Lírio do Vale escrita por Kori Hime


Capítulo 1
Lírio do Vale - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Eu escrevi essa história em 2012 eu acho, mas não tenho ideia porque não finalizei rs
Hoje abri o doc e decidi terminar ela e postar :D

Eu dividi em duas partes por motivos de organizar os pontos de vistas dos personagens e a passagem de tempo.

Boa leitura.



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Ele não conseguia dormir mais. Acordou antes mesmo do sol subir ao céu. Mas isso não importava. Olhou para o seu lado esquerdo, sentindo que aquela noite não fora um sonho. Não! Realmente, não. Mas sentia como se estivesse em um. Um sonho eterno, que se realizava todas as noites há um ano. E que a qualquer momento poderia despertar, e tudo voltaria a ser cinza, como antes. Uma tela escura, sem vida. Uma vida vazia.

Byakuya levou a mão até os fios de cabelo vermelho, largados no travesseiro ao seu lado, alisou-os em seguida, observando o dia nascer tranquilamente pela janela. Aquela paz, a calmaria, que não sentia fazia anos. Ele fechou os olhos e respirou profundamente, sentindo a luz brilhante do sol tocar sua face.

Havia pedido inúmeras vezes para por algo naquela janela, uma cortina quem sabe. Fechou os olhos e abriu novamente, voltando a fitar os fios avermelhados, ainda mais intensos, cheio de brilho, iluminado pelo sol. Renji moveu na cama, incomodado, virando-se ao sentir o toque nos cabelos e em seguida as mãos de Byakuya estavam em suas costas. Os olhos castanhos se abriram e o sorriso veio fácil após reconhecer o rosto do capitão.

Era como se aquele singelo gesto de Renji pudesse clarear ainda mais o quarto.

Byakuya ouviu um bom dia animado de seu tenente e logo em seguida o ruivo partiu para cima dele, com um beijo acalorado. Deslizando as mãos pelo peito nu até o abdome do capitão. Acariciando o pescoço e contornando os lábios de Byakuya até finalizar o beijo.

Renji soltou o peso do seu corpo em cima dele, nada que o capitão não aguentasse, é claro. Desceu os beijos e mordidas pelo pescoço, aninhando-se. Ganhando como recompensa um abraço quente e possessivo. Como se precisasse de tal força para mantê-lo aconchegado ali. Renji jamais o abandonaria.

— Preciso ir. — A voz suave do capitão penetrou os ouvidos do tenente, que suspirou desanimado, revelando sua chateação.

— Mas está cedo. — Ele resmungou. — Disse que ficaria comigo hoje. Não precisamos ir para o esquadrão. Lembra-se?

— Sim, eu disse. Mas preciso ir. Há algumas coisas para serem resolvidas. — Byakuya respondeu, acariciando as costas tatuada. O cheiro dele impregnado no seu corpo era irresistível, ficaria durante todo o dia assim, se não fosse tão imprudente de sua parte, sair por aí com o cheiro de seu tenente no corpo. — Renji?

— Hmmm. — Renji ronronou feito um gato domesticado, virando-se na cama novamente, livrando assim o capitão de seu peso. — Então eu também vou.

— Não, não precisa ir.

— Porque? — Renji sentou na cama, cobrindo a nudez com o lençol. — Aconteceu algo?

— Não. — Byakuya não mentia, nem gostava disso. Mas achou que Renji não precisava saber da reunião. Era melhor poupá-lo por enquanto. Pegou suas roupas, uma a uma e levou para o banheiro apertado. Lembrou-se num flash de memória o quão envergonhado ficava ao fazer aquilo, ainda mais tendo o seu subordinado deitado na cama observando atentamente seus movimentos.

Renji não poupava esforços para constrangê-lo mais. Geralmente ficava deitado no colchão, com as mãos atrás da nuca, nu. Olhando-o com um sorriso cheio de malicia. Byakuya as vezes queria se enrolar no lençol e ir escondido para o banheiro, mas ele pouco a pouco foi deixando aquela timidez de lado.

 Mas ainda ficava envergonhadíssimo se o ruivo fazia algum comentário referente a alguma parte de seu corpo, ou detalhes íntimos e constrangedores das noites que passavam juntos. Ele ainda não havia se acostumado com essa liberdade de expressão que Renji fazia questão de ser muito bem claro e detalhista.

 

Renji ainda ficou mais alguns minutos na cama, olhando para o teto forrado de madeira. Fechou os olhos, ouvindo o barulho da água do chuveiro. Ele sabia muito bem quando Byakuya mentia, conhecia como ninguém aquele tom de voz trêmula, quase imperceptível que o capitão fazia quando dizia mentiras, ou talvez uma omissão.

Não importava na verdade o que era, o que estava incomodando era o fato de seu capitão não desejar a sua presença onde quer que fosse. Claro, porque sabia muito bem da agenda de compromissos do Kuchiki. E aliás, aquele era um dia onde não havia nada para fazer no Esquadrão.

Ele passou a mão direita na testa, enfiando os dedos nos fios do cabelo. Levantou-se da cama num pulo e resolveu dividir aquela ducha matinal com Byakuya.

Era mais fácil mentir quando não se sentia encurralado pelo ruivo. Parecia até mesmo um jogo no qual Byakuya era seduzido a ponto de desembuchar tudo o que guarda em sua mente. E se fosse mais a fundo, Renji descobriria os mais profundos segredos daquela alma. Mas até lá, deveria antes conseguir passar pela muralha que era aquele coração ainda apavorado, medroso diante da nova relação, mesmo completado um ano.

A água fria caía do chuveiro sem pressão, escorrendo pelo corpo do capitão, molhando os cabelos negros. Depois de tantas noites passadas na casa de Renji, ele tomou uma atitude inesperada pelo ruivo. Levou alguns pertences para que assim ficasse mais a vontade. No caso, seus produtos de higiene pessoal. Renji até arrumou o armário do banheiro para guardar os pertences de Byakuya.

O capitão ouviu o barulho da porta abrir e logo em seguida a cortina de plástico ser puxada. Esfregou os olhos na água para poder enxergar melhor Renji entrando naquele espaço apertado, que segundo ele, cabia muito bem os dois, da forma que mais gostava, bem juntinho. E Byakuya não queria ferir os sentimentos de Renji. Por isso ele não fez nenhuma reclamação quanto a água fria, a pressão zero do chuveiro e o espaço minúsculo.

— Posso esfregar suas costas. — O ruivo aproximou os lábios na pele do pescoço do capitão e pegou a esponja.

— É um banho rápido, eu não posso me atrasar. — Byakuya respondeu, mordendo o lábio inferior, já sentindo a ereção do ruivo contra seu quadril. Era aquele o momento que Byakuya esquecia-se da água fria, a falta de banheira e qualquer qualidade desagradável que listava mentalmente sobre a casinha simples que seu tenente vivia.

— Pelo menos vai me dizer onde você vai? — Ele devolveu a esponja para o lugar de origem e aumentou o jato da água.

— São compromissos do meu Clã. Infelizmente não há nada que possa fazer para me ajudar. É uma reunião familiar. — Byakuya pausou um minuto, com a respiração alterada. — Sinto muito, não posso levá-lo. Você entende, não é?

— Claro. Entendo. — Renji respondeu desmotivado.

 

A reunião era mesmo verdade. Byakuya devia conversar com alguns membros do Clã. Além disso, havia outra reunião importante para ir. E essa reunião exclusiva era somente para os capitães de todas as divisões do Gotei 13.

Todos os capitães estavam presentes. A reunião não duraria muito, apenas iriam votar para decidir o futuro de Abarai Renji na Gotei. A votação foi unanime a favor do jovem shinigami que durante os anos demonstrou muita dedicação, força e honra. Ainda mais que, Kuchiki Byakuya quem estava indicando, o que tinha um peso e tanto na escolha dos demais.

Já que Byakuya fazia questão de contar ao tenente sobre a novidade, todos os demais foram dispensados. Quando ele decidiu indicar seu tenente como um futuro capitão, não imaginou que seria difícil a hora de dispensá-lo. Estava acostumado com sua presença, talvez essa fosse a palavra. Já fazia algum tempo desde que o tenente chegou a seu esquadrão, ansioso para mostrar o que era capaz. Depois disso tantas coisas aconteceram, que fez Byakuya acreditar e confiar mais na capacidade do tenente.

No começo, Renji era muito afobado e por isso acabava cometendo erros bobos. Mas Byakuya acreditava no potencial dele. E por isso, era justo que dessem uma chance maior. Iria então falar com ele no outro dia bem cedo. Claro que até conseguir dormir, ficou com diversas perguntas pairando sua cabeça. Existia alguém que pudesse substituir Renji em seu posto?

Será que acharia essa pessoa?

Poderia haver alguém mais altruísta e dedicado como o seu tenente?

Os demais tenentes dos outros esquadrões tinham suas qualidades, mas quem poderia negar que Renji tinha uma dedicação e amor ao qual era difícil de se encontrar. Byakuya tentava não assimilar isso ao fato de estarem se relacionando. Porque o rapaz mostrou essa dedicação desde o primeiro dia. Talvez Byakuya não soubesse que precisou apenas um dia para que seu Tenente o admirasse mais do que era necessário.

Byakuya dormiu por fim, descansando de seus pensamentos.


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Notas finais do capítulo

Fico pensando no Byakuya tomando banho gelado sem reclamar pro Renji pra não constranger ele HUAUHAUHAUHAHUA ♥

Beijos, obrigada a quem chegou aqui ^_^



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