Amber - A Guardiã do Olimpo escrita por Wallas Ribeiro
Rapidamente o número de zumbis caiu – Cernuno ajudava secretamente, com seus poderes ele controlava as raízes das árvores e abatia zumbi após zumbi. – Logo os quatro, seguidos por Cernuno, puderam entrar na caverna da feiticeira Cessair.
Ela aguardava-os sentada em cima de um enorme ogro. Parecia surpresa em vê-los. Usava um vestido exageradamente curto, com mangas longas e azuis. Decote grande e tatuagens no peito e nas mãos. Usava um chapéu pontiagudo, também preto.
- Surpreende-me vocês terem passado pelas bruxas que mandei persegui-los – Disse com uma voz meiga enquanto se levantava do Ogro. O monstrengo continuou deitado e só então foi que os aventureiros perceberam que ele estava morto. – Mas sinto em lhes dizer, que sou bem mais poderosa.
Nipo correu para atacar a feiticeira, esta fez um cetro surgir no ar e defendeu-se. Amber atacou pelo outro lado, mas com apenas um gesto de sua mão, a feiticeira jogou a mortal para trás e Amber bateu com força na parede ao fundo da caverna. Lá Amber encontrou uma espada fincada numa rocha. Havia algo escrito em uma língua que a garota desconhecia, apenas lia-se o nome Excalibur. Ela decidiu ignorar a espada no momento, pois seus amigos precisavam de sua ajuda.
Ray correu e tentou abocanhar a feiticeira, outra tentativa em vão. O lobo fora jogado longe e na queda acertara Cheech. E novamente os quatro tentaram uma investida, mas desta vez todos juntos. Uma esfera saiu do cetro de Cessair e expandiu-se jogando os quatro para longe novamente.
Quando Cernuno pensou em correr para ajuda-los, uma lança passou zunindo pelo seu ouvido esquerdo. Acertou Cheech, que tentava atacar à feiticeira, em cheio. Atravessou seu corpo e continuou avançando até que perfurou o peito de Cessair. A feiticeira deu um grito que fez Talibus inteira tremer.
Cernuno ficou olhando boquiaberto, assim como Amber, Nipo e Ray. Mas, diferente dos outros três que lamentável a morte de Cheech, o que Cernuno olhava era a lança. Preta com detalhes dourados e em sua ponta três lâminas prata extremamente afiadas.
- Esta é... Gungnir! – Berrou.
Foi só então que os três notaram sua presença. Cheech já estava sem vida e a feiticeira gemia e cuspia sangue.
- O que você está fazendo aqui? – Perguntou Amber quase chorando. – De onde veio essa maldita lança? – Perguntou novamente sem esperar resposta.
Cessair balbuciou algo que ninguém conseguiu entender.
- Esta lança... Pertence a Odin! – Exclamou Cernuno.
Fez-se ouvir um rosnado ameaçador vindo de fora da caverna e um enorme lobo adentrou. Era de um azul-acinzentado. Tinha, provavelmente, mais que o dobro do tamanho de Ray. Suas patas se pareciam com brasas e até esfumaçavam quando tocavam o chão. Era Fenrir, o lobo de Loki. Ele não pôde avançar muito á caverna, pois seu tamanho excessivo não permitia, já que era uma caverna baixa.
- O que você está fazendo aqui? – Perguntou Cernuno.
- Vim em busca do que me pertence, ó deus dos animais – Respondeu um velho que surgiu da bruma na entrada da caverna. Usava um tapa-olho de ferro que lhe tapava o olho direito. Usava um elmo com asas e uma armadura preta e dourada, assim como a lança.
Era seguido por mais dois homens, um com cabelos loiros e compridos e que carregava uma marreta e outro com cabelos negros e sorriso malicioso. Usava também um elmo em forma de chifres e carregava um cetro dourado com uma esfera azul. Ambos usavam armaduras iguais a de Odin. Eram Thor e Loki.
- Vejo que minhas bruxas lhe deram trabalho – Balbuciou Cessair em meio a engasgadas de sangue ao ver que os três estavam muito machucados. Até o grande lobo Fenrir tinha um corte em sua costela que sangrava muito.
Odin estendeu a mão e a lança voltou para seu dono. Cessair caiu de joelhos e Cheech caiu no chão com um baque surdo.
- Até que elas provaram seu valor! – Bradou Odin. – Confesso que fiquei com receio de enfrenta-la nessas condições, mas vejo que te superestimei. Agora... Diga-me... Onde está Excalibur?
- Guardião – Chamou Cernuno.
- Você serve aos deuses, logo serve á mim – Olhou para Cheech com pesar. – Você matou uma de minhas crias.
- Fala da corujinha? – Perguntou Loki sorrindo.
Amber correu do fundo da caverna com sua espada em mãos e com a essência das trevas a cobri-la. Iria atacar Odin, quando Thor jogou sua marreta que acertou a garota em cheio na barriga, jogando-a novamente para o fundo.
Amber viera correndo novamente e dessa vez Nipo atacara Thor impedindo-o de proteger Odin. A espada que Amber carregava não era a que Cernuno lhe dera. Era Excalibur.
Odin desviou a espada com dificuldade usando sua lança. Amber decepou a feiticeira, que ainda estava de joelhos, por acidente.
- Era exatamente isto que eu estava procurando, ó criança.
Odin ameaçou atacar Amber, mas Cernuno começou a berrar.
- Guardião! Escute-me. Não deverás machucar esta mulher!
- Loki – Chamou Odin. – Silencie este ser.
- Vocês não podem, são Guardiões do Olimpo!
Loki apontou seu cajado para Cernuno e ordenou:
- Mors!
Um raio roxo saiu do cajado de Loki, pouco antes que pudesse acertar Cernuno, o deus ordenou:
- Scutum!
Um escudo azul magico surgiu e o raio roxo acertou-o. O escudo foi destruído, mas Cernuno não fora afetado.
Deram início a uma batalha feroz. Amber duelava a altura com Odin, Nipo e Ray lutavam contra Thor e Cernuno contra Loki.
Loki subestimou Cernuno, o deus era poderoso. Ele desviou de um ataque do Guardião e ordenou:
- Ionsaí!
Grossas raízes de árvores saíram do chão e começaram a atacar o Guardião. Loki recebeu vários golpes antes que, ofegante, conseguisse se livrar das raízes. Cernuno não deu trégua e ordenou:
- Wrap dom talamh!
Um punhado de raízes e terra começaram a se arrastar pelo chão e cobriram o corpo de Cernuno, dobrando seu tamanho – Que por sinal, já não era pequeno – Transformando-o numa espécie de monstro. Deu um soco em Loki, que já estava muito machucado por causa da luta contra as bruxas, que o fez perder a consciencia.
Thor, incrívelmente, estava tendo trabalho com Ray e Nipo. E também estava muito ferido, sangue escorria por sua boca e um enorme furo atravessava seu ombro direito. Ele já não conseguia usar o machado com tanta destreza.
Amber e Odin estavam tendo uma luta acirrada. A garota estava puro ódio por vez seu amigo, Cheech, morrer na sua frente.
O líder dos Guardiões do Olimpo jogou sua flecha. Parecia que iria acertar Amber em cheio, mas a mulher desviou e segurou a lança no ar. Odin gesticulou para que sua lança voltasse, assim como fizera quando matara Cheech, mas ela não voltou. Amber deu um berro de dar calafrios em qualquer um e fincou a lança no chão.
Um Odin confuso continuou tentando fazendo sua lança voltar, sem sucesso. Amber correu com ódio no olhar e atacou o peito do Guardião com a Excalibur. A armadura de Odin era muito forte, mas uma rachadura logo se formou e a espada penetrou fazendo um corte do ombro esquerdo até a costela direita. Muito sangue escorria do corte e da boca de Odin.
Thor segurava Nipo pelos pêlos, quando um raio retumbou fora da caverna. Ele caiu logo na entrada e deixou alguma coisa para trás, era uma águia. O grande lobo Fenrir parou de rosnar e abaixou a cabeça em sinal de respeito a águia aos poucos fora se transformando em um homem aparentemente tão velho quanto Odin, mas com cabelo e barba longa, grisalho. Usava apenas uma tanga cinza e mantinha seu punho fechado. Raios rodiavam seu punho formando uma bola de raios.
Thor largou o texugo imediatamente e anjoelhou-se.
- Você é a águia que estava na casa de Cernuno quando eu ainda era uma criança! – Exclamou Amber, curiosa. – Quem é você?
- Quanta audácia! – Exclamou Cernuno. – Mais respeito com o senhor Zeus.
- Deixe estar, meu caro amigo.
- Si... Sim – Gaguejou.
- Senhor Zeus – Balbuciou Odin. – Eu posso...
Zeus chutou a costela de Odin, no fim do corte. Fazendo o sangue voltar a jorrar.
- Você não pode nada! – Zeus olhou com fúria para Thor e para um Loki que ainda estava desmaiado. – Tu foste contra minhas regras e ainda levou outros dois contigo.
- Pera lá! – Bradou Amber. – Você é Zeus?
Foi ignorada.
- Levarei vocês até o Dyiu – Vociferou. – Tenho algo para vocês.
Loki levantou-se sorrateiramente, sem que ninguém, exceto Thor, percebesse.
- Aceitamos nossa punição – Disse Thor aproximando-se de Odin.
Loki correu, agarrou os dois e ordenou:
- Evanescunt!
Os três desapareceram numa nuvem de fumaça preta, deixando para trás apenas um gargalhar sinistro de Loki. Quando olharam para trás, Fenrir também já não estava mais ali.
- Deixe estar... – Disse Zeus sorrindo. – O motivo para eu vir até aqui, está na minha frente... Não é um daqueles três idiotas, eu já pensava em revogar o título deles mesmo... Andam causando muitos problemas – Completou mais para si mesmo.
Amber estava a segurar o corpo sem vida de Cheech. Chorava muito, assim como Ray e Nipo. O texugo saiu da caverna sozinho, sentou-se numa grande rocha e, em meio a lágrimas de despedida, acendeu seu cigarro. A mulher segurava a coruja no colo e Ray repousava sua cabeça em suas pernas. Eles nem deram a mínima atenção para o deus dos deuses.
Cernuno se aproximou devagar, acariciou os cabelos cor lilás de Amber e disse num tom calmo;
- Ele finalmente conseguiu.
Ray levantou sua grande cabeça e olhou para o deus sem entender nada. Amber também estava com um semblante confuso.
- Ele chegou a Mag Mell... – Completou o deus.
Amber sorriu. Cernuno encostou seu dedo indicador na testa da coruja.
- E mesmo que o fim seja eminente, não devemos entristecer, ele não passa de um novo começo.
A coruja soltou um piado, sacolejou as penas e saiu voando.
Zeus emitiu um som parecido com uma tosse, somente para chamar a atenção para si. Caminhou até Amber.
- Criança, eu gostaria que tu viesses comigo.
Amber olhou receosa para Ray e para Nipo, que continuava a fumar do lado de fora. O lobo empurrou-a com a cabeça, dando a atender que ela tinha seu apoio.
- Para onde? – Perguntou.
- Para o Olimpo, oras! – Disse o deus sorrindo e estendendo a mão para a mulher, ajudando-a a levantar. – Você abriu três novas vagas para novos Guardiões, pelo menos uma delas tem que ser ocupada por ti.
Amber não partiu de imediato. Voltou a Avalon e, junto com os deuses e animais, fez uma cerimônia para honrar a morte de Cheech. Dias depois o deus dos deuses retornou montado numa carruagem puxada por quatro cavalos com asas. A mulher subiu e partiram para o leste pelos céus.
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