, participante ativa de nosso grupo, pediu que alguém fizesse uma one baseada em uma imagem que ela postou por lá. O Link da imagem é este, caso tenham curiosidade.

https://scontent.fsdu8-2.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/33130970_2025359207496759_1625675332335960064_n.jpg?_nc_cat=100&_nc_sid=ca434c&_nc_ohc=69V4zqxdf6cAX_Y2o7c&_nc_ht=scontent.fsdu8-2.fna&oh=a04e5791ba3e5b0cee586eecc390aaf6&oe=5F86BF3E

Ju eu tentei, espero que tenha chegado perto do que você imaginou.

A história não foi betada, então já sabem, perdoem-me os erros.



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— Shino, eu procurei em todos os cantos desse apartamento. Tem certeza que não os deixou na emissora?  – A pergunta de Kiba ficou sem resposta. O Aburame apenas o encarou como se fosse pulverizá-lo a qualquer instante. O clima entre os dois se achava péssimo, discutiram praticamente todo final de semana. Na verdade, a primeira briga relevante do casal.

O namoro deles tinha acabado de completar cinquenta dias, e tivera início na viagem de trabalho que fizeram ao Brasil na companhia de Hinata. Grande amiga e companheira de profissão da dupla.   Na ocasião, após um imenso mal entendido, os jornalistas assumiram o sentimento mútuo e decidiram dividir o teto. Desejavam juntos cuidar de Akamaru. O cãozinho foi adotado por Shino, quando o time 8 ainda estava no Rio de Janeiro.  Contudo, a vida a dois parecia ser uma aventura diária, considerando a personalidade de ambos. Shino era a personificação da organização, porém, Kiba era o completo oposto.

— Na quinta, quando chegamos com sua mãe, eu os deixei aqui. – O rapaz apontou para o aparador localizado no corredor. – Junto às chaves do carro. Meus óculos não podem ter criado pernas Kiba.  Quem sabe o Akamaru...?

— Oe, maldito! Não desconfie do nosso filho! O Akamaru já está aprendendo a se comportar como um bom menino.  Ele jamais comeria seus óculos. Não é, amigão? – questionou ao pet em seus braços, depois marchou em direção à sala. Emburrado, sentou-se na poltrona, passando a afagar os pelos do filhote.

Estava de saco cheio. Primeiro, Shino suspeitou que ele tivesse dado fim nos óculos durante a faxina. Okay, em sua primeira arrumação, jogou fora um amontoado de recortes e jornais velhos do namorado.  Droga! Como poderia imaginar que, em plena era digital, alguém ainda colecionaria aquele tipo de coisa? Tudo bem.  Vacilo seu, entretanto não deixaria que o outro pai acusasse seu bebê por um crime não cometido.

— Talvez sua mãe... – Shino iniciou a frase ao se aproximar do sofá, porém, não a concluiu. Kiba analisou o telefone que lhe era estendido e respondeu mal humorado:

— Nem começa. Se minha mãe soubesse de algo, teria nos dito. Afinal durante toda a estadia dela em nosso lar, você não fez questão alguma de ser discreto.

Há três dias, Shino o infernizava, martelando o mesmo assunto. Entendia o carinho que o namorado sentia pelo objeto, entretanto viu a hora de Tsume desconfiar do relacionamento que ele tentou ocultar com tanto afinco.

Ao longo de quatro dias a Inuzuka hospedou-se no apartamento dos dois.  Por insistências dele e de Hana, Tsume veio à cidade realizar um Check-up médico anual. O único problema? Ele ainda não se sentia preparado para contar à mãe que gostava de meninos, um menino em específico. Shino. Mentiu para a mulher ao explicar a presença do namorado quando foi buscá-la no aeroporto:

“Filho, por que ele veio com você? ”

“Nós estamos vivendo juntos. Hum. É... q-quer dizer... n-nós resolvemos dividir o aluguel, visto que, na atual conjuntura social do Japão, não está fácil para ninguém, né  mãe?”

“Hum, sei. ‘Tá bom Kiba.”

 

—  Sua mãe Insistiu bastante em nos ajudar na arrumação... – Calou-se ante o olhar indômito que lhe foi direcionado. Tão parecido com o da genitora. Dava até medo. 

 — Vai continuar?

 — ...Kiba. – Tendo esgotado todas as possibilidades, Shino deu-se por vencido.  Seus óculos haviam realmente criado pernas, como diria seu pai.  No entanto, a sua frente estava um bem mais valioso que um simples par de óculos.   – Não quero seguir brigado com você.

—Nem eu. – Kiba estendeu-lhe a mão.   – Vem, senta aqui.

Shino atendeu ao pedido.  Ajeitou-se da melhor maneira possível para que o namorado deitasse a cabeça em seu ombro. Ficaram em silêncio por um tempo. Somente a respiração do trio podia ser ouvida no espaço.  

— Sei que não está magoado só por causa do sumiço de seus óculos...  queria ter conseguido contar a ela... me perdoa? 

De fato, o rapaz não estava chateado apenas por conta das lentes.   Tinha preparado tudo para a chegada da sogra. Queria mostrar a mulher que era um bom partido para seu caçula. Imaginou que a visita seria a oportunidade perfeita, mas Kiba lhe privou disso.  

Admitia, Inuzuka Tsume era assustadora a primeira vista.  Kiba lhe preveniu sobre o fato, dias antes de conhecê-la. Entendia o receio do filho ao esconder sobre os dois. Lembrou-se de uma noite em que preparava o jantar e a mulher se ofereceu para cortar as cenouras.  Estremeceu só de relembrar a forma como ela o fitou enquanto segurava o facão.

— Também devo te pedir desculpas... por tudo. Quanto a sua mãe, teremos outra oportunidade de lhe revelar sobre nós.   – Deixou um beijinho na testa do outro.  Akamaru que cochilava, resolveu deixa-lo sozinhos e foi para o quarto.   

Minutos se passaram. Shino já estava quase dormindo quando Kiba soltou uma gargalhada.  – O que foi? – perguntou assustado.

— Estou recordando o jogo de cintura que tivemos pra ficar juntos sem a mãe desconfiar da gente.

— Nem me fale...

 

— A gente tem apenas quinze minutos antes dela voltar com o Akamaru.

— Quinze minutos? Akamaru? O q-que?  Kiba espera! O que está fazendo?

—Não é obvio? Estou tirando a roupa pra gente transar rapidinho. Mesmo porque, nosso filho é bem ligeiro quando se trata do número dois. Daqui a pouco minha mãe volta. Já foi um parto, convencê-la de sair, e a noite ‘cê sabe, né? Essas paredes são finíssimas, não vai rolar.

— São treze horas! Não vou transar com você, sabendo que sua mãe pode entrar pela porta da sala a qualquer instante. 

— Caralho, Shino! Estou há quatro dias sem fazer. Desse jeito vou acabar subindo pelas paredes.  Só uma rapidinha vai.

— Kiba, não! E as preliminares?

— Preliminares? Esquece as preliminares, só vem. ‘Cê nem precisa tirar as roupas.  

— Isso não é nada excitante, para não dizer, nada romântico também.

— Romântico? Homem do céu, romance é coisa pra gays!  

— Kiba, nós somos dois caras, dormimos juntos, transamos quase toda noite.  Sinto te informar: Nós somos gays... 

 

Riram mais um pouco, os resquícios do desentendimento os abandonando de vez. 

— Sabe o eu queria agora? – A voz de Kiba soou rouca.  Enquanto falava, sentou-se no colo do namorado, iniciando uma trilha de beijinhos úmidos em seu pescoço. Estava morrendo de saudades daquilo, e como diziam os antigos: O melhor da briga, era o fazer as pazes.  Precisava testar se aquela teoria era mesmo verdadeira.

— Hum...? – Shino gemeu ao sentir o peso do corpo sobre si. Suas mãos foram direto para a cintura alheia.       Apaixonado por preliminares, não conseguiu fazer amor sabendo que corria risco de ser surpreendido pela sogra a qualquer momento. Mesmo se encontrando estremecidos, não dormiu longe de Kiba, uma noite sequer nos últimos dias.  Assim que a hóspede se recolhia, ele esgueirava-se até o quarto principal, de manhã acordava antes de todos para preparar o café.  – Diz o que você queria agora, meu amor.

— Recuperar o tempo perdido, porque eu t...  – Quase dois meses de namoro e Aburame Shino ainda não tinha ouvido as três palavrinhas mágicas.  Fechou os olhos pressentindo a hora chegar, contudo a declaração aguardada não veio. – ‘Tô muito cheio de tesão.

— Porra, Kiba! – Shino tirou o namorado de seu colo. O clima, indo para o espaço. Como poderia ter se apaixonado por um cara tão pouco romântico?

— Oe! O que foi agora?

Kiba bufou.  Por que havia arrumado um homem tão chato?

— Eu achei que tu ‘ia dizer. Porque te amo – Shino estava desapontado – Você não é romântico, não sei porque ainda espero receber uma declaração sua. – Terminou a frase abotoando a camisa, e dando as costas para o outro.

— Mas eu te amo, ‘Cê sabe? – disse Kiba meio em dúvida. Shino virou-se para ele.

— Isso até ursinho de 1,99 fala.  – fez referência as lojas brasileiras que vendia souvenirs para turistas. – Seja mais gay. Por favor, ao menos uma vez na vida.

— Eu quero dar o cu. – A frase saiu urgente, desesperada.

— Está vendo. Você é inacreditável – Shino balançou a cabeça descrente, todavia foi surpreendido pela declaração tão desejada.

— Sim, sou. E apaixonado também... Eu te amo, Aburame Shino.  Muito mesmo.   Quero me casar com você e encher essa casa de bacuris, além do Akamaru é claro.  E se os deuses me permitir, quero envelhecer a seu lado.  Satisfeito?

— Kiba?! – Shino estava emocionado e rindo feito bobo.

— Já falei o que tanto tu querias ouvir. Dá pra tirar o meu atraso agora, ou terei que apelar? 

♡♠♡♠♡

O som estridente do aparelho telefônico os acordou já à noitinha. Pegaram no sono após uma intensa matinê que satisfez a ambos. Com direito a preliminares caprichadas, como era de gosto do Aburame.  E uma pitadinha de selvageria, porque ninguém é de ferro. E Kiba? Bem, Kiba adorava um sexo selvagem 

— Quem era ao telefone? – Shino questionou assim que o namorado adentrou o quarto e se sentou na cama

— Minha mãe...

A resposta veio acompanhada de uma expressão atordoada que acabou por assustá-lo. Levantou-se rapidamente e indagou:

— Aconteceu alguma coisa? Sua mãe chegou bem? Kiba, fala logo! – Sacudiu o namorado. – Está me assustando. O que ouve?

—...

— Kiba? – Não ouve respostas. O Inuzuka somente mostrou-lhe o que trazia consigo. – Meus óculos? Onde...?

Exalando vergonha e vermelho feito um camarão, Kiba escondeu o rosto entre as mãos lembrando-se da ligação de Tsume.

 

 — Se eu vi os óculos de seu “amigo espertinho”?  Admiro-me muito que ele não os tenha encontrado durante todos os dias que estive com vocês.

— A senhora sabe onde estão?

— Claro! Eu os guardei no único lugar em que ele, jamais, em hipótese alguma, poderia não tê-los encontrado.

— Onde mamãe?

  

Por muitas vezes, enquanto era somente um fedelho, Kiba não entendia as os ditos populares que Tsume utilizava consigo.  No entanto, com o avançar dos anos, muitos deles começaram a fazer sentido. Sorriu. Dessa vez aliviado, recordou as últimas palavras da mãe antes de finalizar a ligação. 

 

— Moleque?

— O que foi mãe?

—... Jamais se esqueça de que eu te amo, que me orgulho das escolhas que tu fizeste na vida, e do homem que se tornou no processo... Quando vier em casa, traga o espertinho. Diga a ele que não mordo.

 

— Shino, tu conheces um ditado que diz: Enquanto você vai com a farinha, eu já voltei com o bolo pronto?

Durante toda a estadia da mãe em sua residência, os inseparáveis óculos de Shino permaneceram muito bem guardados   sob os lençóis da cama que, teoricamente Tsume sabia pertencer a ele. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Até a próxima.



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