Lírio do Vale escrita por Kori Hime


Capítulo 2
Lírio do Vale - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Aqui já acaba. Boa leitura.



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Renji sempre acordava cedo, menos quando tinha a companhia de alguém esquentando seu corpo. Mas naquele dia ele estava sozinho, preparou um café da manhã sem muitas opções, apenas um mingau de aveia e água quente, e já se sentiu pronto para ir trabalhar. Era uma rotina que gostava de seguir, vez ou outra quebrada por algum de seus amigos espalhados pelo chão da casa, após uma noite de bebedeira. Mas isso já não acontecia fazia alguns meses, desde que Byakuya passou a frequentar sua casa. O que era um passo e tanto para o relacionamento, fazendo Renji sentir mais seguro de si.

Chegou ao esquadrão e a sala ainda estava vazia, era comum ele chegar primeiro que o capitão. Contudo, Byakuya apareceu logo em seguida, com uma xícara de chá na mão.

— Capitão, o que o senhor faz aqui? — Renji olhou para a xícara fumegante. — O senhor fez chá?

— Porque pergunta isso como se fosse algo impossível para mim?

— Não, não é isso. Digo, eu poderia fazer.

— Você é o meu tenente, não há necessidade de me servir sempre como um dos empregados da minha casa. — Byakuya sentou-se em sua cadeira, parecendo muito misterioso para Renji. — Temos que conversar.

— Sobre o que?

— Venha, sente-se mais próximo de mim.

Renji pegou uma cadeira e levou até a mesa, sentando-se de frente para o capitão.

— Aconteceu alguma coisa grave? — Ele perguntou, sentindo uma ansiedade tomar conta de seu corpo.

— Sim, aconteceu algo, mas eu não diria que é grave. Vai depender do que vem agora.

— O senhor está muito misterioso. — Ele riu, esfregando a ponta do nariz com o dedo.

— Não vou me alongar mais do que o necessário. — Byakuya suspirou, erguendo a cabeça na direção do tenente. Renji sentiu o peito inchar de emoção. A beleza do Kuchiki era desconcertante e sempre se pegava admirando-o com um olhar apaixonado. — Eu o indiquei como capitão para o Gotei 13.

— O que? — Renji falou mais alto do que o necessário. — Senhor, eu? Mas porque?

— Ora, você é muito competente e nas últimas batalhas travadas, se mostrou sempre forte e determinado.

— Mas eu nem venci todas as batalhas que travei. — Ele falou, embaraçado pela lembrança de ter sido derrotado diversas vezes.

— Vencer nem sempre é sinônimo de força, Renji. Nós crescemos diante das adversidades, e você cresceu, mesmo enquanto perdia uma luta. — A voz dele era pacífica e harmoniosa, como sempre. — As vezes precisamos perder para aprender a nos erguer.

— Só que eu não sei se estou pronto para ser capitão. — Renji coçou a nuca, dando um sorriso que escondia seu nervosismo.

— Rukia já é uma capitã. — Byakuya recordou. — Você é, sem dúvida, mais forte do que ela em diversos aspectos. — Os olhos acinzentados pareciam flutuar diante de Renji com aquele elogio. — Não se vê como um capitão?

— Eu me vejo, sempre almejei isso.

— Então, você não queria me superar?

— Senhor, eu quero, mas...

— Esse é o momento para você realizar um sonho. — Byakuya ainda possuía os olhos pregados nos de Renji, como se aguardasse uma resposta.

— Acho que fui pego de surpresa com essa notícia, não estava esperando isso acontecer tão cedo.

— Você fez por merecer.

Renji respirou fundo. Em sua mente um filme daquela jornada era transmitido como nos cinemas ao qual costumava ir em Karakura, quando trabalhou no plano terrestre.

— Eu estou honrado, de verdade. Mas quem vai me substituir?

— Ainda não tenho um nome, mas não se preocupe, eu resolvo isso depois.

— Se não for muita ousadia da minha parte. — Renji empoleirou-se na cadeira, levando a mão ao topo da cabeça para ajeitar os óculos sobre o cabelo. — Posso sugerir dois nomes?

— Não é ousadia, seu trabalho junto a divisão é prestar atenção nos oficiais.

— Sim, claro. — Ele concordou. — Rikichi vem progredindo muito nos últimos tempos, ele foi de grande ajuda na última batalha, embora não tivesse tido oportunidade de seguir com a gente até o fim. Além dele, tem Shirogane Mihane. Ela também é uma excelente oficial.

— Ela não é a dona daquela loja de óculos que você costuma visitar todos os meses?

— Sim, ela mesma. — Renji corou levemente. — Mas eu não estou falando isso só para conseguir um desconto na loja.

— Desconto? — Uma sobrancelha foi erguida e Renji anuiu, o Kuchiki não deveria ser o tipo de pessoa que barganhava em lojas.

— O que eu quero dizer, é que eles são oficiais muito bons, é claro que tem outras pessoas, como a Tessa e o Arkon. Eles são fortes e honrados. — O olhar de Renji desviou para a janela, onde tinha uma visão perfeita do esquadrão. — Vou sentir falta daqui.

— Fala como se nunca mais fosse voltar.

— Me desculpe, capitão. É que todos os dias que trabalhei aqui foram muito importantes para mim.

— E eu agradeço pela sua dedicação. — Byakuya se demorou no olhar, fazendo Renji desejar beijá-lo naquele momento. — Vamos dar início a sua nomeação.

— Certo. — Renji se levantou e depois virou-se para a mesa do capitão, fazendo uma mesura. — Muito obrigado, senhor.

Byakuya não respondeu, apenas meneou a cabeça, aceitando o agradecimento.

Renji saiu da sala com a energia renovada. Seria capitão de uma das divisões do Gotei 13, e aquela notícia precisava ser partilhada com Rukia imediatamente.

 

Duas semanas se passaram, quando o dia da nomeação oficial ocorreu. Ele era agora capitão da quinta divisão, sendo recepcionado pelos oficiais que antes seguiram Aizen. A tenente Hinamori recebeu o novo capitão em sua sala e ofereceu seus serviços.

— Eu vou entender se o capitão Abarai não quiser quer eu continue como a tenente da divisão. Afinal, comecei a questionar minha posição quando fui usada como uma mera peça de shogi para o Capitão Aizen, digo, ex-capitão.

Ela falou com um olhar pregado no chão e as maçãs do rosto rubras.

— Hinamori, não diga isso. — Ele sentava em sua cadeira de capitão, sentindo-se um pouco deslocado naquela sala. Precisava ainda se acostumar com a novidade. — Você cresceu muito nos últimos tempos, lutou contra Aizen.

— Mas quem o venceu foi Kurosaki-san. — Ela constatou, com um olhar melancólico.

— Só que nem sempre vencer significa... como era a frase mesmo? — Ele levou a mão ao queixo, tentando se lembrar do que o capitão havia dito. Ou melhor, ex-capitão. Realmente precisava se acostumar com aquela nova fase da vida. — Digo, lutar por um objetivo que é importante.

— Acho que entendi. — Ela prestou uma última reverência e deixou Renji sozinho na sala.

A quinta divisão era conhecida pelo seu símbolo máximo, o Lírio do Vale. A flor se espalhava por todo o esquadrão e era uma beleza de se olhar. Renji havia se acostumado com o cor de rosa das cerejeiras da sexta divisão, voltando a ficar admirado com a delicadeza do lírio branco.

A quinta divisão também tinha como lema a humildade e o sacrifício. Se for pensar nas atrocidades cometidas por Aizen, sacrificando outras pessoas em nome de seus objetivos, meio que fazia sentido. Contudo, todos ali ainda possuíam a dignidade abalada pelo que ocorrera. Então Renji estava com um trabalho e tanto nas mãos.

Ele visitou todo o esquadrão e se esforçou para aprender o nome do maior número de pessoas que ia conhecendo. Hinamori era querida por todos e fez Renji pensar que ela seria de grande ajuda, já que precisava de uma conexão com seus oficiais.

O lírio do Vale dava uma elegância para o local, e Renji sentia-se orgulhoso por retornar aquela divisão como o capitão.

O trabalho vinha se acumulando pois ficou muito tempo sem um capitão e Hinamori não estava dando conta de tudo sozinha. Sendo assim, nas semanas seguintes Renji trabalhou mais do que imaginou ser possível.

No final de cada semana, ele fazia uma espécie de torneio entre os oficiais da divisão. Seu objetivo era conhecer melhor as pessoas sob seu comando. Foi uma grata surpresa descobrir que havia shinigamis muito bem preparados.

No final da tarde, Hinamori solicitou a entrada em sua sala, Renji não ergueu a cabeça, estava concentrado nos arquivos que lia de alguns oficiais.

— O senhor tem uma visita, capitão Abarai.

— Pode pedir para entrar. — Renji ainda estava com os olhos fixos nos papeis, quando a porta foi aberta e a fragrância muito bem conhecida por ele penetrou suas narinas.

Byakuya estava parado a sua frente, analisando-o com seus belos olhos acinzentados. Imediatamente Renji se levantou, para recepcioná-lo.

— Não há necessidade de ficar em pé, Capitão Abarai. — O Kuchiki ergueu a mão.

Ouvir o ex-capitão chamá-lo daquela forma era como um sonho. Renji não podia negar que ficou excitado com a voz de Byakuya sendo tão polido com ele, de igual para igual.

— Hinamori, poderia chamar Rizou para trazer algo para o Capitão Kuchiki e eu bebermos? — Renji pediu, dando um sorriso de agradecimento quando a tenente saiu da sala. — Por favor, Kuchiki-san, pode se sentar.

Byakuya fez o que foi sugerido e Renji começou a achar muito estranho aquele tratamento sério que estavam usando. Mas as formalidades eram necessárias, pelo menos diante dos oficiais.

— Já faz um tempo que não nos vemos. — Byakuya falou, com a mesma voz tranquila de sempre, mas com uma novidade no olhar. E aquilo deixou Renji mais atiçado.

— Sentiu minha falta? — Ele perguntou, apertando os lábios, deixando o Kuchiki levemente envergonhado.

— Minha presença aqui talvez seja resposta para sua pergunta.

Renji abriu um sorriso largo, movendo a cabeça para o lado. Os cabelos dele estavam soltos, e caíam sobre seus ombros.

— As coisas estão acontecendo muito rápido por aqui. Desculpe.

— Você não tem do que se desculpar, está fazendo seu trabalho da melhor forma possível. Verifiquei que seus oficiais estão treinando e os elogios só aumentam.

— É, eles são muito bons, acho que Aizen não os levava tão a sério. — Renji pousou o queixo na mão, pensativo, depois corrigiu a postura, quando Hinamori entrou com uma bandeja na mão. — Obrigado, você pode tirar o resto do dia de folga.

— Mas, capitão, ainda temos que revisar os arquivos dos oficiais recém-admitidos.

— Fazemos isso amanhã, você tem trabalhado muito, obrigado pelo seu esforço. — Renji deu uma piscadinha, fazendo a Tenente ruborizar.

Assim que se despediu de forma cortês para os dois capitães, Hinamori deixou a sala.

Renji levantou-se, a capa branca de capitão sobre seus ombros arrastava-se pelo chão, ele precisava levar aquela capa para alguém cuidar da barra, ou acabaria caindo de cara no chão, tropeçando no próprio uniforme.

Ele verificou se o corredor estava vazio, sua sala ficava no segundo andar do prédio, onde podia olhar o pátio em que os oficiais treinavam naquele momento. Renji retornou para sua sala e fechou a porta. Byakuya estava ainda sentado na cadeira, quando o capitão Abarai parou ao seu lado, abaixando o corpo para lhe beijar a face.

— Renji... — Byakuya falou surpreso, mas não ordenou o afastamento.

— Está tudo bem, ninguém vai entrar agora.

O singelo sorriso que desenhou os lábios do Kuchiki fez com que Renji reunisse mais forças para fazê-lo se levantar da cadeira e tomar seus lábios em um beijo. Os dois se abraçavam no meio da sala, as mãos de Byakuya sobre os ombros de Renji, deslizando pelo seu tórax, até se embrenhar por dentro da capa e pousar as mãos sobre a abertura da roupa, onde permitia ver um pouco das tatuagens.

Eles se moveram até a parede mais próxima, onde Byakuya pressionou o corpo do outro capitão, quando o beijo cessou, os dois se olharam.

— Posso aguardá-lo essa noite na minha casa, capitão Kuchiki? — A pergunta foi feita ao pé do ouvindo, enquanto Renji acariciava o pescoço de Byakuya com sua mão.

— Sim. — A resposta veio com um leve sussurro.

— Ótimo, estou ansioso. — Renji afastou-se um pouco para poder visualizar o rosto de Byakuya. — Venha, quero te apresentar aos meus subordinados, eles vão gostar de conhecê-lo mais de perto, sempre me perguntam como era ser o seu tenente. — Renji segurou a mão de Byakuya pelo menos até a porta, quando soltou.

— Renji, um minuto, por favor. — Byakuya estendeu a mão até o ombro do Abarai, pedindo que ele aguardasse um pouco, pelo menos até o sangue esfriar.

— Claro, claro, eu que estou muito animado. — Mas Renji não ajudou muito, ao abraçar Byakuya. — Tem algo nesse cenário que me excita muito.

— Posso imaginar. — Byakuya o beijou nos lábios, com a mão afagando sua nuca. — Você fica bonito com essa capa e os cabelos soltos. — A sinceridade crua em suas palavras era fulminante.

— Eu não sei se aguento dois elogios seguidos. — Renji encostou a testa na do outro capitão.

O cheiro do lírio do vale serpenteava pelo ar, era diferente das cerejeiras, mas não era menos importante. Eram igualmente preciosas.


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Notas finais do capítulo

Esse OTP mais cannon que os cannon do manga ♥
Kubo não engana :v

Beijos e obrigada a quem leu, aceito comentários de pessoas apaixonadas pelo casal, e também quem não é e chegou aqui pela curiosidade hehehe

Até mais! ♥

Aviso: Tenho mais fanfics do casal no meu perfil, basta se aventurar.



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